High School Romance escrita por Temy


Capítulo 1
Devaneios de Uma Garota Completamente e Totalmente


Notas iniciais do capítulo

Disclaimer:
Porque eu estava afim de escrever o clichê dos clichês.

Fic no geral inocente, mas deixo aqui a visado que vai ter pelo menos um relacionamento polêmico (idade), mas não é mainship.



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Meu nome é Sakura Haruno e eu tenho dezesseis anos. Sim, estou vivendo o melhor momento da minha vida, o “ensino médio”.

E isso não foi ironia.

Eu realmente acredito nisso. Eu sei que a maioria das pessoas odeia o ensino médio, que só desejam do fundo de seus corações que acabe de uma vez por todas, por diversos motivos… ansiedade em relação a entrar em uma boa universidade, bullying, decidir todo o seu futuro com menos de vinte anos… Mas eu não sou assim.

Eu realmente amo estar no colegial. Talvez isso tenha algo a ver com a quantidade de conteúdo retratando vidas de adolescentes colegiais nada realistas que eu consumo, doramas, séries de TV, mangás, etc. Mas eu realmente gosto do momento em que me encontro na minha vida.

Eu adoro ir à escola, adoro necessariamente passar horas com os meus amigos todos os dias, adoro meus professores, minha escola, tudo!

E eu não sou super popular ou super incrível em qualquer forma, na verdade, eu sou o grande clichê nerd que encontramos em todas as histórias. Bem, não exatamente, uma versão mais realista, eu acho. Eu não sou super inteligente, eu apenas sou estudiosa, pois gosto de tirar notas boas — e porque se eu não tirar, minha mãe me castra. Minha verdadeira vocação é artes e eu confesso passar um bom tempo me dedicando a desenhar. E eu não me encaixo na categoria nerd que sofre bullying, nem na categoria nerd invisível excluída e ignorada por todos, mas o motivo para isso era simples— 

— O que diabos você está escrevendo com tanto afinco?

Levantei o olhar para o meu melhor amigo do outro lado da mesa que desenhava em uma prancheta apoiada em seu colo e na mesa. Os olhos dele estavam cerrados em desconfiança.

— Eu estou escrevendo uma história. — Disse com um sorriso orgulhoso.

— Sobre…?

— Eu.

Ele deixou a cabeça pender um pouco para o lado.

— Eu diria que ninguém iria querer ler isso, mas suponho que tenha muitas loucas como você, então vá em frente.

Ele me deu um ‘joinha’ com um sorriso rápido e, simples assim, voltou a ignorar minha presença colocando novamente os headphones e continuando a desenhar.

Onde estávamos?

Ah sim, a razão de eu não ser a nerd invisível.

A razão é o garoto à minha frente. Meu melhor amigo também conhecido como Gaara Sabaku.

Somos vizinhos desde antes de sairmos das barrigas de nossas mães, então era inevitável que não nos tornássemos amigos. Eu acho que minha memória mais antiga com Gaara era de quando tínhamos quatro anos de idade.

Gaara era um garotinho estranho, ruivo natural, cheio de sardinhas e menor que os outros garotos da idade dele. E sim, ele sofria bullying dos outros garotos da rua. Ele odiava ir ao parquinho, mas como os pais dele o deixavam sob a responsabilidade de seus irmãos mais velhos, ele era obrigado a ir porque os outros queriam e o pior é que eles ignoravam quando os outros estavam o maltratando.

Uma vez, eu fui chamada para brincar com as crianças que estavam fingindo jogar futebol, mas na verdade estavam mirando a bola propositalmente em Gaara e eu queria dizer que eu era uma criança madura que percebia o erro nisso, mas a verdade é que quando eu acertei a bola na cabeça de Hideki, o bullie líder da nossa vizinhança, eu estava na verdade, tentando mirar em Gaara. Todas as crianças ficaram com raiva de mim quando Hideki saiu correndo chorando para casa e Gaara veio me agradecer, pois ele achava que eu o estava protegendo e eu fingi que tinha acontecido como eu tinha planejado, porque o que mais eu faria naquela situação? Dizer a ele que eu estava de fato mirando nele, eu só era terrivelmente péssima de mira? Óbvio que não.

E foi assim que Gaara e eu nos tornamos amigos e como todas as crianças da nossa vizinhança não gostavam de nós, — dele por ser diferente e de mim por ter atacado Hideki — acabamos ficando excluídos do grupo, na maior parte do tempo, nós ficávamos na minha casa.

Aposto que você está se perguntando como Gaara é a razão de eu não ser invisível na escola, como seria o esperado do meu perfil. Bem, isso é porque sabe aquela idade em que os meninos ficam super zoados, crescendo desproporcionalmente com pelos aleatórios que não sabiam se cresciam ou não? Bem, Gaara pulou por completo essa parte.

Eu não percebi quando exatamente isso aconteceu, mas em algum ponto por volta dos treze ou catorze anos, ele simplesmente se tornou o garoto mais lindo de toda a cidade. Ok, talvez isso seja um exagero, mas sério, ele é muito bonito mesmo, inclusive por isso eu comecei a chamá-lo de patinho feio, mas você sabe como são os apelidos, eles possuem a tendência de encurtarem com o tempo e atualmente o apelido oficial dele era apenas patinho.

Mas enfim, a aparência dele era o motivo de ele ter um fã clube — literalmente —, o que tornava impossível estar por perto dele e não ser notada.

Mas Gaara não estava sozinho em ser responsável por eu nunca conseguir passar totalmente despercebida. A razão número dois para isso estava dormindo com a cabeça apoiada na mesa e sentada ao meu lado direito nesse momento.

O nome dela? Ino Yamanaka.

Ao contrário de mim e Gaara, Ino nunca teve uma fase zoada. Ela sempre foi incrivelmente bonita e nem uma única foto feia dela foi tirada ao longo dos dezesseis anos de existência dela.

Eu e Ino nos conhecemos aos oito anos de idade. Eu estava gritando com um garoto no jardim de infância por ele ter destruído as flores que eu queria desenhar e quando ele ficou puto e veio para cima de mim, Ino o socou. É claro que foi uma grande confusão, chamaram nossos pais e tudo mais, mas eu nunca esqueci do quão legal ela pareceu naquele dia.

Eventualmente, como acontece no primário, nós nos tornamos amigas e por consequência, Ino e Gaara também se tornaram amigos. É claro que eu sabia que Ino seria muito popular e eu já estava esperando o momento em que ela me largaria para andar com pessoas mais legais, mas isso nunca aconteceu.

Óbvio que, como uma garota comum melhor amiga das pessoas mais bonitas da escola, eu tive meus momentos de depressão, chorar em frente ao espelho e tratar meus amigos mal apenas por inveja. Mas, ao invés de me abandonarem, como eles deveriam ter feito por causa da maneira como eu estava os tratando, eles vieram conversar comigo e tudo se resolveu com Ino me ensinando como me maquiar como ela, cuidar da pele e do cabelo e Gaara propôs pintarmos o cabelo como símbolo da nossa amizade.

Eu amei a ideia de cara e concordei na hora, mas Ino detestou. “Ah, gente. Meu cabelo é perfeito, vocês não iriam querer tingi-lo se fosse eu.” Ela disse com a cara fechada.

Eu e Gaara nos entreolhamos e demos de ombros. Ela estava certa, o cabelo dela era perfeito demais, não tinha porque tentar mudá-lo, ainda mais fazendo algo que poderia danificá-lo. Eu e Gaara, por outro lado, não tínhamos um histórico de grandes amores por nossos cabelos. Gaara odiava o cabelo ruivo que o rendeu vários apelidos e eu odiava meu cabelo loiro sujo, até o nome da cor é feio.

E foi quando começamos a pintar, demorou um pouco para acharmos o tom que mais gostávamos, mas já fazia algum tempo que eu sempre tingia meu cabelo de rosa pastel e Gaara de vermelho vivo e adivinhem? Obviamente ele ficou ainda mais popular depois de começar a pintar o cabelo.

Mas depois da demonstração de lealdade que eles haviam feito, eu estava completamente rendida a amá-los incondicionalmente pelo resto da minha vida. E é claro, nós somos amigos porque nos damos muito bem, porque temos coisas em comum e realmente nos admiramos. E essa é a razão de estarmos sempre juntos e eles serem a principal razão de eu amar tanto vir para a escola.

No entanto, eu também tinha outra razão para amar vir à escola… 

Sendo a garota que consome romances em todos os formatos possíveis como se fosse uma droga, obviamente essa razão era um garoto. O garoto, na verdade. Sabe? Aquele que faz todos os outros parecerem totalmente sem graça e nada dignos de atenção? Esse mesmo.

A porta da biblioteca abriu e automaticamente eu olhei para quem estava entrando. Dois garotos sussurrando um para o outro. 

Falando no demônio, ou melhor dizendo, no anjo — eu tinha bastante certeza de que ele havia sido enviado do paraíso para alegrar nossas vidas.

Eu sabia racionalmente que Gaara era o garoto mais bonito da escola, era esse o motivo de ele ser tão popular, mesmo sendo um escroto com a maior parte das pessoas. Gaara parecia um ator de cinema. Eu sabia muito bem disso. Às vezes, ele me fazia suspirar por ele, mesmo que eu não tenha nenhum mínimo crush nele. Juro.

Mas quando Sasuke Uchiha entrava em meu campo de visão, não havia qualquer outro garoto no mundo inteiro. Era como se o mundo inteiro parasse e apenas ele tivesse vida e cada um dos movimentos dele fossem realizados em câmera lenta para ressaltar cada mínimo aspecto da beleza dele.

Ele era exatamente o protagonista dos filmes de comédia romântica adolescente. Cabelo incrível, feições masculinas, olhos penetrantes e um físico de tirar o fôlego de qualquer um. E, como deve ser, um sorriso incrível, mas que raramente aparece.

Deus! Eu amo ele. Até a o braço dele esticando segurando a porta para que seu melhor amigo passasse era incrivelmente sexy.

Eu queria dizer que eu tinha um motivo bom para praticamente lamber o chão por onde ele passa, mas a verdade é que eu não tenho nenhum, além da aparência surreal dele.

Eu estudo na mesma turma que ele desde os dez anos de idade e eu me apaixonei por ele desde a primeira vez que meus olhos caíram sobre ele. Isso também pareceu acontecer com Ino e nós brigávamos muito nessa época, felizmente, Gaara sempre soube como contornar nós duas e ele sempre acabava nos obrigando a fazer as pazes.

Acontece que Ino era uma garota normal e conforme foi crescendo ela se deparou com a realidade óbvia de que não faz sentido ser apaixonada por alguém com quem você nunca trocou uma palavra, alguém que você não faz a menor ideia de como é a personalidade, então a paixonite dela, ao contrário da minha, passou e ela começou a me incentivar a me declarar para ele ou ao menos falar com ele.

Claro que estando na mesma sala que ele, nós nos falamos. Trocamos uma quantidade impressionante de “oi”. Mas, para levar Ino à beira da loucura, era basicamente essa nossa comunicação.

E eu não pretendo mudar isso.

Tipo, Sasuke é o cara mais popular — era para ser o Gaara se ele não fosse tão escroto —, ele é capitão do time de hóquei da escola, tem boas notas, mora em uma casa incrível e até os pais dele são incrivelmente bonitos. Não tem qualquer chance de eu criar coragem o suficiente para falar com esse cara que está sempre cercado de pessoas querendo a atenção dele. Quer dizer, quem sou perto de garotas bonitas que praticamente se jogam nele?

E era por isso que eu me limitava a observá-lo de longe, como a maioria fazia, provavelmente.

E eu observei ele entrar na biblioteca sussurrando algo para Naruto, seu melhor amigo — que também era injustamente bonito, acho que esse tipo se atrai, sorte minha que conheci o Gaara antes dele ficar bonito —, que parecia completamente irritado com algo. Mesmo de longe eu consegui ver claramente quando Naruto revirou os olhos dramaticamente jogando a cabeça para trás, ele parecia estar sendo contra o que Sasuke estava dizendo, mas o moreno persistiu e Naruto seguiu com ele, mesmo que com a cara completamente fechada.

Conforme eles seguiam para se sentarem em alguma mesa distante, o olhar de Sasuke encontrou com o meu e eu senti todas as coisas que eu havia consumido naquele dia criarem vida dentro de mim, literalmente todo o meu corpo havia gelado. Viu porque eu não posso ousar falar com ele? Olha como eu fico só por receber um olhar dele.

Mas Sasuke, completamente alheio ao fato de que meu único neurônio simplesmente parava de funcionar quando ele olhava para mim, foi mais longe. Ele sorriu para mim. SASUKE UCHIHA SORRIU PARA MIM! Se eu morresse agora, eu morreria feliz. Sério!

O que fazer quando o cara mais lindo, perfeito, maravilhoso e incrível sorri para você? Obviamente você sorri de volta. É claro que você sorri de volta. Mas lembra da conversa do neurônio que não funciona?

Pois é, ao invés disso, eu apenas virei o rosto, baixei a cabeça e fingi escrever no meu diário. Por quê? Por que eu não posso funcionar como uma pessoa normal que sorri de volta quando o amor da vida dela sorri para ela?

Sakura Haruno, minha gente!

— Ouch! — Falei passando a mão na cabeça onde Gaara havia acertado sua prancheta. — Por quê?

— Porque suas insanidades estão causando dano material novamente. — Ele disse me fuzilando com o olhar.

Só então eu percebi que na minha tarefa de escrever freneticamente, eu havia esbarrado sem querer na nanquim fazendo com que o pincel encharcado de tinta caísse sujando meu sketchbook novo, — novo porque isso já tinha acontecido mais cedo naquele ano.

A trágica cena dos meus desenhos estragados e folhas arruinadas me fizeram gritar e levantar de uma vez.

— O QUÊ? O QUÊ? — Ino perguntou também se levantando completamente confusa e assustada.

— Meu sketchbook! — Falei em pânico usando meu casaco para secar a tinta.

— Haruno, Yamanaka, Sabaku! Fora, agora! — Disse a bibliotecária Shizune.

Gaara revirou os olhos com raiva.

— Eu sinto muito, por favor—

— Dois dias, Haruno! E se reclamar mais, são três!

Perceptível que não é a primeira vez que eu sou expulsa da biblioteca, não é? E provavelmente não será a última.

Arrumamos nossas coisas a contragosto e deixamos a mesa, enquanto eu tentava desesperadamente minimizar o dano ao meu sketchbook. Senti o olhar assassino de Gaara em mim e olhei para ele com o meu melhor sorriso de criança travessa, porém fofa.

— Você está tão bonito hoje, Gaa.

Gaara tinha a mania de movimentar apenas a parte superior do corpo na direção de suas vítimas para dar ainda mais poder ao seu olhar assustador. Era deveras efetivo e me fez engolir em seco.

— Eu sou bonito, Haruno. — Ele diz com a voz tão baixa que ficava ainda mais rouca. Gaara também tinha a mania de chamar pelo sobrenome quando ele não tinha intimidade com a pessoa ou estava com raiva.

Sorri sem graça e fugi dele abrindo a porta da biblioteca de uma vez, mas algo — provavelmente alguém — estava atrás da porta e levou uma verdadeira pancada.

Nós três encaramos a garota caída no chão com todo o material espalhado pelo chão.

— Você está bem? Desculpa, eu sou meio desastrada. — Falei me abaixando para ajudá-la a catar os materiais.

— Correção, ela é muito desastrada, não meio. — Disse Ino me imitando.

— Tudo bem, eu também sou. — Disse a garota passando a mão na área com que ela havia atingido o chão, a bunda.

Gaara a ajudou a levantar e só de pé, ela olhou para ele.

— Uau! Você é ainda mais bonito de perto.

Gaara sorriu com ironia e abriu a boca para responder, mas eu fui mais rápida e me coloquei entre os dois. Seja lá quem ela fosse, ela não merecia sofrer com Gaara depois de eu estressá-lo e de jogá-la no chão.

— Se machucou? Quer ir a enfermaria? Posso te acompanhar.

—  Ah, não. Estou bem. Já estou acostumada a cair. — Ela sorriu sem graça. — Como eu disse, eu sou um desastre.

Ela tinha um longo cabelo escuro com uma franja tão grande que quase cobria os olhos e parecia estar sempre tentando evitar nossos olhares. Essa é da minha tribo.

Eu já a tinha visto antes pela escola, mas como não éramos da mesma turma, eu não tinha a menor ideia do nome dela.

— Eu sou Sakura Haruno. — Me apresentei sorrindo.

Eu tinha um fraco por pessoas introvertidas ou socialmente estranhas, afinal provavelmente a única razão de não ser pior do que eu sou atualmente era a amizade prematura que formei com Ino e Gaara.

— Eu sei. Eu sei quem são vocês três. — Por causa de Ino e Gaara, com certeza. — Oh, eu sou Hinata. — Ela disse estendendo a mão para mim.

— Só Hinata? — Gaara perguntou.

— Hyuuga. Hinata Hyuuga. — Disse Hinata com o rosto completamente vermelho.

— Eu gosto de saber o sobrenome das pessoas. — Aham… para ameaçá-las.

Gaara estava com o delicado e carismático sorriso que eu não conhecia mais ninguém que o conseguia fazer porque eu o conhecia bem o suficiente para saber que não era um sorriso nem de perto tão sincero quanto parecia.

— Estava indo para a biblioteca? — Ino perguntou já indo abrir a porta para ela.

— NÃO! — Ela gritou assustando nós três e fazendo Ino soltar a porta no susto. — Desculpa, — Hinata colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha sorrindo sem graça — não. Eu-eu só gosto de ficar por aqui.

— Em frente a porta da biblioteca? — Perguntei confusa.

— Sim.

Gaara sorriu.

— Ela mente tão bem quanto você. — Ele disse para mim apontando para Hinata que, impressionantemente, conseguiu ficar ainda mais vermelha.

Fechei a cara para ele. Era sempre uma piada para eles minha incapacidade de mentir.

— Espera, eu conheço bem esse tipo de reação. — Ino falou animada dando um pulinho e envolvendo Hinata com um braço. — É um garoto, não é?

— Não, não. — Pobre Hinata tentou negar. Mal sabia ela que agora não tinha mais escapatória.

— Não seja tímida. Você pode nos contar, nós não falamos para ninguém, juro. — Oh, não, sinto muito, Hinatinha. Ino havia ativado sua arma secreta: sorriso sedutor número dois.

Ah, é, vocês não sabem, mas pode deixar que eu explico. Sejam bem-vindos à minha aula “os sorrisos de Ino Yamanaka 101”.

Ino era uma garota absurdamente bonita que era inteligente, esperta e estava plenamente consciente de sua beleza, portanto não era exatamente surpresa que ela tivesse desenvolvido artimanhas para facilitar sua vida.

Uma dessas artimanhas eram seus sorrisos. Mais especificamente, seus sorrisos sedutores:

Sorriso Sedutor nº1: criança fofa e inocente; desenvolvido durante a infância para convencer os adultos. Alvos principais: seus pais; adultos em geral; também era deveras eficiente com seu irmão mais velho. Sorriso Sedutor nº2: jovem carismática e divertida; desenvolvido na pré adolescência para convencer pessoas de idade similar. Alvos principais: Gaara Sabaku e Sakura Haruno. Sorriso Sedutor nº3: estudante dedicada e persistente; desenvolvido na pré adolescência para convencer os professores. Alvos principais: professores, diretores e treinadores; costumava ser eficaz com qualquer autoridade. Sorriso sedutor nº4: loira sexy e gostosa; desenvolvido dois anos atrás para conquistar vítimas. Alvos principais: garotos, mas era eficaz em qualquer homem heterossexual.

Contra Hinata ela estava usando o nº2, carismática e divertida que fazia você querer agradá-la para se tornar amiga dela. Extremamente eficaz com introvertidos, que quase sempre tinham a necessidade de agradar a todos. Vamos ver como Hinata se sai contra ela.

— Não, eu-eu — desviou o olhar, muito bem Hinata, — não posso.

Gaara olhou para mim com um sorriso de canto. Ela tinha confirmado que era por causa de um garoto. Sem chances de Ino deixá-la escapar.

— Você não confia em nós ainda. — Ino falou se afastando um pouco e Hinata a encarou perdida. — Tudo bem, — disse a loira dando de ombros — é natural que você não confie em quem você acabou de conhecer. Mas e se nós… — Ino sorriu maliciosamente para mim — trocarmos segredos.

— O quê? — Eu perguntei sabendo o caminho que aquilo estava tomando.

Hinata trocou olhares confusos entre mim e Ino.

Ino não se deu ao trabalho de me dar atenção.

— Você nos conta quem é o garoto que te faz ficar assim e nós falámos quem é o garoto que faz o mesmo com nossa queridíssima, — Ino disse colocando as mãos nos meus ombros — Saky.

— Eu acho uma excelente ideia! — Gaara falou sorrindo. — Se vocês compartilharem informações, vocês podem ser stalkers assustadoras juntas.

Talvez eu o tivesse socado se eu não fosse responsável por ele ter sido expulso da biblioteca, que era o lugar favorito dele na escola porque ninguém poderia encher o saco dele lá.

— O que acha, Hinata? — A morena olhou assustada para nós duas. Isso, Hinatinha, não ceda, seja forte! — Nós vamos primeiro, só prometa nos contar depois, ok?

— Ok. — Hinata concordou automaticamente.

Esse era o mal de Ino, ela era realmente boa convencendo e às vezes as pessoas nem percebiam.

— Espera, o quê—

— Sasuke Uchiha.

— SUA—

Eu estava prestes a dizer vadia quando a porta da biblioteca — sim, ainda estávamos à frente dela — abriu revelando quem? Óbvio que acertaram quem falou Sasuke Uchiha.

Querido Deus, por favor, me diga que ele não escutou o que minha EX-melhor amiga acabou de dizer, por favorzinho, por favorzinho.

Claro que com a visão dele, eu deixei para depois a ideia de xingar Ino e apenas o encarei esperando por alguma reação dele, alguma coisa que me dissesse se ele escutou ou não, mas — graças aos deuses superpoderosos — a reação de Sasuke foi olhar confuso para o amontoado de pessoas logo à frente da porta. Os olhos dele passearam rapidamente entre nós quatro.

Cristo! Ele estava perto demais, eu até conseguia ver perfeitamente o rosado nas bochechas dele e claramente isso foi demais para o meu coraçãozinho quando os olhos dele encontraram o meu e minha reação foi a mesma de todas as vezes que eu me sentia acuada.

Desviei o olhar e me aproximei de Gaara.

— Me ajuda! — Eu implorei com um sussurro me agarrando ao braço dele.

Gaara olhou para mim de cima, ele parecia ainda mais alto nesses momentos.

Ele suspirou e olhou para Ino e Hinata, e eu — morrendo de medo de encontrar o olhar de Sasuke novamente — o imitei. Hinata estava ainda mais vermelha. Não me diga que…

— Vamos para casa. — Gaara falou colocando um braço sobre meu ombro protetoramente. E era por isso que ele era meu melhor amigo, o melhor de todos. Ele estava sempre lá quando eu realmente precisava. — Vem, Hinata, você não vai escapar. — Ele disse guiando o caminho.

E eu me senti como uma ave se escondendo debaixo da asa da mãe.

Alguns minutos depois, estávamos os quatro caminhando na direção de casa e Ino nos deu apenas dez minutos para recuperação antes de atacar Hinata novamente.

— Então, Hinata, quem é o seu crush secreto?

Hinata estava quase voltando a sua cor normal, mas a pergunta a coloriu novamente. Levou algum tempo para que ela conseguisse falar em um tom audível.

Por favor, não diga o nome dele. Não diga o nome dele.

— Naruto Uzumaki. — Ah, ele?

Eu estava tão em choque com a aparição repentina de Sasuke e quase flagra que sequer tinha percebido Naruto atrás dele, embora eu lembre de ter visto algo loiro.

— Não poderia ser mais perfeito. — Disse Gaara. — Vocês podem se tornar amigas para stalkear os amigos.

Hinata ficou ainda mais vermelha, mas eu não me dei ao trabalho, já estava acostumada com eles fazendo piada sobre isso.

— Não se preocupe, Hinata. Nós não vamos falar para ninguém, não é?

Gaara deu de ombros, mas a resposta que realmente importava era a de Ino, que revirou os olhos.

— Vocês deveriam estar me pedindo para falar com eles. — Ela disse chateada.

— Não seja ridícula! O que você teria feito se ele tivesse escutado o que você disse?

— Honestamente, eu preferia que ele tivesse escutado. — Ino falou irritada. — Você já está atrás desse garoto há muito tempo, deveria investir de vez ou seguir em frente.

— É Sasuke Uchiha!

— E daí? Ele é só um garoto, Sakura.

— Nós não temos nada em comum!

— Se isso é verdade, por que você gosta tanto dele? — Eu fiquei em silêncio, Ino sabia que me incomodava eu não ter nenhum motivo razoável para gostar dele. Ela pareceu desconfortável. — Isso não é verdade, de qualquer forma. Vocês dois moram na mesma cidade, estudam na mesma escola, estão no mesmo ano, são ótimos alunos…

— Eu não consigo!

— Então me deixa falar com ele por você!

— Chega! — Gaara disse autoritário fazendo nós duas olharmos para ele, mas os olhos dele estavam em Ino. — Sakura decide quando e como ela vai se declarar.

Ino arfou indignada.

— Isso nunca vai acontecer.

— Pode ser. Ainda é escolha dela.

Ino ficou ainda mais chateada e eu sabia que era porque Gaara tinha ficado do meu lado. Ela mesma já tinha me falado que  se incomodava por ele sempre ficar do meu lado.

Depois de uma batalha de olhares, Ino desistiu.

— Quer saber? Eu vou pegar o caminho mais curto hoje.

Ino morava perto de nós, mas era bem mais rápido para ela chegar em casa se ela pegasse um atalho, no entanto quase sempre ela fazia o caminho mais longo apenas para passar mais tempo com a gente.

— E Hinata, não é porque nós brigamos que você vai escapar de nós. A partir de amanhã, você senta com a gente.

Ino fez sua virada orgulhosa em que ela seguia o caminho sem olhar para trás.

— Ela está falando sério? — Hinata perguntou com os olhos bem grandes para mim e Gaara.

— Não se preocupe, — eu disse abanando a mão na direção dela e voltando a caminhar — você pode sentar com seus amigos. Ela não vai te matar por isso.

— Mas… eu posso sentar com vocês?

Encontrei o olhar dela, ela parecia genuinamente feliz com a proposta. Acho que eu tinha entendido errado porque ela parecia chocada com a ideia.

— Se você quiser. — Gaara disse sem hesitar.

Hn. 

Não foi um dia tão ruim.

Sim, eu fui expulsa da biblioteca. De novo. E sujei meu sketchbook de nanquim. De novo. E briguei com Ino. De novo. Mas eu tinha certeza de que faríamos as pazes amanhã. E Sasuke sorriu para mim duas vezes. E eu ainda fiz uma nova amizade, então eu tinha certeza que provavelmente tinha mais ganhos que perdas.

Viram? É por isso que eu amo o colegial.


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Notas finais do capítulo

Será que se eu divulgasse minhas fics mais gente curtiria ou eu só não consigo atrair a atenção dos leitores mesmo?


Also, muito chato fazer capa, afe.



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