Arautos do Fim do Mundo escrita por Sorima


Capítulo 9
As Tradições Arcanas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo quentinho.

Boa leitura!



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O Ninho Prateado era um gigantesco templo branco flutuando acima do Domo. Ao mesmo tempo em que ameaçava esmagar a construção era possível perceber a leveza de uma nuvem magnânima pairando no céu. Nem em meus sonhos esperava ver algum covil como aquele tão de perto; eu já tinha ouvido falar da habilidade especial dos dragões de prata de solidificarem as nuvens para esconder seus tesouros ou chocar seus ovos.

As nuvens tinham sido belamente esculpidas parecendo haver várias pilastras, com belos detalhes, sustentando um telhado de aparência estranha. A base lembrava um pequeno monte e sobre toda aquela composição havia uma nevoa fina e perolada que lhe dava certa elegância.

— Existem dragões de prata aqui na Torre? – perguntei, descrente da minha sorte.

— Dois, para ser exato – Therai confirmou. – Eles são companheiros.

— Oh! Ouvi dizer que não é uma situação comum entre os dragões – falei surpresa.

— E não é – comentou – mas estes dois estão juntos há séculos. Vamos seguir em frente? De verdade, eu já estou precisando de um desjejum – falou com uma expressão de desculpas.

Minha barriga roncou a menção da refeição. Olhei surpresa pra ele.

— Café da manhã seria muito bom – concordei rindo.

— O diretor avisou que serviria o café da manhã próximo à biblioteca, já que há um grupo bem grande por lá – Therai explicou.

Dei as costas para o covil dos dragões e continuamos em frente, silenciosos; vez ou outra eu olhava para o covil me perguntando se encontraria os dragões que moravam nele. Até que, enfim, entramos no Farol. Ali as paredes externas eram de um belíssimo mármore azulado que se estendia até perder de vista; já a parede interna lembrava um robusto tronco de árvore que chegava ao teto. Uma passarela parecia circular o “tronco” permitindo que as pessoas subissem e descessem, e o que se assemelhava a uma abundante folhagem verde alcançava o azul mais claro visível no topo da construção.

— Venha por aqui – chamou-me o tiefling indicando a entrada para a passarela.

Subimos, subimos e subimos mais um pouco. A textura da parede e da passarela realmente lembravam uma casca grossa de árvore. De vez em quando passávamos diante de uma porta, identificada tão somente por um símbolo esculpido na madeira. Franzi a testa.

— Que portas são essas?

— São as portas das Tradições Arcanas, são ramos de estudo da magia. Temos a escola de abjuração, de adivinhação, de conjuração, de encantamento, de evocação, de ilusão e de transmutação – assinalou cada uma delas.

— Hum... vocês não estudam a necromancia? – perguntei.

Necromantes não eram comuns, mas eu tinha certeza de que eram um tipo de mago. Therai negou com a cabeça.

— Existem escolas de necromancia, mas esses estudos foram abolidos aqui – explicou – são um tabu.

De repente, um zumbido abafado me fez agitar as orelhas. Franzi a testa olhando em volta, não enxerguei nada, porém comecei a ouvir vozes abafadas; pareciam alteradas.

— Que foi? – meu guia perguntou notando minha inquietação.

Abri e fechei a boca algumas vezes, o zumbido tinha desaparecido. Será que tinha sido imaginação minha?

— Estou escutando vozes mais à frente – resolvi dizer.

Ele pareceu impressionado.

— Consegue ouvi-los daqui? Então eles continuam bem animados... – comentou.

Não deu outra. Quando finalmente chegamos diante das grandes e grossas portas de madeira maciça conseguíamos escutar nitidamente as vozes impacientes e raivosas dos que estavam dentro da biblioteca.

— Bem animados... – murmurou Therai.

Suspirando, ele me encarou com seriedade.

— Quer tomar café da manhã antes de entrar na Biblioteca?


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