Arautos do Fim do Mundo escrita por Sorima
Notas iniciais do capítulo
Desculpem a demora, queria ter postado antes, mas tive febre esses dias.
Estou um pouco melhor hoje e estou aproveitando para postar capítulo duplo de presente do fim de semana.
Boa leitura!
Finalmente nós quatro nos sentamos ao redor da fogueira do acampamento, de barriga cheia e sonolentos... Ou estávamos, até Erevan se inclinar para frente com uma expressão séria, o completo oposto de quando se apresentava:
— Fico feliz de ver que vocês seguem sob as bênçãos de Corellon Larethian - senhor das artes e da magia – e gozam de boa saúde. Porém, meus caros amigos, não vim trazer boas novas. Em verdade, ouso dizer que trouxe apenas dores de cabeça.
— Vá direto ao assunto, Erevan. Serena nos deu a impressão de que era um assunto urgente. – Aseir cortou-o, encarando atento.
— De fato. – O elfo concordou trocando um olhar rápido com Serena. – Com a passagem dos anos algumas baladas se perdem e novas surgem. Não é muito comum, mas algumas das canções ressurgem... entre alguns dos mais dotados bardos.
Aseir franziu a testa e puxou o ar de boca entreaberta prestes a falar, mas minha conterrânea seguiu logo com a explicação:
— Não há nenhum registro dessas canções, elas simplesmente parecem emergir do intangível. Acreditamos que haja um significado maior nesses cantos do que imaginamos.
— Elas têm um ar de antigo, magia antiga... – O olhar de Erevan pareceu perdido por um instante, pigmentos dourados de seus olhos reluziam na luz do fogo.
O crepitar do fogo preencheu nossa roda por alguns instantes enquanto absorvíamos as informações.
— Como cantigas poderiam influenciar nosso tempo? – Perguntei curiosa pelo inesperado do assunto.
— São profecias? – Meu mestre perguntou cauteloso.
Meus olhos se arregalaram com aquela possibilidade. Olhei com expectativa aguardando a resposta.
— Acreditamos que sim. Meu povo estuda essas canções a eras, mas elas continuam um mistério.
Erevan fitava o vazio, inexpressivo. Serena se levantou, agora em dois apoios, suspirando. De pé, ela mal chegava na altura dos meus cotovelos, eram raros os tabaxis daquele tamanho, mas era isso que a permitia se camuflar como um simples gato. Ela se aproximou do bardo colocando uma das mãos em seu joelho.
— A Guilda dos Artistas também notou que esse padrão está acontecendo nos dias de hoje. Estão abafando o caso, mas logo isso não será mais possível. – Revelou.
Me inclinei para frente, ávida por mais informações:
— Então, qual é a profecia que está surgindo?
Vi meu mentor balançar a cabeça soltando um suspiro exasperado enquanto Serena dava uma risadinha satisfeita:
— O Senhor Gato realmente lhe concedeu o traço da curiosidade, Sombra.
Não éramos um povo essencialmente devoto, mas nas lendas, era a Divindade Senhor Gato que havia criado os tabaxis, dando a cada ser um traço característico desses felinos. Tanto eu quanto Serena viajávamos em busca de histórias, artefatos e lendas; duas curiosas natas.
— Parte dela você ouviu essa noite. – Erevan a cantarolou:
“Em uma terra distante uma estrela nasceu revelando-se mais do que era,
Diversos títulos, nomes e alusões.
Bençãos ou maldições? Revela a esperança de um fim...
Agora, quem sabe quantos a criticam, pois querem continuar a dançar.
Nesta balada amaldiçoada que o bardo está a cantar,
A resposta de sonhos e desejos que querem realizar,
Há de esperar o aviso final que não tardará a chegar.
Fogo e sangue que preenchem os vãos e gritos de dor e louvor retumbarão,
Perdas e ganhos se equilibrarão ou despertarão o horror?
Nunca se sabe quantas voltas a estrela dará antes de encontrar um desfecho.
Seja na vitória ou amarga derrota, a vida encontrará o seu fim.”
Franzi a testa, eu tinha achado uma escolha estranha para uma apresentação, mas nunca pensei que a canção pudesse ser algo mais.
— Isso é só parte da profecia? O que ela significa? – Questionei.
— Batalhas, morte, um sujeito... – Aseir foi pontuando.
— Sim, tudo isso, e um pouco mais. Apesar de não dizer quando acontecerá, notamos alguns sinais bem vívidos. – Erevan falou.
— Principalmente na parte do sujeito. – Murmurou Serena, os bigodes de eriçando.
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