A Pedra Filosofal: Regulus Black Mestre de Poção 1 escrita por Bruna Rogers


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/809057/chapter/2

 

1982

A vida de Regulus deu muitas voltas nos últimos anos, a maior parte do tempo foi passada se recuperando dos efeitos de sua empreitada no final de 1979.

Demorou meses para os efeitos finalmente serem administrados e ele pudesse voltar a uma vida "normal". Sua perna foi muito machucada pelos inferis e agora ele precisava de poções para dor depois de um longo dia de pé ou caminhando, mas isso é uma melhoria a ser comparada a quando ele acordou depois de quase dois meses de coma, onde ele mal podia mexer a perna sem uma dor lancinante.

Monstro havia desafiado suas ordens, ignorando as vontades de Regulus para salvar a vida dele. Black estava feliz pela desobediência, ele não queria morrer, e ainda não quer. Mas a vida não ficou mais fácil só porque ele recebeu uma segunda chance.

Além de se recuperar em uma casa segura longe de sua mãe, e de todo o mundo mágico, Regulus passou seu tempo — a partir do momento que conseguia sair da cama — aprendendo mais sobre as Horcrux e tentando descobrir se o Lorde das Trevas poderia ter feito mais de um.

Por mais que o simples pensamento de que existe mais de um é assustador e inimaginável em um mundo ideal, ele já esteve na mesma sala que o Lorde das Trevas vezes o suficiente para não duvidar de quão longe o homem iria em busca de poder, e o quão fundo o mesmo tinha se enfiado na magia negra.

Então ele gastou seu tempo tentando descobrir mais sobre o homem misterioso.

Como seu pai sempre disse: "Quanto mais conhecer seu inimigo mais vantagem sobre ele você terá"

Pensar em sua família também foi algo que ocupou sua mente nos últimos meses. Ele pensou em sua relação destruída com seu irmão mais velho, e o quanto ele queria poder estar com Sirius mais uma vez, como irmãos não inimigos.

Ele pensou em como seus pais destruíram a vida dele, com todas as expectativas irreais e cruéis postas sobre duas crianças. O completo desdém para o bem estar e as vontades de seus próprios filhos. O quão fácil foi para ele simplesmente renegar o primogênito apenas por pensamentos contrários aos deles, assim como foi com Andrômeda, queimada, excluída e morta para todos os outros apenas por escolher um homem diferente da vontade de seus pais.

Ted Tonks é um nascido trouxa, a maior desonra que poderia recair sobre o nome Black segundo Walburga. Mas ele era um homem, assim como Regulus, Sirius e Orion. A diferença estava em sua origem, no sangue dos pais deles.

Isso não é o bastante para renegar alguém, não é razão suficiente para matar alguém.

Regulus pensou muito nisso. Então ele também estudou mais sobre os trouxas, seus hábitos e como se relacionavam entre si e com o mundo ao seu redor. Viver em uma pequena vila trouxa em um canto distante da Irlanda o ajudou com isso.

Ele passou vários dias passeando por lá, vendo as pessoas. Em um parque ele ficou por algum tempo assistindo as famílias felizes, as crianças e seus pais fazendo piquenique e brincando. Foram os momentos em que ele mais pensou em sua família e em que mais se arrependeu dos pais que ele tinha.

Atualizado da guerra através dos jornais que Monstro trazia para ele. As coisas não tinham melhorado em nada desde sua "morte".

Sua morte é um tópico complicado também, havia pessoas que sabiam que ele estava vivo, infelizmente Dumbledore é um deles.

Regulus evitou o seu ex-diretor tanto quanto ele evitou seus antigos conhecidos Comensais e seu ex Lorde. Dumbledore foi um trabalho difícil, ainda mais depois que Regulus comentou com o homem sobre a profecia do "ESCOLHIDO" que Severus transmitiu ao Voldemort alguns dias antes de Regulus partir para a caverna.

A uma enorme infelicidade em saber que Dumbledore é uma das poucas pessoas que pode ir contra Voldemort, se não o único.

Então depois de muito tempo ele retornou às tentativas de contato do diretor. E agora os dois estão juntos na tentativa de encontrar outra horcrux. O ruim, além de ter que ficar tanto tempo com o grifinório mais velho, é que nem Dumbledore sabe como destruir horcrux. Nem ele.

O final do ano anterior foi uma merda completa, com a morte dos Potter, e a queda mas não derrota definitiva de Voldemort. Seu irmão ainda foi preso por um crime que Regulus tem certeza que o homem não cometeu, mas ninguém estava tão disposto a ouvir o Black mais novo. Até Dumbledore — para o ódio e a certeza de que ele estava certo em não confiar completamente no homem — não acreditou que Sirius era inocente, pois seu irmão era o guardião do segredo dos Potter, e porque ele matou Peter Pettigrew.

Além disso, seu ex-amigo Barty foi preso por ter torturado, ao lado de sua cruel prima Bellatrix, o marido e cunhado dela, o casal Longbottom com cruciatus até a loucura dos dois.

Sua escolha de amizade é claramente um erro gigantesco. Quando ele revelou estar vivo e foi inocentado graças a Dumbledore, seus amigos o abandonaram.

E ele conseguiu um emprego, para o horror de sua mãe se ela ainda estivesse viva, em Hogwarts como professor de poções. Porque Slughorn estava se aposentando, e assim Reggie e Dumbledore poderiam trabalhar juntos. Foi uma ideia que não agradou Regulus, mas ele aceitou mesmo assim.

A noite anterior foi a primeira vez em Hogwarts como um professor diante dos alunos. O jantar de seleção não mudou em nada, mas os ânimos dos alunos estavam em estágios diferentes, todos pareciam felizes em estar de volta, mas ainda há os resquícios da guerra assombrando a todos.

A mesa da Sonserina estava, se não todos, em sua maioria lhe lançando olhares furtivos. A maioria sabia sobre sua nomeação desde que, como herdeiro da Casa Black, e seu julgamento foram bem divulgados pelos jornais. E o ciclo em que Regulus estava, infelizmente, também é o dos pais da maioria deles.

Após uma longa seleção e quase trinta alunos sendo separados em suas casas, o jantar finalmente começou, no entanto os olhares furtivos não terminaram até o diretor dispensar os alunos de volta para suas comunais.

Mais uma vez, assistindo os alunos, ele se arrependeu muito de sua decisão. Como ele poderia ensinar a essas pessoas? Um pouco tarde para tentar voltar atrás agora. Se enfiar nos confins da casa de infância dele não ajudaria ou resultaria em nada.

As coisas não poderiam permanecer como estão, ainda há pessoas com os mesmos pensamentos que Voldemort, pensamentos que podem destruir o mundo apenas por preconceitos e ignorância.

Minutos após a retirada dos alunos para suas comunais, Regulus calculou quanto tempo demoraria para os alunos chegassem às masmorras, e os Monitores fizessem seu discurso e explicassem as regras.

Ele desceu até lá, e apresentou a senha observando a porta surgir nas pedras da parede.

Nada havia mudado desde que ele morava aqui quando adolescente. O fogo ainda tremeluzia nas tochas nas paredes, e o lago ainda era visível quando alguém espiava pela janela, observando os peixes nadando preguiçosamente e a água batendo no vidro. Mesmo olhando para ele fazia suas cicatrizes formigarem e algo apertava sua garganta, então ele se ocupou em observar os alunos que ele estava determinado a salvar.

A sala comunal inteira ficou em silêncio quando ele entrou. Ninguém tinha ido para seus dormitórios ainda. Os monitores pareciam ter recém terminado seu discurso para os primeiros anos. Todos os olhos foram atraídos para ele, parado na entrada da sala com a confiança de Dumbledore vestida como uma armadura e a Marca Negra escondida sob camadas de tecido, vergonha se misturando.

— Professor Black — Brienne Parkinson, uma monitora do sétimo ano, disse, levantando-se de seu assento perto da lareira —Você... precisa de alguma coisa?

— Achei prudente permitir que você se familiarizasse ainda mais com seu novo chefe de casa — explicou ele, movendo-se para se sentar no que ele sabia por experiência ser a poltrona mais confortável e elegante.

Seus olhos varreram os diversos rostos diante dele na sala. Os primeiranistas se aproximaram, cercando-o com seus olhos arregalados.

— Sim, fomos informados de sua nomeação — disse o outro monitor do sétimo ano, William Prince, com um ar de ceticismo confuso ainda pairando em seu rosto.

Regulus o observou por um segundo, se recostando na poltrona ele entrelaçou seus dedos em seu colo.

— Serei franco — ele começou, orgulhoso como atraiu a atenção de todos tão rápido — Minha história, e a história da minha família, tem sido um tópico sórdido de discussão, especialmente nos últimos anos, onde o curso da minha vida mudou significativamente — sua Marca Negra coçava com a menção insinuada; ele ignorou — Eu queria vir aqui esta noite, a primeira noite do ano letivo, para... esclarecer as coisas.

Ele voltou a olhar para os primeiranistas que são os mais próximos dele.

— Algum de vocês é nascido trouxa? — a pergunta é feita com um desejo avassalador de que a resposta seja não, mas como tudo em sua vida não sai como ele espera.

Uma garota pequena, com os cabelos encaracolados quase cobrindo os olhos, levantou lentamente a mão. Ela olhou lentamente ao redor, sentindo o desgosto sutil que a permeava.

— Daiane Harris — ela se apresenta.

Regulus engoliu um suspiro e apenas assentiu.

— Algum de vocês é mestiço?

Três outras crianças responderam desta vez.

Ele sabia o quão ruim era o preconceito com mestiço dentro da sonserina, mas não chegam aos pés do que é com um nascido trouxa. Então ele voltou a mirar a todos.

— Quero deixar algo muito claro a todos — ele se inclinou para frente, seus olhos correram principalmente entre os mais velhos — Se eu estiver ciente que a senhorita Harris está sendo alvo de qualquer desprezo ou insulto por seu status de sangue, você será punido com o melhor da capacidade da escola. Não vou tolerar esse tipo de comportamento. O mesmo vale para atacar mestiços.

O descontentamento era palpável na sala. Os rostos retorcidos em caretas que rapidamente foram disfarçadas. Mas ele também podia ver o leve alívio no rosto de Diane Harris, e isso fez valer a pena.

Seus sonserinos não entenderiam imediatamente. Eles foram alimentados com mentiras por suas famílias, e eles eram jovens. Eles não foram forçados a assistir enquanto um nascido trouxa era torturado. Eles não tinham visto Lily Evans varrer a escola como uma força da natureza. Eles não se aventuraram na Londres trouxa e viram com seus próprios olhos o valor daquele mundo, daquelas pessoas.

Mas tudo bem. Ele não esperava que eles o entendessem imediatamente. Ele só esperava que eles o fizessem, eventualmente.

— Vocês vão descobrir que eu pretendo ter um papel muito mais ativo como Chefe da Sonserina — ele disse, recostando-se na cadeira — coisas que antes eram aceitáveis ​​ou ignoradas não terão mais o mesmo tratamento.

Slughorn não foi um diretor ruim, talvez apenas um tanto negligente com certos assuntos, deixando seus pupilos serem enganados e caírem nos falsos encantos do Lorde das Trevas. Ocupado demais em cultivar favores e aliados de ambos os lados para notar e extinguir a podridão de seu meio.

— Sim, Professor — Parkinson respondeu, sua mandíbula apertada

Ele deixou um sorriso cruzar seu rosto.

— Bem-vindo à Sonserina — ele disse, projetando sua voz — a porta do meu escritório está aberta se você precisar. Espero grandes coisas de todos vocês —  com isso, ele se levantou da poltrona e saiu da sala.

De volta ao seu quarto em Hogwarts, sentado em sua cama ele chegou a conclusão que isso foi bom. Poderia ter sido muito pior, ele sabe muito bem disso. Mas a aceitação dos alunos não pode vir do dia para noite, afinal sonserinos eram conhecidos por ser espertos e cautelosos, eles não cairiam tão fácil nas palavras de alguém ou iriam confiar em Regulus da noite para o dia, mas ele tinha tempo, ainda é o primeiro dia do ano letivo, Regulus ainda tinha tempo.

A noite foi boa.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Pedra Filosofal: Regulus Black Mestre de Poção 1" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.