Legado De Poder escrita por Merophe


Capítulo 5
V




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No dia seguinte, foi realizada uma reunião na Fortaleza de Prata para discutir o desaparecimento da herdeira. Era preciso garantir novos planos, pois Caius não retornaria ainda para Monte dos Reis. Na noite passada, ele avisou a Fiorella, e sua esposa logo imaginou que algo ruim estava acontecendo na cidade. Fiorella recusou-se a comparecer à reunião. Não era nada estranho saber como era o coração mole dela. Ela se privava da vida por causa de Caius, que além de estar ocupado com as investigações da morte da mãe, também poderia estar procurando pela amante. Eliane tinha um pensamento mais realista, ao contrário da irmã. Caius tinha uma amante na cidade que o abandonou após ele enriquecê-la com presentes, apenas para ter o coração partido no fim. O cunhado era tolo e cínico, revelando covinhas quando ria. Foi ele quem combinou com Fiorella para não terem filhos, embora soubesse que não era um desejo dela, apesar de afirmar que era uma decisão do casal.

Caius sempre arrumava uma explicação para tudo. Quando questionado sobre o motivo da decisão, ele respondia que era para proteger a esposa, evitando que ela se tornasse conhecida na cidade normal e não a envolvendo em problemas que surgissem. Não dava para Eliane sentir raiva total da irmã; até se compadeceu pela traição quando desconfiou da distância que os dois demonstraram no início. Ela ameaçou Caius em um dos salões do palácio, sendo desavergonhada ao expressar desejo de má sorte para o cunhado.

— Não deveria se garantir com as ideias de Caius.

Lorenzo compreendeu a indireta de Eliane, que estava de perna cruzada na poltrona, escondendo o riso quando o marido olhou. Ela tinha sido instruída a não causar problemas, Pasini costumava falar manso com a esposa, evitando ser repreendido.

— Eu disse que o nome dos Marqueses não era pra você.

Pasini bateu no braço da poltrona enquanto chamava o nome da esposa.

— Estava querendo que tudo não saísse bem de propósito. — Lorenzo estava de pé ao lado da mesa, com os braços cruzados, convencido das intenções de Eliane.

— Você escolheu seguir o caminho errado, confiando nas ideias do seu amigo.

— Isso não importa. Vamos realizar uma votação para que você decida os votos de todos.

— Certamente, eu não falharia igual a você.

— Tenho pena do seu marido.

— Eu também da sua mulher.

O eco da palma de Pasini ressoou pelo salão enquanto o vento que entrou pela janela aberta balançou a cortina de voal. Pasini adiantou os dois para o plano da votação.

— Ainda há membros fora do país. — Lorenzo ressaltou.

A risada de Eliane soou levemente debochada.

— Você dá a solução e desanima.

— A garota ainda pode ser encontrada.

— Continue perdendo tempo. Deixe a Sociedade ser perseguida por culpa do seu amigo.

O bico do salto vermelho se esticou para frente. Eliane deu remexidas na poltrona enquanto ajustava o vestido escuro.

— Está na hora de reunir os Rosa Azul, mas também não podemos descartar a possibilidade de encontrar a herdeira.

Eliane notou o olhar furtivo do marido, mesmo em meio ao silêncio que permeava o ambiente. O coração de Eliane saltou quando o celular de Lorenzo começou a tocar. Os gestos de Lorenzo ao atender o telefone não passaram despercebidos por ela, que sentiu um pressentimento angustiante se formando no ar. Foi uma surpresa ainda maior quando soube, através das palavras de Lorenzo, que Enrico havia chegado em Monte dos Reis.

 

Enrico nem parecia mais conhecer Monte dos Reis. Percebeu o clima diferente assim que chegou à mansão Trofeo. Logo se incomodou com a ventania, que secava seus olhos; afinal, nunca gostou muito da área litorânea. Não parecia ser uma visita por consideração ao antigo parceiro, aliás nada em Monte dos Reis merecia ser lembrado. Monte dos Reis continha muitos resquícios de seu passado sombrio; Enrico sabia que não seria fácil retornar à cidade. Deixaram o homem na sala de estudo no térreo e a porta se abriu novamente quando a mulher entrou mais uma vez.

Patrícia era o nome da Sra. Valentini. Mais nova que Lorenzo, ela vivia em outra cidade e era professora. Largou sua profissão para se casar em Monte dos Reis. Chegou tímida e convicta de não se misturar com as ilegalidades, mas repensou quando, na primeira oportunidade, o marido lhe presenteou com joias compradas com dinheiro ilegal. Era a terra do dinheiro fácil que até Enrico sabia. Patrícia visitava constantemente a mãe, sempre com a autorização do marido. Lorenzo fingia não se importar com a quantidade de dias que ela passaria fora da cidade, recorrendo sempre à psicologia reversa para garantir que ela não retornasse tão cedo. Em casa, ela tentava ser uma boa anfitriã, perguntando a opinião de todos e buscando sempre se igualar às outras senhoras.

Enrico até estranhou que ela não dissesse nada ao entrar na sala. Ela já tinha oferecido algo para beber e comer, mas Enrico recusou, e parecia que ela estava tentando fazer o mesmo.

— Eu vim apenas conversar com o seu marido.

Ela avisou que o marido estava na Fortaleza de Prata e que poderia demorar. A opção do chá veio novamente à tona.

— Espero ele retornar. Preciso conversar pessoalmente com ele. Ele não está atendendo as minhas ligações.

Patrícia se convenceu e saiu da sala, dando um último sorriso de recepção. Afastou-se imaginando que o homem precisaria tratar de assuntos mais discretos com o marido, talvez pensando em algum empréstimo de dinheiro.

Enrico não se parecia em nada com alguém ligado à máfia. Já não era o mesmo desde que se mudou para Pormadre. O julgamento de Patrícia foi pelas vestes, conseguindo perceber que não se tratava de roupas caras e de boa qualidade. Percebeu que a jaqueta marrom café era de couro sintético, além da calça jeans simples, o anel de prata parecia ser a única coisa mais cara nele. Enrico gostava de ser o mais simples, praticava a humildade de coração, acreditava que valia mais a pena colecionar os tesouros no céu. Sendo tão diferente nos tempos da máfia, esbanjando riqueza com Lamborghini e chofer, trajando smokings finos, o brilho discreto no pulso já dava a entender que era um relógio de ouro. Com um rosto que chamava atenção, a aparência valia tudo naqueles tempos.

Retornar a Monte dos Reis não seria fácil. Tinha consciência de que seria um gatilho irresistível para lembrar dos erros, mas fazia, ao menos, um esforço para encontrar a filha. Esse era o motivo da visita à mansão. Não estava sendo fácil conversar com Lorenzo; ele ignorava quase sempre as ligações de Enrico. Era culpa dele que Enrico havia perdido a filha.

 

Não seria tão fácil encontrar a herdeira. Pasini seguiu viagem para a mansão Villa Serenità, repensando sobre a reunião. Falou algumas coisas para a esposa, mas Eliane mal deu atenção. Virou a cabeça para a janela do Mercedes para evitar as conversas longas do marido, necessitando de um momento em silêncio para acalmar toda a confusão que sentia. Não foi agradável saber da chegada de Enrico a Monte dos Reis. Antes, evitava lembrar dos antigos tempos em respeito ao pai falecido, mas agora já nem se importava de perceber que tudo havia sido por culpa do pai.

Eliane espiou o marido esticando o pescoço na janela, avistando algo do lado de fora. Não era o marido que desejava; sabia que o pai nunca teria uma opinião contrária sobre o rapaz que ela gostava. Decidiu se casar com Pasini para satisfazer o pai. Ao menos ele não era um homem ruim: fazia o que a mulher pedia, deixava-a a par dos negócios dos Messinas, ajudava nos contrabandos de tecidos dela, mas o amor da esposa não era sincero.

Era difícil lembrar de Enrico, ainda mais da recusa do pai quando soube que ele era o rapaz que interessava à filha. Já bem-sucedido, com formação em engenharia e bonito, seria difícil não desviar a atenção da filha. O velho Tarantino sabia que o rapaz se envolvia mais nos negócios da família da mãe; os Giordanos demonstravam ser uma família bem-sucedida, não tinham uma especialidade única de trabalho, se envolviam em tudo. No entanto, o rapaz tinha suas áreas de negócios escondidas. Mantinha a boa aparência de propósito, exalava boas fragrâncias e encenava inocência no rosto para fragilizar suas vítimas. Genro assim jamais queria. Tinha amor pelas duas filhas e por isso dissera um não severo de primeira. Sabia que os índices de prostituição em Monte dos Reis estavam crescendo e o rapaz era um dos principais envolvidos. Escolhia mulheres para trabalhar com o prazer, determinava preços, companhias, gerenciava o trabalho como um cafetão. Era um homem nojento. Até das mais novas se aproveitava, exigia ser o primeiro a tirar-lhes a pureza. Quando não consentido, prometia o céu e a terra, envolvendo-se até em compromissos. Saíam do país, perdiam a virgindade, apenas para dar dinheiro depois ao patrão.

O pai não tinha culpa de negar a aproximação da filha com o rapaz. Tivera apenas zelo pela reputação dela, sabendo que casos assim entre a máfia terminavam em morte como vingança do traído. O velho Tarantino não merecia perder todo o império construído. Fiorella era demasiadamente tola, mas Eliane sabia dar mais segurança ao pai. Esperta demais, agindo sempre com razão e protegendo os membros da família. Fiorella poderia formar uma união com algum nome forte entre os Tarantinos, mas Eliane garantiria que a fortuna e o legado fossem perpetuados.

Pasini apontou um estabelecimento pela janela para a esposa, indicando o lugar onde eles deveriam ir.

— Não quero conversar. — Eliane ignorou o restaurante novo apontado pelo marido.

— Ainda pensativa com o combinado da reunião?

— E se for? — Na discrição, o chofer lançou um olhar discreto para a patroa através do retrovisor. — Tudo está errado em Monte dos Reis.

Eliane sentiu a mão esquentar pelo aperto da mão do marido, mas ignorou rapidamente o gesto de carinho de Pasini.

— O que você tem?

— Deixei a minha filha com a sua mãe.

 

Lorenzo chegou rápido na mansão Trofeo, e a esposa o recebeu adiantando que puseram a visita na sala de estudo. Não esperava jamais se encontrar com Enrico; aliás, nos tempos em que Vincenzo ainda estava vivo, eles se relacionavam muito bem. Lorenzo cedia alguns cassinos para os amigos se encontrarem, e as noites eram apenas com os mais íntimos. Falavam dos negócios, instruíam um ao outro e até conheciam o trabalho escondido de Enrico. Na máfia existia de tudo. Lorenzo nunca foi muito apegado à fidelidade, sabia bastante sobre mulheres, e Enrico se envolveu muito bem com ele desde o início. Não foi por acaso que Caius apareceu com uma amante na cidade. Ele tinha uma relação próxima com Lorenzo devido à hierarquia da Sociedade. Após assumir a família dos Marqueses, Lorenzo se revelou como um abutre interesseiro.

Apoiou o amigo quando soube do caso na cidade, incentivando os mimos para a moça e a obrigação de demonstrar ser o provedor. Uma mulher jovem não resistia aos bons modos de um homem mais velho, mas também era importante estar atento ao momento de se afastar; o homem esperto deveria desaparecer primeiro. Caius sofreu primeiro, como já dizia a cunhada; ele foi um tolo. Não ouviu o conselho do amigo e, animado com o amor proibido e ousado, acabou expondo o caso à esposa e, pior ainda, à víbora da cunhada. Lorenzo também não escapava das acusações de Eliane; ele sabia que, se estivesse vivo em seus pensamentos, ela desejava vê-lo morto. Ele provocava a mulher na mesma medida.

Com Fiorella, as coisas eram diferentes; ela sabia conversar sem atacar de imediato, uma mulher mais culta e reservada, que dependia bastante do marido para se socializar. Lorenzo imaginou que a traição de Caius tinha sido por uma boa razão, pois ele recebia da outra o que não recebia da esposa. Fiorella era demasiadamente tímida e provavelmente exigiria um relacionamento secreto, sendo mais adequada para cuidar do marido em casa após suas viagens cansativas.

Depois da traição do marido, a relação com Lorenzo mudou drasticamente. Fiorella evitava qualquer troca de palavras e mal o olhava nos olhos, o que logo fez com que Lorenzo desconfiasse de Eliane. Esta, por sua vez, colocou veneno na cabeça da irmã, que não hesitou em expressar sua desaprovação. Embora Eliane falasse mal da irmã, secretamente protegia o nome dela após a traição. Chegou até a planejar um sequestro e um espancamento do cunhado como prova de sua lealdade à irmã, mas nunca chegou a colocar o plano em prática devido ao coração sensível dela.

Enrico não estava a par dessa confusão recente. Ele deixou Monte dos Reis antes de Caius assumir o comando da máfia, mas ainda estava na cidade quando Vincenzo faleceu. Eram tempos que Enrico preferia evitar lembrar. Lorenzo imaginava que a conversa seria breve demais, pois os assuntos costumavam se estender quando Enrico vivia na cidade.

Lorenzo entrou na sala e avistou Enrico de costas na poltrona. Era evidente que não era mais o mesmo homem. Mal conseguiu apertar a mão do conhecido e só se sentou após receber a ordem de Lorenzo.

— Pensei que te encontraria mais irreconhecível. — Lorenzo estimulou Enrico antes de entrar no assunto. — O que fez você vir tão cedo atrás de mim? Não é saudades de Monte dos Reis.

— Preciso saber como ficará a situação da minha filha.

Lorenzo remexeu na tampa da caneta da escrivaninha, pensando numa melhor resposta.

— Só depende de Deus para que ela apareça. — Percebendo o preparo de Enrico para responder, Lorenzo adiantou com mais ímpeto na voz. — Eu já fiz o que tinha que fazer, cedi que o rapaz fosse atrás dela.

— E isso é o suficiente? Saber que uma família foi destruída é o suficiente para você?

— Pelo que eu sei, só mora você e ela. Nem é de verdade uma família.

Enrico passou a mão na barba, no queixo, sem saber o que dizer inicialmente.

— Estava na Fortaleza de Prata, falando dela. — Lorenzo tentou disfarçar com as palavras curtas, mas Enrico insistiu. — Falou da minha filha.

— Nem todos estavam presentes, apenas expliquei o ocorrido com os que sabiam.

— Você é assim.

— Não tenho culpa se você enganou a garota a vida inteira.

— Nada disso teria acontecido se você não insistisse.

Enrico sentiu o coração palpitar após elevar a voz. Respirou fundo, após perceber que era por causa da índole ruim da cidade que estava em todo lugar. Não guardaria raiva no coração, ainda mais por causa de Lorenzo.

— Quero a minha filha de volta.

— Reze com mais fervor; talvez alguém do céu lhe conceda este pedido mais depressa.

Lorenzo não disfarçou a rigidez no rosto nem a dureza da voz, enquanto via Enrico se levantar da poltrona ainda o encarando intensamente.

— Estou avisando.

— Está me ameaçando?

Decidindo deixar mais claro o aviso, Enrico não se intimidou com o riso cínico de Lorenzo.

— Não é uma ameaça, mas o rapaz não vai mais trabalhar para você. Ele não foi recrutado para lhe fazer favores. Confio mais nele para encontrar a minha filha.

 

Ligaram para Ettore da catedral. Não explicaram direito, mas havia notícias de alguém parecido com a garota que ele havia descrito e dado o número na noite passada. Apressou-se para a catedral sem avisar a Enrico, pois soube que ele estava indo para algum lugar logo cedo pela manhã. Seguiu o caminho indicado por alguém da equipe de manutenção. Deixaram a estranha no cômodo do pároco, servida de pão fresco e suco fraco de uva. Estava levando mais outro pedaço de pão à boca quando Ettore espiou pela fresta aberta da porta. Reparou os cabelos longos, lisos e escuros, e parecia que também havia franjas retas; a moça de costas não permitia identificar tanto. Não tinha sabido de muitos detalhes, mas o vestido cobria os joelhos e era repleto de flores miúdas no tecido branco. Parecia ser adequado demais para uma menina criada em casa.

Ettore se virou para o rapaz da manutenção e soube que uma equipe de freiras, saindo bem cedo para cumprir a assistência social, encontrou a moça vagando na ponte. Ela estava tremendo de frio e demonstrava fome com as mãos cruzadas na altura do estômago. Até o momento ela não havia falado nada sobre os parentes. Ettore brechou novamente a porta, o rapaz se afastou e então ele decidiu aproveitar a privacidade para fazer uma ligação.

Ettore percebeu que Enrico não estava muito bem quando atendeu.

— Estou voltando para a cidade. O que aconteceu?

— Me ligaram da catedral e eu vim pra cá. Viram uma garota vagando na ponte bem cedo. Se lembra qual foi a roupa que a sua filha usava?

Ettore espiou a garota comendo novamente, escutando o que Enrico falava.

A moça serviu-se mais do pão, recolhia as sobras que caiam no prato com os dedos e levava a boca. Ettore decidiu surpreender de uma vez a garota, no momento em que ela encheria novamente a boca.

Os dois se olhando não parecia explicar muita coisa.

— Eu sei que você correu de mim no jardim.

A garota, planejando fugir pela porta, empurrou a cadeira, chegando a alcançar a maçaneta com os dedos antes de largar, ilesa do impacto.

— Ele te mandou vim atrás de mim?

— Me pediu pra eu te levar para casa.

— Eu não tenho casa.

Ettore apontou para a cadeira, sugerindo que a garota se sentasse, enquanto puxava outra cadeira para mais perto para conversarem.

— Acha que fugir de casa é a melhor solução? Ele não pode parecer ser a melhor pessoa, mas é a única com que alguém poderia contar.

Ettore sabia que devia muito a Enrico. Deixou de viver na rua após receber ajuda dele. No início, porém, mal suportava a presença de Enrico. Aceitou a comida por falta de opção e devido ao desconforto no estômago. Enrico costumava fazer algumas obras de caridade pela cidade. Certa vez, encontrou o rapaz em um beco junto a outros desabrigados e ofereceu-lhes comida e a palavra de Deus. O rapaz ignorou a mensagem religiosa e devorou o sanduíche. Enrico aproveitou o momento de saciedade do jovem para conversarem. Ettore não aceitava voltar para a casa da avó, pois os tios não o aceitavam, restou apenas a vida nas ruas. Enrico não insistiu em mudar a mente do rapaz quanto aos parentes. Antes disso, soubera que Caius estava precisando de alguém para ficar responsável pelos assuntos dos Marqueses. Caius ligou para Enrico procurando alguém de confiança, já que ele havia sido muito amigo de Vincenzo e tinha grande apreço pela família.

Enrico indicou o rapaz, o levou para a mansão onde ele se arrumou e tomou banho antes de partir para Monte dos Reis. Mesmo sem nenhum membro ativo na cidade, ele permaneceu até hoje cuidando da família Marquese.

— Deveria questionar realmente quem te deixou com ele.

A moça não disse nada. Escondeu o rosto atrás das mechas, esforçando para não revelar o fungar do nariz.

— Deveria se esforçar para ver que ele é realmente diferente do que você pensa.

Ettore saiu primeiro da sala, entrou no carro e viu a garota descendo a escada da catedral com a mão no rosto. Ele destravou a porta de trás e a garota se sentou calada. Dirigiu para a mansão, vendo pelo retrovisor a moça enxugando o rosto. Avisou discretamente a Enrico, preferindo vocalizar durante a ligação com um ‘uhum’ para a garota não desconfiar.

Enrico ainda não havia chegado em Pormadre, Ettore chegou primeiro na mansão e a garota subiu para o quarto. O rapaz trocou algumas palavras com o mordomo, passou um tempo pelos cômodos inicias da mansão até que o carro buzinou no portão. Enrico atravessou logo o átrio para se encontrar com o rapaz.

— Onde ela está?

— No quarto. Acho que ela não vai querer conversar com você hoje.

— Estive em Monte dos Reis.

Enrico pediu para que o rapaz ficasse mais um pouco e explicou tudo depois do jantar. Pediu para que alguém servisse a refeição para a moça no quarto, que ainda continuava trancada.

— Disse a Lorenzo que você não trabalhava mais para ele.

Ettore largou a taça na mesa, alterando-se, talvez porque Lorenzo poderia imaginar que pudesse ter sido ideia do rapaz.

— Você não foi para Monte dos Reis para obedecer os Valentinis. Caius te deu uma obrigação.

— Ele vai dar importância mesmo você não sendo um Rosa Azul?

Enrico largou os talheres no prato e ficou em silêncio, fazendo com que o rapaz parasse de comer.

— Lorenzo está mandando demais em Monte dos Reis.

Ettore não entendeu quando Enrico saiu da mesa e foi para a sala sem ter terminado o prato, então o rapaz resolveu ir logo atrás.

— Não estou entendendo o que está acontecendo. — Ettore falou, aguardando as respostas de Enrico.

— Não está acontecendo nada. — Enrico garantiu, mas ainda reforçou ao rapaz sobre o futuro da filha. — Se ela decidir ir para Monte dos Reis, apenas me prometa que vai cuidar dela.


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Notas finais do capítulo

Olá, queridos leitores de "Legado de Poder"!

Hoje trouxe um capítulo repleto de revelações e mistérios para desvendar! O que será que Lorenzo esconde? Será que tem alguma ligação com Vincenzo? E será que Enrico está ciente desses segredos ocultos? Além disso, a Herdeira foi encontrada, e agora, tudo indica que está prestes a tomar uma decisão crucial: partir para Monte dos Reis. O que será que o destino reserva para ela nessa jornada cheia de perigos e revelações? Preparem-se para se surpreender a cada capítulo e se envolver ainda mais nessa trama cheia de reviravoltas e emoções. Estou ansiosa para compartilhar este novo capítulo com vocês. Até lá! ✨



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