Dekais escrita por Marlon C Souza


Capítulo 1
O sombrio passado de meu pai


Notas iniciais do capítulo

Esse é o primeiro capítulo de uma história já terminada, mas irei postar os capítulos aos poucos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/811960/chapter/1

Antes da fundação do mundo em que conhecemos, existia uma profecia que falava sobre a destruição da luz através das trevas, ambos simbolizados pelas feições de dois seres que possuíam poderes infinitos, e com a anulação do poder de ambos, iniciaria uma era de trevas dominada pelo mais poderoso ser que esse mundo já conheceu, porém, quem vivesse nessa era seria incapaz de notar a anomalia em que o mundo se encontrava.

Por muitos anos, antes dos inícios das civilizações, habitavam entre nós seres místicos capazes de realizar feitos incríveis, e estes, denominados de Dekais, viviam em harmonia conosco. Com o passar dos tempos, os nossos antepassados começamos a temer os poderes desses seres, após diversos acontecimentos envolvendo-os, o que gerou uma resistência entre ambas as raças, onde abriu caminho para o surgimento do mais poderoso dekai que já pisou nessa terra: Chain.

Por ser o mais poderoso de todos, Chain posicionou-se como líder supremo dos dekais e uma era de guerra sangrentas, que dizimou parte dos humanos, travou-se, impondo aos sobreviventes severas leis que os tornavam seus escravos. Mas, por ser o mais poderoso, Chain começou a impor leis severas sobre os dekais também, o que culminou em uma resistência unida aos humanos, e esta, declarou guerra contra Chain.

Com a vitória da resistência, uma trégua entre as duas raças foi instaurada, porém, temendo uma nova controvérsia, os humanos exterminaram os dekais da face da terra, apagando-os totalmente da história da humanidade, mas, apesar disto, um pequeno grupo sobreviveu, escondendo-se entre as sombras dos humanos, aproveitando-se da aparência que se assemelhava a nossa e evitando usar seus poderes.

Em meio ao crescimento das populações, eles se escondiam e mantinham em segredo tudo que pudesse torna-los vistos. Mas, as coisas estavam prestes a mudar.

Nathan era um típico garoto adolescente que além de ter que lidar com os principais dilemas da sua idade, ainda precisava aguentar o sombrio passado de seu pai que continuava a assombrar mesmo depois de tantos anos. Ele era quieto e demostrava-se tímido. Não costumava se socializar muito. Cabelos cacheados, ruivos, quase castanhos, combinavam com seus olhos castanhos e claros. Era magrelo e não costumava se preocupar muito com a sua aparência, afinal, ele era invisível. Os poucos amigos que tinha eram os únicos que o aceitavam como ele era. Emily era a que sempre estava com ele, não importava no que fosse ela sempre estaria ali, já Daniel, ele não sabia se podia ou não confiar.

“Tudo começou no ano da formatura de Franco, seu pai. Era dez de dezembro de 1992. Uma bela noite para se ter uma festa de final de doutorado. A lua brilhava majestosa no céu naquela noite. Até o brilho das estrelas parecia diferente. Não era para menos, pois Franco havia recebido um singelo bilhete assinado por Mary, o amor de sua vida, implorando que pelo amor que ele sentia por ela, ele viesse a encontrá-la logo depois da primeira valsa atrás do enorme salão de festas da faculdade.

Eles trocaram olhares à noite toda. Ele estava nervoso. Suava muito e estava inquieto. Sabia que se Roger soubesse a amizade dos dois nunca mais seria a mesma. Roger era alto, forte de olhos castanhos escuros e praticava artes marciais, afinal, era um Hobbie do rapaz, apesar disto, era bastante comunicável e de boa conduta. Impressionava qualquer garota de sua cidade, porém, diferente de seus amigos, era estudioso e não se importava em falar com Franco. Mary e Roger eram namorados, Roger e Franco eram amigos a mais de dez anos e ele não queria acabar com uma amizade assim. Além do mais, ele era totalmente inseguro com sua aparência, pois todos o achavam meio estranho por suas características serem meio “fora dos padrões”: tinha uma orelha maior do que a outra, seu nariz era achatado e seu pescoço era grande. Sem contar que usava óculos “fundo de garrafa” e seu tom de voz era um pouco fino.

Estavam no enorme salão de festas da faculdade. Todos trajados a rigor como manda a etiqueta de certas cerimônias. Eles bebiam e conversavam animadamente fazendo planos para o futuro, exceto Franco, que, absorto em seus pensamentos, observava sua amada o tempo todo, tentando decidir se levaria aquilo adiante e correria o risco de perder uma grande amizade ou se entregaria o amor de sua vida de bandeja nos braços de outro homem. Mas seu desejo por ela era compreensível, afinal, ela era uma moça meiga, alta que possuía lindos cabelos castanhos, que caiam em cascatas até o meio de suas costas. Olhos castanhos claros, que combinavam com suas madeixas. Não levava seus óculos durante festas importantes como aquela, o que na opinião de Franco não fazia diferença, afinal, para ele, ela era linda de qualquer jeito, com ou sem eles.

— Não se preocupe Franco, o que ela tem a lhe dizer não deve ser tão ruim assim — disse Alexander se referindo ao bilhete que o amigo ganhara horas antes. Alexander era um dos ‘amigos’ de Franco que mais o metia em confusões. E talvez ele não perderia mais aquela oportunidade de colocar sua vítima em mais uma. Era alto, loiro de cabelos espetados, algo incomum em sua época. Sempre se vestia como um jogador de futebol americano, pois este era seu esporte preferido, apesar de não saber jogar.

— Eu não sei, Alexander. Ela jamais corresponderia a meu amor. Mary está com Roger, e não quero acabar com a nossa amizade. Ele é um grande amigo meu. Acabar com uma amizade de dez anos desse jeito? Não quero que ele termine zangado comigo!

— Roger não gosta de Mary não, "brow" Jamais ele terminaria a amizade contigo por um motivo idiota. — Alexander não desistia. Enquanto a conversa deles se fechava, o casal conversava em um barzinho montado dentro do salão, foi quando, George se aproximou deles.

— Ei Mary, Franco me disse para te entregar esse bilhete — Disse o rapaz, bêbado e com um sorriso maldoso no rosto. Aquele que acompanhava Alexander em suas armações. Seus cabelos eram pretos que combinavam com sua barba que quase sempre era mal feita, mas diferente de seu companheiro era jogador de futebol americano. Aproveitou o momento que Roger havia se virado para conversar com seus outros amigos. Era tudo uma armação. Alexander e George estavam bêbados. O objetivo deles era ver Franco na pior.

Alexander conversava com Franco, a fim de fazê-lo sair para falar com Mary. Sem forçar muito, ele conseguiu convence-lo. Sua vítima mal sabia que era uma armação e que essa pequena brincadeira irresponsável comprometeria toda sua vida dali para frente. Mary aproveitou que seu namorado não estava ao seu lado e logo saiu. George, que tinha um interesse a mais nisso tudo deu um sorriso ao ver a moça saindo. Pegou uma bebida e foi atrás dela. Quando chegaram no local do encontro, a garota encostou-se na parede e mexia nervosamente em seus longos cabelos. Estava tentando se preparar para se encontrar com Franco. Alexander não entendia muito bem o porquê de tanto nervosismo da menina.

— Acalme-se Mary, ele só quer conversar. — Exclamou Alexander, alterado pela bebida. Ela percebeu que ele não estava sóbrio. Sabendo do que eles eram capazes, logo percebeu que era uma armação. Não demorou muito e Franco chegou.

— Mary? — Chamou-a, pois se quer acreditava que ela iria a esse “encontro às escuras”. — Então você veio mesmo? Realmente me ama? — Perguntou diretamente Franco, confiante de que aquelas palavras do bilhete falso fossem verdadeiras.

— Como é? — Perguntou a garota, assustada. Foi quando ele se ajoelhou. — O que está fazendo? — Perguntou-o Mary, assustada.

— Eu te amo Mary. — Respondeu Franco. De repente, ela ficou sem reação. “Do que Franco estava falando?” Pensava ela. Apesar de sua aparência estranha, ela gostava do rapaz, mas não esperava que ele gostasse dela também, afinal, ele nunca tinha demostrado isso.

Sem temor, ele segurou-se em seus braços. George e Alexander não paravam de rir. Ela sabia que não era uma boa ideia ao deixar fazer o que estava fazendo, sabendo, que a qualquer momento seu namorado poderia aparecer. Ela puxou seu braço e disse

— Corra Franco, isso é uma armação. — Ele ficou com os olhos arregalados para ela. Apesar de ter ouvido isso não queria perder aquela oportunidade mágica para ele.

Mesmo sabendo do perigo, ele a abraçou pela cintura, sem reação ela não pode fazer nada, e então ele a beijou. Para azar de Franco, porque Mary parecia estar gostando do beijo, Roger apareceu bem na hora, Alexander e George se divertiam com a situação em que o meteram.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou Roger, pronto para atacar a seu amigo. — Franco, como pode fazer isso? — Acrescentou a perceber que Franco beijava sua amada. Irônico como a confiança dos dois se quebrou rapidamente.

— Não é o que você está pensando — Franco, com medo de seu amigo, tentou se explicar. Mas já era tarde. Roger partiu para cima dele. Queria mata-lo. Já não tinha mais consciência de que ali era um dos seus melhores amigos. Alexander e George riam como se aquilo fosse apenas uma brincadeira inocente. Mary tentava separar os dois. Gritava bastante por ajuda, mas apenas Lucy apareceu. Apesar de festa formal, Lucy estava vestida com um vestido bem curto, que provavelmente era para chamar a atenção. “Um salão cheio de pessoas e apenas ela apareceu?” pensou Mary, aflita. “Aparentemente ela estava observando faz tempo”, continuou em seus pensamentos.

— Pare com isso, Roger. — Disse Lucy. — Não vale a pena bater nele. Mary nunca deixaria você para ficar com esse imbecil. — Acrescentou rindo, referindo-se a Franco. Roger levantou-se. Lucy o abraçou.

— Largue-o. — Disse Mary, irritada ao ver Lucy abraçada com Roger. Ele fez Lucy largá-lo. Mary amarrou seu cabelo e partiu. Estava irritada com aquilo tudo, e se sentindo culpada por ter beijado outro cara que não fosse seu namorado. Quanto a Franco, levantou-se, bastante machucado e foi na mesma direção de Mary, mas tentando fugir das garras de seu ex-amigo. Roger fechou sua mão e tentou acompanhá-los, até que Lucy o segurou.

— Deixe-os ir. Cedo ou tarde ela descobriria que ela não merece você. — Lucy o abraçou e começou a alisá-lo. — Você merece coisa melhor. Você tem um corpo lindo. Você precisa de alguém melhor para aprecia-lo. — Acrescentou Lucy.

Roger, sem pensar, jogou Lucy no chão e correu atrás de Mary. Alexander e George não paravam de rir, balançaram a cabeça e voltaram para a festa. Lucy fez o mesmo, mas em seu rosto, estava um sorriso ponta a ponta, como se algo realmente bom acontecera.

Franco percebeu que havia errado. Estava totalmente machucado e mal conseguia andar. Roger o alcançou rapidamente fazendo Franco arregalar os olhos de medo, porém, Roger não iria bater mais nele, pois sua consciência retornara. Não perdeu tempo para exclamar:

— Olha. Quero você longe de Mary, e igualmente, longe de mim. Apunhalou-me pelas costas. — Franco parou de tentar fugir. Sentou-se no chão, não conseguia mais sair dali. A dor era mais forte que qualquer coisa. Roger disse mais — Espero que essa dor que sente compense o que eu estou sentindo. — Completou e continuou correndo atrás de Mary deixando Franco para trás, sem prestar ajuda, no chão, largado em tristeza.

Sem conseguir conter suas emoções, Franco começou a chorar lágrimas silenciosas, de raiva e talvez de amor, pela dor que estava sentindo. Tirou seu chapéu de formatura e, com muita dificuldade, caminhou até a rua mais próxima com a intenção de chegar a sua casa o mais rápido possível. Para isso, chamou um táxi e pediu ao motorista que fosse o mais rápido que ele pudesse. Em casa ele sentou no chão novamente. Morava sozinho, pois, seu pai havia o abandonado há alguns anos atrás devido algo que acontecera. Enquanto a sua mãe, foi assassinada.

Franco estava em transe, não parecia ele mesmo, sua cabeça doía horrores. De repente, seus olhos tornaram-se negros e suas pupilas dilataram-se tornaram-se vermelhas como sangue. Começou a escrever no chão com suas unhas o nome de Roger, Alexander e George, tão forte que as arrancavam, e simplesmente do nada, sentiu uma forte dor em seu braço, como se ferro em brasa estivesse marcando sua pele, e em desespero rasgou a manga de sua camisa e percebeu um símbolo azul em seu braço, logo abaixo de seu ombro. Tinha algo escrito e Franco sabia exatamente o que estava escrito lá, e em qual idioma, afinal era um idioma desconhecido pelos humanos, mas não para ele. Estava escrito “Atherus Dei”, mas apesar de entender o que estava escrito não sabia seu real significado. Seus sentidos falharam, sua visão escureceu e Franco desmaiou.

No dia seguinte, Franco acordou no laboratório da faculdade. Ao seu lado jazia o corpo de Roger com um grande corte no peito. Seu coração havia sido removido. Porém, as mãos de Franco estavam limpas. Alexander e George chegaram logo em seguida. Aparentemente estavam procurando por Franco, que desaparecera naquela noite deixando pequenos rastros, o que os levou a faculdade. Ao verem Roger morto no chão e Franco ao seu lado, gritaram por socorro.

— Eu não fiz isto — disse Franco em total desespero. Seu corpo tremia, estava totalmente nervoso. O nervosismo tomava conta de seu corpo lentamente. Em sua casa, os nomes escritos no chão no dia anterior pareciam intactos, porém o nome de Roger desaparecera estranhamente. Franco estava certo de que não havia cometido aquele crime. “

Muitos anos se passaram desde o ocorrido na faculdade, e os amigos de Franco morreram exatamente da mesma forma que Roger, e Franco foi o único que sobreviveu, tornando-se assim o único suspeito. Devido aos terríveis acontecimentos a Faculdade foi à falência, mas graças a Denovian, um emigrante escocês, foi reaberta anos depois como uma escola secundária que recebeu o nome de Hayan, uma homenagem ao antigo diretor que supostamente cometeu suicídio dois dias após o fechamento da instituição, colocando fogo em toda sua casa.

Denovian era ruivo, careca em cima com um pouco de cabelo nos lados de sua cabeça. Seus olhos eram castanhos tão claros que pareciam ter nenhuma coloração, o que fazia os alunos de sua escola comentarem que ele não era normal. Possuía muitos segredos e muitos o achavam estranho. Era bastante rigoroso com relação a horário e disciplina. Possuía um filho, cujo nome era Daniel, amigo de Nathan.

Inconformado, resolveu ter a sua vingança para o antigo diretor. Não descansaria enquanto o suposto culpado pelo fechamento da instituição estivesse atrás das grades. Mas era notório que esse não era realmente o motivo pelo qual Denovian perseguia Franco. Anos se passaram e nenhuma prova convincente de que Franco era mesmo o culpado fora encontrada, levantando suspeitas de que Denovian queria de qualquer forma incriminar a Franco.

Nathan, único filho de Franco, tornou-se o mais prejudicado em toda essa história, afinal, não sabia o que pensar de seu pai. Seus colegas muitas vezes o olhavam de forma estranha e cochichavam pelos cantos, como sempre, ele os ignorava. Apesar disto, Franco era professor de biologia na escola de Hayan e dava aula justamente para seu filho. De alguma forma, Denovian queria manter Franco em sua instituição e também, próximo de seu único filho. Talvez como uma forma de mantê-lo sob sua vigilância.

Em uma noite quente de verão Franco ficou sozinho com um dos funcionários da escola. A cidade ficou abalada ao saber que esse mesmo funcionário que ficou com Franco na escola morrera no mesmo dia e nos fundos da escola. Estava tudo perfeito e Denovian tinha mais uma suspeita para levantar contra Franco. Não demorou muito e acionou a justiça, mesmo sem provas.

No dia do julgamento o tribunal estava estranhamente movimentado. Muitos cidadãos curiosos acompanhavam o julgamento, querendo saber se a justiça seria feita ou se o assassino ainda ficaria solto por um tempo. Nathan, Denovian, William, que era o advogado de defesa e Johnny que era o advogado de acusação, que também trabalhava como monitor na escola de Hayan, estavam presentes. Além de Maxwel, mais conhecido como sargento Max, ex-marido de Mary e um grande policial da cidade. Eles permaneciam na expectativa, porém nada se revelava e Franco permanecia inocente, até que o contrário fosse provado.

Max casou-se com Mary alguns anos depois do acontecimento de 1992. Sua pele escura, seus olhos pretos e sua voz grave fez Mary apaixonar-se facilmente por ele. Ele era robusto, de poucas palavras e bastante direto. Totalmente contrário a Franco. Isso gerou uma grande revolta no mesmo, que ainda a amava. Devido a isso, especulações sobre a morte dela tenha sido provocada também por ele foram levantadas. Denovian não conseguia provar nada, apenas evidenciava fatos até absurdos.

— Escrivão, por favor, leia a ata. — Disse o Juiz.

— “O réu Franco Faster é acusado, sem provas, por um crime ocorrido há vinte anos. Segundo o acusador e seu advogado Johnny Oliver, o réu é tido como o único suspeito, pois, foi o único sobrevivente. Além do mais, o Senhor Faster esteve presente em todas as mortes. E também, sobre Roger Daniels, que há dois dias antes de sua morte, o Senhor Faster havia entrado em conflito verbal com o mesmo que resultou em conflito corporal. E Mary Julian, que o senhor Faster tanto gostava ter o ‘traído’, tornando-se mulher do sargento de polícia Maxwel Washington. Porém, houve mais uma morte recentemente, que provocou certa desconfiança de que o senhor Faster seria realmente inocente. Senhor John Guliver, ex-faxineiro da escola de Hayan, que foi assassinado na noite de ontem, levando em consideração que o senhor diretor de Hayan, Denovian Miller, disse que o mesmo estava a sois com o senhor Faster na instituição na noite do crime.".

— Não é possível que não esteja claro. — Gritou Denovian, já apreensivo.

— Ordem! Senhor Miller, quando o seu momento chegar, o senhor poderá falar. — Disse o Juiz cortando-o.

— Desculpe-me, meritíssimo. — Disse Denovian, abaixando sua cabeça.

— Peço a palavra, meritíssimo. — Pediu William.

— Concedida. — Respondeu o Juiz.

— Obrigado. O meu cliente não tem nada a ver com essas mortes. Veja bem: ele amava Mary Julian, como poderia matá-la? E que ele estava presente nas mortes? Obvio, eram amigos dele. O que mais me parece é que alguém cometeu os crimes a fim de condená-lo. E está obvio que o verdadeiro assassino está entre nós. — Afirmou William, olhando para Denovian.

— Protesto, Meritíssimo. O senhor advogado de defesa está afirmando algo sem provas e isto é inaceitável. — Gritou Johnny.

— Senhor advogado de defesa, apresente suas provas a este tribunal. — Disse o Juiz pressionando William.

— Desculpe Meritíssimo, mas não tenho provas suficientes para provar tal afirmação. Porém, está claro. O Senhor Miller por anos busca pôr meu cliente na cadeia, e não conseguiu, pois não há evidências suficientes para provar que meu cliente seja o real assassino. Obrigado, Meritíssimo. — Disse William.

De repente, todos começaram a discutir. Nathan parecia estar nervoso com o que se sucedia. Por outro lado, Max estava bem calmo. Calado permaneceu.

Denovian não possuía se quer uma evidência clara de que Franco era realmente o assassino. O circo estava se fechando. Quando o Juiz bateu seu martelo e disse:

— Ordem no tribunal. Os senhores advogados de defesa e de acusação terão três minutos para encerrar esta sessão.

— Vossa excelência, senhores Jurados, meu companheiro advogado de acusação e os demais presentes. Como pode ser visto, novamente nada pode ser provado a respeito de meu cliente. Argumentos sem nexo foram apresentados aqui pelo meu companheiro advogado de acusação e o acusador Denovian Miller, que usa do seu poder e influência para acionar a justiça toda vez que suspeita de algo referente ao meu cliente. Por isto, declaro meu cliente inocente. Sem mais, meritíssimo. — Disse William, referindo-se a Denovian Miller, que apesar de ser apenas um diretor de uma escola secundária, possuía fortes influência naquela pequena cidade, pois era um dos mais antigos moradores da região.

— Desgraçado! Apresentamos argumentos satisfatórios. — Disse Denovian.

— Ordem. Apenas seu advogado pode falar senhor Miller. Não quero desordem neste tribunal. — Disse o Juiz.

— Perdoe-me meritíssimo, mas está obvio que o Senhor Franco é o assassino. — Denovian tentou se explicar, porém o Juiz disse:

— Sente-se se, Denovian. A palavra está com o Senhor Advogado de Acusação.

Porém, Denovian não sentou, e gritou:

— Sua hora vai chegar Franco, você não pode escapar. — Devido a esta atitude de Denovian, o Juiz bateu seu martelo. E disse:

— Está encerrada a sessão. Declaro o réu inocente. — Disse o Juiz encerrando.

— Não pode. Ele é o assassino! — Disse Denovian.

— Tanto posso como já fiz. Quando o senhor tiver modos faremos outra audiência. — Disse o Juiz levantando-se.

A sessão foi encerrada. Denovian não conseguiu provar nada, sua vingança estava indo por água abaixo. Encontrava-se encurralado, e cada vez mais, suspeito. Alguns até mesmo acreditavam que ele poderia ser o assassino, e não Franco. A fim de acalmá-lo, Johnny disse que iria dar tudo certo, na verdade ele já tinha tudo planejado em sua mente, um plano que se dependesse dele não falharia.

— Vai dar tudo certo, Denovian. – Disse Johnny enquanto seguia Denovian até seu carro.

— Não Johnny, essa humanidade não tem mais salvação.

— Esse caso já está se tornando ridículo. Por que não fazemos nossa própria justiça sem depender deles?

— Aonde quer chegar, Johnny?

— Vamos mata-lo, Denovian. Assim você terá sua vingança. E além do mais...

— Chega disso. Depois de diversas sessões, quem você acha que eles iriam investigar? Vou indo embora, encontro-lhe na escola amanhã.

— Se tivéssemos no controle da situação desde o ocorrido, tudo seria diferente.

— Não, eu acredito que seria bem pior... — Disse Denovian, enquanto entrava em seu carro.

— Concordo com o senhor no que disse antes.

— Sobre?

— Essa humanidade não tem salvação.

Cansado, Denovian fechou o vidro do carro e se retirou.

— Velho estúpido – disse Johnny, zombando de Denovian, apertando sua mão, irritado.

Anoiteceu, e naquela mesma noite, Nathan e Franco assistiam televisão juntos. Ele não se sentia muito melhor com a absolvição do pai, ficava pensando em como seriam as coisas dali para frente, precisava bolar um jeito de se livrar da retaliação que sofreria da parte de seus colegas.

— Eu posso sentir sua frieza. Nathan, eu te fiz algo? — Perguntou Franco, já estava cansado da estranha relação que tinha com seu filho, era como se o diálogo entre eles nunca tivesse existido.

— Não. — Respondeu Nathan. — Vou dormir, amanhã tenho aula. — Acrescentou e se retirou logo em seguida.

Subiu as escadas e segurou a fechadura da porta, sua consciência pesou tanto que foi necessário abaixar sua cabeça. Sabia que a falta de diálogo com seu pai era culpa sua também.

— Sabe filho — Franco deu uma pequena pausa percebendo que seu filho ainda não entrara no quarto e continuou — eu te amo.

Mesmo com aquelas falas afetuosas, Nathan se negava falar com seu pai, então, o rapaz fechou a porta e se trancou. Estava confuso e irritado, e amanhã teria um dia cheio pela frente. Tentou dormir rapidamente para que aquele dia terminasse mais rápido, mas sua consciência continuava a pesar.

—Eu não sei por quanto tempo mais vou ter que aguentar isso. — Comentou Franco para ninguém em especial, um pouco triste. Esperava que as coisas melhorassem com o tempo. Levantou-se pegou o controle e desligou a TV. Logo em seguida caminhou para seu quarto para finalmente ir dormir. Demorou bastante, mas finalmente, conseguiu adormecer.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que gostem e comentem. Próximo capítulo domingo 10/03



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Dekais" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.