Duas Faces de Uma Mesma Moeda escrita por Julia Carlie


Capítulo 4
Capítulo 4 - Segundo por Segundo




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Segundo por segundo

O relógio era irritante, juro! Tic-Tac, tic-tac, tic-tac, e em todos esses tic’s- tac’s só tinham se passado 6 segundos, mas alguns , 10, outros,50, 1 minuto, 2 horas. Enfim deu para perceber que eu estava um pouquinho entediada. Por algum motivo – que eu não faço a menos idéia – eu não conseguia parar de pensar nele, minhas horas se resumiam em encontrar o meu Emmett e matar meus dois irmão malditos que tinham dado fim no meu único passatempo útil.

         Não que eu considerasse escrever no diário um mero passatempo, mas é que os rumos que as coisas tomaram me fizeram pensar dessa forma. Eu gostava muito de escrever, muito, muito mesmo, porém quando estava com Emm, não sentia necessidade de mais nada, foi só então que percebi que na verdade eu escrevia para passar o tempo ou suprimir minhas necessidades de vampira imortal sem sono.

         Eram momentos como esse que eu chorava – não no sentido denotativo da palavra- pelas noites que eu podia deitar na cama e dormir, pelas noites que eu podia acampar e olhar para as estrelas até cair no sono, pelos momentos em que eu podia sonhar, sim sonhar. Eu acho que o meu sonho de vampira era poder dormir para poder sonhar, para poder esquecer de tudo por algumas horas e viajar no mundo que vier para você viver, mesmo um pesadelo seria melhor que não poder dormir. Que fique bem claro que eu disse meu sonho de vampira, e não meu desejo de vampira, pois esse era todo reservado ao meu Emm.

         Mesmo sabendo que ele havia partido, eu não conseguia me conformar com uma coisa dessas, juro. Talvez eu fosse muito pouco modesta -   e eu era – para pensar que ele jamais deixaria uma mulher (vampira) tão bonita quanto eu. Tá eu sei, eu sei, mas eu pensava assim.

         Com todo aquela turbulência que estava acontecendo na minha vida naquele momento eu me senti cada vez mais perto de Emmett, e como eu gostaria de contar esse sentimento ao meu diário, mas agora, graças a algum engraçadinho, eu não podia. Meu diário não era algo que eu somente usava para escrever, era muito mais que isso. Era o MEU diário. Era MEU pertencia a MIM, EU era a DONA e ele era MEU amigo de idas e vindas.

         Não sei muito bem explicar porque, mas quando você é imortal você acaba tendo um apego tão grande a bens materiais que as vezes assusta. Tenho algumas hipóteses, uma delas é que como você lembra de tudo com mais clareza, acaba por querer olhar para o objeto e lembrar de tudo! E era o que eu queria naquele momento, eu queria olhar para o meu diário e lembrar de tudo.

         Não me conformei com Alice e Edward, talvez, se não fosse por Carlisle, o meu pai amigo eu já teria esquartejado os dois e queimado no fogo a tempos – não, definitivamente não. Mas eu teria dado uns bons socos! Isso sim! Invés de chorar o leite derramado decidi por procurar o meu querido diário, quarto por quarto.

         Escolhi primeiro o quarto do Carlisle e da Esme. Bati na porta, por motivos óbvios. Quem iria gostar de ver seus pais... Arg que nojo! Enfim bati na porta, não obtive resposta, logo eu, a rainha da dedução, deduzi ninguém dentro certo? Claro!

         Entrei e vasculhei cada canto. Por algum motivo eu não vasculhei muito as coisas de Esme, mas de Carlisle eu fiz questão de olhar dentro de cada maleta de médico, dentro de cada avental, camisa branca, nem o cesto de cuecas sujas – sim só de cuecas pois as roupas a Alice nos proibia de lavar, já que não íamos usar de novo, logo é de se imaginar que as criancinhas carentes ficavam muito feliz quando um vez por mês a titia Alice ia lá entregar uma sacola de roupas quase novas para doação.- ficou imune a minha revista, apesar de que se eu encontrasse meu diário lá não seria agradável... Não nem um pouco.

         No quarto de Carlisle não estava então próximo quarto: Alice e Jasper. Esse ia ser um pouco mais difícil de entrar, muito mais difícil de entrar. De inicio foi isso que eu pensei, mas não demorou muito para eu pensar logicamente; Alice não me deixaria entrar se ela estivesse dentro do quarto ela me veria entrando e prenderia a porta antes mesmo de eu chegar nela. Então fui logo para parte do abrir e adivinha!... Ninguém dentro! Uall!!  Revirei tudo, tudo, tudo. Fui mais cuidadosa com as coisas de Jasper, ele me assustava um pouquinho. O closet de Alice parecia que não acabava, mas com certeza não estava lá eu tinha revirado tudo, literalmente também, sim eu baguncei tudo. Muhaha. Não mexe comigo Alice, que eu mexo com as suas roupas. Pensei para mim.

         Só tinha mais uma opção de quarto o de Edward. O melhor quarto da casa. Dessa vez eu não fui correndo simplesmente cheguei, apliquei a mesma teoria do quarto da Alice. Se ele estivesse lá teria me impedido. Certo? NÃO.

         Eu entrei no quarto assim como eu esperava ninguém dentro. Comecei a mexer em todos os CDs jogá-los no chão e procurar debaixo do sofá atrás do aparelho de som, mas nada. Então me dei por satisfeita e quando fui sair do quarto. A porta estava fechada. Quem foi que fechou? Então quando girei a maçaneta percebi que estava trancada. Que imbecil pensa que uma fechadura detém um vampiro. Com certeza obra dos dois imbecis!

         Não queria perder nenhum segundo, e logo não pensei duas vezes antes de chutar a porta, a madeira se quebrou, na verdade de estilhaçou, mas por traz da madeira tinha uma parede de chumbo! Chumbo!! Dessa vez eles se superaram. Concentrei toda a minha força no broco direito e dei um soco no chumbo, nada aconteceu. Não era chumbo!

         O que era eu não sei, mas eles tinham conseguido me prender na porcaria do quarto. Logo Olhei para todas aquelas paredes de vidros soquei uma que logo quebrou e pulei para fora dei a volta na casa até a porta da frente, trancada. Quebrei e tinha uma outra placa de não sei o que. Na frente a placa preta como carvão cobria todas as vidraças impedindo de serem quebradas. Eles tinham sido realmente rápidos. Decidi entrar de volta no quarto de Edward, mas já estava coberto de placas assim como o de Alice, o meu e de Carlisle.

         - Pensa Rose! – falei para mim mesma. – Ou melhor, não pensa! É isso!

         Comecei a girar a casa sem ter plano algum, logo que vi que as portas do fundos estavam fechadas olhei para cima. Lá estava, a janela do gabinete de Carlisle. Não me dei ao luxo de pensar duas vezes antes de quebrá-las. Carlisle ficaria um pouco chateado, afinal aquele era o seu gabinete com toda a sua história. Privacidade. Mas roubaram meu diário até que ponto a gente deve respeitar a privacidade dos outros?

         A porta do gabinete estava aberta, fui correndo em direção á ela, mas antes esbarrei na mesa e um porta retrato caiu no chão. Até então eu não tinha percebido que todas as fotos coisas do Emm estavam lá. Peguei o porta retrato que estava no chão e olhei. Não digo o que tinha na imagem, porque não vale apena perder tempo com isso. Mas digo que passei longas horas olhando a imagem. Até Carlisle aparecer.

         - O que faz aqui Rose? – perguntou ele

         - Não sei se você percebeu, mas Alice esteve tentando me manter fora de casa o dia todo. – respondi

         - Isso foi a umas 6 horas atrás Rose, você está aqui a um tempão, já são quase meia noite.

         - É que eu estava lembrando do Emm, vai ser a primeira noite cem por cento sem ele. Será que eu vou agüentar?

         - Rose, não faça isso comigo...

         No momento eu não entendi o que ele quis dizer com isso. Na verdade... Não. Dessa vez as coisas não tinham lógica como sempre. Ele era de novo meu pai amigo. Eu o Amava mais que tudo. Eu o amava de uma forma diferente. Não era como Emmett era como Carlisle. Como pai.

         - O quê? Não fazer o quê?

         - Não me faça arrepender-me de ter ...

         Agora eu tinha entendido. Mas a culpa não era dele, ele sempre fora cheio de compaixão e o sofrimento de qualquer dos filhos ele colocava em suas costas. Ele era o melhor pai do mundo.

         - Sih. – disse eu colocando minha mão em seu rosto. – Você é o melhor pai do mundo. Eu te amo. Jamais se arrependa.

         Ele assentiu. Abaixou a cabeça e eu achei justo que o deixasse em paz por alguns minutos sai bem devagar do gabinete, desci as escadas, eram 23:50. Estranhei muito quando eu liguei a T.V e vi o jogo de basebol, já era tarde de mais para estar passando jogo, logo percebi que era uma gravação do jogo da tarde daquele dia. Quem teria gravado? O único que realmente gostava disso estava fora. Emm.

         Tirei da gravação da Sky e coloquei num canal qualquer e adivinha. Os créditos daquele tipo de filme inútil que você só assiste quando não tem nada para fazer de melhor, isso eram já umas 23:55.

         Esperei mais alguns minutos – para ser mais especifica 3 minutos – por o que eu não sei , mas algo aconteceu. Um barulho e de repente eu não sabia por que, mas uma esperança cresceu no meu peito. 23h59min sai do sofá. 23h59min e 10 segundos. Começo a subir as escadas. 23h59min e 13 segundos. Termino de subir as escadas. 23h59min e 15 segundos. Entro no meu quarto. 23h59min e 30 segundos troco de blusa. 23h59min e 50 segundos. Lavo o meu rosto com bastante água.

         E então as 23 horas 59 minutos 58 segundos eu vejo uma coisa que mudou os últimos dois segundos da minha noite. 23 horas 59 minutos 59 segundos e 15 centésimos. Pronto entrei em melancolia. Não sei como aconteceu. Eu simplesmente a poucos minutos atrás estava falando com o pai amigo e nada. Depois eu tinha descido as escadas e nada. Liguei a T.V. e nada. Até que ouvi alguma coisa e decidi ver o que era e nada. Troquei a blusa e lavei meu rosto e... Isso! Meu deus eu não acredito, eu não acredito! O QUE TÁ ACONTECENDO! Minha cabeça estava inconformada. Como? Não fazia sentido aquilo que eu estava vendo diante dos meus olhos era... era... Não, não pode ser e... el...Não eu estou sonhando, é uma miragem! Não é real!

23 horas 59 minutos 59 segundos 59 centésimos 59 milésimos, sim um único milésimo antes de virar segundo de Abril estava lá Emmett sim o meu Emmett. Então o tempo parou, só ouvi três palavras.

         -Primeiro de Abril!

         Pronto as ultimas três palavras da minha noite. E logo em seguida as seis primeiras palavras do meu dia. O dobro de palavras, o dobro de impacto.

         - Te amo de mais para partir.

         Parei, gelei, não fiz nada. Eu estava de boca aberta. Não tinha me conformado com aquilo. Emmett percebeu meu olhar – tinha como não perceber? – ele foi sorrateiro, veio agachado levantou na minha frente, seu dedo indicador tocou meus lábios, eu os fechei fazendo um pouco de pressão no dedo. A outra mão dele tocou as minha pálpebras e em um movimento muito suave ele as fechou. O dedo dele que estava nos meus lábios foi delicadamente escorregando pelo meu queixo até o meu pescoço, correndo para trás na minha nuca, eu levantei a cabeça cedendo a massagem na minha nuca. Quando percebi os lábios dele tocavam o meu pescoço. A essa altura meu corpo já era gelatina nas mãos dele. Não demorou muito para os nossos lábios de tocarem num beijo intenso, ardente, um beijo de reencontro. O beijo perfeito. Esqueci de tudo, entreguei a minha alma a ele. E assim longos minutos se passaram...

         - Foi o melhor 1 de Abril da minha vida ! – disse ele finalmente.

         - Foi o pior 1 de abril da minha vida! – disse eu

         - Parece que dessa vez o Emmett ganhou de 20 a zero do Edward. – disse Carlisle por fim.

         Eu estava ainda meio desorientada por causa do beijo que mexeu com a minha cabeça, mas o que importava era que todos nós estávamos na sala unidos. Todos. Eu, Emmett, Carlisle, Esme, Edward, Bella, Jasper e Alice.

         - Tenho que assumir que esse ano foi acirrado. As paredes de chumbo foram uma ótima idéia também. – disse Esme

         - Ei aquelas paredes eram de chumbo? Como eu não consegui quebrar?

         - Simples. Porque tinham dois vampiros fazendo força contra elas! Não é Edward? – exclamou Alice.

         Legal! Nossa que ótimo! Esse ano a disputa era em quem pregava a melhor prenda na Rosalie! Nossa adorei! Afe vai ver se eu to na esquina quem foi o estúpido que teve essa idéia?

         - Emmett. Como sempre. – respondeu Edward aos meus pensamentos.

         Eu o encarei ele me beijou e eu me esqueci de tudo. Poxa, como eu era mole! Mas eu o amava de mais!

         - Esse é o meu Emmett. Mas se a sua prenda foram as paredes... Quem pegou meu diário?

         - Eu. – respondeu o meu anjo. – Eu peguei, mas juro que não li. É que você estava sofrendo muito mais do que eu queria. Era só uma brincadeira, então eu tirei o diário assim te impedi de continuar escrevendo coisas tristes naquelas páginas.

         - Você estava por perto?

         - Não viveria 1 minuto sem estar por perto para ver se você estava bem, eu estava bem perto, porém não me reconheceu porque pedi para Bella e o Jake fazer uma porção mágica de odores que junto com o de vampiro da em nada! – disse ele triunfante.- demorei tempos para descobrir isso.

         Eu não porque mas eu não estava brava, nem chateada nem nada. Eu só queria rir. O foi o que eu fiz. Ri alto. Logo todos riram também. Ainda rindo Emm me pegou e me levou para fora. Não sai do seu aperto forte. Ele me levou de volta onde tudo começou nas arvores. Mas desta vez a noite estava perfeita. Nós dançamos pela floresta, com longos, curtos, médios beijos, mas todos, TODOS, simplesmente perfeitos.

2 de abril

Diário,

Vou começar escrever uma nova fase, apresento a você Emmett. O meu Emmett.

Oi! Eu sou o Emmett e vou roubar algumas linhas para mim a partir de agora, é um prazer conhecê-lo. Que fique claro que o coração da Rose já tem dono. Não tente roubá-lo.

Não ligue diário, ele é ciumento.

Ligue sim se não eu arranco a sua página.

Desculpe, ele é ciumento sim, ele jamais arrancaria uma página, porque aqui começará a nossa história- minha e dele- já te falaram que diários é só de uma pessoa, mas então não vi problema em deixar o Emm escrever aqui também, pois a final, a gente é uma só moeda, uma só pessoa, com duas faces.

Está feito Rose meu amor, essa será a nossa história secreta:  “Rose & Emmett – Duas faces de uma mesma moeda.”


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