A missão escrita por camibsva


Capítulo 3
Um traidor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809905/chapter/3

Zacarias Smith exibiu melhoras e quase nenhuma sequela. O garoto recebeu alta apoiado pelos colegas lufanos. Quando saiu do vestiário, seus passos tremelicavam. Olhou em meus olhos e desviou para meus sapatos, como se soubesse que desafiávamos nossos medos a base de uma coragem estúpida e perigosa. Recusar torturar colegas e segregar minorias não era senso comum. O preço da desobediência era a dor, o corte e a cicatriz.  

Fato é que esperávamos a subversão de muitos. Quando imaginaríamos Gina Weasley curvada perante os comensais ou qualquer injustiça? O contrário também é verdadeiro. Quantos covardes metidos em suas carapaças de puro-sangue faziam-se de desentendidos ou satisfeitos com Voldemort? Hogwarts estava dividida, afinal. 

“Angelou?”  

Esse foi o primeiro chamado para o questionamento da validade das minhas afirmações. Eu estava na biblioteca, determinada a finalizar uma redação para aula de Avery. Quando ergui o olhar das páginas amareladas do livro, a silhueta tensa de Pansy Parkinson estava lá, escurecendo minha paz. Tinha avançado, mãos na mesa, e atirou um olhar duro, lacrimejante. 

“Por favor. Eu não sei o que fizeram com ele.” 

Fechei o livro num pulo e segui a Sonserina em silêncio. Tinha surpreendido a humildade, o fato da morena de olhos verdes me chamar pelo nome e, acima de tudo, ter sabido como me encontrar. Além disso, havia outro pensamento retinindo feito sino na minha cabeça. Quem era ele? 

“Eu não sei que aconteceu” — Pansy Parkinson rompeu o silêncio. — “Ele foi escalado. Só que ele sempre obedeceu!”. 

Blásio Zabini estava em uma das salas abandonadas do quarto andar, conhecidas como câmaras de escalação. Sentado em uma das carteiras, tinha a cabeça baixa e as mãos estendidas sobre a mesa. Tremia, não sei se de choro ou choque. Incerta, aproximei-me a passos largos. Saquei minha varinha. 

O negro foi erguendo a cabeça devagar. Seus olhos acenderam assim que seus ouvidos identificaram a voz de Parkinson, perguntando se estava bem. Ele respirou fundo, o rosto contorcendo-se num sorriso cansado. 

Arregacei as mangas do bruxo, examinei os punhos. Parkinson abraçou o amigo, que mais parecia uma estátua tombada para o lado. “Isso é loucura” — conjurei uma bandagem nos punhos dele, puxei com a varinha, apertei para estancar o sangramento. — “Vamos ter de ir para Pomfrey. Agora”. 

Devagar, manejamos pressionar as bandagens e carregar o garoto para enfermaria. Assim que rompemos a porta, Parkinson e eu segurando-o pelos ombros, Pomfrey agilizou o atendimento.  

“Vocês duas sentem ali e esperem” — a anciã disse, prestes a iniciar o atendimento. Zabini estava deitado na maca, numa semiconsciência assustadora. — “Ele vai ficar bem, assim que parar de sangrar. Aliás, pelo visto...” ela foi dizendo enquanto abria a bandagem para ver o corte, “isso aqui é a medida certa para não matar o garoto. Dolohov deve ter escalado Zabini”. 

“Pomfrey, você precisa de ajuda?” 

“Você não está em horário, Helena. Vá se lavar, está com as mãos e a roupa sujas de sangue”.  

Por alguns instantes, eu e Parkinson nos tornamos conscientes de nossa situação atarantada. Quando conversamos fora da enfermaria, a portas fechadas, fiquei balançando as mãos, sem ter onde colocá-las.  

“Eu fiquei com medo. Assim que ele foi escalado de manhã, fiquei aterrorizada. Dolohov é horrível”. — Ela desabafou, de repente tranquila.  

“O que houve para ser punido? Vocês não costumam... Bom, seu grupo não costuma ser escalado.”  

“É, só que hoje, não sei, Blásio ficou confuso. Se recusou.” — Ela pausou, como se as palavras que diria na sequência finalmente pesassem o suficiente em sua mente, — “Ele se recusou a usar difindo nas cobaias. É isso”.  

Meu pensamento bateu asas para Linda, Dex, Joan. Estavam bem? 

“Eu não posso culpá-lo por isso. São poucos que entendem que aquelas cobaias são seres humanos”. — Hogwarts estava dividida, e aquela garota que pediu minha ajuda, era a mesma que torturava e enfeitiçava cobaias nas aulas, sem sentir remorso. Aquela em minha frente era Pansy Parkinson. Cria de comensais. — “Também fiquei impressionada. Quem sabe ele não entendeu, finalmente?”. 

“O que?” — ela piscou, incrédula. — “Você viu todo aquele sangue? Como você pode pedir que a gente enfrente isso?” 

A pergunta desfaleceu em pleno ar. Era difícil compreender o inimigo. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A missão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.