Era Uma Vez... Uma Ilusão escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 21
20. Sou uma mulher muito delicada, bem como frágil e doente... Tenho necessidades que devem ser saciadas. Sabe do que estou falando?




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Abril|1803 Buckingham House, Londres

Num ritmo lento, porém constante, a carruagem dos Tudor-Habsburg cruzava a estrada da Constitution Hill em direção a Buckingham House, cujas janelas e chaminés já começavam a aparecer entre as árvores do Queen's Garden. Uma imagem muito bela... mas Robert preferiu fechar as cortinas, a luz estava incomodando ele.

— Eu agradeço muito por você ter aceitado nos acompanhar, Robert. — Sentada à frente dele, com Adam no colo, Cathrine falou aliviada. O príncipe bocejou cansado e sorriu. — Sei como você gosta das atividades do seu clube, mas eu ainda não consigo ficar completamente sozinha com aquela gente.

— É bom variar as vezes, além do mais... — Pausando e levando uma mão à boca, ele bocejou novamente. A noite anterior foi muito desgastante. — não havia nada de interessante para fazer no clube. Só não chame eles de "aquela gente", afinal todos nós viemos do mesmo Brunswick.

Ou melhor, dos mesmos Brunswick. Entretanto, não houve resposta da parte de Cathrine, que apenas voltou a atenção ao estranhamente quieto filho. Foi o suficiente para o príncipe apoiar a cabeça na janela e fechar os olhos. Estava muito cedo, pelo menos para ele que acordava muito mais tarde que os outros, Robert queria apenas descansar.

Não que ele tenha "se divertido" na noite anterior, pois Petersham roubou a "diversão" dele, mas Robert foi obrigado a esperar o visconde até tarde da madrugada e depois ainda teve que levá-lo para casa. O príncipe fez uma careta e cobriu o rosto, não havia nada pior que escutar as idiotices de um bêbado.

— Só uma coisa, Robert, não flerte com as princesas, por favor. — Ouvindo o aviso da cunhada, o duque imediatamente abriu os olhos e a encarou, usando de uma expressão dramaticamente ofendida. Cathrine, porém, estava séria. — Não quero você me fazendo passar algum ridículo.

— Flertar com as princesas? Assim você me ofende, eu nunca flerto. — Robert cruzou os braços e virou o rosto, usando da maior incredulidade. Mas, novamente, a marquesa permaneceu séria, fazendo ele suspirar. — Tudo bem, eu vou tentar não flertar com as princesas, mesmo que as últimas três sejam lindas.

— Já é um começo. — Suspirando e negando com a piada que foi a última parte, Cathrine respondeu cansada. Robert sorriu em agradecimento e o silêncio retornou. Mas não por muito tempo. — Só não entendo porquê você persegue tanto elas, são mulheres muito além da sua posição e...

Deixando de realmente escutar o que ela dizia, Robert encarou fixamente a marquesa e foi gradualmente franzindo o cenho em verdadeira irritação. Cathrine disse que ele... perseguia as princesas? A marquesa percebeu essa irritação, tanto que parou, arqueando uma sobrancelha.

— Agora você me ofendeu de verdade, Cathrine. Persegui-las!? — Isso Robert não poderia fazer de brincadeira, a consciência dele não deixava. A marquesa franziu o cenho, muito confusa. Mas ele negou e virou o rosto. — Eu conheço cavalheiros... homens, na verdade, que perseguem damas. No meu caso, estou apenas me divertindo, não perseguindo!

Nunca passava de uma piada, às vezes ele saia ofendido, realmente, e às vezes também ofendia, era impossível evitar, mas... perseguição!? Robert não era canalha a esse ponto. Para ele não deveria haver nem mentiras, nem enganações, nem traições e muito menos intimidações, e isso referindo-se a tudo na vida.

O duque de Kendal olhou pela janela, vendo o exato momento que a carruagem deles passou pelos portões de Buckingham House e foi conduzida até o pequeno pórtico da casa. Apenas o silêncio sobrou entre os três. Em seu lugar, Cathrine sorriu para o pequeno Adam e entregou um cavalinho de madeira para ele brincar.

— Não era meu objetivo ofendê-lo, Robert, eu usei mal as minhas palavras. — Um pedido de desculpas. O príncipe virou-se à cunhada, que sorria de lado, e correspondeu o sorriso. Acabou, porém não completamente. — Mas ainda acho muito estranha essa sua insistência. Amélia claramente não gosta de você, e... você continua tentando.

— Sejamos sinceros, Cathrine, a princesa Amélia não gosta de ninguém. Ela se faz de tão inalcançável que sequer dança nos bailes. — Não com meros mortais, como ele. Robert riu desdenhoso e negou. — As únicas pessoas que Amélia mostra alguma consideração são os "iguais" dela, ou seja, a realeza coroada.

— Não vou discordar, embora eu também não possa confirmar. — A marquesa respondeu cautelosa, bem como pensativa. Mas claro, Robert riu irônico, eles eram realezas coroadas. Cathrine, porém, subitamente trocou a cautela por um sorriso malicioso. — Mas você não respondeu minha pergunta: por que dessa insistência?

— Eu não fui claro o suficiente? Mas que coisa! — Mais malicioso ainda, Robert exclamou e fingiu pensar. O sorriso dele alargou bastante com uma ideia, fazendo o que Cathrine diminuir. — Talvez Amélia seja o meu "amor verdadeiro".

Essas simples palavras foram o suficiente para matar e sepultar a malícia de Cathrine, que transformou-se numa terrível carranca. Robert imediatamente começou a rir, e fez isso tão altamente que até Adam fez o mesmo, a doce inocência. Tudo isso apenas aumentou o descontentamento da marquesa.

— Por que você não cresce e vira homem, Robert!? — Agora ela iria atacar a masculinidade dele? O jovem Kendal negou, embora ainda rindo. Cathrine ficou vermelha, mas acalmou a voz. — Você tem a altura, os pensamentos e o corpo de um homem, mas sua mentalidade parece a de um garotinho mimado!

— Você parece até Richard falando, foi ele quem mandou!? — Não foi o suficiente para fazê-lo dar o braço a torcer. De qualquer forma, Robert ficou sério. — Homens são criaturas estranhas, Cathrine. E só porque você é casada com um, não significa que você conhece como eles funcionam, da mesma forma que não entendemos claramente como vocês funcionam.

Cathrine franziu o cenho em confusão, mas calou-se. Robert sorriu satisfeito e olhou pela janela, a carruagem havia parado e um lacaio estava vindo abri-la. Como seria agradável essa tarde em Buckingham House! Ele sorriu largamente para a cunhada e depois para o pequeno sobrinho, que retribuiu.

Logo o lacaio ajudou a marquesa com o conde de Rivers a descer da carruagem, e depois o próprio duque de Kendal desceu, no pátio eles perceberam que Lady Pembroke já esperava por eles.

— Seja bonzinho ao brincar e, caso se sinta cansado, chame Lady Pembroke. — Adam assentiu e estendeu os braços à baronesa, que o pegou e levou. Robert, com as mãos nos bolsos, olhou tudo em silêncio. Até que Cathrine virou-se ao cunhado. — A princesa Charlotte está aqui, por isso Sophia mandou trazê-lo.

— Para assim você e sua amiga Sophia tomarem chá com biscoitos em paz. — Rindo divertido, ele zombou. Cathrine apenas suspirou e entrou na casa, com Robert fazendo o mesmo em seguida. — Qual o motivo dessa visita mesmo?

— Sophia deseja minha ajuda com uma das ações filantrópicas dela, algo envolvendo soldados e viúvas da guerra, ou seriam irlandeses e mendigos? — Mesmo com as dúvidas da marquesa, Robert assentiu. Não era nada surpreendente Sophia fazer algo assim, alguns chamavam ela até de anjo. — Logo saberei, de qualquer forma. E lembre-se do que eu disse.

Havia como esquecer? Robert sorriu e, novamente com as mãos nos bolsos, seguiu Cathrine até a escadaria do grande hall, onde eles foram deixados sozinhos pelo mordomo da rainha. Os soberanos não estavam na propriedade, mas sim em St. James, angariando apoio para a iminente guerra com a França.

— Cathrine!? O que você está fazendo aqui!? — Uma voz surpresa ecoou do alto da escadaria, fazendo o duque e a marquesa olharem e encontrarem Amélia descendo cuidadosamente com um olhar curioso. — Não era para você estar em St. James?

— Minha presença lá era dispensável. — Afinal, Cathrine não daria um piu. Robert abaixou o rosto, tentando não rir. A marquesa não percebeu, tanto que acrescentou: — Sophia me convidou para ajudá-la em um projeto.

— Ela não me disse nada, mas que cobra traiçoeira! — Mesmo? Qual seria o motivo, hein? Robert fitou sorrindo a cunhada, que mordeu os lábios e retornou a princesa, agora no meio da escadaria. — Suba aqui, de qualquer forma, quero lhe mostrar algo do seu interesse.

O tom da princesa Amélia foi autoritário, como alguém que nunca foi desafiado. A marquesa, porém, permaneceu onde estava, ela olhou para Robert, depois para os lados e, enfim, a princesa.

— Não posso, Robert está comigo. — Essa "nova" informação dada pela marquesa causou uma surpresa exclamação da parte de Amélia.

— Mesmo? Ah, aí está! — Amélia semicerrou os olhos e "encontrou" o alto e chamativo Robert ao lado de Cathrine. A princesa ainda teve a ousadia de comentar em ironia. — Eu nem havia percebido você aí, Kendal.

— Sua consideração por mim toca o meu coração, Amélia. — Embora não de um modo bom. A caçula do rei apenas deu os ombros.

— Deixe-o com Sophia, o máximo que ela fará será seduzir Kendal, como ela faz com todos os homens. — Havia uma certa mágoa nessas palavras de Amélia, afinal todos sabiam que Sophia era amada por todos os irmãos. De qualquer forma, a princesa novamente... — Venha logo, Cathrine.

A marquesa não teve outra alternativa senão seguir Amélia, mas não sem antes dar ao cunhado um firme olhar. Tudo bem, Robert sorriu e mostrou o polegar à cunhada, sinal que ela estranhou bastante. As duas deixaram o príncipe para trás. O jovem Kendal suspirou e olhou para a porta que o mordomo indicava.

Robert tentaria não destruir a integridade da princesa Sophia. Entrando na sala, o duque foi imediatamente recebido pela princesa em questão, que apesar de confusa, levantou-se e fez uma leve mesura, correspondida por ele. Sophia abriu a boca, mas Robert foi mais rápido.

— Só digo que sua irmã chegou primeiro. — Foi o suficiente para fazer Sophia voltar a sentar, bem como apontar para ele fazer o mesmo. Robert sorriu agradecido. — Tenho alguma serventia para Sua Alteza Real?

— Se eu fosse plantar árvores ou colher frutas, talvez, mas não acho que um homem tenha a sensibilidade necessária para ajudar-me. — Mas Robert tinha uma voz na Câmara dos Lords. Sophia deu os ombros e pegou a bandeja com chá. — Minha primeira opção foi Mary, mas como sei que ela logo será dada como sacrifício ao Minotauro...

— Ceto. — Robert imediatamente cortou Sophia, sempre sorrindo, claro, o que chamou a curiosa atenção da princesa. — Mary será dada como sacrifício ao Ceto, tal como Andrômeda.

Dito isso, Robert encarou fixamente a princesa Sophia, que inclinou a cabeça e... colocou delicadamente um pouco de chá numa xícara.

— Não quero ser rude, mas então quem será o Perseu dela? — Não houve resposta da parte do príncipe, o que também não ocasionou num sorriso em Sophia, apenas uma negação. — Então eu escolhi Cathrine, uma mulher de alta posição e princesa consorte. Deseja leite?

— Realmente, como o simples duque de Kendal poderia ajudá-la? — Suspirando altamente, beirando ao drama, Robert respondeu. Afinal, ele era tão insignificante, o simples irmão mais novo do insignificante príncipe de Niedersieg. Sophia não esboçou reação alguma, então ele simplesmente disse: — Gosto com muito leite.

Não houve comentário, a princesa simplesmente sorriu e colocou o leite. Robert continuou encarando a princesa, embora agora com uma certa curiosidade, ele nunca esteve sozinho com ela uma delas. Isso era até... excitante... negando consigo mesmo, Robert cruzou as pernas e aceitou o chá.

*****

Palácio de St. James, Londres

Os Levées dados pelo rei estavam cada vez mais raros e, por mais incrível que fosse, cansativos, e cansativos num nível tão grande que chegava a dar sono. Próximo ao trono, porém estrategicamente afastado dos duques reais, Richard observou cada um dos embaixadores e enviados se aproximarem do rei, fazerem uma mesura e então beijar a mão do soberano.

Palavra alguma era dita, sorriso sequer era dado, os diplomatas apenas vinham e o rei estendia a mão. O único som presente na sala do trono era a voz do arauto anunciando cada um. Depois havia os ministros e militares de alto escalão, tudo seguindo o mesmo cerimonial... até que acabou.

— Será que na outra sala, com a rainha e as damas, as coisas são diferentes? — Com o cerimonial sendo levemente relaxado, Richard indagou-se observando os cavalheiros começarem a conversar entre si. Havia apenas homens na sala do trono. O marquês, porém, suspirou e negou. — Dificilmente.

— Falando sozinho, Bristol? — O marquês imediatamente voltou-se ao dono dessa voz, o príncipe von Herrlich, cujo sorriso seco fez ele dar os ombros. — Eu pensava que o único louco aqui era o rei, mas parece que temos outro.

— Quanta ousadia da sua parte dizer isso, von Herrlich, principalmente tão perto do rei. — Não deixando passar, Richard respondeu censurador ao sorridente diplomata. Apesar de que o rei já estivesse do outro lado da sala. — Eu sempre vi diplomatas como homens inteligentes e cautelosos com as palavras, será que meu julgamento estava errado?

— Dificilmente, Sua Alteza Sereníssima, pois é impossível para um soberano errar. — Essa resposta dele... muito inteligente! Richard assentiu impressionado e o sorriso de von Herrlich morreu. — É verdade que um diplomata deve ser cauteloso, mas a principal missão dele deve ser promover os interesses comuns do seu monarca, usando dos mais variados artifícios da conversa.

Esse pensamento era universal ou apenas pessoal, porque Linzmain não parecia concordar. Richard negou e olhou um momento para os outros cavalheiros conversando, mais especificamente o rei, junto do duque de York, conversando com Addington, Lord St. Vincent e Lord Pelham. Parecia até que alguma coisa...

— E qual seria o interesse comum da Áustria neste momento? — Deixando o rei de lado, o marquês perguntou e voltou-se questionador a von Herrlich, que inclinou a cabeça. — Manter essa situação ridícula que chamam de paz, ou tomar uma ação?

— O príncipe Ludwig von Starhemberg, agindo em nome do imperador, deseja uma maior cooperação entre o Reino Unido e a Áustria. — Von Herrlich respondeu, mas Richard apenas sorriu irônico. Parecia uma resposta pronta. O príncipe austríaco percebeu isso. — Bonaparte deixou o continente numa situação inaceitável, então as poderosas nações devem se juntar e resolver.

— Mas o imperador tomará o lado britânico no caso de uma nova guerra? — O marquês imediatamente questionou, fazendo o diplomata recuar um momento, porém muito breve.

— A Áustria não apoiará a França, creio que seja o suficiente, por enquanto. Ainda estamos nos reerguendo após as últimas guerras. — Claro, os exércitos inimigos sempre marcharam pelo continente, nunca pelas Ilhas Britânicas. Mas von Herrlich ainda acrescentou: — O que me leva ao objetivo dessa conversa: a violação francesa da ordem no Santo Império.

Oh Deus, a reorganização do Santo Império, mas tudo já não estava praticamente feito!? Richard suspirou e afastou-se do príncipe von Herrlich. Alguns sequer esperaram as deliberações dos três colégios da Assembleia Imperial para começarem a se chamar de "eleitores". Não havia o que falar sobre esse assunto. Porém o diplomata veio atrás.

— Não tenho opinião formada sobre isso. — Percebendo que von Herrlich nunca daria o braço a torcer, Richard respondeu, embora ainda andando. — Não ganhei nada, não perdi nada, não sou católico e muito menos ligado a abadias ou cidades livres. A secularização e mediatização não me importa.

E ele colocou bastante ênfase nessa última parte. O status de Niedersieg nunca foi colocado em xeque, sendo assim, o fim do governo dos bispos e cavaleiros imperiais pouco importava. Richard parou a fim de tentar encontrar algo para beber, mas não encontrou nada. Von Herrlich também parou.

— Mas sua tia, a viúva do arquiduque Maximilian Franz, perdeu todas as propriedades que possuía na Colônia. — Estranhamente, essas palavras de von Herrlich pareceram mais uma acusação que apontamento. Richard encarou ofendido o diplomata, que não recuou. — Sua irmã tornou-se princesa eleitoral em Württemberg, uma aliada do inimigo! Isso envolve sim você.

— Não, isso é problema deles, não meu. — Sendo novamente o mais enfático possível, o marquês respondeu afastando-se. Ele parecia até uma criança, mas como evitar? — Além do mais, o que eu, com meus insignificantes menos de 30 mil habitantes, num território de 242km², poderia fazer? Nada...

Antes, porém, que o marquês pudesse falar qualquer outra coisa à mais, ou que von Herrlich pudesse responder, o rei e o duque de York vieram na direção deles. Foi o bastante para o diplomata austríaco fazer uma mesura e ir embora, deixando Richard sozinho para o que viria.

— Graças a Deus, von Herrlich saiu de perto, o que desejamos é apenas com você, Bristol. — Arrumando a postura ao escutar o rei, Richard voltou-se ao soberano com o segundo filho.

— Mesmo? Espero então que não seja nenhuma notícia desagradável. — O que era basicamente impossível, a julgar pelas expressões frias do rei e do duque. O marquês, porém, franzindo o cenho, perguntou: — A propósito, onde está o príncipe de Gales?

— Só Deus sabe onde, embora dele eu nunca espere muita coisa. — Com todo o desgosto que sentia, o rei respondeu negando, isso antes de suspirar. — Melhor assim, de qualquer forma. Muito ajuda quem não atrapalha, não é mesmo, Bristol?

— Vamos logo ao ponto, papai, por favor. — Interrompendo o marquês, que já havia aberto a boca, o príncipe Frederick falou, imediatamente trazendo a atenção do rei. — Logo o senhor e mamãe retornarão a Buckingham e tenho questões a tratar.

Como o quê, exatamente? Preparar o exército para a guerra? Proteger a Inglaterra da ameaça de... Richard mordeu os lábios a fim de evitar uma risada, mesmo desejando muito, o pior agora seria zombar da realeza. Mas esse toque do duque de York foi o suficiente para fazer o rei retornar a seriedade, bem como encarar Richard.

— Imagino que você conheça o motivo desse Levée, Bristol, bem como saiba que estamos prestes a entrar novamente em guerra com a França. — Por isso mesmo o Levée, eles estariam lutando sozinhos nessa guerra. O rei respirou fundo e continuou: — Mas existe uma informação, bastante conhecida como boato, mas que é certa. Napoleão Bonaparte planeja invadir as Ilhas Britânicas.

O marquês, arregalando os olhos, perdeu as ações ao escutar essas palavras. Bonaparte planeja... invadir!? Mas... Richard recuou para trás e negou, isso era impossível!? Ele já escutou essa mesma história anos atrás e... não havia como invadir a Inglaterra. O duque de York, percebendo essa reação, respondeu impassível:

— Não estamos falando de uma suposição, Bristol, mas sim de algo certo. Os franceses irão invadir, e de todas as formas possíveis.

Richard negou e negou novamente, muito incrédulo e... terrivelmente assustado. Imediatamente lembrando dos desprazeres que foram essas mesmas ameaças quando criança, porém... Richard parou de negar e apenas encarou o rei e York, dessa vez parecia verdade...

*****

Buckingham House, Londres

Apenas o silêncio dominava a sala de visitas, fazendo com que cada gole de chá dado pelo duque de Kendal fosse com muita cautela e sempre olhando para os lados, nunca para ela. Sophia, levando sua xícara a boca, encarou com muita atenção o príncipe... ou melhor, analisou com extrema atenção.

Era impossível negar que Robert fosse um homem... jovem, na verdade, extremamente bonito, mas... não como os outros homens Tudor-Habsburg. Ele não era loiro alaranjado com olhos azuis gélidos, a beleza natural dessa família, mas sim loiro escuro com olhos azuis como o oceano. Porém, Sophia inclinou a cabeça e mordeu os lábios, o mais chamativo nele era o rosto.

O sorriso de Robert, sempre alegre e zombeteiro, somado ao cabelo longo dele, chegando até os ombros, e o curioso brinco numa orelha... era fascinante! Parecia até... cortando toda a linha de pensamento da princesa, Robert voltou-se na direção dela, fazendo os olhos deles se encontrarem. Sophia foi pega no flagra, porém quem corou foi Robert.

— Eu... ehh... me desculpe se... — Além do corar, Kendal perdeu todas as estruturas, tanto que abaixou a cabeça e começou a gaguejar.

— Diga-me, Robert, você gosta de piratas e corsários? — Decidindo tomar as rédeas da conversa, principalmente para assim evitar um rumo infeliz, Sophia perguntou. Robert franziu cenho, não entendendo imediatamente, então ela sorriu. — Pergunto por conta do seu cabelo longo e esse brinco, extremamente ridículo, por sinal.

— Eu gosto dele... e do cabelo também. — Quase sem entender, Robert falou levando uma mão a orelha e depois cabelo. Essa confusão, porém, logo foi substituída por um malicioso sorriso. — Mas eu sou um corsário, Sophia, sou um corsário de corações, então devo parecer um.

Corsário de... corações? Sophia não aguentou e começou a rir com tamanha tolice. Oh Deus, corsário de corações... mais essa era nova. Ainda rindo, ela negou e percebeu Robert também sorrindo, e de forma muito zombeteira, por sinal. Até mesmo ele achava isso uma tolice.

— Quem sou eu para questionar, não é? Mas quem lhe deu permissão? — Tomando uma posse comportada, Sophia perguntou, fazendo Robert arquear uma sobrancelha. — Até onde eu sei, só é corsário quem tem a permissão do rei, caso contrário é apenas um pirata, um criminoso. Quem lhe deu permissão? Papai eu sei que não foi.

— Você está certa, extremamente certa. Mas sinto dizer que minha permissão não vem do rei, nem de qualquer outro monarca. — Agora foi Sophia quem arqueou uma sobrancelha. Pois então quem foi? Robert fez uma pausa dramática antes de continuar: — A sociedade que me deu essa permissão.

— A sociedade? — Mas que... a princesa franziu o cenho, decepcionante! Embora fosse essa a realidade. Sophia desviou o olhar dele e negou. — Acho que conheço essa sociedade, uma que diz exatamente como cada homem deve agir.

— Exatamente, Sophia, novamente você está certa. É degradante, mas a sociedade espera que sejamos sempre fortes, viris e conquistadores. — O tom dele ao falar isso era tão penoso que ela negou. — Posso dizer com muita propriedade como é difícil ser homem, não consigo nem imaginar então como é mais difícil ainda ser mulher.

Pureza, castidade e sensibilidade eram características muito belas, mas que às vezes viravam um fardo de tão pesadas. Foi impossível para Sophia não ser tomada pela melancolia ao pensar nisso, ao pensar em como ela estaria eternamente deficiente dessas primeiras... fechando dolorosamente os olhos, Sophia negou.

— Existem mulheres mais felizes que outras, bem como homens mais felizes que outros, mas nós sofremos mais. — A sociedade não perdoava nada, sequer erros pequenos. Percebendo o atento, bem como curioso, olhar de Robert nela, Sophia voltou a sorrir. — Se você é, como diz, um corsário de corações, qual o seu maior tesouro?

Numa provocativa ação, Sophia até mesmo aproximou-se mais que o devido do príncipe, embora houvesse uma mesa separando eles. Porém, fazendo os olhos da princesa arregalarem um momento, Robert aproximou-se lentamente dela e, sorrindo malicioso... pegou um biscoito e afastou-se.

— Ainda não sei ao certo. — Dito isso, ele sorriu divertido e mordeu o biscoito. Isso... Sophia virou o rosto e tentou acalmar a própria respiração, ela deveria dar um tapa nele!

— Curioso isso, pois sempre imaginei que tal tesouro fosse o coração de Amélia. — Soando estranhamente levemente irritada, a princesa apontou. A única reação de Robert foi rir, o que irritou tanto Sophia que... — Ah, então é isso? Pois saiba que ele já foi roubado.

Imediatamente percebendo o que disse, bem como arregalando os olhos, Sophia tampou a boca com as mãos. Mas ainda assim foi o suficiente para fazer Robert se engasgar com o biscoito e fitá-la perplexo.

— Não! — Ainda rouco, ele exclamou surpreso, sequer mostrando irritação. Sophia franziu o cenho, principalmente quando ele perguntou, agora com a voz normal: — Quem é o demente? Deve ser um daqueles destronados por Bonaparte, só pode... ou não?

Não conseguindo segurar, sequer tentando, Sophia riu com essas perguntas. Falando assim Robert parecia até uma daquelas damas fofoqueiras. O sorriso do príncipe apenas aumentou ao escutar a risada dela, ainda mais quando a princesa respondeu:

— Direi apenas que é o filho de um barão, e não é o primogênito. — A identidade de Charles FritzRoy ficaria guardada. O duque pensou um momento em quem era, fazendo Sophia negar e encará-lo provocativa. — Desapontado, Robert?

— Talvez surpreso exemplifique melhor o que estou sentindo. — Surpreso? Era perceptível, porém... Sophia franziu o cenho e sinalizou para ele explicar. O príncipe aconchegou-se no sofá e abriu os braços. — Embora... talvez eu realmente esteja desapontado, por não me casar agora, no caso.

Um curioso sorriso surgiu nos lábios dela, do que exatamente ele...? Esse sorriso, porém, foi gradativamente morrendo ao passo que Sophia percebeu que... ela subitamente levantou e, dando as costas a Robert, afastou-se em direção ao relógio. Eles estavam começando a flertar e... isso não trazia boas lembranças, porém... Sophia fechou os olhos.

— Pode ser uma pena, mas não é como se você precisasse de uma esposa para aproveitar os prazeres conjugais. — Sophia acabou falando, havia nela uma extrema necessidade. Atrás da princesa, Robert ficou surpreso, mas logo ficaria mais ainda. — Pergunto-me qual a última vez que você esteve com uma mulher em algo mais... íntimo?

Ainda de costas, Sophia tomou então alguma coragem e voltou-se novamente para trás, imediatamente encontrando um Robert de olhos arregalados e... sorriso divertido.

— Então a delicada Sophia sabe o que acontece na cama? — Foi mais uma acusação que uma pergunta. Agora isso... Sophia não suportou o olhar fixo de Robert e virou-se novamente. Trazia lembranças tão... ruins! — O quão surpreendente seria eu afirmar que foi hoje mesmo, nesta madrugada?

Não seria nada surpreendente, seria até previsível, na verdade. Robert era terrivelmente sedutor e provocante, havia nele um encanto muito diferente do que havia no marquês, porém... a princesa fechou os olhos e negou veemente. Todo esse encanto estava fazendo ela perder o juízo!

— Não me surpreenderia se você tivesse uma multidão de amantes.

— Prefiro que você não use essa palavra, Sophia. — Fazendo-a virar-se na direção dele, Robert falou com certa repulsa. Não usar a palavra amante? A princesa franziu em confusão, e ele percebeu. — É ofensiva, significa paixão ardente.

— E você tem algum problema com o sentimento da paixão? — Sophia perguntou curiosa, apesar de lembrar dele falando algo do tipo. Kendal sorriu irônico e negou.

— O que é paixão? O que é amor verdadeiro? Apenas inutilidades! — Havia um imenso desdém nele ao falar nisso. Mas... por quê? — O primeiro é apenas momentâneo, mas causa muitos estragos, enquanto o segundo não passa de um mito!

Era mais que desdém, era incredulidade na paixão e no amor verdadeiro. Sophia virou-se novamente para frente, deixando o príncipe para trás. Será que Robert nunca amou ou se apaixonou na vida? Ele não sabia como era estar loucamente …? A princesa riu irônica e negou.

— Não posso discordar, principalmente em relação à paixão. — Por causa dela tantos problemas eram causados que... Sophia, sem perceber, levou uma mão à barriga, tanto que ao perceber ela voltou-se a Robert e mudou de assunto: — Mas então do que você chama suas prostitutas?

— Diversão, o que mais seria? É uma diversão mútua. — Ele simplesmente falou, como se fosse a coisa mais natural do mundo. A Sophia coube apenas assentir, fazia um certo sentido. Pegando a xícara de chá, Robert sorriu provocador. — Você está realmente interessada, não é?

A malícia na voz dele, o olhar persistente nela, nos seios dela, tudo isso poderia fazer Sophia sentir alguma vergonha. O certo seria recuar e mandá-lo embora, porém... ela sorriu e, aproximou-se dele, assentiu interessada.

— Sou uma mulher muito delicada, Robert, bem como frágil e doente, mas também sou muito apaixonada pelo que gosto. Tenho necessidades que devem ser saciadas. Sabe do que estou falando? — Pegando delicadamente a xícara das mãos dele, Sophia sentou no colo de Robert, que quase engasgou. — Que tal sermos a diversão um do outro?

Os olhos de Robert arregalaram quando Sophia fez essa proposta, ela mesma se assustou com tamanha ousadia, mas... ambos continuaram se encarando fixamente. A distância entre os dois começou a diminuir, assim como o aperto dele sobre ela aumentar, logo os lábios dos dois estavam prestes a se tocar...

— Aceito com prazer. — Sorrindo zombeteiro, Robert falou antes de tomar os lábios de Sophia num forte beijo.

*****

Sentada tensamente num sofá, Cathrine observava a princesa Amélia tocando um piano bem em frente a janela da antecâmara, e tocando com tanta concentração que os dedos dela pareciam naturalmente saber quais teclas apertar. A música era esplêndida, embora Cathrine não lembrasse qual era, e o talento de Amélia impressionante, porém...

A expressão da marquesa era d0e mais puro desinteresse, algo que sempre acontecia, independentemente do que estivesse acontecendo, quando ela sentia-se desconfortável, ou tinha pressa... pelo menos era o que Richard dizia. Até que Amélia finalmente acabou e Cathrine, levantando, começou a aplaudir. Era só lembrar que acabou.

— Você foi ótima, Amélia, parecia até um concerto. — Embora muito mais contida que o normal, Cathrine elogiou a princesa ainda aplaudindo. Amélia assentiu em agradecimento. O que a lembrou de algo: — Mas é curioso que não lembro dessa sinfonia, é... não sei, de algum escocês ou irlandês?

— Fui eu mesma quem compôs, não ficou linda!? — Infinitamente mais feliz, bem como satisfeita consigo mesma, Amélia respondeu aproximando-se da marquesa, que assentiu lentamente. Agora fazia sentido. — Eu estava muito inspirada no dia e... simplesmente fiz. O que achou?

— Foi de um talento excepcional. — Mesmo tentando, o máximo que Cathrine conseguiu foi esboçar um pequeno sorriso. Amélia contentou-se com isso, tanto que tentou pegar as mãos da marquesa, que esquivou-se em direção ao piano. — Do que fala, exatamente?... Que pintura mais curiosa, quem é essa?

Havia ao lado do apoio das partituras a pintura de um cavalheiro, parecia tanto com um dos filhos de Lord Southampton. A marquesa aproximou a mão da pintura, pronta para analisá-la melhor... porém antes de qualquer coisa Amélia empurrou a mão dela e virou a pintura, extremamente perturbada.

— Não gosto que toquem mas minhas coisas! — O alto grito da princesa fez Cathrine recuar para trás, muito assustada. Porém Amélia tentou acalmar-se. — Esse é um amigo muito especial meu.

— Eu percebo. Creio que está na minha hora. — Novamente recuando para trás, Cathrine declarou receosa. Que situação mais estranha. Amélia assentiu.

— Mas venha novamente, — Amélia despediu-se com um sorriso forçado, tanto que acrescentou: — e espero que com mais um principezinho.

Quando a isso, ela não poderia garantir nada. Saindo dos aposentos da filha caçula do rei, Cathrine levou uma mão a barriga e, fechando os olhos, suspirou aliviada. Que final mais estranho, Deus quisesse que isso nunca mais voltasse a acontecer. Respirando novamente, a marquesa saiu pelo corredor.

Porém, ao chegar na escadaria, um pensamento tomou conta dela. Fazia mais de um mês que Cathrine não... levando novamente uma mão à barriga, a marquesa sorriu levemente, embora em seguida tenha negado. Era melhor ela descer logo e impedir qualquer desastre.

*****

Abraçados fortemente, e com ela ainda no colo dele, Robert e Sophia continuavam presos num desejoso beijo. Hora ou outra eles paravam a fim de respirar, o príncipe até mesmo tentava falar alguma coisa, mas a princesa imediatamente agarrava o rosto dele e reiniciava a "conexão" deles.

Havia uma imensa necessidade, quase desespero, nos beijos de Sophia. A forma como ela beijava Robert, passava as mãos pelo peito dele e pulava em cima do... era tão excitante que ele sentia a ereção quase explodindo no traseiro da princesa, embora fosse muito melhor na...

Antes, porém, que pudessem passar dos beijos, o que também demoraria muito para acontecer, os dois ouviram a porta começar a ser aberta e... quando Robert deu por si, ele estava suado e ofegante no sofá, Sophia em pé, segurando a xícara dele, e Cathrine na porta olhando tudo com incerteza.

— Amélia não teve pena mesmo, não é, Cathrine? Mantê-la lá por tanto tempo. — Sophia, sequer olhando para Robert ou deixando a marquesa falar, colocou a xícara dele na mesa e começou com um sorriso doce. — Veja só Robert, o coitado quase não aguentava mais de fome.

Fome? O duque imediatamente encarou confusa a princesa, que apenas sorriu para ele e, retornando ao sofá onde estava no início, sinalizou com uma sineta para trazerem mais doces. Cathrine, franzindo o cenho, olhou para tudo isso com desconfiança, tanto que entrou devagar na sala. Robert arrumou-se onde estava.

— Não foi em tudo ruim com Amélia. — A atenção de Cathrine voltou-se para ele... semicerrou os olhos para os lábios dele... Robert imediatamente passou as mãos na boca, tentando tirar qualquer marca. A marquesa sentou ao lado do cunhado. — Espero que Robert não tenha dado muito trabalho.

— Ele comportou-se muito bem, como o bom garoto que é. — A filha do rei respondeu docemente. O que não impediu o príncipe de franzir o cenho, levemente incomodado com essas palavras de Sophia, segundos atrás eles estavam quase transando! Ele, porém, rapidamente disfarçou esse incômodo. — Robert me contou ótimas piadas! Muito divertidas!

— Eu posso até imaginar. — Cathrine respondeu com um largo sorriso que, virando-se ao cunhado, tornou-se desconfiado. Robert fingiu não perceber, apenas assentiu sorrindo inocentemente. A marquesa negou e suspirou em desistência. — É melhor iniciarmos logo, não? Eu gostaria de saber mais sobre seu projeto...


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Notas finais do capítulo

* Esse capítulo é bastante focado em Robert, mais nas características e ações dele, como fiz no anterior, só que aqui é diferente. Gostaram desse "caso" que eu criei entre ele e Sophia? Lembrando-do que ela é uma mulher mais velha, cinco anos mais velha, mais ainda gostei disso. No que será que vai dar, hein? Aviso logo que o próximo capítulo é praticamente uma continuidade desse, no meu original está assim, então teremos coisas bem interessantes.

* E a invasão francesa? Infelizmente não poderei dar uma atenção grandiosa a esse ponto, mas estou adiantando todo o medo que os britânicos sentiram ao descobrir que Napoleão Bonaparte planejava invadir as Ilhas Britânicas. Isso ainda dará, como diz o ditado, muito "pano de manga". Mas digo logo uma coisa: haverá uma invasão francesa...

* Em relação ao Santo Império, as coisas realmente ficaram mais estranhas após a reorganização em 1803. Muitos príncipes-bispos tiveram suas abadias e territórios anexados a estados maiores no império, até mesmo alguns eleitorados, como a Colônia, governados por bispos, foram defeitos. Alguns historiadores consideram 1803 como o "início do fim" para o Santo Império.

* Cathrine chamou Robert de criança, não é mesmo? E os outros também vivem dizendo o mesmo, mas por quê? Lembram que eu criei ele de cabelo longo? Essa era uma característica vista como "infantil" nos homens da época. Geralmente os meninos dos séculos 18 e 19 só cortavam o cabelo após terem permissão para usar calças, o que acontecia entre 3 e 5 anos, quando eles também aprendiam a fazer suas "necessidades" sozinhos, então eles usavam "vestidos". Mas é curioso isso, não? Robert tem um aspecto bastante infantil, acentuado até no rosto... não corpo.

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