High School Romance escrita por Temy


Capítulo 2
Como Tirar a Paciência do Seu Melhor Amigo 101


Notas iniciais do capítulo

Esses dois capítulos não deveriam estar separados, por isso postei logo.



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Eu venho de uma longa linhagem de populares.

E sim, eu sei o quanto isso soa ridículo.

Mas é verdade.

Tipo, literalmente tem registro da minha linhagem popular na escola por meio de troféus e fotos no quadro de memórias, o que é pelo menos humilhante. É como se todos os Uchihas fossem obrigados a jogar hóquei porque todos eles foram capitães em sua época. E com todos, eu quero dizer meu avô, meu pai e meu irmão, porque o outro ramo da família não veio morar para essas bandas.

Sei lá, talvez esteja nos genes. E os genes Uchihas são fortes.

Meu irmão era quase uma cópia do meu pai, apenas parecia mais novo. E meu pai era a cópia do meu avô. Eu — infelizmente —, apesar de manter as características marcantes do Uchiha, era bem mais parecido com a minha mãe que com o meu pai.

Por que, infelizmente? Você pergunta…

Isso porque minha mãe é a mulher mais bonita do mundo. Eu a amo de todo o meu coração, então sou meio suspeito para falar, mas é verdade que ela é bem bonita mesmo. Ela concorria em concursos de miss e foi vencedora mais de uma vez. E ela tinha uma sutilidade e elegância que faltava na maioria esmagadora dos Uchihas. E, aparentemente, eu herdei isso dela. Pelo menos é o que dizem.

E por que isso é ruim, Sasuke?

Porque as pessoas se aglomeram ao meu redor por causa disso. Quer dizer, eu não tenho certeza absoluta que é por causa disso, mas deve ser porque a minha personalidade… acho que posso dizer que eu deixo muito a desejar nesse quesito.

Não é que eu destrate as pessoas, seja mal educado ou rude. É só que eu nunca sei o que falar com as pessoas e eu tenho a impressão de que todas as vezes que eu abro a boca para falar com um estranho só sai palavras sem sentido ou aleatórias.

Basicamente, as pessoas me conhecem por três motivos:

Eu sou o capitão do time de HóqueiEu tiro notas boasMinha família

Então frequentemente elas assumem que me conhecem e vem falar comigo esperando as habilidades sociais que normalmente acompanhariam as características que eles sabem de mim.

Mas a verdade era que, ao contrário de meu irmão e da maioria dos capitães, eu não era nada sociável. Eu preferia mil vezes mais comemorar nossas vitórias no hóquei apenas com o time em uma lanchonete fast-food qualquer do que nas festas que sempre davam.

Eu fico ansioso toda vez que alguma pessoa com quem eu tenha pouca intimidade vem falar comigo e não é que eu não queira fazer novos amigos ou odeie a humanidade, eu só me sentia extremamente desconfortável nesse tipo de situação. E era tragicamente alto o número de pessoas que tentavam se aproximar de mim ou puxar conversa.

Simplesmente não tenho a habilidade necessária para isso.

Talvez meu padrão fosse um pouco alto, pois meu exemplo de pessoa com habilidades sociais era Naruto Uzumaki, meu melhor amigo que tinha a habilidade de se tornar amigo de qualquer pessoas que ele quisesse com uma única conversa. Algo que eu iria para sempre admirar. Para ser sincero, eu até tinha a impressão de que a única razão de eu ter amigos, era por Naruto ter forçado a minha presença a eles.

Naruto e eu nos conhecemos aos oito anos de idade. Nós moramos no mesmo bairro e eventualmente acabamos nos esbarrando, logo nossas mães se tornaram amigas e o destino foi traçado.

Na verdade, eu sinto ter tido muita sorte em tê-lo conhecido tão cedo, antes que outra pessoa tenha ocupado a posição de melhor amigo dele. Sabe aquela pessoa com quem você sente que a amizade é diferente de qualquer outra? É como eu me sinto com Naruto.

Eu sempre vi meu irmão como um modelo a ser seguido — e sempre escutei isso dos meus pais também —, porque ele era bom em tudo, mas ainda que fôssemos próximos, não é o mesmo que ter alguém da sua idade.

Naruto e eu estávamos na mesma sala, jogávamos no mesmo time, morávamos no mesmo bairro, temos os mesmos amigos, a mesma idade e, portanto, os mesmos problemas e acabamos compartilhando tudo um com o outro, realmente não havia segredos entre nós dois.

Ok. Talvez eu esteja exagerando um pouco ao falar que nossos problemas eram os mesmos.

Basicamente, o único problema relevante na vida do Naruto eram suas notas que estavam sempre na média, frequentemente na trave e sua ex — mas não falamos mais sobre ela. E minhas notas nunca foram um problema.

Meu problema era outro completamente. Um que Naruto com certeza não tinha.

Além de ser um introvertido popular — o que era simplesmente péssimo para o meu coração ansioso —, eu tinha uma queda por uma garota da nossa turma. 

Ok. 

Talvez fosse mais um penhasco do que uma queda.

Tá, eu era completamente louco por ela.

No bom sentido.

Tem como ter um bom sentido disso?

Eu acho que não. 

Às vezes eu mesmo me assustava com o comportamento que eu tinha em relação a ela, mas juro não ter qualquer intenção de machucá-la ou assediá-la de qualquer forma. É só que… ela me mexe comigo.

O nome dela?

Sakura Haruno.

Nós estudávamos juntos há alguns anos e para ser sincero, ela não chamou minha atenção de cara, ela parecia uma garota normal, mas depois de presenciar uma quantidade considerável de cenas imprevisíveis protagonizadas por ela, ficou claro que se tinha uma classificação na qual ela não se encaixava, era normal.

Ela me chamou atenção pela forma única que ela tem de abordar as situações e pessoas e sem perceber — sem perceber mesmo, eu era só uma criança —, eu comecei a observá-la quase como se fosse um instinto e aos poucos, eu fui me apaixonando pelo jeito dela de ser.

Sim, eu disse.

Eu sou apaixonado por ela desde os doze anos de idade e ela não tem a menor ideia. E é claro que eu não pretendia que fosse assim, na verdade, assim que Naruto me fez perceber que eu gostava dela, eu tinha intenções de chamá-la para sair. Então eu não estava me fazendo de difícil, mas bem, falar é bem mais fácil que fazer, né?

Eu poderia fingir que eu não percebo todas as garotas que gostam de mim ou tem uma queda por mim, mas eu percebo e sim, elas me deixam extremamente desconfortável porque eu não tenho a menor ideia de como agir perto delas. Então sim, eu sei que minha popularidade é ainda maior com as meninas.

O problema é que isso não acontece com Sakura. Ela completamente ignora a minha existência, nós nunca trocamos mais do que cumprimentos porque sempre sou eu que tenho que tomar a iniciativa de falar com ela e como eu disse, eu não sou muito bom nisso.

Mas se fosse só isso, talvez, com um pouco de sorte e muita ajuda de Naruto, eu teria conseguido progredir ao longo dos anos. No entanto, Sakura não apenas parecia fingir que eu não existia, ela parecia realmente não gostar de mim.

Sempre que eu tentava sorrir na direção dela, ela desviava o olhar. Sempre que eu a cumprimentava, ela respondia séria. E séria simplesmente não era Sakura. Eu tenho observado ela como um stalker, então sei que aquilo não é “normal” dela.

Como o introvertido que sou, é bem fácil perceber que eu a deixo desconfortável e minha experiência recebendo proposições de estranhos ou pseudo-estranhos — que são pessoas que naturalmente me deixam desconfortáveis —, é extremamente desagradável.

E eu realmente gosto dela, então não quero que ela fique desconfortável, nem comigo, nem com ninguém. Mesmo assim, eu ainda tento e não consigo parar de observá-la.

— Vamos para casa. — Naruto falou pela vigésima vez.

— Nope.

— Mas isso não faz o menor sentido, por que temos que passar a tarde na biblioteca por causa de uma garota com quem você não consegue nem trocar uma palavra?

— Não é verdade, eu disse “bom dia” para ela hoje de manhã. São duas palavras.

Naruto fingiu surpresa.

— Quando vai ser o casamento? — Naruto revirou os olhos. — Só me deixa falar com ela. — Corei só de pensar na possibilidade. — Nós estamos nisso há muito tempo.

— Só vamos ficar um pouco enquanto fazemos o dever de geometria e depois vamos embora, ok? — Falei com a porta da biblioteca meio aberta.

Ele estava claramente chateado, mas não contestou mais.

Assim que entramos na biblioteca, meus olhos correram para a mesa em que ela sempre sentava com os amigos.

Ela estava lá e olhando para mim. Então eu sorri e iria balbuciar um “oi”, mas ela rapidamente desviou o olhar para continuar o que fazia.

Senti meu rosto arder, eu provavelmente estava ficando vermelho de novo, de vergonha. Provavelmente fiz barulho na hora de entrar e ela estava me olhando por causa disso. Ela nunca olharia para mim só porque sim.

Naruto e eu escolhemos uma mesa afastada de onde ela estava, mas eu ainda conseguia vê-la.

— É como se você gostasse de se torturar. — Naruto falou balançando a cabeça em negativa enquanto tirava o caderno da mochila e olhava para ela. — Aquela garota claramente não está afim de você. Ela provavelmente é apaixonada pelo Gaara. Talvez eles estejam até namorando.

— Eles não estão namorando. — Rebati rapidamente.

— Ah, é? E como você sabe? Ela te falou? — Ele perguntou com ironia.

Eu sei. Ele está sendo chato, mas tentem ver pelo lado dele, eu o faço me acompanhar nesses rolês de seguir — dentro do normal — Sakura há alguns anos. É natural que ele esteja perdendo a paciência.

— Eles são só amigos. — Falei folheando meu caderno.

— Sasuke, seja realista. Eles estão sempre juntos.

— Eles sempre estão com a Ino.

— É, mas todo mundo sabe que a Ino tem namorado. Além disso, Sakura e Gaara são muito mais grudados, e, de novo, todo mundo sabe que ele é o cara mais bonito da escola, segundo as meninas, mas ele trata todas as garotas que tentam falar com ele como merda, exceto por Ino Yamanaka e, adivinha — Naruto tinha certo talento para o drama, herdado de sua mãe — Sakura Haruno. Então olhe os fatos racionalmente, um, — ele começou a enumerar com os dedos, — uma garota e um garoto sendo melhores amigos desde que nasceram, absolutamente platônico. Dois, eles estão no mesmo clube, possuem os mesmo gostos e os mesmos objetivos. Três, eles estão sempre juntos, sempre. É um dos mais clássicos clichês, ser secretamente apaixonado pelo seu melhor amigo.

— Você está apaixonado por mim?

— Obviamente. Por que mais eu viria toda vez observar você ficar babando por uma garota que nem olha na sua direção? — Ele disse irritado olhando para o caderno.

Eu voltei a olhar para Sakura. Ela parecia estar escrevendo algo em um caderno pequeno, parecia um diário.

Sim, eu sabia que as chances de Sakura e Gaara terem algo eram altas. Sim, o simples pensamento deles ficarem juntos corroía minhas entranhas. E sim, eu morria de ciúmes dele.

É como o Naruto disse, eles estavam sempre juntos. E Sakura era verdadeira quando estava perto dele. Ela ria mais fácil e era mais solta. Então eu amava observá-la quando eles estavam juntos e eu também odiava.

— Eles não estão juntos. — Era mais uma súplica do que uma afirmação.

Como em resposta ao meu pedido, Gaara meteu a prancheta na cabeça de Sakura, o que me fez apertar meu caderno em minha mão. O que ele achava que estava fazendo? Como se não fosse o suficiente, ele brigou com ela.

E o que ele disse a fez olhar assustada para a mesa. Em seguida ela soltou um grito que fez todo mundo pular de susto com o barulho que veio dela e da cadeira sendo arrastada.

— O QUÊ? O QUÊ? — Ino, que até então dormia em seu melhor sono, perguntou também gritando completamente perdida, sem saber para onde olhar.

— Meu sketchbook! — Sakura falou em pânico pegando a primeira coisa para aparentemente secar algo na mesa, essa coisa foi seu casaco.

Sakura era um completo desastre e isso costumava me irritar quando eu era mais novo, mas atualmente só me fazia gostar mais dela. Ela sempre deixava tudo mais divertido.

— Haruno, Yamanaka, Sabaku! Fora, agora! — Disse a bibliotecária Shizune.

— Eu sinto muito, por favor— Sakura tentou implorar.

— Dois dias, Haruno! E se reclamar mais, são três!

— Olha aí! — Naruto disse ao meu lado e eu olhei para ele. Seu dedo indicador direito estava apontando bem para a minha cara. — O sorriso de idiota apaixonado. Eu realmente não entendo porque as garotas são loucas por você. Você é tão perdedor.

— Elas poderiam só me achar ainda mais atraente por causa do sorriso apaixonado. — Disse mais confiante do que eu realmente era.

— Realmente poderia ser atraente se fosse para a sua namorada que você estivesse sorrindo desse jeito e não para a garota que você fica stalkeando como um pervertido.

Ignorei e voltei a olhar para Sakura, ela estava caminhando para sair da biblioteca com Ino e Gaara ao seu lado e falando algo com o ruivo. E então ela soltou aquele sorriso adorável que ela só dava para ele e eu senti que alguém me socou no estômago.

— Atá que esses aí não estão se pegando — Disse Naruto com o rosto apoiado em sua mão direita.

Agora o soco emocional foi no rosto mesmo.

— Eles são só excelentes amigos. — Já fazia algum tempo que estava difícil acreditar nisso, mas eu tento ser positivo.

Naruto bateu a cabeça na mesa.

— É como falar com uma pedra. — Ele bateu a cabeça mais uma vez e olhou para mim. — Ok, vamos supor que eles não estão namorando. Ela claramente não tem o menor interesse em você.

— Ela poderia ter. Nós só precisamos… passar algum tempo juntos.

— Passar tempo juntos? E como isso possivelmente aconteceria? Vocês estão na mesma sala há anos e ainda assim, vocês nunca passaram qualquer tempo juntos. Vocês não estão nos mesmos clubes, vocês não fazem parte do mesmo círculo social. Você não pode sequer pedir aulas de reforço para ela porque suas notas são perfeitas. Admita, Sasuke, vocês não têm qualquer futuro. — Naruto disse guardando o caderno de volta na mochila. — Pelo menos agora não temos mais que ficar aqui.

Eu olhei para meu caderno de geometria aberto a minha frente, minha mente trabalhando no que Naruto havia me falado.

— É isso!

— O quê? — Naruto perguntou entediado.

— Eu só preciso tirar notas baixas! Sakura tem as melhores notas da sala e ela está no programa de reforço, com certeza os professores a colocariam para me ajudar. — Disse animado com o meu plano brilhante.

Naruto estava me encarando sem mover um único músculo com a boca levemente aberta. Ele passou algum tempo assim e então começou a piscar repetidamente.

— Isso não foi nem um pouco o que eu disse ou quis dizer.

— Mas é genial! Nós seríamos obrigados a ficar juntos. Sozinhos! — Falei animado guardando meu material. — Vamos, a partir de hoje, eu não estudo mais. Vamos fazer algo divertido essa tarde. — Disse me levantando e seguindo para a saída.

— Meu Deus, minha mãe vai me matar se descobrir que eu consegui deixar até as suas notas ruins. — Escutei Naruto falando e correndo para me acompanhar. — Sasuke, por favor, me diz que você não está falando sério.

— Oh, eu estou falando muito sério. Estou decidido a me declarar para Sakura Haruno sem deixá-la desconfortável. — Disse abrindo a porta da biblioteca para sair.

Merda!

Sakura Haruno estava a meio metro de mim.

Ela não escutou, não é? SERÁ QUE ALGUÉM PODE ME DIZER SE ELA ESCUTOU OU NÃO? AAAAAAHH!

Espera! Por que tem tanta gente em frente à porta da biblioteca? Aquela é Hinata Hyuuga?

Prioridade, Sasuke! Sakura! Ela escutou? Olhei para ela e já senti minhas bochechas começarem a corar, mas assim que nossos olhos se encontraram ela desviou o olhar e foi abraçar Gaara. Sempre ele.

Eu tento não julgar as pessoas antes de conhecê-las, mas esse garoto… tá difícil.

— Vamos para casa. — Gaara disse colocando o braço ao redor de Sakura em uma espécie de abraço protetor. É sério? Por acaso ele me odeia e sabe que eu sou apaixonado pela garota que ele está abraçando e está fazendo isso de propósito para me torturar? Afe, isso era muito injusto. — Vem, Hinata, você não vai escapar. — Ele disse já caminhando com a garota dos meus sonhos para longe de mim.

— Será que eles estão realmente namorando?

Senti as mãos de Naruto em meus ombros, mas não tirei meu olhar deles.

— Parece, né? Mas pense pelo lado positivo, agora você não precisa abaixar suas notas. Ela já está comprometida.

Eu olhei para ele cerrando os olhos.

— Não mesmo! Na verdade, a primeira coisa que eu vou fazer quando tivermos nossas aulas particulares é descobrir se eles estão realmente juntos. — Disse decidido andando na mesma direção que eles foram.

— Minha mãe vai me matar! — Naruto choramingou vindo atrás de mim.


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