Nevoeiro escrita por Alina Black


Capítulo 2
Renesmee- Duras verdades


Notas iniciais do capítulo

Veremos os fatos de três pontos de vista, da Nessie, Eliot e Jacob.



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 Tio Matt se manteve em silêncio durante todo o nosso retorno para casa. Eu sabia que Lily tinha conhecimento dos motivos para aquele silêncio, mas ela era aquele tipo de companheira leal e fiel, portanto, eu não tinha esperanças de que ela se abrisse comigo.

— Quero que vá para o seu quarto e só saia de lá quando eu chamar você! O tom autoritário do meu tio apenas comprovou minhas suspeitas. Eu reconhecia que tinha me envolvido em algo bastante sério, mas esperava por uma bronca ou o corte da mesada que eu, apesar da idade, ainda tinha.

— Tio Matt, eu sei que… As sobrancelhas dele se estreitaram.

— Você tem uma explicação para isso? Que interessante, me diga Renesmee, me conte uma explicação plausível para invadir o sistema de arquivos da polícia de Seattle e acreditar que não seria descoberta.

 Suas palavras me silenciaram. De fato, não havia uma explicação plausível para um crime cibernético. Apesar da pouca idade, eu era uma hacker, havia aprendido algumas coisas na deep web. — Tentar descobrir o que realmente aconteceu com meus irmãos e meus pais não seria uma explicação plausível?

 Tio Matt levou ambas as mãos à nuca e caminhou pela nossa sala. — Sempre a mesma história. Por acaso, você é policial legista? Você sabe o que aconteceu com eles.

— Eu sei o que me contaram, mas não acredito. Tio Matt respirou profundamente e olhou para Lily. Em seguida, seus olhos azuis retornaram para os meus. — Vá para o seu quarto agora!

O encarei por alguns segundos e seu olhar era de ‘por favor, não insista nisso’. Sacudi a cabeça de forma positiva e subi as escadas correndo. Entrei em meu quarto e suspirei ao fechar a porta e encostar minhas costas na mesma. Naquela breve conversa, eu havia percebido que meu tio estava cansado das minhas ocorrências. Talvez ele me expulsasse de casa dessa vez. Desde os treze anos, eu havia feito muitas visitas ao centro policial e só não estava fichada porque meu tio havia salvado a filha do chefe de polícia em um incêndio. Tio Matt trabalhava como socorrista no corpo de bombeiros.

 Me afastei da porta e olhei para minha mesa de estudos. Havia alguns envelopes sobre ela. Peguei-os com a destra e me joguei na cama. Eram as respostas para as faculdades nas quais eu havia me inscrito.

— Stanford, não - murmurei, deixando o papel amassado ao meu lado. - Washington, não - amassei novamente o papel. - Seattle University, não - rolei os olhos e continuei a amassar meus inúmeros nãos. Só então percebi que havia perdido anos do ensino médio tentando entrar nos registros da polícia. - Pelo jeito, vou trabalhar no McDonald’s. Levantei da cama, joguei os envelopes no lixo e fui para o banheiro. Após um demorado banho, coloquei meu pijama e liguei o notebook. A insatisfação se apossou do meu rosto ao perceber que não tinha internet. — Espera, ele trocou a senha do Wi-fi. Está de sacanagem. Levantei da cadeira buscando por meu aparelho celular e só então lembrei que havia sido confiscado pela polícia. - Merda! - Murmurei, me jogando novamente na cama e fechando os olhos. Eu havia saído do cárcere policial para o familiar.

— Nessie… — Nessie, querida… Abri meus olhos e, ainda sonolenta, olhei para o sorriso doce e angelical de Lily.

 - Acho que eu dormi - sussurrei, me sentando na cama.

— São vinte e duas horas. Você precisa se alimentar - Lily respondeu, olhando para minha mesa. Havia uma bandeja com bife e fritas. Ela sabia que era meu prato favorito.

— Sou uma jovem adulta que cometeu um crime e você me dá o que gosto?

 Lily gargalhou. - Sabe o que mais amo em você? Esse seu humor negro. Mas, apesar de estar certa, ainda é minha filha postiça e uma mãe não deixa uma filha com fome, mesmo que ela seja uma criminosa.

Fiz uma careta. - Você pegou pesado.

Ela beijou minha testa. - Coma, e saiba que eu te amo.

A encarei e sorri timidamente. - Eu também te amo.

O semblante de Lily denunciou sua felicidade em ouvir minhas palavras. Quando jovem, ela havia sofrido um acidente e lesionado seu útero, por isso foi necessário remover e ela não podia ter filhos a menos que os adotasse. Por isso, todo amor de mãe ela havia dado a mim e minhas poucas e raras demonstrações de afeto sempre a deixavam feliz.

Lily saiu do quarto e eu pulei da cama, peguei a bandeja e sentei no chão. Bife, fritas e Coca-Cola. Me perguntei se tio Matt sabia disso, ignorei meus pensamentos e, faminta, decidi comer. Após o jantar, resolvi terminar de ler meu livro por algumas horas até novamente ser vencida pelo sono. Era madrugada quando meus olhos se abriram e ouvi as vozes vindas da sala. Lentamente, levantei da cama e caminhei na ponta dos pés até a porta.

 — Você me pediu para esperar até ela ter idade suficiente para entender. Não posso mais permitir que Nessie estrague a vida dela em busca dessas respostas.

— Só queremos a proteger - uma voz feminina desconhecida falou em um tom pouco audível, mas eu consegui entender. Curiosa, saí do quarto e segui até as escadas, mas quando pisei no primeiro degrau, somente tio Matt e Lily estavam na sala.

 — Renesmee - Tio Matt falou com um semblante calmo. — Não estava dormindo, querida? - Perguntou Lily.

 — Eu ouvi as vozes. Quem estava aqui? O que eu já tenho idade para saber?

 Tio Matt sorriu timidamente. - Vê alguém aqui?”

 Desci as escadas e caminhei desconfiada pela sala, olhei atrás do sofá e na direção da porta e janelas. Tinha que admitir que, se alguém tivesse saído tão depressa, teria que ser no mínimo tão rápido quanto o Flash e ter batido com a porta ou janelas.

— Não - Murmurei - Mas ainda quero a resposta para a segunda pergunta.

— Claro! - Disse tio Matt - Espere aqui.

— Matt! - Lily sussurrou.

— Eu disse a você que ela precisa encarar a verdade, ela precisa disso - insistiu ele.

— O que eu preciso saber? - Insisti.

Lily suspirou e, mesmo seu rosto demonstrando seu descontentamento, o deixou ir. Meu tio caminhou até seu escritório e, ansiosa, o segui. Parei na porta ao vê-lo abrir o cofre e retirar de dentro uma pasta, colocando-a sobre sua mesa. — O que é isso? - Perguntei.

— As respostas que tanto tem procurado - ele respondeu.

Rapidamente corri até a mesa e peguei a pasta. Para minha surpresa, eram os laudos da morte de Riley e meus pais. Minhas mãos ficaram trêmulas enquanto eu lia tudo que estava no papel. Olhei para tio Matt e havia um envelope abaixo dos laudos. Lentamente, o abri. Eram as fotos de meu irmão e meus pais mortos no acidente, o corpo de Riley com buracos de projéteis de bala e meus pais com múltiplas fraturas.

— Não! Eu gritei, deixando as fotos sobre a mesa, e saí correndo do escritório, ignorando os gritos de meu tio e Lily, que tentou me segurar na sala. Subi as escadas correndo e entrei no quarto, trancando a porta.

— Nessie, abra a porta! - Gritou meu tio.

— Vão embora, por favor, vão embora! - respondi, me jogando na cama e me entregando às lágrimas.


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