Nevoeiro escrita por Alina Black


Capítulo 12
Renesmee- Obsidiana




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Os lábios de Eliot se afastaram dos meus e seus olhos cor de chocolate mudaram de cor, tinham um tom mais vermelho, como se estivessem em chamas.

— Seus olhos — sussurrei, olhando fixamente para ele.

Eliot baixou a cabeça, se afastando de forma abrupta.

— Perdão se eu me...

— Algo errado? — Perguntei, ignorando sua tentativa de desculpa. — Seus olhos estão vermelhos, você está se sentindo bem?

Ele voltou a olhar para mim e seus olhos tinham a cor de sempre, o marrom chocolate que combinava perfeitamente com o acobreado de seus cabelos.

— Deve ter sido a luz do jardim — ele justificou-se. — Isso sempre acontece comigo.

Apesar da justificativa, eu me senti um pouco intrigada. Lembrei que alguns minutos antes os olhos de Bela também haviam mudado de cor na sala. Olhei para Eliot e ele parecia decepcionado. Só então me dei conta de que eu estava estragando um momento importante, eu havia ignorado o que havia ocorrido anteriormente com o comentário sobre os olhos dele.

— Desculpe!

— Você sempre cria uma situação para fugir de algo?

Fiz uma careta e caminhei pelo jardim.

— Eu não estou fugindo da situação.

A mão dele segurou meu braço.

— Tem certeza, Nessie?

Eu o encarei suspirando.

— Eu apenas não sei o que dizer, eu me sinto estranha, eu nunca me interessei por ninguém porquê...

— Porque sua única razão de viver tem sido justificar a morte de sua família? — Eliot sorriu e me puxou para mais perto do corpo dele. — Nessie, não tenha medo de viver a realidade. Olhe ao nosso redor, eu sou real, a faculdade é real. — A mão livre dele tocou meu queixo. — Meus sentimentos são reais.

Os lábios dele novamente se aproximaram dos meus, me beijando e quebrando todas as minhas defesas. Minhas mãos envolveram a nuca dele, tornando o beijo mais intenso por alguns segundos. Quando o ar faltou, ele acalmou o beijo, selando meus lábios.

— Estou tentando viver a realidade — murmurei, dando um tímido sorriso.

— Prometo tornar ela o mais interessante possível.

Eliot e eu passamos alguns minutos a sós, olhando o luar, mas logo fomos interrompidos por Alice, que nos disse que Edward iria tocar algo em seu piano.

Retornamos à sala e nos juntamos ao restante da família. Edward sentou-se ao Fazioli e começou a tocar uma melodia animada e suave. Quando ele encerrou sua breve apresentação, olhou para Eliot, que fez uma careta, demonstrando sua insatisfação.

— Não vai nos dar a honra, Eliot? — Perguntou Carlisle.

— Eu preciso levar a Nessie para casa — ele respondeu. — Temos apenas uma hora, não quero decepcionar o senhor Biers na primeira noite.

Meus olhos percorreram a sala e pararam em Edward e Bela, que pareciam frustrados. De repente, o clima na sala ficou estranho.

— Será que posso ir ao banheiro? — Perguntei, tentando disfarçar que havia percebido.

— É claro — Disse Esme. — Eu levo você, querida.

Ela prontamente segurou minha mão direita, me puxando até a escada. Olhei para Eliot enquanto subia os degraus até perdê-lo de vista.

— É na porta no final do corredor — Explicou Esme.

— Obrigada — agradeci e apressei meus passos até a porta de madeira escura, a abrindo. Entrei no banheiro e suspirei, trancando a porta.

Caminhei até o espelho, deixando minha bolsa sobre a pia, e olhei para a torneira. Mas antes de girá-la, algo sobre a bancada chamou minha atenção.

Ao lado da torneira, havia um colar com um pingente de obsidiana. Minha mão tremeu e, lentamente, segurei a pedra enquanto algumas lembranças surgiam em minha mente.

 

“— O que é isso? — Perguntei a Riley, segurando o pingente do colar que ele usava.

— É uma pedra obsidiana — ele respondeu enquanto me colocava na cama. — Sabe para que servem?

Neguei com a cabeça e ele me cobriu com o cobertor, apertando meu nariz.

— As obsidianas neutralizam as energias negativas, iluminam nossa energia pessoal, purificam os ambientes, melhoram a circulação do sangue e equilibram o emocional — ele explicou.

— Por isso você sempre usa uma obsi...

Riley sorriu.

— Quando você for maiorzinha, eu te dou uma de presente.

— Tá bom — respondi, sorrindo.

— Boa noite, tampinha — ele beijou minha testa.”

 

— Nessie, querida, está tudo bem?

A voz de Esme me tirou do meu transe. Larguei o pingente sobre a pia e abri a torneira, lavando as mãos.

— Estou bem, já estou saindo — respondi, pegando minha bolsa e saindo apressada do banheiro. Esme sorriu, encostada na parede próxima à porta.

— Fiquei preocupada, você passou mais de dez minutos no banheiro.

— Perdão, Esme, é que aconteceu um daqueles acidentes femininos — menti para justificar, eu havia ficado boa nisso após dar mentiras como desculpas ao tio Matt.

— Eu entendo, se precisar de algo, me diga — Esme falou de forma gentil enquanto retornávamos à sala.

— Não se preocupe, sou prevenida — respondi de forma gentil e sorri.

Quando retornamos à sala, o clima estava mais animado. Emmett e Jasper disputavam uma partida de xadrez, tendo Rosalie e Alice em suas torcidas, enquanto Edward e Bela conversavam com Carlisle. Quando desci o último degrau da escada, Eliot se aproximou segurando minha mão.

— Fiquei preocupado, você está bem?

Confirmei com a cabeça.

— Estou bem. Se importa de me levar para casa? Não quero extrapolar o horário do meu tio.

— Na verdade, eu ia sugerir isso — ele respondeu.

Me despedi dos Cullen e prometi a Alice um dia de compras. Me sentia péssima por sair tão cedo da festa de Eliot, mas as lembranças de meu irmão haviam estragado minha noite.

Durante nosso retorno, eu apenas respondia às perguntas de Eliot. Assim que ele estacionou o carro em frente à casa, me despedi, dando um beijo em seu rosto.

— Você ficou calada durante todo o nosso retorno. Tem certeza de que está bem? — ele perguntou com um semblante preocupado.

Suspirei e sorri timidamente.

— Só estou cansada, nos vemos amanhã.

— Boa noite, Nessie — ele selou meus lábios e eu retribuí ao selinho dele.

— Boa noite, Eliot — sorri e saí do carro, caminhando até a varanda. Antes de abrir a porta, olhei para o veículo desaparecer no final da rua.

Entrei em casa e agradeci por meu tio não estar à minha espera. Tirei os saltos e subi as escadas em silêncio, indo diretamente para o meu quarto. Ao entrar, tranquei a porta e me joguei na cama.

Eliot tinha razão, meus pais e meu irmão estavam mortos, mas eu continuava viva.

Eu precisava viver.


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