Siren escrita por llRize San


Capítulo 13
Perigo, perigo e mais perigo




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Após o encontro tenso com os elfos noturnos, Jisoo e Rosé ficaram mais vigilantes durante a jornada, atentas a cada movimento e som ao seu redor. Contornaram o rio, intercalando entre caminhar e nadar, fazendo breves pausas para descansar e se alimentar. Enquanto nadavam tranquilamente no Rio Nigrum, mergulharam para admirar a serenidade do fundo do rio. Foi então que algo capturou o olhar de Rosé, despertando sua curiosidade.

— Olha, um cardume de peixes! Vamos falar com eles! — Rosé nadou rapidamente até os peixes. 

Jisoo apertou os olhos, reconhecendo os peixes perigosos e entrou em desespero para salvar Rosé do perigo iminente.

— CHAE! VOLTA!

Rosé se aproximou demais e fez uma interação com os peixes, os cumprimentando. No entanto, os peixes não responderam, apenas se viraram todos ao mesmo tempo para ela, cercando-a. Rosé ficou perdida e, de repente, sentiu um dos peixes morder seus pés, fazendo um filete de seu sangue fluir pela água. Esse pequeno gesto pareceu acionar o instinto predador dos peixes, que agora a atacavam furiosamente, visando suas pernas e seus olhos. Desesperada, Rosé tentava proteger o rosto enquanto lutava para se livrar dos peixes. Foi então que ela percebeu que estava diante de um cardume de piranhas carnívoras, com suas mandíbulas fortes e dentes afiados.

Jisoo nadou rapidamente em direção a Rosé, que se debatia tentando se livrar das várias mordidas das piranhas. Com agilidade, Jisoo lançou uma rajada de ar na água, afastando as piranhas em um movimento rápido. As criaturas, surpreendidas, emitiram um som estranho, quase como um grunhido, como se estivessem tentando intimidá-la. Jisoo encarou o cardume assassino, pronta para enfrentá-lo, mas as piranhas, aparentemente reconhecendo a ameaça, recuaram rapidamente e nadaram para longe.

Jisoo puxou Rosé para a superfície, sentindo o desespero tomar conta de si ao ver os ferimentos em seus braços e pernas causados pelas pequenas mordidas das piranhas. Com cuidado, ela a levou até a margem do rio, onde poderia examinar melhor seus ferimentos. Rosé chorava baixinho de dor, tentando erguer o tronco para ver suas lesões, mas Jisoo a segurava com firmeza, mantendo-a deitada para evitar movimentos bruscos.

— Está tudo bem, meu amor. Foram apenas alguns machucadinhos, eu sei que está ardendo e doendo, mas vai passar, vou fazer isso passar — O fato era que a pele de Rosé estava dilacerada com vários cortes, fissuras e mordidas, e devido a isso, Rosé desmaiou de tanta dor. 

Jisoo fechou os olhos e começou a entoar um antigo encantamento em latim, suas mãos repousando suavemente sobre os ferimentos de Rosé. Lentamente, as palavras mágicas fluíam de seus lábios, enquanto sua energia vital se concentrava nas mãos, trazendo alívio e cura para as feridas. Foi um processo demorado e exigente, mas Jisoo persistiu, determinada a restaurar a saúde de Rosé. Por fim, os ferimentos se fecharam e cicatrizaram, dissipando-se como se nunca tivessem existido. Rosé abriu os olhos lentamente, sem sentir mais dor, apenas o calor reconfortante do abraço de Jisoo ao seu redor.

— Você acordou? — Perguntou Jisoo com a voz fraca. 

— Chichu — Rosé estava sonolenta — O que houve? 

— Fomos atacadas por piranhas carnívoras.

— Que horror! — Rosé a olhava com medo — Você se machucou? 

— Não, eu estou bem. Agora está tudo bem, já passou… — Jisoo repousou a cabeça no colo de Rosé e mergulhou em um sono profundo e exausto. O esforço de canalizar todo seu poder para curar Rosé a deixara sem energia, um tributo pesado a pagar pela saúde de sua amada.

Rosé acariciou suavemente os cabelos de Jisoo enquanto ela adormecia, sentindo o peso da exaustão que se abatia sobre ela. Com ternura, ajeitou-a confortavelmente em seu colo, protegendo-a com carinho. Jisoo havia se entregado completamente para curá-la, e agora, envolta pela tranquilidade da natureza ao redor, ela permitiu que o sono a envolvesse, descansando após o esforço extraordinário que realizara.

No dia seguinte, Jisoo acordou com Rosé acariciando seu rosto.

— Chae? — Jisoo tentou abrir os olhos e se acostumar com a claridade do dia — Como você está? 

— Eu que pergunto — Rosé a olhava preocupada — Você desmaiou e só acordou agora, fiquei preocupada.

— Eu estou bem, só estava cansada, mas já descansei e sinto minha força renovada, graças a você…

— A mim?

— Sim, eu adormeci em seus braços, e essa foi a melhor forma de me recuperar. 

Jisoo sorriu para ela, erguendo-se para depositar um beijo suave em seus lábios. Permaneceram ali por algum tempo, Jisoo acomodando-se no colo de Rosé, enquanto as mãos desta deslizavam delicadamente por seus cabelos.

Elas continuaram nadando pelo rio até chegarem a uma área onde as águas se abriam em um amplo lago, profundo e expansivo. Enquanto exploravam as profundezas do rio, avistaram um pequeno peixe debatendo-se com a boca presa em um anzol. Rosé sentiu compaixão, incapaz de suportar a visão do peixe sofrendo daquela maneira. Ela se aproximou e removeu cuidadosamente o anzol da boca do peixe, que agradeceu e partiu nadando rapidamente, aliviado.

Jisoo decidiu puxar a linha fina e branca, intrigada com o que poderia ser. Rosé rapidamente a aconselhou a deixar aquilo de lado, preocupada com a possibilidade de ser algo perigoso. Relutante, Jisoo soltou a linha, mas para sua surpresa, ela começou a se mover. Em um instante, o anzol se prendeu no dedo de Jisoo, e ela sentiu seu corpo sendo puxado com força em direção à superfície. Desesperada, ela tentava libertar seu dedo daquele gancho fincado em sua pele, mas seus esforços eram em vão.

— JISOO! — Rosé nadou atrás dela, desesperada. 

Jisoo foi arrastada até a superfície, e ao emergir, deparou-se com três homens humanos observando-a com choque estampado em seus rostos.

— São só mulheres — Um deles comentou.

Jisoo saiu da água a passos lentos e pesados. Tirou o gancho de seu dedo e seguiu em direção aos pescadores com seu olhar queimando de raiva. 

— Por que estão fazendo isso? — Perguntou Jisoo, com uma postura imponente. 

— Isso o que? Pescar? — O homem riu — Os peixes daqui são muito requisitados, valem um bom dinheiro. 

— Não deveriam fazer isso, vão embora daqui.

Os homens riram incessantemente, o som ecoando na tranquilidade do lago. Rosé se aproximou cautelosamente de Jisoo, mantendo-se atrás dela enquanto observava aqueles homens assustadores. Os olhares dos homens percorreram as duas dos pés à cabeça, absorvendo sua beleza encantadora enquanto seus vestidos molhados pingavam água. O tecido colava-se às suas curvas sinuosas, realçando sua feminilidade. O desejo tornou-se evidente nos olhos dos homens, uma faísca de lascívia que não passou despercebida por Jisoo e Rosé.

— Parece que pescamos bons peixes hoje — Disse o homem — Você e sua amiga serão nossas escravas e farão o que mandarmos.

O homem se aproximou ousadamente, estendendo a mão na direção de Jisoo. Ela reagiu rapidamente, dando um tapa firme na mão intrusa. Seu gesto provocou a ira do homem, que retaliou com um tapa violento no rosto de Jisoo. Rosé sentiu a raiva ferver dentro de si e estava prestes a avançar em direção ao agressor, mas Jisoo a segurou com firmeza. 

— Chae, como está seu apetite hoje? Você está com fome? — Jisoo sorriu.

— Sim, muita fome. Acho que teremos um bom jantar, Chichu — Rosé olhou para os homens e salivou. 

No dia seguinte, Rosé percorria a floresta com um sorriso radiante, seus passos leves e alegres. Ela colhia com cuidado todas as flores que encontrava pelo caminho, maravilhada com a diversidade que a terra oferecia. No mar, não havia tantas opções, então cada nova descoberta era uma festa para ela. Rosé se encantava com as cores vibrantes, os formatos únicos e os perfumes delicados de cada flor. Para ela, cada uma era especial, e inventava nomes que considerava adequados.

— Olha que linda essa, Chichu! — Rosé apontou para uma parede de flores vermelhas — Qual nome você acha que eu dou para essas?

Jisoo olhou para as belas flores, admirando sua cor tão viva e sua beleza natural. 

— São lindas e delicadas assim como você… chame-as de Rosas.

— Rosas! Gostei desse nome — Rosé correu até as rosas e pegou uma, mas acabou espetando seu dedo.

— O que foi Chae? — Perguntou Jisoo ao ouvir seu grunhido de dor. 

— Essas flores machucam. Não gostei delas. Flores más! eu não quero ser uma Rosa.

— Elas não são más, é só uma forma delas se defenderem, veja — Jisoo apontou para as rosas — Elas não são lindas? 

— São... — Rosé choramingou. 

— Você também é linda, mas assim como elas você também é forte e capaz de se defender. Isso a torna ainda mais atraente. 

— Palavras bonitas, mas meu dedo está doendo — Disse Rosé com um jeito manhoso.

Jisoo notou um pequeno ponto de sangue surgindo no dedo de Rosé e, num gesto instintivo, levou o dedo dela à boca, sugando delicadamente para estancar o sangramento. Rosé ficou paralisada, observando Jisoo.

— Pronto, já melhorou — Disse Jisoo com um sorriso — Só tome mais cuidado.

— É que eu queria levar essas flores para casa.

— Acho que elas não vão sobreviver embaixo da água. Na verdade elas já morreram a partir do momento em que arrancou elas.

— E-eu matei elas? — Rosé a olhou chorosa.

Jisoo sorriu e a abraçou.

— Elas precisam ficar na terra para viverem. De preferência precisam ficar plantadas. 

Rosé olhou com tristeza para as flores em sua mão.

— Desculpe, florzinhas, não vou mais arrancá-las.

...

Viajar com Rosé era uma jornada duas vezes mais longa, não apenas pelo caminho percorrido, mas pelas inúmeras paradas para admirar cada flor e animal que encontravam. Ela dedicava um tempo especial a cada um, conversando e interagindo de forma tão doce que alguns animais pareciam compreender suas palavras, curiosos e carinhosos, às vezes se aconchegando em seu colo. Jisoo, com paciência, observava cada interação, esperando ao lado enquanto Rosé se deliciava com esses encontros espontâneos.

Enquanto caminhavam, entretidas em conversas sobre trivialidades do dia a dia, Rosé parou de repente, interrompendo o fluxo tranquilo da caminhada. A expressão em seu rosto indicava que algo havia capturado toda a sua atenção.

— O que foi? — Perguntou Jisoo. 

— Tem algo vindo!

— Algum animal? — Jisoo farejou o ar — Não sinto nada. 

— Justamente por isso estou achando estranho. Sinto algo se aproximando, mas não parece humano e também não parece um animal, na verdade não parece um ser vivo. 

Jisoo observou o ambiente atentamente, pronta para qualquer perigo. Seu olhar varria os arredores enquanto tentava captar alguma mudança sutil no ar, uma habilidade na qual Rosé era exímia devido à sua sensibilidade em sentir a energia ao redor. Rosé, por sua vez, permanecia imóvel, uma expressão de preocupação gravada em seu rosto. Ela sentia uma presença se aproximando, uma energia que lhe era estranhamente desconfortável e desafiadora para descrever: obscura, inumana e permeada por um frio que ia além do clima, tocando os ossos de quem a sentisse. Era um presságio de algo ameaçador se aproximando.

— São três deles, acho que eles nos sentiram, pois estão vindo em nossa direção — Informou Rosé com as pernas bambas de medo. 

— De onde eles estão vindo?

— Do sul, estão mais ou menos a uns cem metros.

— Fique atrás de mim — Jisoo estava preparada para lutar.

Os arbustos tremiam e se abriam abruptamente enquanto as criaturas emergiam, detendo-se apenas quando alcançaram a frente de Jisoo e Rosé. Paralisadas pelo súbito encontro, as duas encaravam aquelas figuras com um misto de horror e curiosidade. Não eram terríveis à vista por qualquer deformidade física, mas pela aura sombria que as envolvia, uma presença tão densa e pesada que parecia drenar a própria luz ao redor.

A energia que emanavam era macabra e pesarosa, fazendo com que olhar para eles fosse uma experiência visceralmente desconfortável. Era como confrontar o abismo, a sensação de desolação que se poderia esperar ao fitar um cadáver, um terror que tocava fundo na alma de quem os encarava.

— O que querem? — Perguntou Jisoo, encarando-os. Rosé escondia-se atrás dela, evitando olhar para aquelas criaturas. 

As criaturas emitiram um grunhido indecifrável, não mostrando interesse em comunicação. De suas enormes presas amarelas, gotejava sangue fresco, sinal de uma recente caçada mortal. A pele delas tinha um tom esverdeado, escuro e desvitalizado. Suas cabeças eram adornadas com pequenos chifres. Seus olhos, carentes de qualquer vestígio de vida, eram velados por uma membrana amarelada. Olhando para as mãos desses seres, Jisoo notou garras enormes, afiadas e letais. Apesar da inumanidade aparente, algo no olhar dessas criaturas sugeriu a Jisoo que, em algum tempo remoto, haviam sido humanos, possivelmente corrompidos por maldade e ambição.

— Acho que são Orcs — Rosé sussurrou. 

— Sim, suponho que sim. São perigosos, fique atenta.

Rosé percebeu as intenções assassinas dos orcs e respirou profundamente, começando a cantarolar baixinho, uma melodia destinada a penetrar e dominar suas mentes. Os orcs a encaravam, analisando cada movimento dela. No entanto, a magia contida na canção de Rosé parecia não surtir efeito, os olhares dos orcs permaneciam inabalados e sua postura hostil não mudava.

— Eles não têm consciência — Disse Rosé, temerosa — É como se eles estivessem mortos, isso é horrível.

— Acho que enfeitiça-los não vai adiantar — Jisoo suspirou, tentando pensar em algo.

Os três orcs investiram contra elas com violência selvagem, e Jisoo reagiu com um golpe certeiro na jugular de um deles, libertando-se temporariamente. Enquanto isso, outro orc lançou-se sobre Rosé, derrubando-a ao chão sem piedade. Jisoo, lutando para ajudar sua amada, foi empurrada pelo terceiro orc com uma força assombrosa. A luta era desigual; os orcs exibiam uma força física sobre-humana, e Jisoo se esforçava para se libertar do aperto firme de um deles. Num instante de desespero, ela avistou Rosé debatendo-se enquanto o outro orc tentava sufocá-la.

Com um olhar determinado, Jisoo concentrou-se na energia da água do rio. Rapidamente, a água assumiu a forma de uma imensa baleia, emergindo majestosamente da superfície, flutuando no ar. Direcionando a baleia para os orcs, Jisoo viu-os serem engolidos por aquela massa aquática, arrastando-as consigo para dentro do estômago líquido. Para Jisoo e Rosé, respirar debaixo d'água não era um problema, mas para os orcs, era uma sentença de afogamento iminente. Presos na baleia de água, os orcs debatiam-se freneticamente, buscando desesperadamente por ar, mas Jisoo os paralisou dentro da enorme criatura marinha, até que cessassem os movimentos, chegando por fim ao óbito. 

Com um gesto de desfazer sua magia, Jisoo permitiu que a água retornasse ao rio e correu imediatamente até Rosé para verificar seu estado.

— Está tudo bem? — Jisoo a examinou, viu que seu pescoço estava avermelhado com as marcas das mãos do orc.

— Estou bem, foi tudo muito rápido, não consegui me defender. Me desculpe, Chichu — Rosé estava triste, e a dor no pescoço intensificava ainda mais sua tristeza. 

Jisoo a abraçou.

— Não tem problema, aquilo também me assustou. Eu não sabia o que eram aquelas criaturas.

— Obrigada por me salvar, Chichu.

— Eu não quero te perder nunca, já falei que vou te proteger com a minha vida se for necessário — Jisoo a olhou e então a beijou. 

Entraram no rio e seguiram a jornada nadando, sentindo a água fresca e revigorante, um alívio bem-vindo para o dia quente e abafado. Com o cair da noite, decidiram sair da água e se deitaram na grama macia, contemplando o céu estrelado e a lua cheia, cuja luz prateada banhava a paisagem à sua volta.

— É como se fosse o sol da noite — Rosé estendeu a mão para o céu, olhando para ela como se a lua coubesse na palma de sua mão.

— Sol da noite? — Jisoo olhou para a lua. 

— Ela ilumina a noite assim como o sol ilumina o dia.

— É verdade… — Jisoo sorriu e ao invés de admirar a lua, admirou Rosé. 

— Chichu? — Rosé virou a cabeça de lado para olhá-la.

— Hum? 

— Você é a minha lua.

— Sou? — Jisoo sorriu — Por que? 

— Você ilumina a minha vida. 

— Minha doce Chae… — Jisoo se derreteu toda com aquela declaração, então se inclinou sobre ela, admirando seu belo rosto. 

— Jisoo… eu te amo — Rosé fechou os olhos.

— Eu também te amo, Chae — Jisoo se aproximou de forma lenta e delicada, culminando em um beijo doce e sereno, que se desdobrou sob a luz suave da lua naquela noite tranquila e agradável.


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Notas finais do capítulo

Essas sereias só passam perrengue, as póbi :(

Mas pelo menos tiveram uma noite tranquila depois de todo esse caos.



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