Siren escrita por llRize San


Capítulo 5
A Lua




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O navio estalava e rangia enquanto sua estrutura se desintegrava como poeira. A proa, à beira do precipício, começou a ceder, mergulhando no abismo sombrio abaixo.

— TEMOS QUE SAIR! — Jisoo rapidamente pegou na mão de Jennie para puxá-la o quanto antes.

Enquanto Jennie se movia para sair da cabine, o teto de madeira desabou subitamente, cobrindo-a com seus destroços.

— JENNIE! — O desespero tomou conta de Jisoo, que revirava os destroços freneticamente, tentando encontrar Jennie. No entanto, a poeira misturada com água que se formava dificultava sua visão.

Jisoo gritava em meio aos destroços, mesmo naquele momento de desespero, ouvindo os gritos de Lalisa e Rosé do lado de fora. Sem hesitar, ela começou a remover os pedaços de madeira até encontrar a mão de Jennie. Determinada, Jisoo tirou cada pedaço de madeira o mais rápido que pôde, enquanto o navio continuava a afundar lentamente no abismo oceânico. Quando finalmente avistou o rosto machucado de Jennie entre os destroços, redobrou seus esforços, cavando com ainda mais rapidez. Mesmo com suas mãos tremendo de medo, ela chamava por Jennie incessantemente, recusando-se a desistir até tirá-la dali.

O navio finalmente caiu no imenso precipício, enquanto Jisoo lutava desesperadamente para libertar Jennie dos destroços, sentindo a pressão crescente da água esmagar seu peito. O ambiente escurecia à medida que o navio mergulhava mais fundo, e Jisoo lutava contra a falta de ar, não acostumada àquelas profundezas. Com um último esforço, conseguiu entortar a barra de ferro que prendia a cauda de Jennie, libertando-a. Agarrando-a pelo braço, Jisoo nadou o mais rápido que pôde em direção à superfície, sentindo-se tonta e sem fôlego devido à adrenalina e à pressão da água. Quando finalmente chegou à beira do precipício, avistou Lalisa e Rosé nadando em sua direção antes de desmaiar.

Jisoo acordou com Rosé sobre ela, olhando-a intensamente. Ao se levantar apressadamente, acabou batendo a cabeça na testa de Rosé, que soltou um gemido de dor pelo impacto repentino.

— D-desculpa — Disse Jisoo —, levei um susto.

— Nossa — Rosé choramingou, passando a mão na testa dolorida —, eu sou feia? 

— N-não, Rosé. Você é linda. É que eu nunca acordei com você assim tão perto — Jisoo sorriu timidamente. 

— Você está bem? 

— Estou bem — Jisoo se sentou na cama de pedra coberta de algas — E a Jennie? Como ela está? 

— Ela está bem, está dormindo ainda. O que aconteceu lá foi horrível. Fiquei com tanto medo.

— Ficou com medo? — Jisoo a olhou. 

— Sim, de perder vocês.

— Está tudo bem, nós estamos bem. Conseguimos sair de lá a tempo. 

Rosé mergulhou nos braços de Jisoo e a abraçou. 

— Estou tão feliz de tê-las novamente ao meu lado. 

— Obrigado por ter ido nos buscar naquela hora. Eu perdi minha força e apaguei. 

Jisoo a puxou em seu colo e a abraçou ainda mais apertado. 

— Atrapalho alguma coisa? — Jennie estava parada no batente da porta.

— Jennie! — Rosé levantou-se abruptamente, nadando para abraçar a princesa — Você acordou! 

— Jennie! — Jisoo se levantou lentamente, ainda sentindo seus braços doerem devido ao esforço que havia feito para puxar a princesa dos escombros. 

Jennie parou na frente de Jisoo e a olhou. 

— Obrigada por me salvar — Elas se abraçaram deixando a emoção tomar conta. 

— Cena super comovente, mas chega né? — Lalisa separou as duas. 

— Pare de ser ciumenta — Jennie puxou Lalisa para abraçá-la também.

Jisoo respirou aliviada ao ver que todas estavam bem, e que Jennie aparentava estar mais tranquila. Parecia que as coisas estavam voltando ao normal.

Naquele dia, elas seguiram sua rotina habitual, desde as aulas interessantes até as mais monótonas, incluindo os treinamentos de luta e magia. Ao almoçar com o Rei Jack, compartilharam momentos descontraídos e, à tarde, se dedicaram a desenhar em pedras usando tinta de polvo. Rosé destacava-se com seus talentosos desenhos, enquanto Lalisa explorava maneiras de utilizar o pincel como arma. No final da tarde, Jisoo acompanhou Rosé até sua casa antes de seguir para a sua própria residência, onde sua mãe a aguardava para o jantar.

Naquela noite, o castelo mergulhou em um silêncio profundo. Jennie, incapaz de encontrar o sono, revirava-se na cama, inquieta. Determinada, ela se levantou e pegou o mapa em sua bolsa, segurando-o junto ao peito como se pudesse sentir a presença reconfortante de sua mãe. A escuridão envolvia tudo, mas pela janela, a fraca luz da lua lançava seu brilho sobre as águas. Sentindo um impulso irresistível, Jennie decidiu que precisava ver aquilo mais de perto. Com cuidado para não fazer barulho, pegou suas coisas e começou a nadar lentamente para fora do castelo, ansiosa para explorar além dos limites que vivia.

Jennie saiu do castelo determinada, sem olhar para trás, nadando em direção à superfície com uma mistura de velocidade e empolgação, alimentada pela curiosidade que a consumia. Ao emergir, sua cabeça acima das águas escuras, deparou-se com um céu noturno pontilhado de estrelas, a lua cheia lançando seu brilho prateado sobre o oceano. Fascinada, Jennie perdeu-se na contemplação do espetáculo celestial. No entanto, seus pensamentos foram abruptamente interrompidos quando alguém emergiu da água bem à sua frente.

— Lisa! O que faz aqui? 

— Eu segui você — Lalisa ajeitou os cabelos. 

— Por que me seguiu? 

— Você estava estranha. Pode enganar todo mundo, menos a mim. Por que está aqui? 

Jennie suspirou.

— Eu preciso ir lá.

— Lá onde? 

— A fonte da felicidade…

— Isso é só uma lenda, não existe tal coisa.

— Eu sei, mas minha mãe marcou aquilo no mapa. Algo me chama, sinto que vou encontrar as respostas que preciso.

— Mas Jennie, é perigoso. Não é possível ir apenas pelo mar, pelo que vi no mapa precisa seguir por terra também. 

— Eu sei que é perigoso, mas estou disposta a correr esse risco e você não vai me impedir…

— Quem disse que vou te impedir? Eu vou com você.

— Lisa? — Jennie a olhou confusa e ao mesmo tempo emocionada.

— Lembra? Juntas para sempre.

— Por todos os sete mares.

— Até os confins da terra — Lalisa terminou a frase. 

— Lisa, obrigada por não me deixar ir sozinha.

— Eu nunca vou te deixar sozinha… mas nossos pais vão nos matar quando voltarmos — Lalisa sorriu.

— Isso parece ser tão errado, é como se estivéssemos fugindo de casa — Jennie falou baixinho. 

— Legal né? Me sinto tão rebelde — Lalisa riu maleficamente.

Jennie sorriu, mas antes que Lalisa pudesse reagir, ela avançou, surpreendendo-a ao selar os lábios de Lalisa com um beijo rápido e suave.

— J-J-Je-Jennie? — A voz de Lalisa quase não saiu.

— Já estava mais do que na hora disso acontecer — Jennie sorriu e segurou o rosto de Lalisa com delicadeza. 

— Isso me pegou de surpresa — Lalisa sorriu timidamente.

— Beijos tem que ser de surpresa, é mais legal assim.

— Mas agora não será mais surpresa, porque vou ficar esperando ansiosamente — Lalisa mordeu os lábios. 

— Ainda teremos muitas surpresas, minha Lisa — Jennie lhe deu outro beijo, dessa vez mais demorado — Que bom que está comigo.

Lalisa lutava para conter a avalanche de emoções que a invadia, mas era uma batalha perdida. Seu coração batia descompassado, uma mistura de excitação, surpresa e um toque de medo inundava seus pensamentos.

— E-então J-J-Jennie — Ela tentava inútilmente não gaguejar — Pra que lado vamos? 

Jennie segurou o mapa firmemente, seus olhos percorrendo cada detalhe meticulosamente. Então, com um movimento determinado, direcionou seu olhar para o leste de Amicitia, como se buscasse encontrar algo específico naquela direção. 

— Vamos pra lá — A princesa apontou com o dedo. 


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