Antes do para sempre escrita por Cupcake de Brigadeiro


Capítulo 28
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

Espero muito que vocês gostem ♥️



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Violeta começou a dormir de noite, e ter uma soneca pela tarde. Isso me possibilita tomar banho duas vezes ao dia. É uma benção totalmente divina. Se Deus não existe, quem controla o sono dela? Impossível ser apenas meus esforços, a rotina estava insuportável. Finalmente estamos entrando no eixo.

Beijo Peeta de forma casta, entregando seu casaco, enquanto estou observando Violeta de longe no chão da sala, encarando os mobiles que Effie mandou. 

— Até o almoço — ele diz, como sempre faz, três vezes na semana, com um sorriso. Eu sorrio, dando mais um selinho nele, então fecho a porta. 

— Butter, você me causa mais ciúmes do que o meu marido — falo para a gata, que mia, balançando o rabo no braço de Violet, que ri, apreciando a presença da mesma. Deito no sofá, de bruços, pois lavei a louça do café enquanto Peeta dava o primeiro banho e dava mamadeira para nossa filha, como em todas as manhãs.

Tenho tido muitos episódios de dissociação desde que ela nasceu. Eu esqueço que ela é minha filha e depende de mim. O último episódio foi muito sério, onde acabou eu tendo que voltar a praticar uma lista de coisas, para conseguir me lembrar onde estou.

Meu nome é Katniss Everdeen. Tenho 35 anos. Eu moro no Distrito 12. Sou casada com Peeta Mellark. Nós estamos em segurança, nós temos amigos e somos uma família. Nossa filha tem seis meses. Nossa filha se chama Violeta Mellark Everdeen — porque o nome do pai vem antes do nome da mãe —, e ela é saudável. Temos uma gata chamada Butter. Somos felizes. Ninguém pode nos machucar, os Jogos não existem mais. Snow está morto. Os momentos difíceis não são o que definem minha vida. Isso vai passar.

Suspiro, sentindo a realidade bem diante dos meus olhos quando Violet grita, rindo, dando chutes com as pernas gorduchas, tentando pegar os mobiles com os pés. Sorrio. A fase de cólicas finalmente passou, sou muito grata por isso. Com menos choro, tenho aproveitado mais meus momentos com ela, dado realmente atenção.

Escuto três batidinhas, sei que é Delly, então apenas grito que ela pode entrar. A loira entra com cuidado e educação, como se nunca tivesse entrado antes. Eu continuo deitada.

— Posso apenas ficar por duas horas? Os três estão na escola e eu estou exausta, se eu ficar em casa vou perder tempo arrumando a casa. 

Rio, cobrindo meu rosto, porque agora sei o que isso quer dizer. Ela fazia isso antes de eu ter minha filha, mas eu nunca entendi. Sempre deixei, mas agora muito mais. 

Levanto para passar um chá para nós duas, enquanto ela brinca com Vilu, que a ama. Observo de longe minha filha, com cabelos escuros como os meus, mas mesmo de longe podemos ver os olhos azuis expressivos que tem. Meu coração aperta quando penso no que eu fiz, dois meses atrás.

Ela estava chorando muito. Peeta estava na rua, tinha ido ao mercado comprar coisas que eu o havia pedido, além de outras coisas para casa que estávamos mesmo precisando e ficaria feio pedir para Delly ou mesmo Hazelle comprar, porque já fizemos isso mais de dez vezes. Violeta não parava de chorar. Quarenta minutos insuportáveis. Eu simplesmente tentei de tudo, ela não parava, então desliguei a babá eletrônica que fica em seu quarto, fechei a porta e fui para o meu. Tranquei a porta do meu quarto, entrei no banheiro, tranquei a porta do banheiro, enchi a banheira e mergulhei. 

Não sei se eu havia tentado me matar. Não sei qual era meu real objetivo, apenas sei que foi necessário mobilizar um grupo de pessoas para abrir a porta. Eu estava desacordada, com apenas minha cabeça fora da água, com a banheira transbordando e eu toda vestida. Levei três dias para entender o que estava acontecendo novamente.

Peeta em nenhum momento brigou comigo. Ninguém fez isso. Chorei amargamente, até perder minha voz, porque após anos julgando minha mãe, eu fiz o mesmo, ainda que por um curto espaço de tempo. O que eu não vou ser capaz de fazer no futuro? E eu tenho Peeta comigo todos os dias. Me auxiliando ao ponto que eu preciso apenas amamentá-la, porque ele faz a comida, lava a roupa, a louça e arruma a casa, além de também ficar com ela na maior parte do tempo. Eu só tenho um trabalho e falho mesmo assim.

A única coisa que me aconselharam foi eu retornar para meu acompanhamento psiquiátrico. Pela primeira vez em anos eu concordei, e tem sido… bom. Meus episódios de dissociação tem sido menores e mais curtos, além disso, tenho estado menos cansada por causa da rotina que conseguimos colocar para funcionar.

Sirvo chá para Delly, que está sentada com as costas no sofá e Violeta em seu colo, me fazendo rir. Eu amo minha filha. Violet é um sol nos dias de chuva, e seus sorrisos fazem valer os choros insuportáveis. Tenho buscado estar bem para poder ser melhor para ela. Tenho aceitado ajuda de quem se dispõe nos ajudar.

Há duas semanas, Claire, minha obstetra e ginecologista, que também acompanha Violeta, me aconselhou retornar para o anticoncepcional conforme eu estava tomando antes da gravidez, pois isso não afetaria minha amamentação exclusiva. Segui seu conselho. Além disso, ela sugeriu que eu retornasse minhas idas para a floresta, da mesma forma que Peeta tem ido para a padaria algumas manhãs, pois meus episódios depressivos podem estar relacionados com o fato que eu não tenho feito nada para me fazer relaxar.

Tive vergonha de dizer que sinto muita falta de estar sozinha na floresta. Não quis soar egoísta, então eu me privei de dizer, o que deixou Peeta chateado de verdade, porque desde seu aniversário ele tem falado que seria bom para mim ir mesmo até a campina, ao menos.

Mas não quero ser uma mãe que abandona a filha em casa”, eu disse para ele, chateada com a discussão. “Eu aceito que você vá para a padaria.”

Perfeito, mas você também precisa sair! Depois quer reclamar?”, ele retrucou, e eu podia ver em seus poros seu estresse depois que chegamos da consulta e ele percebeu que eu estava alterada e pensando no conselho médico.

Eu não reclamo de nada”, respondi, ficando sem paciência, pegando a bomba de leite para tirar dos meus seios e passar para as mamadeiras que ele lavou antes de sairmos. “Eu amo ficar com a minha filha.

Se você gostasse tanto, sua hipócrita, sabe que precisa sair de casa, Katniss. Eu não vou me aborrecer com você. Escolha suas batalhas. Se quer mesmo continuar tendo mais episódios ruins, é por sua conta em risco, e isso está colocando nossa filha na linha também. Não julguei você, mas a partir de agora eu vou, porque você sabe que se realmente amasse ela, faria o possível para estar bem. Não quero mais olhar para você hoje, muito menos falar. Vou dormir no quarto da Violeta, com licença.”

Peeta me quebrou com suas palavras como nunca havia feito antes. Me assustei, ao mesmo tempo que entendi sua agressividade. Eu deixei cair uma das mamadeiras, enquanto o encarava. Ele não se desculpou pelo que disse imediatamente, apenas uma semana depois, quando eu disse que realmente achava melhor eu ir à campina sozinha — depois que tive mais um curto episódio de dissociação enquanto estava trocando a fralda de Violeta e deixei cair um pote grande de talco, porque não consegui sentir a ponta dos meus dedos com o estresse —. Peeta estava certo, eu estava sendo hipócrita sobre muitas coisas e botando em risco a coisa mais valiosa da minha vida: minha própria família.

Desde que eu propositalmente deixei Violeta chorando, dois meses atrás, Peeta reduziu ainda mais seu trabalho na padaria, indo apenas três manhãs por semana e apenas quando ela teve uma noite de sono boa o bastante para eu ter descansado – já que é ele quem sempre acorda, na maioria das vezes, me passando ela apenas quando precisa mamar. De noite ela não aceita mamadeira, apenas meu peito, mas é cada vez mais difícil que acorde de noite, ela pede mais pela manhã.

Estou considerando voltar à caçar. De verdade. Ele disse que se eu voltar a fazer isso, ele vai poder passar um dia inteiro da semana trabalhando na padaria, como gosta, desde que eu passe dois dias inteiros na floresta. Peeta é muito generoso. Paciente. E estamos uma eternidade sem fazer nada na cama que não seja dormir, chorar ou trocar fralda. O que o torna quase um santo.

Rio com meu pensamento, então pego Violeta no meu colo, depois que Delly dorme, deitada no tapete da sala. Amamento Violet, olhando em seus olhos azuis, e sorrio para a pequena. Beijo sua mão, enquanto ela chupa o leite com vontade. Há dois dias começamos a introdução alimentar, Peeta gosta de ficar responsável por isso e eu deixo, mas tenho começado a sentir saudades pelo futuro que eu não vou mais ser a responsável por ser seu alimento. Parece bobo, talvez seja, mas fazer isso me deixa muito feliz.

— Promete que vai sempre deitar no meu colo? Eu sempre vou estar aqui por você — sussurro, fazendo carinho no rosto dela, que acaba caindo no sono, ainda com a boca em meu peito. Sorrio. Algo que me diz que ela sabe que sempre vai poder contar comigo.

(…)

Peeta chega com o almoço. Sanduíches de frango para nós dois e cenouras cozidas para a bebê, que grita animada na cadeirinha. Ele se sai tão bem, que eu fico sem jeito às vezes. Peeta leu os livros que eu não li e documenta cada detalhe em um caderno só para os avanços dela.

Nós três nos divertimos — nós quatro, porque Butter se aproveita das cenouras que sobram também, fazendo parte da bagunça.

Ela dorme pesado depois da bagunça no almoço, tendo esparramado comida para todo lado e desmontado meu sanduíche, que tive que comer aos pedaços que ela não esmagou, mas foi engraçado. Peeta deita ela no berço, pois optamos não colocar ela para dormir na nossa cama por enquanto. 

Quando ele sai do quarto dela, estou no corredor, com os braços cruzados, encostada com um ombro na parede, um pequeno sorriso no rosto. Ele sorri ao me ver. 

— Quero voltar a caçar — digo, baixo. — Quero ser melhor para você e Violet.

Peeta se inclina e beija minha testa. 

Finalmente. Vamos nos divertir muito enquanto você estiver fora. Vou ensinar a receita de cookies e pães de queijo para ela, já que você nunca aprende — rio, aprovando seu tom de voz. — Estou aqui para quando você quiser.

Assinto, fechando meus olhos. Sei que é verdade. Só agora, depois de seis meses do nascimento dela, eu tenho me sentido mais como a minha versão antiga. Sei que nunca mais vou ser quem eu era, mas eu posso trazer coisas que alegravam minha outra versão para essa minha eu-mãe. E ir testando as coisas.

Eu levanto meu rosto e beijo Peeta. Não é um beijo inocente, é um beijo sincero. Ele aprofunda, e eu suspiro, me encostando totalmente na parede atrás de mim. 

Sua língua me invade de forma positiva, e eu senti tanta saudade. Tanta saudade. Passo meus braços por sua cintura, nos aproximando em todas partes possíveis, e ele continua me beijando, com vontade, desejo, mas também paciência. 

Estou um suspiro de pedir para irmos para o quarto, porém sinto algo sair dos meus peitos. Fico com a bochecha vermelha, mas deixo que ele continue me beijar. Até que sinto escorrer pela minha barriga, vazando do sutiã, então passa a ser algo impossível de ignorar. Ele quem se afasta, o suficiente para ver o que tinha acontecido.

— Meu Deus, que vergonha — sussurro, ofegante, puxando a blusa. Eu lactei. Mesmo tendo tirado leite mais cedo, acredito que a vontade e o desejo que ele me causou provocou isso. Estou lactando. — Peeta, me desculpa.

Ele começa a rir, beijando o alto da minha cabeça, mesmo que sua camisa agora também esteja molhada de leite. Ainda me sinto envergonhada por esse ato inesperado do meu corpo, mas um pouco menos com sua reação.

— Eu sempre vou desejar e querer você. Só não é a hora ainda. Tudo bem.

E tudo realmente fica.


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Notas finais do capítulo

Vejo a Katniss como uma mãe maravilhosa, mas que certamente cometeu muitos erros. Acho que esboçar esses episódios foi uma forma que eu imaginei que pode ter acontecido com ela. Além disso, achei importante um “descontrole” do Peeta sobre essas coisas, porque ele não é uma pessoa perfeita. Bem, enfim, espero que tenham gostado



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