De baixo de uma densa neblina, rodeada por inúmeras árvores tortas e sem vida, havia uma casa. Esta, com aparência de séculos de vida, abrigava a bruxa mais poderosa de todos os tempos. Mas, poucos tinham noção disso e outros diziam ser o mal encarnado. 

—Está perdendo seu tempo se acha que vou me aliar a alguém nessa guerra, Hagrid. —disse a mulher revirando os olhos para o mestiço em sua frente.  

Sua aparência era imponente, negra de olhos tão escuros quanto à noite, seu cabelo extremamente curto tinha a aparência molhada e coloração branca. Em suas mãos magras com unhas pretas e compridas exibia uma xícara com um líquido fumegante e seu corpo esguio estava coberto por uma capa preta, como quase tudo em seu guarda-roupa. 

—Imaginei que diria isso. —o mestiço tirou um embrulho dentre as vestes. —Por isso, Dumbledore pediu que te entregasse isto.  

Sua atitude deixou a bruxa pensativa, puxou o embrulho para si. Seu conteúdo era apenas uma moeda com um símbolo estranho para muitos, mas para a mulher significava o sentido de sua existência. 

—Velho maldito. —riu descrente. Olhou nos olhos do mestiço. —Diga a Dumbledore que irei me comunicar em breve. —ele assentiu satisfeito, se preparando para levantar. — Mas, enfatize que minhas profecias são muito mais complexas que um garoto magricela. 

—Ele nem nasceu, Srtª Peverell. —o homem riu baixo. 

—Não preciso disso para saber das coisas. —o sorriso da mulher era enviesado ao se dirigir ao outro.  Ela acompanhou o homem até a porta e a fechou atrás de si. 

—Se acha que vou buscar pela sua filha “perdida” em meio uma guerra, você está bem enganada, Helena. —disse para um dos fantasmas que viviam em sua casa. Ela estava a tanto tempo presa naquele maldito espelho dentro daquela maldita casa que já tinha perdido as esperanças de um dia sua alma ter seu tão merecido descanso.  

—Mas ela está por aí, sozinha!  — exclamou a menina loira translúcida. Sua morte precoce não a deixou mais passiva. —Você me deve! — ela exclamou depois do silêncio da mais velha, fuzilando-a com os olhos castanhos alongados. 

—Ela está morta. Eu vi com meus próprios olhos. —disse com frieza e se sentou em sua poltrona de couro. Mas outra coisa desviou sua atenção.  

Uma garota loira, baixa e olhos castanhos esverdeados. Parecia confusa de estar ali e decididamente não era um fantasma.  

—O que está fazendo aqui? —perguntou a mulher. A menina se assustou e em seguida sumiu. —Ainda existem seres capazes de fazer projeção astral? —a mulher recostou novamente em sua poltrona, pensativa.