Legado De Poder escrita por Merophe


Capítulo 9
IX


Notas iniciais do capítulo

Olá, queridos leitores!

Que jornada emocionante acabamos de concluir com o último capítulo da primeira parte de nossa história! Chegamos ao fim de uma etapa, mas isso é apenas o começo de uma nova fase repleta de mistérios e revelações.

Agora, nossos personagens estão mais próximos do que nunca de desvendar o mistério por trás da morte de Vincenzo. Com cada peça do quebra-cabeça se encaixando lentamente, surgem novas suspeitas e desconfianças sobre os aliados.

Estamos prestes a mergulhar na segunda parte da história, onde segredos serão revelados e tramas ainda mais intrigantes serão desenroladas.

Preparem-se para uma montanha-russa de emoções, pois o suspense está apenas começando!

Comentem abaixo suas teorias, expectativas e impressões sobre o capítulo final da primeira parte. Mal posso esperar para compartilhar com vocês as reviravoltas que estão por vir!

Até breve, e que a jornada literária continue emocionante para todos nós!



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A semana começou com a entrega dos convites para o baile oculto na Fortaleza de Prata. Davide foi um dos primeiros a receber o convite. Este mencionava toda a família convidada, inclusive o pai enfermo, embora este raramente participasse das reuniões da Sociedade, permanecendo na mansão, recebendo cuidados durante a noite inteira. Natália ficou surpresa ao saber do novo baile. Na ausência do avô, ela sempre acompanhava Davide. Sabia que seria uma oportunidade de encontrar Luca e precisava conversar com ele sobre o assunto da carta.

A carta tinha se tornado mais longa do que o habitual; Luca precisou detalhar minuciosamente o plano de fuga. Há algum tempo, vinha pensando em fugir com a moça secretamente. A mãe dele impunha proibições ao namoro e desdenhava da família da moça, que estava praticamente falida, apesar dos muitos investimentos realizados pelo tio de Natália no exterior. A atividade dos Bellinis realmente declinou; Tommaso dedicava-se mais ao trabalho, negociando e comprando de clientes, independentemente da natureza ilícita dos negócios. Ele cultivava uma relação de troca constante. Por outro lado, Davide assumiu a liderança da família, mas direcionou mais energia para o banco, gradualmente apagando o nome dos Bellinis de Monte dos Reis.

Eliane afirmava que a família não teria um futuro duradouro, por isso considerava a paixão do filho um desperdício de tempo. A moça não contribuiria para o aumento do patrimônio; passava seus dias cuidando do avô, que vegetava, e da mansão, por obrigação do tio. Sentia-se mais como uma empregada íntima da família.

Luca se esforçava ao máximo com as economias, gerenciando a mesada recebida do pai e reservando mais dinheiro para a saída do país. Embora não tenha mencionado na carta, tinha a intenção de levar Natália de volta para a Argentina. Sabia que a garota se dava bem com o pai e, por culpa da mãe, teve que deixá-lo. Esperaria pelo dia do baile para dar as explicações e acertar os detalhes com a moça.

Luca chegou à sala de jantar muito calado, o que fez a mãe desviar o olhar para o rapaz sentado à mesa. Eliane estava tendo problemas para fazer a sogra terminar de comer. Rosalba tinha afastado um grissini do prato, mas, após a insistência da nora, ela arremessou o biscoito para fora do prato, ficando largado na mesa de jantar de mogno polido no centro. Eliane apoiou o queixo no punho, olhando para o marido, esperando que ele tomasse alguma providência com a mãe. Eliane reparou a menina suspendendo as pernas em cima da cadeira estofada de veludo vermelho e bisbilhotou o filho antes de pegar na xícara.

— O que é que você tem?

Luca raspou o recheio da torta no prato com o garfo para desviar a atenção da mãe. Tratou logo de encher a boca para se livrar de responder à mãe.

— Estou falando com você.

— Eu posso terminar de comer?

— Não, você gosta de fingir alguma coisa quando eu estou falando com você. Já disse que você volta estranho da casa dos seus primos.

Eliane não confiava nos sobrinhos de Rosalba. Os gêmeos, Arthur e Hugo, eram mais velhos que Luca. Não se interessavam em fazer nada na vida, por causa da regalia do dinheiro do pai sempre à disposição. Rosalba ainda tinha um irmão vivo, com seis anos de diferença sendo o mais velho. Ele aparecia frequentemente nos restaurantes do sobrinho quando saía com a família, aproveitando a cortesia da casa para comer à vontade sem nunca pagar a conta. Até mesmo nos restaurantes do sobrinho, ele se interessou em formar um negócio ilícito, claro, com a parceria de Pasini. Pasini não estava interessado em participar das lavagens de dinheiro do tio; ele abriu um negócio limpo e correto, apesar de não ser o administrador. Ele também queria ter uma fonte de renda honesta, embora a esposa não acreditasse que isso trouxesse lucro ao marido. Serviria mais como um espaço para o marido passar o tempo e comer de graça.

Os gêmeos sempre pensavam diferente do pai, buscando aventuras que frequentemente colocavam suas vidas em risco. Eram irresponsáveis em tudo que faziam. Eliane brigava frequentemente com o marido por causa da proximidade do filho com os sobrinhos, que não serviam de exemplo para ninguém. Eles gostavam de visitar secretamente a cidade dos tiras, e Luca poderia ser facilmente influenciado por eles.

— Se um dia te pegarem na cidade, vai ficar preso.

Pasini abriu o jornal, fazendo a esposa mudar de assunto. Ela o lembrou sobre os convites para o baile, enquanto Pasini bebericava o café. Ele avisou que precisaria passar primeiro nos negócios e mencionou que teria que iniciar um trabalho com dinheiro encomendado para fora do país. Por isso, não teria tempo de passar inicialmente na mansão de Lorenzo.

Eliane saiu da mesa, movimentando-se graciosamente com seu robe de seda azul petróleo, cujo brilho era refletido pela luz do lustre de cristal pendurado no alto teto. Seu marido observou enquanto ela entrava no outro salão e, em seguida, saía com o telefone na mão. Ela precisava com urgência dos favores do seu missionário logo pela manhã.

 

 

Adiantaram as bagagens para o porta-malas do carro. Já era hora de partir para Monte dos Reis. Depois da visita de Helena, a garota concordou em passar um tempo na cidade, aceitando como uma oportunidade para descobrir como reagiria sem a presença do pai. Enrico já estava aflito pela reação da garota ao descobrir a verdade sobre Monte dos Reis. Ele não possuía mais nenhuma mansão na cidade; havia colocado à venda a residência da família de sua mãe após sair de Monte dos Reis. A casa de seu pai permanecia fechada, mesmo ele estando fora do país, continuava a dar ordens para mantê-la em bom estado.

Pensou que estaria resolvendo as coisas ao convidar a garota para passar algum tempo em Monte dos Reis em uma mansão que não era realmente dele. Lorenzo estava aguardando a chegada da garota na mansão Trofeo.

“Tem mais alguma coisa dela?”

Enrico notou o rapaz chegando ao pátio e lembrou-se dos insetos no quarto. Inicialmente, a filha queria levá-los consigo, mas Helena a aconselhou, dizendo que não era necessário fazer uma mudança completa para a cidade, bastavam algumas roupas e o essencial.

— Escute, não fale muita coisa para ela. Me avise assim que chegar na cidade.

Ettore se aproximou do carro e se despediu de Enrico mais uma vez antes de entrar no veículo. Foi logo conferindo no retrovisor a garota encostada na porta do banco traseiro. Gigi acompanhou pela janela a saída da mansão.

Descendo a ladeira, Gigi observava os limoeiros, símbolos da sua saída de casa. Cada árvore parecia carregar o peso da despedida iminente. Os limões caídos pelas calçadas evocavam os ressentimentos acumulados com o pai. Enquanto deixava tudo para trás, não podia evitar pensar nele, na esperança de um novo entendimento. Se viesse realmente a acontecer um entendimento.

Precisava de um tempo sozinha para entender muitas coisas, para identificar quem realmente era o problema. Enrico não era a pessoa que entendia sua mente. Mantinha um estilo de vida antiquado, lendo a bíblia incessantemente e ouvindo rádio com o volume alto, talvez na esperança de evangelizar os empregados ou tocar o coração da filha durante seus momentos de fúria com o pai. Ela não precisava de alguém assim. Tinha agora a oportunidade de conhecer algo novo ao sair da cidade, de mudar completamente de vida. Enquanto pensava nisso, uma melodia de rock invadiu seus pensamentos, instigando-a a explorar novos horizontes e a deixar para trás as amarras do passado. Era hora de seguir em frente ao ritmo da música, com coragem e determinação.

A mente ressoou novamente, percebendo o riff da melodia no meio do caminho mais agressivo. Olhou para o rapaz no volante, vendo-o balançar a cabeça em sincronia com a música. Tinha achado ele completamente esquisito desde o primeiro dia. Não imaginava que gente assim, o pai mantinha amizade. Espiou um pouco das cruzes invertidas nos antebraços; as mangas no cotovelo não esconderam as tatuagens totalmente. As amizades estranhas do pai não a surpreenderia.

Voltou a olhar as ruas pelo caminho, vendo muitas coisas diferentes; pelo jeito, não estavam mais em Pormadre. Conforme a viagem passava, nas estradas apareciam muitas vistas do mar; a visão portuária se destacava com o brilho do sol. Gigi afastou a cabeça da janela; o som alto já começava a irritá-la. Deveria ser de propósito. Ela deu uma olhada novamente no rapaz e abaixou o vidro para amenizar um pouco do barulho, mas a janela rapidamente se suspendeu.

— Deixe as janelas fechadas.

A garota não entendia a precaução, percebendo suas mãos se esfriando com o aumento do ar do carro. Seguiu a viagem apertando as mãos, até que o ar cessou e o som se desligou. O carro aguardou o portão deslizante se abrir. Gigi observou o extenso gramado na área do jardim, onde uma fonte central jorrava água cristalina em um elegante padrão. Ao fazerem a curva no caminho de entrada, seus olhos se fixaram nos vasos ornamentais de cerâmica com crisântemos posicionados no final da escada, adornados com detalhes dourados que refletiam o brilho do sol da manhã. Os balaústres torneados de concreto, meticulosamente esculpidos, delineavam o caminho do átrio, enquanto colunas imponentes sustentavam um pórtico ornamentado acima da entrada principal. Dentro do carro, a garota se curvou para trás para vislumbrar o telhado, cujas telhas de terracota reluziam sob os raios do sol poente, e as janelas de mansarda, que adicionavam um toque pitoresco à majestosa fachada da mansão.

Alguém desceu do átrio e se aproximou do carro. O rapaz logo abriu o porta-malas. Gigi desceu do carro, ainda olhando ao redor da mansão. Levaram as malas para dentro, e de longe, ela avistou alguém parado além da entrada.

Ao subir as escadas, Gigi chegou ao espaçoso foyer da mansão, onde foi recebida por um ambiente moderno e luxuoso. As paredes eram revestidas com um papel de parede geométrico em tons de cinza e branco, adicionando um toque contemporâneo ao espaço. Uma iluminação embutida no teto, com luzes LED reguláveis, destacava as características arquitetônicas do foyer.

Ao longo do piso de mármore branco, havia um tapete grande e macio em tom neutro, adicionando conforto e textura ao ambiente. Próximo à entrada, uma mesa de console de vidro flutuante era decorada com peças de arte moderna e um vaso de vidro com flores frescas, acrescentando um toque de cor e vida ao espaço.

No centro do foyer, um lustre contemporâneo de cristal pendia do teto, espalhando reflexos de luz por todo o ambiente. Bancos estofados em couro branco estavam estrategicamente posicionados ao redor do foyer, proporcionando lugares elegantes para os hóspedes se sentarem enquanto esperavam. Além disso, um grande espelho de parede emoldurado em metal preto ocupava uma parede, ampliando visualmente o espaço e refletindo a beleza do foyer de todos os ângulos. Uma obra de arte abstrata pendurada em outra parede acrescentava um toque de sofisticação e modernidade à atmosfera.

Parecia que alguém já estava na mansão quando ela chegou. O homem que ela havia visto da entrada veio cumprimentá-la de forma mais íntima, fazendo um aperto de mão caloroso e abraçando-a rapidamente. Era um homem loiro, com cabelos ondulados na altura do pescoço e uma barba também loira, cuidadosamente aparada. Seus olhos azuis brilhavam como o oceano. Vestia-se de forma casual, com uma camisa de algodão de cor neutra e jeans bem ajustados. Um relógio adornava seu pulso, acrescentando um toque de elegância ao seu estilo descontraído.

Ela viu o rapaz se afastar com o celular no ouvido, enquanto o homem, com um sorriso acolhedor nos lábios e um brilho de expectativa nos olhos azuis como o oceano, a convidou gentilmente a entrar para a sala de estar.

Na sala, a decoração seguia a mesma linha do foyer, com um sofá moderno de couro marrom escuro e poltronas de veludo azul-marinho, contrastando elegantemente com o ambiente. Uma mulher desceu as escadas com elegância, mesmo vestindo um traje simples. Seu cabelo loiro estava preso em um rabo de cavalo impecável, e ela usava uma pulseira fina de ouro em uma das mãos. A aliança em seu dedo indicava que ela e o homem eram casados. Quando ela se aproximou, seus olhos amarelos destacaram-se, emitindo um brilho suave e acolhedor.

— Acredito que já esteja sabendo do motivo de ter vindo para a cidade — disse Lorenzo, após se apresentar.

— Ele me avisou.

Gigi segurou nas mãos ainda desconfortável. Estava na cidade para passar algum tempo e a mansão era do pai. Por acaso, era uma mansão de família e os dois eram também seus parentes? Questionou-se mentalmente enquanto subia para o seu novo quarto.

No mesmo instante, no átrio, Ettore estava conversando com Enrico, dando notícias da viagem como havia prometido. Ao avistar o carro se aproximando, com a janela aberta e reconhecendo quem estava ao volante, arranjou uma desculpa para encerrar a chamada com Enrico.

— Ela já mandou você vim saber, não foi?

Kadu desceu do carro, apertando os olhos devido à intensidade da luz solar.

— Eu tenho que pegar o convite.

Ettore se apoiou na balaustrada com um sorriso irônico, os olhos estreitados em deboche e as sobrancelhas arqueadas, revelando um misto de desprezo e diversão enquanto observava o rapaz subindo as escadas devagar.

— Não sabia que o sol estava tão brilhante hoje.

— Parece que você já está aproveitando bastante, não é mesmo? O que aconteceu, esqueceu seu guarda-chuva de prata em casa?

Ettore soltou uma risada contida, desdenhosa, ao ouvir a resposta de Kadu, seus lábios se curvando em um sorriso cínico.

— Hoje eu decidi deixá-lo descansar um pouco. Afinal, ele já está cansado de ser usado para afastar moscas como você.

Kadu, por sua vez, manteve um sorriso debochado, mas seus olhos revelavam uma ponta de irritação, piscando rapidamente em resposta ao comentário afiado de Ettore.

— Eu prefiro usar métodos mais eficazes para isso. Como afastar moscas irritantes com a própria presença delas.

— Parece que você aprendeu algo depois de todo esse tempo. Mas não se preocupe, ainda há muito o que aprender comigo.

Enquanto os dois trocavam palavras ácidas, o ar ao redor parecia carregado de tensão, como se estivessem à beira de um embate verbal explosivo. Era apenas um lembrete de que ainda conseguiam se suportar, mesmo com os xingamentos constantes. Kadu se apoiou na balaustrada, e Ettore percebeu quando o vento bagunçou os cabelos loiros do rapaz. Além disso, notou uma estranheza em seu comportamento.

— Está acontecendo alguma coisa na cidade. Tinha gente dos Arma Branca andando por lá.

 


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