Mestre do Poço dos Desejos escrita por Sorima


Capítulo 5
Pedro


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/810261/chapter/5

Me recostei na cadeira para escutar Bianca ler a carta, ela lia com tanta naturalidade que parecia que a própria a tinha escrito.

“Caro Pedro, como você está?

Esperamos que esteja bem, mesmo sabendo que você deve estar passando por poucas e boas agora.

Sentimos muito que não pudemos fazer mais por você em vida.

Então queremos que você aceite essa herança que lhe deixamos, nossa casa, nosso galpão, toda a terra que nos pertence e tudo que está aí dentro.

Você se lembra de que quando você era criança, nos lhe falamos do Poço dos Desejos? Ele não é nosso para lhe dar, você precisa se mostrar digno dele, mas podemos lhe apontar o caminho já que ele se encontra em nossas terras.

Esta será nossa última aventura para você, meu querido neto. Viva-a com toda a intensidade de seu ser!

Carinhosamente,

Seus avós.

P.S.: A nossa dica para você está escondida no mapa do nosso QG.”

— É só isso... - Bianca virou a folha algumas vezes. Repetiu – a dica está escondida no mapa.

Suspirei. Como aquilo era frustrante. Tornei a mirar o mapa que estava na parede; não havia nada de diferente ou novo ali, estava igual ao que sempre fora. Eu sabia disso pois já o tinha gravado na cabeça depois das dezenas de aventuras.

— Não tenho ideia do que eles querem dizer com isso – admiti – não tem nada que aponte o caminho no mapa.

— Eles disseram que estaria escondida – ela me lembrou.

Respirei fundo decidido a ver o que não parecia estar ali. Bianca se aproximou do mapa para estuda-lo cuidadosamente, então virou-se para questionar:

— Até onde é a área do terreno?

— O terreno tem uns 50 hectares, ele vai até mais ou menos esses lugares – falei apontando.

Bianca virou a cabeça de lado parecendo se esforçar antes de se virar para mim com as bochechas vermelhas e perguntar:

— Tem alguma caneta que possa usar para riscar? Eu sou péssima em visualizar essas coisas mentalmente.

— Claro!

Me levantei e peguei uma caneta hidrográfica na gaveta que tinha na mesa e fiz o contorno do terreno. Quando terminei me afastei para ver o resultado.

— Ah, agora ficou mais fácil! – ela tornou a correr os olhos pelo mapa antes de falar animada– e nessa região que não tem nenhuma marcação? O Poço pode estar aqui, né!

— Sim, pode...

Eu já tinha pensado nessa possibilidade, mas esperava encontrar alguma marcação ali.

— Mas você vai ter fôlego para explorar mais de 30 hectares?

— Nada é impossível para mim – ela falou confiante.

— São 300.000 metros quadrados – informei observando o rosto dela tremer levemente.

— Eu sou resistente.

Ergui as sobrancelhas sem acreditar.

— Você vai ter tempo para explorar isso tudo?

Ela comprimiu os lábios um contra o outro. Não lhe dei tempo para retrucar antes de revelar meus pensamentos.

— E tem outra, eles disseram que iriam apontar o caminho para mim, que é em algum lugar dessa área é bem óbvio.

Vi Bianca franzindo a testa.

— Agora que você falou isso...

Eu estava começando a me irritar com aquele mural... Devolvi a caneta para a gaveta e ouvi Bianca chamar minha atenção:

— Tem outra caneta aqui para guardar.

Olhei surpreso para onde ela apontava. Realmente tinha uma caneta ali. Só que eu não me lembrava de ter visto ela antes; ela era parecida com as outras canetas hidrográficas.

— Essa daí eu não conheço.

— Ela sendo toda preta, igual ao apoio do mural, ficou bem discreta aqui – falou pegando a caneta e destampando.

Parecia uma caneta comum. Mas algo naquilo me incomodou.

— Deixa eu ver – pedi estendendo a mão. Bianca me entregou a caneta tampada.

Não tinha nada escrito no corpo e a ponta era de uma cor violeta, virei a caneta para olhar a base, o que vi fez meu coração se agitar e um sorriso surgiu no canto da minha boca. Será que era aquilo mesmo?

— Bianca, apaga a luz ali para mim? – indiquei o interruptor que apagaria a luz só daquela área.

Ela logo se apressou para fazer o que pedi. Aquilo escureceu o mapa. Como não tinha nenhum botão na caneta tentei girar a base, mal fiz isso e uma luz arroxeada se acendeu. Virei-a animado para o mapa e linhas que não estavam ali antes surgiram.

— Tinta invisível! – exclamei vitorioso.

Meu vô era uma pessoa cheia de surpresas, sempre deixava a aventura mais emocionante, meu coração acelerado confirmava isso e a gratidão inundou meu ser.

— Caramba! Isso é incrível! – ela exclamou admirada.

— Acende a luz para mim, por favor. Vou passar essas informações para um mapa menor.

Procurei o mapa do terreno nas gavetas da mesa antiga, logo que o encontrei o abri e com um lápis preto fui desenhando a linha que se revelara no mural. O Poço dos Desejos realmente ficava na região que eu não tinha explorado. Porém, além da indicação de onde ficava o Poço, indicações que indicavam obstáculos margeavam a trilha. Uma frase próxima ao nosso destino me chamou a atenção: “Você é digno do Poço”.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo programado para lançar dia 11/01/2024.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mestre do Poço dos Desejos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.