Nos recantos isolados atrás das arquibancadas, Íris se acomodou em seu lugar, sentindo como se o mundo estivesse encolhendo ao seu redor, tornando-se insuficiente para abraçar seus anseios. Frank, que se juntou a ela, permaneceu em silêncio, envolto em pensamentos profundos.

"Precisamos nos vingar", proferiu Frank, sua determinação transparecendo em cada palavra.

Íris respondeu sem fitá-lo: "Não temos chance. Eles vão nos aniquilar antes mesmo de termos a oportunidade."

Gerard surgiu com um sorriso tímido e se aproximou: "Concordo com você, Íris. Eles não nos darão trégua."

Preocupação tomou conta de Frank quando ele perguntou: "Gerard, onde está o Mikey?"

"Ele é monitor no laboratório de química agora, está protegido enquanto estiver sob a supervisão dos professores", respondeu Gerard.

"Monitor de química", Frank repetiu. "E como estão suas notas em química, Íris?"

"Minhas notas são altas, por quê?" Íris não conseguiu esconder sua confusão.

"Essa pode ser nossa melhor chance: sabotagem e humilhação usando o que dominamos", disse Frank, mantendo sua seriedade.

Íris encarou os garotos atônita "Não vou participar disso. Não quero ser como eles."

Gerard adotou um tom compreensivo: "Entendo seus sentimentos, mas as coisas vão piorar se não fizermos nada, temos um ano todo pela frente."

A voz de Íris fraquejou, denunciando sua angústia: "Só quero ir para casa, estou exausta. Ser líder de torcida só piorou tudo, parece que minha vida está desmoronando."

Frank a alertou: "Desistir agora seria mais uma vitória para a Maddison."

Gerard acrescentou: "É verdade, sua persistência é uma afronta a ela. Ela nunca quis você na equipe."

"Vou me esconder até a hora de ir para casa", Íris anunciou, determinada. "Amanhã, vou pensar em como ser uma afronta."

Ela se levantou e deixou os garotos em silêncio, como se uma escuridão pesada se instalasse naquele recanto.

"Vocês voltaram?" Gerard rompeu o silêncio com uma pergunta.

"Não, mas ela também sente minha falta", observou Frank.

"Vocês éramos bons juntos, nossa turma era incrível."

"Isso não volta mais, Gerard", Frank afirmou, colocando a mão no ombro do amigo.

Íris permaneceu na sala de teatro até o sinal de saída dos estudantes ecoar. Ela saiu da escola com apreensão e surpresa ao encontrar Frank esperando por ela no pátio.

"Pensei que já houvesse ido", disse Íris, com um pequeno sorriso de gratidão nos lábios.

"E perder a chance de ter você em minha garupa?" Frank sorriu.

Enquanto se sentava na garupa da bicicleta, Íris se viu transportada para tempos mais simples, longe do tumulto do ensino médio, quando suas preocupações eram diferentes e Frank sempre tinha uma solução.

Frank a deixou em frente à sua casa, e Íris pareceu hesitante.

"Você vai contar a eles?" Frank perguntou.

"Só pioraria tudo", a garota respondeu com um sorriso amarelo.

"Estou a um SMS de distância, se precisar de algo", Frank ofereceu sinceramente. "Pense um pouco sobre a vingança, Íris." Ele sorriu antes de retomar seu caminho.

Íris respirou fundo, forçou um sorriso e entrou em casa. Enquanto perambulava pela residência, seus olhos pousaram no calendário na porta da geladeira, marcando a proximidade dos jogos. A perspectiva de atribuírem a ela a culpa pela derrota pela ausência de Wentz pairava no ar, e as retaliações se tornavam uma sombra incontornável. Íris estava agitada, andando de um lado para o outro em seu quarto, lendo as mensagens cruéis que inundavam seu celular, testemunhando a crueldade das pessoas. A tentação da vingança martelava em sua mente, nunca antes se sentira tão exposta e humilhada. No entanto, após quase sucumbir ao caos de seus pensamentos, ela finalmente encontrou refúgio nas lágrimas que derramou em sua cama até o amanhecer do dia.

A vontade de faltar ao colégio permeava os pensamentos da garota. Ela considerou a ideia de fingir estar doente, ou talvez escapar para algum lugar na cidade e se manter longe de tudo. Sua expressão de desespero era evidente enquanto colocava o laço das cheerleaders em seu cabelo e saía de casa. Não havia pressa em chegar à escola naquela manhã. Ela caminhou pelos corredores com uma sensação de apreensão, e ao abrir seu armário, foi surpreendida por uma avalanche de absorventes íntimos que caíram sobre ela. Os absorventes estavam manchados de vermelho, e as risadas e zombarias ecoaram por todo o corredor. Íris correu pelos corredores, os olhos marejados, até finalmente chegar à sua sala de aula, onde Maddison estava rindo com as outras garotas.

"Bom dia, Íris." Maddison cumprimentou com um sorriso irritante nos lábios. "Espero que não falte ao treino de hoje, ou teremos que te tirar da equipe por falta de comprometimento com o time."

Íris apenas acenou com a cabeça e se afundou em sua cadeira. Seu novo apelido pelos corredores era "tampão", uma lembrança cruel da humilhação que havia sofrido. Tudo parecia piorar a cada dia, e a palavra "vingança" martelava incessantemente na mente de Íris.

O tempo parecia se arrastar, e a garota recebia bilhetes ofensivos de seus colegas de classe, todos relacionados aos acontecimentos do dia anterior. Eles não esqueceriam tão cedo o seu rosto estampado naquele panfleto humilhante. Após o intervalo, onde a loira contou com a companhia de Frank e Gerard, ela se dirigiu ao campo, local do treino das líderes de torcida. As garotas cochichavam entre si, e Maddison riu presunçosamente ao ver a loira se aproximar.

"Que bom que veio, Íris." Maddison cruzou os braços. "Nossos treinos não são os mesmos sem você." Maddison fingiu cumplicidade. "Vamos lá, garotas, o time está completo agora." Maddison bateu palmas, chamando a atenção das outras cheerleaders. "Vamos começar do início, em suas posições, vocês sabem o que fazer.”

Frank observava atentamente da arquibancada enquanto Íris tomava seu lugar no campo. Duas coisas antes despercebidas agora chamavam a atenção do garoto. Primeiro, Íris era notavelmente mais bonita do que a morena irritante, com uma elegância natural que contrastava com a líder da equipe. Segundo, Íris dançava com uma habilidade superior, além de possuir um sorriso carismático que, naquele momento, parecia inexistente em seu rosto.

As garotas se preparavam para içar Íris, uma parte padrão de seu treinamento. A loira demonstrava um equilíbrio invejável. No entanto, Frank viu algo que nunca havia testemunhado antes. Maddison fez um sinal com a mão, e as garotas que sustentavam Íris a deixaram cair. Foi uma queda feia, e o garoto não hesitou em correr pelas arquibancadas para alcançar o campo.

Íris gemia de dor, agarrando seu ombro e reclamando de seu tornozelo. A treinadora correu para socorrê-la, enquanto as outras cheerleaders fingiam uma preocupação que estava longe de ser genuína.

"Iris, você está bem?" Frank se agachou ao seu lado, preocupado.

"Meu ombro..." Íris murmurou, debatendo-se de dor.

"Acho que deveríamos levá-la para a enfermaria." A professora dispersou as outras garotas, que assistiam à cena com olhares curiosos.

"Sinto muito. Ela vai ficar bem?" Maddison perguntou, parecendo fingir preocupação.

"Não, graças a você." Frank retrucou entre dentes.

Ele levantou Íris em seus braços e seguiu a professora até a enfermaria. Lá, a garota foi examinada, e felizmente, não havia lesões graves. No entanto, ela havia torcido o tornozelo e sofrido uma luxação no ombro.

"Você não deveria estar na aula de educação física agora?" A professora perguntou a Frank enquanto auxiliava Íris a aplicar uma bolsa de gelo em seu tornozelo machucado.

"Fui dispensado hoje." Frank respondeu de forma simples.

"Você está matando aula." A professora parecia zangada.

"É uma questão de sobrevivência." Frank respondeu com sinceridade.

"Vá para a aula, jovem." A professora já estava ficando impaciente.

"Você ficará bem?" Frank olhou para Íris, que apenas acenou afirmativamente com a cabeça. O garoto, um pouco contrariado, deixou a enfermaria e dirigiu-se à quadra.

"O que aconteceu lá fora?" A professora questionou Íris. "Nunca tivemos uma queda dessas."

"Tudo tem uma primeira vez." Íris respondeu, fazendo uma careta ao mexer o ombro dolorido.

"Você ficará bem, imagino que voltará ao time antes dos jogos."

"Mal posso esperar." A garota não conseguia esconder seu desconforto.

Quando Íris finalmente recebeu alta da enfermaria, ela ainda mancava ligeiramente, as dores pulsantes em seu ombro e pé eram persistentes. Restavam apenas quinze minutos para o término das aulas. Enquanto atravessava o corredor em direção à saída, seus olhos capturaram um vislumbre do laboratório de química. Mikey estava lá, solitário, engajado na árdua tarefa de limpar meticulosamente as bancadas do laboratório. A situação era como uma oportunidade de ouro, e a palavra "vingança" ecoava em sua mente como uma sinfonia constante. A garota podia sentir seu coração acelerar à medida que considerava as possibilidades. O que ela faria a seguir?

Ao retornar para casa, Íris pegou seu telefone e convocou uma reunião com seus amigos excluídos, marcando o reencontro que já estava há muito tempo pendente. O distanciamento entre ela, Frank, Gerard e seu irmão Mikey havia começado no início do ensino médio, um período marcado pelo pesadelo do bullying.

A crueldade dos valentões era direcionada principalmente a Gerard e Mikey. Eles eram alvos constantes de perseguições implacáveis e espancamentos brutais, e Íris testemunhava essas cenas horríveis com uma sensação esmagadora de impotência. Frank, por ser um pouco mais "descolado", conseguia escapar em parte, mas ainda assim não estava imune aos apelidos e à sensação de ser considerado uma aberração.

Quando Íris se juntou à equipe de líderes de torcida, conseguiu evitar alguns dos momentos mais aterradores que assombravam seus amigos. No entanto, sua relação turbulenta com Maddison sempre pairava sobre ela, impedindo que a garota usufruísse de paz dentro dos muros do colégio. Após a foto manipulada, a humilhação dos absorventes e a queda planejada durante o treino, Íris percebeu que usar aquele laço no cabelo não a protegeria de nada.

"Ok, isso é novidade." Gerard se sentou na cama de Frank. "A gangue reunida novamente."

"Íris, você está tão misteriosa?" Frank observava atentamente a garota enquanto ela acariciava o próprio ombro ainda dolorido.

"Nós vamos revidar." A garota estava séria e olhava nos olhos dos rapazes com determinação.

"E o que te fez mudar de ideia?" Frank questionou.

"Saber que todos os dias, ao chegar naquela maldita escola, eu terei que lidar com situações criadas por aqueles idiotas nojentos." Íris tinha uma dor profunda na voz. "Eles têm que parar."

"E no que você está pensando?" Gerard arqueou uma sobrancelha. "Eu nunca havia visto você com esse tom. 

"Por isso chamei vocês aqui, precisamos de ideias." A expressão no rosto de Íris se amenizou. "Vocês são os caras mais criativos que conheço."

"Você precisa começar pelas líderes de torcida." Mikey falou após um breve momento de contemplação.

"Como assim?" Íris pareceu intrigada.

"Você sabe que é mais gostosa e melhor dançarina que a Maddison..." Mikey foi interrompido por Frank, que deu um leve soco no ombro do amigo. "Digo, você é mais bonita e não deve ser difícil na hora do jogo você ficar à frente de Maddison."

"Mas isso vai gerar retaliações." Frank observou o garoto.

"Não daremos tempo para que façam isso. Enquanto Íris brilha no campo, temos essa foto para espalhar pelo vestiário masculino." Mikey mexeu em seu celular, parecendo procurar alguma coisa. "Essa foto." O garoto sorriu triunfante, mostrando a imagem para seus amigos.

Na foto, Maddison aparecia beijando o melhor amigo de Peter, Patrick Stump, nos fundos da quadra.

"Onde você conseguiu isso?" Gerard parecia muito surpreso.

"Eu mesmo tirei." Mikey sorriu.

"Isso é uma mina de ouro." Íris ainda observava a imagem.

"Eles não terão tempo de vir atrás de nós, porque estarão brigando entre si. Isso chega a ser diabólico." Frank observou o garoto de óculos e corte de cabelo peculiar.

"Eles pediram por isso." Mikey pegou de volta seu celular.

"E para fechar a reação em cadeia, o laboratório de química." Íris pareceu avaliar os garotos.

"Não podemos explodir a escola." Gerard pareceu preocupado.

"Explodir não, iremos dar uma lição." Íris sorriu perversa.

"Ok, agora até eu fiquei preocupado." Frank se sentou em sua cama.

"Calma, não vai ser nada demais. Nada que uma pomada não resolva. Vamos usar a prateleira GHS07."

"Compostos que causam irritação na pele." Gerard disse em tom baixo. "Vamos causar alergias neles?" Gerard pareceu se divertir.

"Me parece justo." Frank concordou.

"E quando começamos?" Mikey parecia animado.

"No próximo jogo." Íris pareceu confiante.

"Você acha que já terá se recuperado até lá?" Frank pareceu preocupado.

"Para os saltos, não, mas para a coreografia de líder, com certeza." Íris sorriu.

O grupo recém-reunido novamente discutiu por mais algum tempo sobre os métodos e ações que executariam. A ideia principal era que ninguém saísse ferido, mas que mostrassem que estavam ali e que revidariam à altura. Só a foto de Maddison beijando o melhor amigo de Peter já seria o suficiente para causar um estrago memorável; mostrar a todos mais carisma e causar irritações em suas peles seriam apenas um complemento.

Tarde da noite, Gerard e Mikey tomaram o caminho de casa. Íris ficou por ali ainda tomando refrigerante; a companhia de Frank era muito melhor do que voltar para casa e remoer o terrível dia que ela havia vivido.

"Você está mais determinada do que nunca, exceto talvez quando você fez aquele guia sobre por que deveríamos assistir aquele filme francês meio tosco no cinema." Frank riu, sentando-se ao lado dela.

"Eles me levaram ao limite hoje. Poderia ter me machucado seriamente, meus pais poderiam ter descoberto aquela foto terrível." Íris respirou profundamente. "Não vejo outra maneira de lidar com essa situação, e no final, eu não quero ser como eles."

"Você não está só se defendendo, Íris, está lutando pelo Gerard, pelo Mikey e por todos aqueles garotos que sofrem com o bullying, que têm suas cabeças enfiadas na privada ou são mantidos no armário. Ver o Peter e a Maddison se dando mal, com certeza aquecerá o coração de muitos naquela escola."

"A vingança dos rejeitados, então." Íris ergueu sua lata de refrigerante, como se brindasse à ideia.

"Lembra da época em que nada disso nos preocupava?" Iris deitou-se na cama de Frank, e ele deitou ao seu lado.

"Para mim, essas lembranças estão todas ligadas a você. Antes do Maddison, do Peter e do ensino médio, era só nós dois andando de bicicleta." Frank sorriu, seus olhos distantes.

"Exatamente, nós dois, pedalando pelas ruas, sonhando com o futuro, fazendo piqueniques no parque." Íris virou-se para olhar o garoto. "Eu sei por que terminamos." Seus olhos expressavam tristeza. "Nós pensamos que não éramos bons o suficiente como casal, mas, caramba, a gente era ótimo juntos."

"Nós éramos apenas crianças." Frank olhou para o teto, refletindo.

"De certa forma, ainda somos." Íris riu da expressão do garoto.

"Eu te amo, Íris." Frank sussurrou, seus olhos encontrando os dela.

"Eu sei." Íris fez uma breve pausa. "Eu também te amo."

Os lábios dos jovens se encontraram, pareciam sedentos um pelo outro. Entre corações acelerados, beijos quentes e as mãos explorando o corpo um do outro como se quisessem descobrir um novo caminho, Íris tomou a decisão de voltar para casa. Frank morava a apenas um quarteirão de distância. Ele a observou da calçada enquanto ela adentrava sua casa. Apesar de não terem retomado a conversa interrompida, o desejo e a necessidade mútua ainda ecoavam forte através dos jovens.

Nos dias que se seguiram, o tormento causado por Peter e sua gangue continuou a afetar aquelas almas inquietas. A palavra "paz" não fazia parte do vocabulário deles naqueles momentos. A cada provocação e humilhação, suas mentes fervilhavam de expectativa pela revanche que estavam planejando.

Imprimiram várias cópias da foto que revelava a traição de Maddison, em vários formatos e tamanhos diferentes. No silêncio de seu quarto, Íris dedicava horas incontáveis a aperfeiçoar a coreografia que todos consideravam a marca registrada de Maddison. Cada passo, cada movimento, cada gesto era meticulosamente treinado, como Mikey disse não seria difícil ficar a frente de Maddison.

No laboratório de química, eles testaram alguns reagentes, elaborando o passo a passo que seguiram meticulosamente. O segredo era a chave, e ninguém desconfiava das maquinações que ocorriam por trás daqueles rostos gentis. O palco estava armado, e a peça estava prestes a começar.

A tão aguardada semana dos jogos finalmente havia chegado. Íris, embora recuperada de suas lesões, pediu que fosse poupada dos saltos acrobáticos, uma solicitação que fez Maddison revirar os olhos com desdém. Maddison protestou, questionando se a loira era realmente atraente o suficiente para ocupar uma posição à frente na equipe. No entanto, por ordens diretas da treinadora, Íris conseguiu ocupar a vaga exatamente ao lado esquerdo de Maddison. Elas entrariam juntas em campo, esse toque do destino era exatamente o que ela precisava para facilitar o seu show.

"Você está deslumbrante." Frank se aproximou da garota, já vestida com o uniforme de líder de torcida. Seus olhos estavam carregados de determinação. "Seguiremos com o plano?"

"Eu não tenho certeza se é a coisa certa a fazer." Íris finalmente respondeu, suas dúvidas evidentes em sua voz. "Mas eu sei que é o que precisamos."

"Pelos excluídos, então."

"Pelos excluídos." Íris murmurou, seu tom de voz um tanto hesitante.

A garota observou Frank se afastar e depois se dirigiu ao campo. As arquibancadas estavam repletas de espectadores, e a banda do colégio tocava com entusiasmo, criando uma atmosfera vibrante.

"Onde você estava?" Maddison segurou o braço de Íris com impaciência. "Precisamos entrar." 

Íris tomou seu lugar em silêncio, colando um sorriso forçado e destituído de humor no rosto. Ela acompanhou as outras líderes de torcida ao centro do campo, onde, antes do jogo, limitaram-se a agitar os pompons e inflar a torcida com seus gritos de guerra. Todos sabiam que o verdadeiro espetáculo estava reservado para o intervalo. Os jogadores entraram em campo, ostentando um ar triunfante, enquanto eram recebidos com uma explosão de apoio da torcida, que incluía gritos efusivos, assobios e uma chuva de confete. Íris procurou pelo rosto de Peter, que, no banco de reservas, trajava roupas comuns e usava uma expressão carrancuda. A garota não pôde evitar sorrir ao ver aquela cena.

A "cereja do bolo" veio quando o time deixou o campo para o intervalo, mas estava atrás no placar. Íris observou o descontrole de Peter enquanto ele passava instruções acaloradas a Patrick. Sem dúvida, a derrota tornaria a vingança ainda mais saborosa. As líderes de torcida se posicionaram no centro do campo gramado, com toda a atenção voltada para elas. Uma música agitada preenchia o ar, e a torcida estava visivelmente empolgada. As arquibancadas estavam abarrotadas de pais, professores, alunos e convidados, o que tornava o momento ainda mais especial.

A coreografia fluía normalmente, e quando chegou a hora da dança solo de Maddison, onde Íris deveria permanecer atrás, agitando os pompons com as outras líderes, a garota tomou a dianteira. O coração de Íris batia forte no peito enquanto seus olhos encontravam os de Maddison, que exibia um sorriso confiante, se desfez, dando lugar a uma expressão de escárnio.

"O que você está fazendo?" Maddison tentou manter sua pose, embora sua voz carregasse uma nota de incerteza.

"Estou apenas mostrando o que posso fazer." Íris respondeu com olhos determinados e uma intensidade feroz em seu olhar.

"Volte para o seu lugar agora!" Maddison rosnou, mas Íris não recuou. Em vez disso, ela aprimorou os movimentos que Maddison estava executando, aprimorando a coreografia com sua própria energia e habilidade.

A plateia, inicialmente perplexa, logo se viu cativada pela reviravolta. Íris não apenas acompanhava Maddison, mas também a superava com uma graciosidade e estilo impressionantes. Enquanto a morena tentava recuperar sua compostura, seus passos estavam vacilantes, era evidente a sua descontração.

A surpresa que havia se espalhado pela multidão rapidamente se transformou em risadas calorosas quando Maddison, ainda visivelmente abalada, escorregou no campo tendo uma queda nada menos do que hilariante. Íris continuou a executar a coreografia com uma precisão impecável, mantendo uma postura confiante, ela sentia o coração se acelerar em cada pirueta, ela não poderia falhar. Maddison se via agora corada de vergonha e fervendo de raiva, mas estava completamente indefesa diante dos olhares atentos da multidão na arquibancada. Com um sorriso triunfante que iluminou seu rosto, Íris acenou para a plateia, degustando com prazer a doçura da vitória.

"Uma queda pode ser humilhante, não é mesmo?" Íris sussurrou para Maddison enquanto voltavam para a beira do campo.

A loira bufou, forçou um sorriso plástico no rosto e observou a saída do vestiário. Já era hora dos garotos voltarem a campo, mas não havia sinal do time. Tudo o que ouviam eram gritos abafados pelo som da torcida.

"Onde estão os caras?" Íris notou a inquietação do treinador e das outras líderes de torcida.

O árbitro desceu até o vestiário para averiguar o atraso e foi surpreendido ao se deparar com os dois melhores jogadores do time em meio a uma briga acalorada. O vestiário estava em completo caos, com papéis rasgados, uniformes revirados e garrafas de água espalhadas por todos os lados. As fotos de Maddison beijando o garoto loiro que estava sendo surrado contrastava ainda mais com a cena.

"Patrick, você é um filho da puta, eu vou matar você e aquela piranha desgraçada da Maddison!" Peter vociferava, enquanto era impedido de continuar socando o rosto de Patrick.

Do lado de fora, a torcida aguardava ansiosamente o retorno dos jogadores, completamente perplexa com o atraso inexplicável. As líderes de torcida ficaram inquietas, enquanto a banda continuava a tocar, como se nada estivesse errado. O árbitro voltou ao campo, indicando que o jogo estava suspenso. Os espectadores olhavam atônitos, tentando compreender o que diabos havia acontecido e como resposta sonoras vaias abriam espaço em meio a arquibancada. 

Naquele instante, Íris teve a certeza de que a segunda etapa do plano havia sido um sucesso.