O Rei Negro escrita por Oráculo Contador de Histórias


Capítulo 18
Oportunidade de voltar




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Naquela tarde, todo o reino de Aurora já estava preparado para a chegada do regente de Calendria. Uma multidão de elfos aguardava na rua principal, logo atrás dos inúmeros soldados em armaduras de bronze, portando lanças de cabos negros e lâminas douradas, que ajudavam a formar um extenso corredor desde a pequena ponte até os portões do palácio. Não demorou para que avistassem uma carruagem cinzenta e nada sofisticada, puxada por dois cavalos e com uma bandeira branca de Calendria hasteada em uma das quinas do teto, sacudindo bastante sobre o terreno irregular de pedras e provocando fortes rangidos de suas rodas que se sobressaíam aos sons dos galopes. Diante disso, muitos burburinhos poderiam ser percebidos em vários pontos naquela multidão, que estava dividida entre os curiosos, os temerosos e aqueles que não enxergavam com bons olhos aquela situação.

Assim que a carruagem parou em frente aos portões do palácio, a porta foi aberta pelo lado de dentro por um militar de Calendria que não desembarcou de imediato, aguardando alguém. Um homem de idade avançada, longos cabelos prateados, uma barba que lhe tocava a altura do umbigo e vestindo uma túnica azul, desceu do veículo e apoiou seu cajado no chão, dando uma olhada discreta nos soldados elfos que guarneciam a entrada. Merlin não demorou a perceber que uma fera enorme estava se aproximando. O tigre de armadura dourada encarou com ar de orgulho o mago, que apenas sorriu sutilmente.

—Onde está o seu domador, Pegasus? – indagou Merlin despreocupadamente.

Pegasus, o tigre do rei, rugiu como forma de se impor – gesto que só assustou o soldado e o cocheiro - e, sem a menor pressa, caminhou imponentemente em direção aos portões, que foram imediatamente abertos pelos guardas, revelando em seu interior as silhuetas de Sylie e da princesa Aelin Luyah. Esta última, vestindo seus típicos trajes de guerreira em tons perolados de verde, ergueu o queixo e sorriu:

—Esperamos que tenha feito uma boa viagem, grande mago. Permita-nos acompanha-lo.

—Tranquila e prazerosa, alteza, obrigado. Por favor, estamos aos vossos cuidados. – respondeu ele gentilmente.

O regente e seu único soldado adentraram o palácio, mas somente o mago seguiu os passos das duas elfas que trilharam em silêncio o caminho até a sala do trono.

O ambiente contava com todo o restante da guarda real, claramente diferenciada pela armadura azul na mesma tonalidade das folhas da floresta Lazúli. Em seus tronos, ambos usando vestimentas douradas, bem como suas coroas, estavam o rei Yliel e a rainha Erilla. Parados de pé, mas fora dos degraus, estavam o príncipe Sael ao lado do pai e a princesa Leeta ao lado da mãe. Assim que Merlin chegou, alguns elfos da guarda o encararam de soslaio, o príncipe estreitou os olhos e a rainha observou sutilmente o marido por não mais que um segundo, tão logo tornando a fitar o homem diante deles.

—Bem-vindo a Aurora, grande mago! – recepcionou o rei elfo em tom ameno, porém inexpressível.

—Agradeço por terem me recebido. – disse Merlin assentindo ligeiramente com a cabeça – Já faz muito tempo, majestade.

—De fato. Todavia, imagino que você precisou tratar de assuntos mais importantes ao longo desses vinte anos. – comentou com uma clara nota de desaprovação.

—Peço perdão pela minha falta de diplomacia, majestade. Como deve saber, não fui preparado para ser regente, tampouco algum dia almejei tal posto. Sou apenas um mago.

—Ainda assim, aceitou o posto e o exerceu por mais tempo do que alguns reis da história. E se os rumores são verdadeiros, a relação de Calendria com os anões de Stonehold anda sólida.

—Temos tentado desenvolver soluções para combater a ameaça que engoliu Valtara. Os anões são conhecidos como os melhores engenheiros e suas invenções foram e ainda são revolucionárias, acredito que compreenda. Basta olharmos para o Escudo do Mundo.

—Claro. – concordou com desdém - E enquanto isso, Calendria continua a escravizar os emberlanos e a cometer atos vis em Nova Emberlyn, que diga-se de passagem apelidaram de Cidade Sombria. Me pergunto se os nossos amigos sobreviverão até o dia em que a Escuridão do Sul for erradicada. – proferiu com severidade. O clima de tensão no ambiente ficava cada vez mais elevado.

—Eu sinto muito sobre isso, majestade. – respondeu Merlin inexpressível – Faço aquilo que está ao meu alcance.

—Faz aquilo que é do seu próprio interesse, grande mago! – replicou Yliel irritado, batendo forte com a mão no braço do trono. Todos em volta ficaram claramente nervosos – Você me diz que pode haver uma solução em Stonehold para lidar com a maior ameaça que Zarathos já viu, mas que é incapaz de cessar as agressões aos emberlanos? Seu povo— apontou-lhe o dedo – está escravizando nossos amigos, ganhando dinheiro com a desgraça deles, matando e torturando! Para os calendrinos, pouco importa se são crianças, mulheres ou idosos, não há um milímetro de misericórdia! Cessem imediatamente essa loucura, acabem de uma vez com essa maldita rivalidade e assim eu acreditarei no que está dizendo!

—A história não está a favor dos emberlanos! – apelou Merlin – Pesam sobre eles inúmeras acusações. Como posso fazer o que está me pedindo se não tenho ferramentas para convencer as grandes casas de Calendria? Eu sou o regente enquanto tiver o apoio dos lordes e ladies, pois há um limite para o meu poder político.

—E sobre quais acusações estamos falando, Merlin? – perscrutou Yliel, se inclinando para frente. Havia raiva em seu rosto, em sua voz e na maneira como mostrava os dentes, bem similar a um tigre.

O mago suspirou de olhos fechados, deixando explícito seu desgaste diante de tudo aquilo, até que finalmente ergueu o queixo para encarar o soberano elfo em seu trono.

—O último rei de Emberlyn, Magaroth Ulrich, conspirou para a derrubada do Escudo do Mundo. Ele traiu a todos e mergulhou seu próprio povo em um mar de destruição sem fim, tudo por causa de uma loucura interior, ou seja lá o que tenha acontecido!

—Magaroth Ulrich nunca trairia seu povo, nem tampouco faria algo baixo como se entregar a Escuridão do Sul. E mesmo se isso fosse verdade, explicaria toda a crueldade que os emberlanos vem sofrendo?

—Eles tentaram uma revolução sob o manto negro de Gabriel Eichen! – rosnou o mago, que por alguma razão tinha perdido a calma que tanto se esforçara para manter. Ao se dar conta, e o fez rápido, suspirou outra vez e disse mais comedido – Queira desculpar meu tom, majestade. Não quis ser desrespeitoso.

Yliel o analisou por alguns segundos, como se tentasse entender a complexa mente daquele homem, embora soubesse se tratar de uma tarefa quase impossível. Erilla olhou para Aelin, que retribuiu; ambas estavam preocupadas.

—O que veio fazer aqui, Merlin? – indagou o rei elfo desgostoso – Porque eu simplesmente não entendo como pode achar que nós cooperaríamos com um reino como Calendria. Veio buscar um acordo unilateral? Me toma por um tolo?

—De maneira alguma, rei Yliel! – respondeu prontamente, indubitavelmente sério – Vim alertar sobre a grande ameaça que teima em tentar atravessar o escudo e mergulhar nosso mundo em trevas. Não se trata de cooperar com Calendria, mas nenhum reino em Eastgreen, Moroeste ou Nefrasar sobreviverá se tentar lutar sozinho. Mesmo você ou eu não teríamos chance se lutássemos sozinhos contra aquilo.

—Se a Escuridão vier, lutaremos. Se ela tentar engolir Aurora, resistiremos. E se não tivermos forças para vencer, morreremos. Só o que não vamos fazer é trair nossos amigos como vocês fizeram! – bradou – Quando Calendria precisou de Emberlyn, lá estavam os Ulrich e seu exército para incinerar vossos inimigos. Quando Aurora precisou de Emberlyn, lá estavam eles para nos ajudar, para queimar nossos agressores como o Sol da Liberdade que sempre foram! Meus antepassados jamais aceitaram a versão mentirosa de Ederith Valthor I sobre o que aconteceu no Sul, assim como eu também não aceitarei! E a menos que minha sucessora pense diferente...

—Impossível! – retrucou a princesa Aelin, encarando Merlin sem qualquer hesitação.

Yliel sorriu para a filha e tornou se voltar para o mago.

—Você ouviu. Ou libertam os emberlanos e deixam Nova Emberlyn em paz... Ou não contem com os elfos deste lado do mar. Eu não estou pedindo riquezas ou territórios, regente. Também não estou pedindo poder. Aliás, posso ir além e prometer que se libertarem os emberlanos, nós agiremos para que eles não marchem contra Calendria, como outrora aconteceu. Estou falando de paz e cooperação no sentido literal dessas palavras.

Merlin ficou em silêncio por alguns instantes. Todos olhavam do mago para o rei e vice-versa, sentindo na pele a grande tensão do que poderia vir a seguir.

—Não posso prometer que vou conseguir, mas farei tudo o que estiver ao meu alcance para convencer aqueles nobres tolos a concordarem. Porém, há uma única condição. – Merlin cravou os dedos no cajado e uma veia saltou em sua têmpora, contudo, ainda assim manteve um tom de voz amistoso – Me entreguem Gabriel.

Todos na sala do trono ficaram nervosos e ligeiramente inquietos. Os olhos verdes de Erilla encaravam impetuosamente o mago.

—Do que está falando? – questionou o rei impassível – Não temos o corpo dele, você o enterrou.

—Sabe muito bem do que estou falando, rei Yliel. Eu não o tratei como um tolo, então não me trate como um. – replicou Merlin com rigidez – Me entregue o rapaz e farei até o impossível para que os emberlanos sejam libertados. Terão suas terras de volta e darão a ela o nome que preferirem, desde que Aurora cumpra sua parte do acordo e aja como intermediadora para que eles não tentem qualquer vingança contra Calendria.

—O que fará com ele? – perscrutou o rei.

—Querido! – repreendeu a rainha inconformada.

—Tudo bem, Erilla. Eu já sabia que ele perceberia, afinal, estamos falando do grande mago chefe. – o elfo lançou seus olhos azuis sobre o homem de barba longa e continuou – Quer tortura-lo como mandou que o fizessem na cabana de Alabas? Ou pretende tentar mata-lo de uma vez por todas?

—Não me culpe pela estupidez de Walther, rei Yliel. Eu não dei ordens sobre aquilo. – respondeu em uma nota de indignação – Também não pretendo mata-lo. É verdade que em sua vida passada, ele cometeu crimes terríveis, porém morreu e com isso suas dívidas foram quitadas. Quero que me entreguem este rapaz para que eu possa enviá-lo de volta ao mundo onde renasceu, lugar do qual jamais deveria ter saído.

—Só que tem um porém, velhote... – disse alguém vindo de trás.

Sael e Aelin ficaram perplexos, mas Erilla se mostrou também muito aflita. Leeta fez menção de gritar, porém tapou a boca no mesmo segundo, fechando os olhos como se desejasse em seu íntimo que tudo aquilo não estivesse acontecendo. Merlin deixou um intrigante sorriso surgir em seus lábios quase encobertos pela barba, contudo manteve-se olhando para frente até o momento em que o rapaz se aproximou o bastante para encará-lo.

—Eu não quero voltar para o mundo onde renasci. Seria muito fácil deixar o caminho livre para vocês de Calendria fazerem o que bem entendem, né? Não vai acontecer.

—Tem se alimentado bem, isso é ótimo. – proferiu Merlin gentilmente.

—Não ferra! – bradou Gabriel – Que garantias a gente tem de que você vai mesmo libertar os emberlanos? Disse que não conseguiria porque casas nobres isso, poder político aquilo, mas aí de repente você diz que pode?

—Não precisa se preocupar com isso, Gabriel. Desde que chegou, você deve ter procurado uma maneira de retornar a sua vida tranquila no outro mundo. Venha comigo, eu vou te ajudar.

Embora não esperasse aquele encontro tão cedo, Yliel achou por bem assistir, contudo uma de suas mãos estava ligeiramente mais próxima da lendária espada Elindora.

—Como sabe sobre minha vida no outro mundo? Você só quer me tirar do caminho para enfim conquistar mais poder, não é? Já massacraram Emberlyn, quem são os próximos? Os anões? Ou os elfos? – questionou Gabriel num ar petulante.

—Acha que estou atrás de poder? Criança tola! – repreendeu o mago – Não sabe nada deste mundo, deveria voltar para o seu e viver sua vida lá!

—Ou o que? Vai me matar de novo? – vociferou – Tem razão, não sei muito sobre este mundo, mas o que sei sobre Calendria já me causa vertigens! Tá na cara que você mente! Não pode libertar os emberlanos porque não quer ou porque é fraco demais para lidar com lixos como o Walther Di Blanco!

—Nunca foi uma questão de querer! Aliás, o que pretende fazer? Huh? Não é metade do que já foi, não pode lutar contra aquilo que sequer conhece! Sua mera presença aqui já tem causado problemas e está ameaçando a paz de Aurora! Não percebe? Enquanto você estiver neste mundo, será caçado e todos aqueles que forem importantes para você também correrão grave perigo!

—Então ficarei mais forte e cortarei as cabeças de todos que ameaçarem aqueles que amo! – replicou enfurecido.

—Tolice! – exasperou-se Merlin – Você vem comigo, é chegada a hora de colocar um fim a essa loucura!

Gabriel desembainhou a espada e todos os guardas ameaçaram fazer o mesmo, porém Yliel ergueu a mão num gesto claro para que não interferissem. Merlin levou a mão livre até o rosto, visivelmente inconformado, depois suspirou e, inexpressível, encarou o mais jovem.

—Você não quer fazer isso. Venha comigo, Gabriel, me escute pelo menos uma vez.

—Some... daqui... – disse entredentes.

Os olhos de Gabriel assumiram um tom de verde realmente intenso e ao se dar conta disso, Merlin liberou sua aura sem para tanto realizar um único movimento. A raiva do mais jovem deu espaço a mais absoluta surpresa e ao medo...

O que é isso? Não pode ser verdade, alguma coisa está errada. Por que só consigo enxergar esse velho? Onde estamos?

—Estamos no domínio da minha aura. – respondeu Merlin e sua voz parecia estar vindo de todos os lados, ecoando naquele infindável espaço cheios de rochas que flutuavam sem gravidade – Olhe!

Gabriel viu que estava pisando em uma grande rocha e conseguia se enxergar, diferentemente de alguns dos pesadelos. Também notou a presença do mago ao seu lado, que apontava em uma direção. Ele, então, olhou... E viu o que parecia uma estrela esverdeada, raiando muito forte perto deles.

—Estava procurando minha aura? Eis que a encontrou.

—Que droga essa, velhote? – questionou incomodado, sentindo calafrios só de imaginar que tudo aquilo poderia ser a aura do seu inimigo. Ou melhor, que de fato era.

—Engraçado... Mesmo depois de renascer, você continua a me chamar assim. Criança insolente... – riu baixinho.

—Me tira desse lugar! – gritou.

Num piscar de olhos, Gabriel se viu de volta aonde estava, cercado pelos elfos. Quando olhou para Yliel, notou que este o encarava como se soubesse exatamente o que tinha acontecido.

—Me deixe leva-lo, rei Yliel. Eu apelo! Tem minha palavra sobre o acordo!

—Lamento, regente, mas nosso amigo já é bem grandinho para tomar suas próprias decisões. – respondeu o rei.

—“Sua palavra”? E que valor ela tem? Se quisesse mesmo libertar os emberlanos, já o teria feito! Sabe o quanto Ada sofreu por sua causa? – gritou por fim e com a espada em um trêmulo punho, ele partiu para cima do mago, que ergueu a poucos centímetros o seu cajado e tocou o solo, quebrando em vários pedaços a lâmina.

Perplexo, Gabriel caiu de joelhos vencido. Então Merlin se aproximou e o rei se ergueu do trono, lançando a mão na direção de ambos e ordenando:

—Protejam nosso amigo!

A guarda se interpôs entre o regente e o jovem cabisbaixo.

—Você não entende contra o que está lutando. Não conhece a história e talvez nem eu ainda a conheça por completo. Mas entre intrigas e dúvidas, o fato é que não conseguirá ser feliz neste mundo, Gabriel Eichen! A vida te deu uma segunda oportunidade e você a desperdiça! – disse Merlin sem interesse em furar o bloqueio – Quantas vidas precisarão se perder por causa da sua teimosia? Tudo seria mais simples se fizesse o que estou dizendo!

—Vidas não se perdem por causa de teimosia, mas sim pela maldade. Vá, Merlin! E diga aos lordes que a opressão contra os emberlanos está chegando ao fim. – declarou Yliel em tom firme.

—Planeja conduzir seu povo ao horror da guerra? – questionou o mago – A solução está diante dos seus olhos, rei Yliel! Se este jovem for enviado ao mundo que pertence, os lordes de Calendria não terão motivos para criar inimizades com Aurora, faríamos alianças e encontraríamos juntos uma maneira de vencer a Escuridão do Sul. Não estou pedindo que traia seu amigo, nem que o entregue para morrer, mas se ele ficar, certamente morrerá.

—Acontece que esta não é a vontade de Gabriel. Também não é a vontade dos elfos e, acima de tudo, não é a vontade de Nymira.

—Nymira...? – espantou-se o mago por um momento, olhando para os lados antes de tornar a fitar o rei – Como sabe qual é a vontade de Nymira? Estão cometendo um grave erro... E eu não vou poder evitar as consequências disso.

—Não pense que vai nos intimidar com suas palavras, Merlin. E se realmente quiser a cooperação de Aurora, sabe o que fazer. Do contrário, esqueça!

O mago olhou uma última vez para o rapaz de joelhos. No rosto dele, pôde ver que embora estivesse com medo, um outro sentimento ia ganhando forma... A raiva. Diante disso, Merlin meneou a cabeça inconformado e deixou a sala do trono.


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