Arautos do Fim do Mundo escrita por Sorima


Capítulo 8
O Olho do Farol


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809574/chapter/8

O Olho do Farol havia se mostrado um ambiente com longos corredores circulares cheios de portas fechadas que guardavam experimentos que estavam sendo realizados pelos estudiosos da torre. Em suas paredes pude estudar com interesse as pinturas bem detalhadas sobre toda a história conhecida do mundo: de sua criação pelo poder dos dragões primordiais; do surgimento das paisagens - as montanhas, os rios e mares, os desertos e florestas - assim como dos astros longínquos do céu; da origem das diversas raças humanoides, dos animais, dos monstros, dos seres feéricos e dos elementais.

Olhei para o meu guia, o tiefling de nome Therai, que tinha sido designado pelo diretor da torre, o sobrinho de Erevan, Grigor, para me acompanhar. Eu havia me encontrado com tieflings em raras ocasiões, eles eram minoria nas cidades em que passávamos, e residiam em regiões suspeitas sendo evitados pelos demais habitantes. Um povo amaldiçoado, originalmente humano, marcado pelo pecado que seus ancestrais cometeram.

Therai tinha herdado a aparência demoníaca dos tieflings, com chifres curvos em suas têmporas, olhos completamente pretos, sem a parte branca, e cabelos arroxeados. A cor da pele era a única parte que parecia humana, num tom claro com um rosado saudável nas bochechas. Ele não parecia especialmente mau aos meus olhos, mesmo que o sorriso de canto em seu lábio apontasse certa rebeldia.

— Curiosa? – perguntou ao perceber o meu olhar sobre ele.

— Como?

— Para descobrir o que um ser como eu faz aqui, em uma torre de magos estudiosos – ele esclareceu.

— Isso é um tanto incomum – pontuei – mas tenho certeza de que está estudando – brinquei, fazendo-o soltar uma risada.

Neste momento passamos em frente às imagens da construção das primeiras cidades anãs e das grandes navegações dos elfos.

— Grigor me resgatou de uma vila humana quando eu era apenas uma criança. Me trouxe para cá e começou a me ensinar seu ofício alguns anos depois, mas ainda sou apenas um iniciante – contou. – E você? Como uma aprendiz de comerciante se meteu em uma jornada dessas?

Sorri.

— Toda tabaxi tem seus segredos.

Continuamos com o tour infindável pela torre, afinal eu tinha tempo livre e motivação de sobra. Depois que Grigor entendeu o que fazíamos ali, Erevan, Serena e Aseir tinham sido guiados para a Grande Biblioteca, onde um grupo de pessoas já discutia sobre a profecia, tentando juntar seus versos. Quanto a mim, não tinha me aguentado de vontade de explorar a torre, já que não sabia se teria outra oportunidade de fazer aquilo.

Após percorrermos diversos corredores circulares em meio a história do mundo, Therai me apontou ansioso as câmaras de círculos mágicos; numa delas um grupo de pessoas de túnicas brancas observava atentamente um homem de aparência mais velha dando instruções. Dali, nos dirigimos para a Ponte de Pedra, uma passagem larga de pedra lisa à céu aberto, que interligava os edifícios uns aos outros.

Segundo Therai, o Olho do Farol era composto por três grandes edifícios: o Domo, em que se concentravam os experimentos e câmaras de círculos mágicos; o Dormitório, que cumpria justamente a função esperada, além de possuir refeitório e áreas de lazer; e o Farol, que dispunha de salões para os debates e palestras - sobre encantamentos, símbolos e ingredientes utilizados nas magias - além de guardar a Grande Biblioteca, que era para onde nos dirigíamos.

Pisquei algumas vezes diante da inesperada luz do sol quando saímos. Meus olhos se arregalaram para a paisagem das Montanhas Rochosas que se revelou. De boca entreaberta, demorei alguns longos segundos absorvendo o que via: diferente do cinza que víamos à distância, ali as montanhas intrincadas possuíam as cores do arco-íris e formavam um complexo labirinto cheio de buracos, que eu imaginei que deveriam soar quando o vento passasse por eles.

— Que lindo... – comentei.

— E perigoso. – Therai falou - É possível se perder no meio dessas montanhas, morrer de fome ou ser devorado pelas criaturas que moram lá embaixo. Fora os túneis antigos dos anões, que se você der o azar de encontrar a entrada, pode acabar dando de cara com algum renegado por lá.

Franzi a testa me dando conta de uma desconjuntura:

— Por acaso ficamos a noite inteira explorando a torre?

— Bom, vocês chegaram perto do fim do dia, e a história do nosso mundo é longa, junte os pontos e perceberá que a resposta é um ‘sim’ – o tiefling disse debochado. – Você daria uma boa maga, curiosa desse jeito.

Ainda com a testa franzida perguntei:

— Mas estava escuro quando chegamos, o sol já tinha se posto?

— Ah, é que a antessala para onde vocês foram teleportados fica exatamente abaixo daquilo lá – ele falou apontado para trás e para o alto.

Segui seu dedo e fiquei ainda mais chocada com toda a magnitude que vi.

— Aquilo ali é o Ninho Prateado, o covil de dragões de prata, é nosso vizinho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá! o/

Eu sinto muito pela demora para postar. O limite para o Desafio 10K era até 23:59 do dia 22, claramente não consegui concluir a tempo.

Como é uma história que ganhou um lugar especial no meu coração, ainda vou dar-lhe um desfecho em 10.000 palavras.

Sobre as trocas de leitura e as leituras que estou atrasada: logo mais apareço.

Até o próximo capítulo!