Changes - A High School Story escrita por Goth-Lady


Capítulo 6
Capítulo 6




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Eu estava em um enorme cemitério. Era noite e um vento frio soprou em minha pele, me fazendo estremecer. As lápides pareciam antigas e o lugar abandonado.

— Onde estou?

Estava sozinha naquele lugar. Tentei usar o cristal para voltar para casa, mas nada, nem mesmo uma faísca de energia. Tentei levitar uma pedra, ela subiu pouco e depois caiu.

— Acho que a energia dessa coisa acabou.

Estava lutando internamente para manter a calma, só espero que a energia desse cristal seja recarregável. Ele começou a acender e desligar, como se fosse para me dizer que estava carregando, eu só teria que esperar. Não ia esperar sentada, iria ver se tinha mais alguém naquele lugar.

Andando por aquele lugar e observando as lápides, notei que os nomes nas lápides estavam gastos e até ilegíveis e as datas das mortes variavam entre 1858 e 1860, embora as datas de nascimento não fossem as mesmas. Alguma coisa aconteceu para todas essas pessoas morrerem, uma segunda peste negra talvez.

À minha esquerda tinha uma floresta bem sinistra e um caminho que levava ao fundo. Vou tentar não entrar, não quero me perder e não sei se a floresta é grande, ainda mais com o meu cristal sem energia. Voltei para o cemitério e andei até encontrar um castelo em ruínas. O lugar daria um ótimo filme de terror com lobisomens. Era sombrio e dava medo, aposto que está anos sem ninguém. Acho que vou ter que andar de um lado para outro até recarregar. Voltei para o cemitério.

— Oi, tudo bem?

— AAAAHHH!

Tentei correr, mas tropecei em uma pedra e caí. Tudo por cauda de um.... Isso é um morcego falante?!

— Você está bem?

— Estou sim. Acontece.

— O que está fazendo aqui? Eu não vejo ninguém neste lugar há séculos!

— Eu estava na escola, daí vim parar aqui.

— Que estranho. Em todo caso, meu nome é Noir, e o seu?

— Sharena.

— Espero que esse lugar não tenha te assustado, Sharena. O passado dele é sombrio e os séculos não foram gentis. Por isso deve ser assustador para você.

— Estou vendo que tem lápides em péssimo estado, mas acredite, já vi coisas mais estranhas.

— Bom saber que você é otimista.

— O que aconteceu com esse lugar?

— Teve uma epidemia em um vilarejo próximo e como o lugar era isolado e as condições da época escassas, ninguém pôde ajudar os habitantes. Como você deve imaginar, não houveram sobreviventes. Isso foi em 1858, se não me engano.

— Que triste.

— Apenas uma sepultura está sendo bem cuidada, a sepultura de Mary Magdalaine. Ela está isolada das demais, mas está sendo bem cuidada.

— Por quem?

— Eu acho melhor você dar uma olhada antes. Há uma história que não te contei, uma mais triste. – Noir soou melancólico.

— Onde está o túmulo dela?

— Na floresta. Não se preocupe, você não deve se perder.

Não duvide disso, eu já me perdi no meu próprio prédio. Fui para a floresta. Realmente, o caminho era sinistro e levava a uma clareira. Realmente havia um túmulo ali, cercado de flores silvestres. O lugar era dotado de uma estranha beleza melancólica. Estranhamente o lugar me trazia muita paz além de tristeza. Por alguma razão imaginei o Lysandre caminhando por esta clareira. Talvez seja pelo seu estilo vitoriano, mas acho que ele combinaria com a paisagem.

— Eu sempre fico triste quando venho aqui. – Comentou Noir aparecendo do nada e me dando outro susto. – Podemos voltar ao cemitério? Particularmente acho essa sepultura mais triste que as outras.

— Para mim parece normal. Um pouco solitária, mas parece como as outras.

— Acredite, não é. Acho melhor nós voltarmos.

Acabei concordando em voltar. Olhando para a sepultura uma última vez, ela parecia ainda mais triste do que quando eu cheguei. Eu também me sentia melancólica ao olhar a sepultura, mas dei as costas para ela. Voltei para o cemitério. Ainda não sabia o quanto faltava para meu cristal carregar para eu voltar para casa. Andei até o castelo, mas não ousei entrar nele.

— Lembra que eu disse que tinha uma história que não te contei?

— Lembro.

— É sobre Mary Magdalaine.

— O que aconteceu com ela?

— Assim como os outros, ela ficou doente. O namorado dela, que é o dono daquele castelo, saiu pelo mundo atrás de uma cura. Infelizmente a única forma de salvá-la era transformá-la em uma vampira, afinal, vampiros são imortais.

— Uma vampira?! Mas vampiros não existem!

— Existem tanto quanto seu cristal mágico.

— Como é que sabe...?

— Existem coisas as quais você ainda não compreende Sharena. Fadas, vampiros, bruxas, lobisomens, as histórias são reais. O mundo dessas criaturas é paralelo ao seu, você que nunca percebeu. Na verdade, nenhum humano deveria perceber.

— Por quê?

— Pela nossa segurança. Continuando a história, o dono daquele castelo descobriu sobre os vampiros e estava disposto a transformar sua noiva se isso fosse salvá-la. Como ela estava muito debilitada, ele teve que viajar sozinho e deixar um vampiro mordê-lo para transformá-la na volta. Porém, quando ele retornou já era tarde e ela já tinha morrido.

Noir soava melancólico. Admito que não pude deixar de sentir pena do dono daquele castelo, ainda que eu não o conhecesse.

— Ela lutou mais do que os outros. Se ele tivesse chegado um dia antes, as coisas seriam diferentes e ele não teria que carregar o fardo da eternidade sem ela.

— Sinto muito.

— Eu também.

— Ele ainda mora aqui?

— Sim, é ele quem cuida do túmulo dela. Ele está sempre ao lado de sua doce amada. Por que você não vai vê-lo? Vai ser bom se ele vir mais alguém por aqui, sabe, para ele se sentir menos só.

— Mas e se ele me morder?

— Ele não é mau, só não está muito bem no momento. Ele também nunca mordeu uma humana, então não há com o que se preocupar.

— Está bem.

Hesitante, voltei até o túmulo de Mary. Até porque eu não tinha muito que fazer mesmo, pelo menos até poder ir para casa. Não havia ninguém quando cheguei perto do túmulo da Mary. É melhor voltar falar com o Noir.

— O que está fazendo aqui?

Eu não tinha notado a presença dele, na verdade não ouvi qualquer som também, embora o vento tenha parado de soprar. Ele era alto, tinha o cabelo castanho comprido, olhos vermelhos e usava roupas de época.

— Eu te fiz uma pergunta.

— Nem eu sei. Vim parar aqui sem querer e Noir disse para dar uma volta.

— Como se chama?

— Sharena.

— Eu me chamo Dimitry.

— Prazer em te conhecer.

— Igualmente.

— Então, você é um vampiro mesmo? Tipo, de verdade?

— Você não acredita?

— É que eu nunca encontrei com um, até agora.

— Justo. Sim, eu sou um vampiro, sim, eu bebo sangue, mas só dos animais dessa floresta e não, eu não brilho no sol.

— Bom saber.

— Não é a primeira vez que você chega perto desta sepultura, não?

— Não. – Como ele sabe?! Ah é, ele é um vampiro, sua anta! – Desculpe, não achei que fosse incomodar.

— Contanto que não toque em nada, não vejo problema. Mary teria gostado de receber uma visita. – A forma que ele falou foi tão apaixonada e melancólica, que senti até pena.

— Ela deve ter sido uma grande mulher.

— E era. Era gentil, carinhosa, inteligente, amável, realmente uma grande mulher.

— Você devia gostar muito dela.

— Eu a amava. Ela era o amor da minha vida.

— Pode me falar mais sobre ela?

Dimitry começou a me contar mais sobre Mary. Cada palavra que ele dizia me fazia ter mais certeza do quanto ele era apaixonado. Mary tinha muita sorte, infelizmente não resistiu à doença.

— Você pode me deixar sozinho? Eu não me sinto bem.

— Claro.

Voltei para o cemitério e encontrei com Noir.

— Você o encontrou?

— Sim. Ele não é má pessoa.

— Eu te disse.

— Eu fico com pena dele, sabe? Ele realmente a amava. Noir, posso te perguntar uma coisa?

— Claro!

— O que você sabe sobre esse cristal?

— Não muito, apenas que é poderoso.

— Poderoso? Poderoso como?

— Acho que isso você vai descobrir com o tempo. A cor do seu é azul, não é? É o cristal da tranquilidade.

— Cristal da tranquilidade?

— Sim. Ele é mágico, óbvio, mas o atributo principal dele é a tranquilidade. Eu não sou a criatura mais indicada para te explicar isso, sinto muito.

— Não tem problema.

Agora me lembro de quando o encontrei. Tive impressão de que uma palavra tinha se formado quando o peguei, a palavra tranquilidade, a mesma palavra daquelas frases estranhas que ele escreveu ontem no quadro. “A tranquilidade será sua guia”, mas o que isso quer dizer?

— Você já viu esse cristal alguma vez?

— Sim, mas isso faz muito tempo. Não me lembro direito.

— Esse cemitério é tão sombrio. Não sei você, mas é meio triste ver esses túmulos sem flores.

— No que está pensando?

— Eu vou enfeitá-los com buquês.

— Grande ideia!

Andei por todos os lugares para colher flores, improvisar alguns buquês e colocar nos túmulos. O cemitério ficou menos melancólico e até mais perfumado. Dimitry novamente apareceu do nada.

— Te vi dando voltas e fiquei intrigado.

— Eu só estava enfeitando os túmulos.

— Ela teria feito a mesma coisa. Você se parece muito com ela.

— Você deve sentir muita falta dela.

— Sim, mas eu já me acostumei. Eu sei que ela não gostaria de me ver me lamentando. Todos esses anos cuidando do túmulo dela, eu percebi que ela não vai voltar, mas mesmo assim eu continuo cuidando do túmulo dela, dessa forma eu aproveito a eternidade da melhor maneira possível.

— Você não se sente sozinho?

— Todos os dias. Às vezes eu penso em encontrar uma companhia, mas eu espero que alguém venha aqui e decida ficar.

— Acho que você não deve fazer isso.

— Perdão?

— Esperar aqui. Posso estar enganada, mas acho que te faria bem se ausentar um pouco. Pode ser só por alguns dias. O mundo mudou tanto desde essa época, as pessoas não se aventuram mais em lugares como este. Talvez seja bom conhecer novos lugares e expandir os horizontes.

— Talvez você tenha razão. Agradeço pelo conselho. Eu tenho algo para você, pode vir até o castelo?

— Claro.

Quando cheguei ao castelo, Dimitry me esperava com um lindo vestido vermelho de época. Ele era lindo. O vampiro indicou uma sala onde poderia me trocar, mas não foi preciso, pois assim que entrei, meu cristal me vestiu com aquelas roupas. Além do vestido havia um sapato de salto, um casaco, luvas e um colar. Olhando para um retrato na parede, vi que uma jovem loira de olhos violeta também o vestia. Seria ela a Mary?

Com o cristal funcionando, eu poderia ir embora. Fui me despedir de Dimitry e Noir. Algo parecia incomodá-lo. Não sei se foi a minha sugestão, talvez o fato de eu estar usando o vestido da Mary, mas algo não estava certo.

— Algo errado?

— Não irei mentir para você, Sharena. Desde que você chegou, tenho tentado resisti-la.

— Como assim?

— Não me alimentei o suficiente. O sangue dos animais não é nutritivo o suficiente e conforme o tempo passa, fico cada vez mais frágil.

— Se você quiser, pode beber do meu.

— Você deixaria?

Acenei com a cabeça. Ele me empurrou delicadamente contra um muro e cravou as presas em meu pescoço. Senti uma dor agonizante, parecia que tinham cravado uma agulha no meu pescoço. Escutei Noir gritar para ele parar. A sede dele era imensa. Eu me sentia fraca, como se tivesse pegado uma forte gripe. Eu só escutei um baque um pouco antes de vê-lo ser arremessado por entre as árvores. Minha visão estava ficando turva, mas eu vi quando ele correu até mim, mas algo o impedia de se aproximar.

— Me desculpe, eu não queria.... Eu não imaginava.... Eu não consegui me controlar.

— Tudo bem...

As palavras custaram a sair da minha boca. Eu só vi o vortex me sugar. Depois, tudo ficou escuro e eu não me lembro de mais nada.


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