Um amor inesperado escrita por Tianinha


Capítulo 1
Entrega na Class Mídia




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/812059/chapter/1

Giane estava satisfeita com o trabalho que tinham feito. Bento e ela estavam cuidando daquelas flores há meses. Bento realmente tinha jeito para cuidar da terra e das plantas. Era um dos melhores profissionais do ramo, na opinião de Giane. Sem sombra da dúvida, eles mandavam muito bem. Ela adorava seu trabalho, e não tinha medo de pegar no pesado. 

Ela e Bento eram sócios em uma pequena empresa de paisagismo, Acácia Amarela. Tudo começou com a estufa. Mas hoje plantavam flores em qualquer lugar da rua, até na praça. Faziam a coleta, entregavam no Ceasa e repartiam o produto da venda entre os cooperados. Estavam no Ceasa, descarregando as flores da van e colocando-as nos carrinhos.

— Olha, as flores estão lindas! - disse Giane, organizando as caixas com as flores a serem levadas. - E eu achando que só ia dar para colher daqui a uma semana. 

— Também, deu uma dura nelas! - disse Bento. - E eu vou dar uma dura em você se não andar logo com isso. 

— Oh Bento, até as flores você trata melhor do que eu! - reclamou a garota. 

— Ah, então toma, garota, pronto! - disse Bento, entregando um vaso de flores para a amiga. 

Começaram a arrastar os carrinhos com as flores. Bento sempre parava para entregar flores às mulheres que cruzavam seu caminho.

— Tem uma pra você. — disse Bento, entregando flores a uma loira.

— Obrigada! — disse a moça, sorrindo. 

— De nada! — disse Bento, sorrindo para a moça. 

Bento também entregou flores para uma morena que passou por ali.

Giane revirava os olhos, enciumada. 

— Bora, Bento! — disse Giane, andando na frente, arrastando um carrinho cheio de flores. 

— Bora, Giane! — disse Bento. 

— Tá caindo, Bento!

— Cuidado aí! — disse Bento. 

Foram até a barraca de um conhecido. 

— Bom dia! — disse Giane, entregando uma caixa com flores a um dos rapazes que trabalhavam na barraca. — E aí, colega? O que é que você fez?

— Tudo isso e a conta. — disse Bento, entregando uma folha ao dono da barraca. 

— Isso aí, Bento! — disse Giane, retirando as flores do carrinho e entregando ao outro rapaz, funcionário do dono da barraca. 

— Você só pensa em ganhar dinheiro! — reclamou o dono da barraca. 

— Ih! Sabe quantas bocas a gente tem que sustentar, colega? — perguntou Giane. 

— Para de chorar, hein, seu Massa? — disse Bento. 

— Cuidado aí, cuidado com essa planta aí. — dizia o dono da barraca. 

Assim que voltaram à Casa Verde, Giane foi cumprimentar os vizinhos, tio Lili e seu Nestor. Tio Gilson, dono do lar adotivo em que Bento foi criado, veio falar com o rapaz a respeito de uma universitária que queria entrevistá-lo para uma pesquisa sobre lares adotivos. Apesar de estar cheio de trabalho, de coisas para fazer, Bento concordou em ser entrevistado. Giane foi pegar umas caixas de flores, e Bento ficou conversando com a moça. Conversaram por mais ou menos meia hora, até que Giane foi chamar o amigo:

— Oh Bento, vambora!

— Oh, Giane! Me ajuda a carregar isto aqui — disse Bento, pegando uma caixa cheia de flores, e dirigindo-se à moça, Malu, fez questão de apresentar a amiga. - Malu, essa é a famosa Giane.

— Prazer! — disse Malu, simpática, sorrindo para Giane.

— Beleza! — disse Giane, enciumada, com a cara amarrada. Mais uma para jogar charme para o Bento. Ele fazia sucesso não apenas como empresário do ramo de flores, como também com a mulherada. No Ceasa mesmo, ele ficou o tempo todo fazendo charme para as mulheres, entregando flores para elas. 

— Oh Bento, bora lá! — disse Giane, tratando de apressá-lo. — Bora lá que a gente tem um monte de encomenda. Bora!

— Bom, tchau... — disse Bento, despedindo-se de Malu, já perto da van.

— Ah, tira uma foto para eu colocar no meu trabalho? — pediu Malu.

— Tiro, claro! — disse ele. 

Malu tirou uma foto de Bento. 

— Nem sei como te agradecer. O papo foi ótimo. — disse Malu.

Giane, que estava dentro da van, pulou, passando por entre Bento e Malu.

— Será que a gente pode conversar outra vez? — perguntou Malu a Bento.

— Claro que a gente pode, não tem problema. Olha só! — disse Bento, entregando um vaso de flor para Malu. — Uma viola tricolor, pra dar boa sorte pro seu trabalho.

— Ah! Adorei! — disse Malu, encantada.

— Oh Bento! — gritou Giane, impaciente, em um dos bancos da frente da van.

— Já vou, Giane, tô indo! Já vou! Tchau Malu! — disse Bento. — Tô indo, vamos, Giane!

— Tchau, Giane! — gritou Malu, despedindo-se.

Bento entrou na van e partiram. Foram à Class Mídia entregar as flores para a noiva do Vitinho Barata, Tina. Giane ficou esperando no carro, Bento entrou na agência. Ao sair da agência, Bento trazia uma revista feminina com a foto da famosa Amora Campana na capa. Amora era uma menina que tinha vivido um ano no lar do tio Gilson, antes de ser adotada pela atriz Bárbara Ellen. Hoje, Amora é modelo famosa, além de apresentadora do Luxury, um programa sobre moda e fofocas da vida dos ricos e famosos. Bento nunca esquecera a namoradinha de infância, apesar de fazer anos que não se viam.

— E aí? — perguntou Giane.

— Linda, né? — perguntou Bento, ao entregar a revista para Giane, que revirou os olhos ao olhar a revista.

— Fica aí babando pela Amora, fica. — ela disse. — Enquanto isso ela tá lá, no mó vidão, nem lembra que você existe.

— O que você sabe da Amora, hein, Giane? — perguntou Bento.

— Falando em gente metida, garota mais nojentinha que tava lá na tua casa hoje, hein? "Ai, eu posso tirar uma foto sua pro meu trabalho" — disse Giane, enciumada.

— Olha, mas hoje você tá muito mala, hein, garota? Sabe o que você está precisando, Giane?

— Hum...

— Arrumar um namorado.

— Que namorado o que, pô! Se liga! Você que fica aí, fica aí sonhando com a Amora. — disse Giane. — Uma hora você vai cair na real. Aí eu quero ver. Quero ver.

Giane pensou que se tivesse de namorar alguém, seria ele. É apaixonada por Bento, desde menina, embora nunca tenha dito nada a ninguém. Eram muito amigos, se davam muito bem, se entendiam, trabalhavam juntos. Cresceram juntos, construíram muitas coisas juntos. Bento era seu melhor amigo. De todos os garotos da rua, ele era o mais próximo dela. O único que não zombava dela por causa de seu jeito moleca. Porém, ele não a enxergava. Vivia sonhando com o dia em que reencontraria Amora. Ela sabia que não era páreo para Amora. Amora era sempre linda, feminina, andava sempre toda produzida, na última moda. Enquanto ela, Giane, não sabia se arrumar, não ligava para coisas como vestidinho, maquiagem. Não era nada feminina. Andava, se vestia e se comportava como moleque. Cresceu no meio dos meninos, tanto que era até tratada como se fosse um deles. Nunca ninguém tentara namorá-la.

Não se achava bonita como Amora. Sentia-se sempre em desvantagem. E ainda por cima era grossa, briguenta, barraqueira. Achava que não tinha chance alguma, que Bento jamais se interessaria por ela. Além do mais, não tinha coragem de falar com ele sobre seus sentimentos. Tinha medo de estragar a amizade, ou pior, que ele a rejeitasse, lhe dissesse um não. E ela sabia que morreria se perdesse a amizade dele, ou se ele não a correspondesse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um amor inesperado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.