Era Uma Vez... Uma Ilusão escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 12
11. Seja uma princesa Tudor-Habsburg. Tenha orgulho. Não falhe, nunca.




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Início de março|1799 Palácio de Hampton Court, Londres 

 

— Não consigo entender isso, Richard! Simplesmente não consigo! — Robert, trajando completamente o uniforme de Windsor, exclamou irritado. Poderia ter acabado assim, mas o jovem Kendal, até o momento de costas, voltou-se ao irmão. — Você disse que a construção de Goldenhall estava saindo muito cara, mas ainda assim ordenou que aumentassem o tamanho do lugar!?

Sim, e que problema havia nisso? Richard suspirou impaciente e, após Heneage Finch, o 4º conde de Aylesford, colocar os sapatos nele, levantou-se do recamier direcionando ao irmão mais novo um olhar indiferente. Afinal, o problema não era de Robert.

— Ao dizer que estava saindo caro, eu me referia ao fato de Goldenhall ser um projeto caro, não que estamos sem dinheiro. — Não existiam Tudor-Habsburg pobres. Pegando suas luvas com Alexander Seymour, o 2° barão Maurs, Richard posicionou-se à frente do espelho, vendo o exato momento que Robert negou. — Estou usando a minha parte da fortuna, então o que é seu está muito bem guardado.

Caso essa fosse a preocupação de Robert. O duque de Kendal, porém, negou novamente e voltou a andar ansiosamente pelo quarto de Richard. Era um idiota mesmo, Richard revirou os olhos, por que se preocupar com um problema que nem dele era? O marquês retornou ao próprio reflexo, mais especificamente as calças. Se já não bastassem apertadas, também eram brancas!

— De fato, o problema não é meu. E, realmente, não significa que estamos sem dinheiro. — Muito bem, então... Richard iria sorrir, mas, ao fitar o irmão, ele encontrou Robert com uma expressão preocupada. — Mas você não acha que estamos gastando muito?

— Não. — Simples assim. Afastando-se do espelho, o marquês começou a colocar as luvas. A indiferença dele deixava Kendal incrédulo. — Essa não é uma preocupação válida, Robert. Nunca passaremos por dificuldades financeiras, a não ser, claro, que percamos o subsídio parlamentar, a mesada de Niedersieg e nossas propriedades deixem de render. O que é... difícil de acontecer.

— Mas não impossível. — Oh, então era assim? Richard fitou Robert, cuja expressão era desafiadora, e... sorriu.

— De fato.

Seria o suficiente? Deus queira que sim. Robert negou cansado, muito cético com tudo isso, mas nada disse em resposta. Sorrindo satisfeito, o marquês analisou mais uma vez o próprio reflexo. Estava perfeito, como sempre, melhor apenas se o irmão parasse de perturbá-lo. Se Robert queria alguma preocupação, que ele sentasse na Câmara dos Lords.

— Está pronto, meu marquês. — Após mais algum tempo, Lord Irvington finalmente anunciou. Graças ao Cristo!

Richard, com Robert logo atrás e os cavalheiros do marquês mais atrás ainda, saiu rapidamente do quarto. Dificilmente eles estariam atrasados, com certeza uma delas se atrasaria mais ainda, mas o marquês desejava estar lá quando Cathrine descesse... Porém, quando estava descendo a escadaria, ele descobriu que esse desejo não significava silêncio.

— Você não pode me censurar, Richard. Estou apenas preocupado com nossa família. — Apressando o passo e ficando assim lado a lado do irmão, Robert falou. Louvável, porém desnecessário. O marquês até tentou, mas não conseguiu fugir dele. — Existem muitos nobres por aí que aparentam riqueza, mas que na verdade vivem em decadência!

— Decadente é o modo como vivem as pessoas nos bairros podres, isso sim. — Parando onde estava, Richard voltou-se sério ao irmão, que semicerrou os olhos. Quando fugir não funcionava, era melhor atacar. — Decadente é a vida dos escravos nas colônias. Isso é decadência, então por que você não se preocupa com esses?

Os olhos de Kendal arregalaram em perplexidade com esse comentário, fazendo então o marquês sorrir satisfeito e descer o resto da escadaria.

— Não zombe de mim, Richard, principalmente com um assunto desses! — Robert, porém, continuou parado no meio da escadaria, mas agora com os braços cruzados e olhar ferido. — Sabe que não gosto.

— Eu nunca faria algo assim... irmãozinho. — Chegando no último degrau, Richard respondeu divertido. Foi audível o grunhido irritado de Robert. Mas, ainda de costas, o marquês deixou a diversão. — Estou falando sério, Robert. Dos meus problemas cuido eu, então arrume um para você. E o que melhor que um problema infindável como a injustiça?

Não houve resposta, o que fez Richard sorrir satisfeito, a única ação de Robert foi balançar a cabeça, definitivamente cansado da discussão, e descer o resto da escadaria, agora livre para quem quisesse passar. Hoje seria a apresentação a rainha, então...

— Que bom que você saiu da minha frente por livre e espontânea vontade, Robert. Eu estava disposta a lhe empurrar. — Ouvindo a contente, e ameaçadora, voz de Anne, os dois irmãos voltaram-se para trás e... pelo Todo-Poderoso! — Como estou?

Chegando ao último degrau da escadaria, Anne sorriu amplamente, bastante orgulhosa de si mesma. A única ação razoável de Richard foi sorrir e depois cobrir a boca com uma mão, o desejo dele era rir, e rir muito. Anne parecia... oh, Santo Cristo! Robert, porém, não tinha a mesma descrição que o irmão mais velho.

— Você está ridícula, Anne! — Não aguentando mais segurar, Robert soltou altamente todo o riso que ele estava segurando. A princesa irritou-se, e Richard simplesmente deu os ombros para ela. — Parece um bolo de casamento com tantas fitas!

— Sim, Robert, ria e ria bastante. Dizer que estou ridícula é um elogio nessa situação. — Com certeza. Os vestidos ingleses eram naturalmente mais cheios, mas isso que a rainha fazia as damas usarem na corte era ridículo! Pareciam sinos brancos, com cintura alta e penas de avestruz. — Onde está Mary... melhor ainda, onde está Cathrine?

— Creio que ainda se preparando. — Anne fez uma careta ao ouvi-lo, o que fez Richard franzir o cenho. — O que é fácil para você não é para ela, Anne.

— E quem disse que foi fácil vestir isso? — A princesa apontou com o leque ao vestido e sentou numa cadeira no hall. Entretanto, Richard não havia se referido ao vestido, para Cathrine o maior problema era outro. — Foi uma tortura, graças a Deus que tive ajuda... Robert! Está passando dos limites!

Com a censura impaciente da princesa mais velha, Kendal abaixou a cabeça e... continuou a rir, embora mais baixo e discretamente. Os três irmãos ficaram então em silêncio, esperando ansiosamente pela marquesa, e Mary também, claro. Estava sendo muito estranha essa demora de Cathrine, parecia ela a debutante e não Anne, mas era compreensível.

Cathrine tinha problemas com multidões, era tímida, então estar numa sala cheia de aristocratas e nobres, aristocratas e nobres analisando suas ações, não era a melhor perspectiva para ela. Seria... amedrontador.

Entretanto, interrompendo os pensamentos do marquês, passos apressados foram ouvidos da escadaria. Richard imediatamente aproximou-se dos pés da escadaria, já Robert, sentado nos últimos degraus, levantou-se rapidamente, enquanto Anne... bem, ela continuou se abanando com o leque. Até que... Mary apareceu.

— Pelo menos finjam que estão felizes com a minha presença. — Mary percebeu essa leve decepção, mas, a julgar pelo modo como ela pulou do último degrau, não se importou muito. — Oh Anne, você está magnífica! Será a mais bela das debutantes.

— Com certeza, irmãzinha. — Sentando novamente aos pés da escadaria, Robert exclamou zombeteiro. — Anne será o bolo mais ridículo da festa.

— Não dê importância ao que ele diz, Anne. Robert é um idiota. — Negando com um grande sorriso, a princesa caçula garantiu a mais velha e voltou-se ao marquês. — Cathrine logo vai descer. Georgina disse que a marquesa está apenas "preparando-se psicologicamente para o pior momento de sua vida", ou algo do tipo.

— Graças a Deus então que ela nunca terá uma anglicização. — Foi praticamente um sussurro de Richard, mas um sussurro bastante audível. Os irmãos Bristol tremeram com a lembrança.

Sempre seria horrível lembrar daquela manhã onde todos eles, ainda crianças, foram obrigados a entrar na Catedral de Bristol para uma coroação. Todos os olhares... gritos e... a visibilidade... Richard tremeu novamente, foi uma experiência terrível! Crianças não mereciam uma anglicização.

Após isso, o silêncio voltou a reinar entre os irmãos, e reinou por tanto tempo que em dado momento Robert já estava deitado na escadaria. Onde estava Cathrine...?

— Espero que Cathrine não... — Anne iniciou, mas não acabou.

— Estrague o seu debute? Você já me deixou isso muito bem claro, Anne. — Todos os olhares voltaram-se à escadaria, onde finalmente Cathrine estava descendo. Ela estava praticamente como Anne, a única diferença sendo o trem vermelho dela. Richard pegou a mão da esposa assim que ela chegou no último degrau. — Acho que vou morrer!

— Espere pelo menos até chegarmos em St. James, por favor. — Levantando-se da escadaria, Robert comentou e recebeu duros olhares dos irmãos, principalmente de Richard. Isso não foi engraçado! — É só uma brincadeira, como vocês são caretas! E até tu, Anne?

— Eu seria a mais prejudicada com a morte dela. — Como isso era possível? Era pior do que Robert! Antes, porém, que qualquer outra coisa fosse dita, Anne fechou o leque e levantou-se. — Mas bem, creio que está na hora de partirmos.

A princesa Anne pegou o braço de Robert, cujo o livre foi pego por Mary, e os três saíram na frente. Uma bela visão de apoio, e falando nisso... Robert fitou Cathrine e deu um grande sorriso, era perceptível a respiração pesada dela, então ele queria animá-la. A marquesa conseguiu dar um sorrisinho.

— Estou tão ansiosa assim? — Richard assentiu lentamente, fazendo um tenso sorriso surgir nos lábios dela. Deveria ser um calvário viver assim, mas, principalmente na posição dele, era impossível fugir da vida social. — Quantas pessoas estarão lá?

— É melhor você nem saber. — Agora foi Cathrine que assentiu, embora com um leve sorriso. Richard ofereceu o braço a esposa e logo eles estavam indo em direção a carruagem. — Uma dica: olhe apenas para a rainha, nunca para os lados. Sorria e, enquanto anda, coloque outras coisas na cabeça. Não pense no fracasso, porque não existe isso para nós.

Um Tudor-Habsburg nunca fracassava. Richard continuava a sentir a respiração pesada de Cathrine, ela até havia começado a se abanar com o leque, então ele apertou a mão dela. Cathrine continuava a sorrir, o que já era algo bom, afinal, eles nunca poderiam mostrar descontentamento, tristeza ou raiva, a vida deles era para agradar e sofrer em silêncio. Além do mais, que ajuda chorar traria?

— Eu tentarei seguir as suas dicas. Afinal de contas, já cheguei até aqui, não? Eu conseguirei andar corretamente. — Isso mesmo. Parando onde estava, Richard sorriu para a esposa e beijou a mão dela. Cathrine sorriu, mas logo o receio tomou os olhos dela. — O que acontece se eu falhar?

— Anne nunca irá lhe perdoar por tirar a perfeição do momento dela.

Não havia o que esconder, seria exatamente isso mesmo. Anne poderia ter muitas qualidades, mas ela não era do tipo perdoadora, um mal a ela seria um mal eterno, nunca seria esquecido. Cathrine gemeu em desgosto com essa perspectiva, mas bastava ela lembrar que seria perfeita, era um fato. O casal voltou a andar, parando apenas em frente a carruagem, onde Anne já esperava.

Nesse momento, um pouco antes dela entrar, Richard pegou o braço da esposa, fez ela virar-se na direção dele e, sorrindo amplamente para a esposa, beijou docemente Cathrine. Quando se afastaram, a marquesa sorria muito mais naturalmente.

— Por que do beijo?

— Para assim você dar o seu melhor sorriso. — Ainda sorrindo, Cathrine franziu o cenho, então novamente Richard a beijou. — O sorriso de alegria.

Não havia sorriso mais belo que esse! Os dois entraram na carruagem, que logo começou a andar. Durante a maior parte do percurso, Cathrine e Anne ficaram caladas, elas tinham muito o que pensar, afinal de contas. E Richard também tinha muito que pensar: a guerra, mármores, Niedersieg e arabescos e ornamentos dourados.

Até que a carruagem chegou no Palácio de St. James, nesse momento Richard e Cathrine se entreolharam fixamente.

*****

Abrindo um pouco mais a cortina da carruagem, Cathrine deu uma rápida olhada no Palácio de St. James e voltou-se tensa para Richard e Anne. Era assustador, terrivelmente assustador! E não era nem a primeira vez dela nesse palácio! A respiração da marquesa voltou a ficar pesada e, após a carruagem cruzar o portão norte, o estômago dela começou a doer.

Oh Deus! Como uma coisa dessas era possível? Cathrine pertencia à realeza, ela não poderia ter medo de gente! As carruagens dos Bristol passaram por uma fila de carruagens e então parou numa entrada do palácio. Estava na hora, infelizmente!

— Vieram muitas pessoas. — Aceitando a mão de Richard ao descer, e literalmente não soltando mais, Cathrine comentou ao notar as inúmeras debutantes e suas famílias. — Teremos um público bastante... agradável.

Ao serem percebidos, quase que imediatamente, os Tudor-Habsburg ganharam longas mesuras das jovens e suas famílias. Praticamente um último treino para o que viria. Eles assentiram em reconhecimento, mas logo foram em direção a porta. Cathrine, porém, manteve-se fortemente agarrada ao braço de Richard, agora ela também sentia uma tontura.

— Estão todos aqui para ver a nossa vitória ou ruína. — Ruína!? A marquesa voltou-se assustada para Anne, não poderia ser uma simples derrota? Logo, porém, quando eles entraram no palácio, Richard soltou o braço dela. O que…? — Nós vamos pelo outro lado, Cathrine.

Como assim pelo outro lado!? Cathrine olhou para Anne, de um lado, depois para Richard e os caçulas, do outro, e então negou veemente. Não, Cathrine não queria se separar, ela não conseguia, principalmente porque ela não conseguia mover-se. Todos esses diamantes, as penas, o vestido que mais parecia um bolo e as pessoas, principalmente as pessoas, tudo isso estava incomodando Cathrine.

Não havia como andar, quase não havia como respirar. A única coisa que ela conseguia fazer era encarar Richard e negar. Oh Deus! Cathrine sentia como se fosse vomitar!

— Por que do medo, Cathrine? Nós, a realeza, nunca erramos. Somos perfeitos. — Não existe ninguém perfeito, seja príncipe ou princesa. Robert, percebendo que não havia adiantado, sorriu tranquilo para a cunhada. — Você não vai errar.

— Robert está certo, Cathrine. — Sorrindo calmamente, Mary afirmou certa do que dizia. Mas foram as próximas palavras dela que deram um pouco de calma para Cathrine: — Você treinou tanto e está tão bem preparada, não tem como errar.

— Será perfeito, e todos aqui confiamos plenamente em você. — Richard sorriu amplamente, conseguindo assim tocar o coração da esposa.

Os sentimentos ruins continuavam, e Cathrine ainda sentia uma pequena náusea, mas... essas palavras conseguiram fazê-la voltar a andar. Logo Richard, Robert e Mary tomaram uma direção, enquanto Cathrine e Anne tomaram outra. Que tudo fosse como tivesse de ser. Não demorou muito e as duas princesas já estavam na antessala da sala de estar de St. James, esperando começar com as outras jovens.

E por falar em jovens, haviam tantas delas na antessala. O lugar já era pequeno, mas com tantas damas, e também por causa dos vestidos, tornava-se minúsculo. Eram tantas jovens, todas tão diferentes umas das outras, acompanhadas por senhoras tão diferentes. Mas todas elas, belas e feias; altas e baixas; calmas e ansiosas, tinham um ponto em comum: a vida delas nunca mais seria a mesma.

Seria um grande exagero afirmar que o sucesso delas dependia da perfeição desse momento, mas seria bastante certo afirmar que teria uma grande influência. Ser apresentada a rainha era o principal ingresso para participar da sociedade. Mas... isso eram elas, Cathrine havia nascido em meio aos grandes e poderosos, então por que ela sentia tanto medo?

— Essas joias estão pesando tanto. — E não era de agora. Cathrine levou uma mão ao estômago, tentou, na verdade, e olhou para Anne, irritada. — Esse calor está terrível!

— E o leque serve para quê, Cathrine!? — Anne, que a horas se abanava com o dela, respondeu impacientemente. A marquesa franziu o cenho, mas nada disse. — Quanto às joias, experimente usar os diamantes da família. Não sei como mamãe conseguia usá-los todas as noites.

Cathrine também não entendia, no caso, não entendia o porquê de Anne usar os diamantes dos Tudor-Habsburg e não ela, a consorte Tudor-Habsburg. O que também não era motivo de preocupação, afinal, se os diamantes dela, os trazidos da Dinamarca, estavam pensando, imagine os da marquesa Katherine!? Levando uma mão à boca, Cathrine sentiu novamente ânsia de vômito.

— Eu não acho que vou conseguir. — A respiração da marquesa voltou a ficar ofegante, ela andou para trás, fitou Anne e negou. — E se eu cair!?

— Que fique lá mesmo. Se você não consegue aguentar isso, que é o básico, imagine o mais difícil! — O tom da princesa foi frio e duro, fazendo Cathrine abaixar a cabeça. Qual seria pior: Anne ou a multidão? Cathrine ergueu a cabeça, e a cunhada ameaçou: — Não ouse falhar!

— E se eu ousar? O que acontecerá? — Tendo um súbito surto de coragem, Cathrine perguntou em desafio. Anne levantou uma sobrancelha.

— Estará tudo acabado. — A resposta foi natural e o tom dela era até doce, muito diferente da expressão ameaçadora. — E sabe por quê? Porque eu destruirei você.

Anne sorriu, e sorriu muito belamente, tanto que poderia encantar qualquer um assim, mas isso não escondeu a ameaça dela, uma que Cathrine não queria de forma alguma descobrir se seria verdade ou não. As duas voltaram a olhar para a porta, esperando o momento chegar. Não tardou muito e o mordomo da rainha entrou na sala, avisando que havia chegado a hora da primeira debutante, ou seja, elas.

A marquesa de Bristol e a princesa Anne posicionaram-se em frente à porta, erguendo o mais arrogantemente as cabeças. A respiração de Cathrine estava terrivelmente rápida, o coração dela estava pior que uma carruagem puxada por quatro cavalos descendo uma colina. Até que batidas foram escutadas do outro lado.

— Cathrine? — Ainda olhando para frente, Anne chamou pela cunhada, que assentiu.

Sua Alteza Sereníssima, — No mesmo instante o anúncio do arauto foi escutado.

— Seja uma princesa, — Anne, porém, continuou a falar.

a princesa Anne de Niedersieg.

— seja uma princesa Tudor-Habsburg. — O aperto de Cathrine no leque aumentou, mas ela assentiu a cunhada.

Acompanhada por Sua Alteza Sereníssima,

— Tenha orgulho. — Duas vozes entrando na cabeça da marquesa, fazendo ela respirar fundo e...

a princesa consorte de Niedersieg!

— Não falhe, nunca. — Cathrine suspirou e sorriu.

As grandes portas duplas foram abertas com o anúncio do arauto, revelando assim a grande multidão que se encontrava na sala de estar, com o rei e a rainha ao fundo, observando as duas. Bastava sorrir e ir, não era necessário pensar em mais nada. Anne deu um casto sorriso e começou a andar, sendo imediatamente seguida por Cathrine.

— Sorria mais naturalmente. — Ouvindo o quase imperceptível comentário de Anne, Cathrine forçou um sorriso mais natural. Quantas ordens, quantas coisas para lembrar! Parecia impossível! — Levante mais a cabeça, eles são os súditos, não nós.

Assim como ordenado, Cathrine fez, mas invejando terrivelmente a cunhada. Anne era tão perfeita, tão natural... Anne poderia facilmente ocupar o lugar da santa imperatriz ou da imperatriz russa, enquanto Cathrine... tudo fazia seguindo os conselhos dela: sorrir mais, levantar mais a cabeça. A qualquer momento ela iria despencar!

Mas... não! Cathrine era uma princesa, nascida entre os poderosos Oldenburg, prima de metade da Europa, então ela conseguiria fazer isso. As duas princesas passavam pelos nobres, aristocratas e políticos, mas olhavam apenas para frente, como se não existisse nada além do rei e da rainha. Mas na cabeça delas, na de Cathrine, pelo menos, o pensamento era apenas um: o futuro.

E então... elas finalmente chegaram, o rei e a rainha estavam bem na frente delas. Anne curvou-se aos monarcas, e fez isso tão perfeitamente que parecia ter nascido para isso, não parecia nem ter medo de cair. A rainha levantou e, aproximando-se da princesa, beijou a testa dela. Cathrine fez então sua curvatura e, apesar de mais curta, não deixou de ser terrível.

Foram apenas cinco segundos, talvez um ou dois a mais, mas pareceu uma eternidade. Primeiro Cathrine pensou que iria cair e quando não sentiu nada, ela pensou que já estava no chão. Foi terrível! Mas acabou e, com a rainha também beijando a testa da princesa consorte de Niedersieg, Cathrine e Anne foram para o lado da sala.

Acabou, havia acabado, e Cathrine fez tudo certo, sem desmaio ou queda alguma. Que benção divina! O coração da princesa consorte batia freneticamente, mas era de alegria. As duas entraram numa outra sala e, ambos suspiraram de alegria. Anne fechou os olhos fortemente e voltou-se a cunhada.

— Muito bem, Cathrine, fomos perfeitas. — Anne mostrou um pequeno, mas muito sincero sorriso. Talvez o único verdadeiro direcionado a Cathrine.

Suspirando satisfeita, Cathrine sentou numa cadeira e riu maravilhada. Havia acabado, graças a Deus, havia acabado... embora tivesse iniciado os bailes e eventos sociais, mas pouco isso importava para Cathrine. No momento, ela tinha apenas uma preocupação: por que o estômago dela ainda doía?


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Notas finais do capítulo

* Iniciamos esse novo "período" com um capítulo "curto". Não será exagero afirmar que a partir desse capítulo muitas coisas irão mudar. Digo logo que novos personagens virão e nossa história terá um vislumbre da Europa em guerra.

* Inicialmente eu estava pensando em não postar capítulo nenhum esse semana, para assim postar três semana que vem, mas eu desisti da ideia. Foi tão gostoso editar esse capítulo que fiquei impaciente. Então aqui estamos. Gostaram também?

* Para criar esse capítulo, melhor dizendo, a apresentação a corte, eu me inspirei em uma série da regência bastante conhecida, qual será? Eu também usei o livro escrito pela duquesa de York: "A Bússola do Coração". É um livro bastante interessante, além de trazer um importante personagem, real, que terá em um dos meus próximos romances... spoiler: não é a rainha Vitória.

* "Era Uma Vez... Uma Ilusão" também está no Pinterest: https://pin.it/5nxSqxq



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