Caminho das Centelhas escrita por Sir Rail Zeppelin


Capítulo 18
Eu sou Sword Knight




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—Eu sou culpado... não tenho muito o que faz quanto a isso né? – Sword pergunta, mas a pergunta se parece mais com uma afirmação
  -Um momento meu protegido – diz um homem entrando no tribunal – Se permite, farei sua defesa, muito prazer, sou Axioma e serei seu representante neste tribunal.
  -Meu representante?
  -É, tipo seu advogado, agora, não diga mais nada, deixe que sua defesa, eu faço!

  - Excelentíssimo Juiz – diz Axioma se ajeitando e se posicionando, andando de um lado para o outro – respeitável júri, senhoras e senhores presentes neste tribunal, agradeço a oportunidade de apresentar a defesa do meu cliente, Sword. Nós reconhecemos a seriedade desta acusação, mas é importante entender que a tristeza de uma pessoa não pode ser analisada apenas com base nos fatores externos de sua vida. A tristeza é uma emoção complexa e subjetiva, que pode estar relacionada a diversos fatores psicológicos, biológicos e ambientais.

  Primeiramente, devemos considerar a possibilidade de Sword estar enfrentando uma condição de saúde mental, como a depressão. A depressão é uma doença real e grave, que pode afetar qualquer pessoa, independentemente das circunstâncias externas aparentemente favoráveis. Ela pode afetar o funcionamento do cérebro, causando desequilíbrios químicos e afetando o estado de espírito e a capacidade de sentir felicidade. Além disso, é importante lembrar que cada indivíduo é único e lida com os desafios da vida de maneira diferente. O fato de Sword possuir conquistas materiais ou outros motivos para ser feliz não invalida seus sentimentos de tristeza. O sofrimento emocional não é algo que possamos medir ou comparar com base em critérios objetivos. Cada pessoa reage de forma única às circunstâncias da vida. Também é essencial considerar o contexto mais amplo da vida de Sword. Embora possa haver muitos aspectos positivos aparentes, como Luise ou Lara mencionara, não temos conhecimento completo de todas as experiências e eventos que podem ter impactado a vida do réu. Traumas passados, perdas pessoais – Axioma diz isso olhando de ladio para Sword, como se ele soubesse de algo – ou outras dificuldades podem estar afetando sua saúde mental e bem-estar emocional.

Pode se ouvir murmúrios entre as estatuas do júri

  - Por fim, lembro a todos que nosso papel é garantir a justiça e aplicar a lei de acordo com os princípios fundamentais do Estado de Direito. Nesse sentido, devemos refletir se é apropriado criminalizar Sword por algo que ele nem tem controle. A justiça deve buscar proteger os direitos individuais, a igualdade perante a lei e o bem-estar da sociedade. Peço a todos que ponderem sobre esses argumentos apresentados em defesa de Sword e avaliem a situação dentro do contexto fictício estabelecido. Obrigado, Excelentíssimo Juiz. A defesa encerra sua argumentação.

“Essa tá no papo” diz Axioma a mim após terminar sua argumentação. Fico ali pensando, talvez o fator que esteja me deixando triste realmente seja algo passado, mas eu me lembro muito pouco sobre meu passado.

  -Membros do júri –Equinox diz indeciso – após ouvir os argumentos da acusação e da defesa, chegou o momento de tomar uma decisão sobre a culpabilidade ou inocência do réu, Sword. Como juiz, peço que vocês deliberem sobre o caso e cheguem a um veredicto. Por favor, manifestem suas opiniões e argumentem a favor da sua decisão.

Estátua 1: Eu entendo que a acusação argumentou que Sword tinha motivos para ser feliz, mas a defesa levantou questões importantes sobre a complexidade das emoções humanas. Considerando o contexto, no qual a tristeza é um crime, acredito que a imposição de penalidades por uma emoção natural seria desproporcional. Portanto, minha opinião é de que Sword seja considerado inocente.

Estátua 2: Concordo com o Jurado 1. A defesa apresentou o argumento de que Sword pode estar enfrentando desafios pessoais não visíveis externamente. Além disso, a questão da saúde mental foi levantada, destacando a importância de buscar ajuda e tratamento adequados. Nesse contexto, condenar alguém por sentir tristeza seria negar a sua humanidade. Acredito que devemos considerar Sword inocente.

Estátua 3: Eu também concordo com os jurados anteriores. A tristeza é uma emoção natural e não deve ser criminalizada banalmente assim. Além disso, a defesa ressaltou a importância dos direitos individuais e da liberdade de expressão. Se estamos aqui para buscar justiça, não podemos permitir que o Estado controle as emoções das pessoas. Portanto, meu voto é pela inocência de Sword.

Estátua 4: Após ponderar sobre os argumentos apresentados, concordo com meus colegas jurados. Acredito que a acusação não conseguiu provar de forma convincente que Sword é culpado por sentir tristeza. A defesa apontou a complexidade das emoções e a possibilidade de desafios ocultos na vida de Sword. Não vejo fundamentos suficientes para condená-lo. Voto pela inocência.

  -Muito bem, após ouvir os argumentos e deliberações dos jurados, concluímos que Sword deve ser considerado inocente da acusação de ser triste mesmo tendo motivos para ser feliz. A tristeza é uma emoção humana legítima e não pode ser criminalizada. Porém, agora quero ouvir do próprio réu... VOCÊ SE SENTE CULPADO SWORD?

  -Sim!
  -E PELA CULPA QUE VOCÊ SENTE, VOCÊ QUER CUMPRIR SUA SENTENÇA?
  -... Sim.
  -Como é que é Sword? Você é inocente, para com isso – diz Luise
  -Foram vocês mesmas que me disseram isso não foi?
  -Só dissemos a verdade, afinal era um teste sobre verdade e justiça. Mas agora, o julgamento já acabou, não tem por que aceitar uma sentença que nem é válida mais.
  -Sinto muito Luise, mas, as imagens que eu vi... bom, talvez realmente eu tenha que cumprir seja lá o que for essa sentença... estamos na ilha da alegria, talvez aqui eles tenham algo para me ajudar
  -Sword, não, qualquer coisa que eles tiverem, vai ser só uma forma de te controlar, vai virar só mais um manequim assim como todos os habitantes da cidade.
  -Eu já me decidi Luise, bom, até uma outra hora.
  -COMO O PRÓPRIO RÉU SE DECLARA CULPADO, ELE SERÁ SENTENCIADO AO DESCONHECIDO!

O tribunal começa a se parecer um templo novamente, o local onde eram as arquibancadas começam a voltar a ser pilares adornados, as estátuas retornam a seus lugares. O local onde Sword estava começa a descer e então o chão se fecha sob sua cabeça, o piso continua liso, mas Sword não está mais ali. A figura que representa o Axioma ainda está ali, de pé, talvez esperando algo.

  -Você – Luise diz correndo e sacando seu florete para o homem – Onde está Sword?
  -Ele foi sentenciado ao desconhecido, eu o defendi, não devia apontar sua espada pra mim né?
  -Eu nem te conheço
  -Claro que conhece, sou o Axioma. Enfim, Sword não morreu e nem vai ser mordo, acredite em mim, eu não posso mentir
  -Então onde ele está?
  -Como eu disse no desconhecido, é só seguir de volta para a cidade na ilha, vão encontrar ele novamente
  -Não dá pra voltar para a cidade, precisamos passar para as outras provas
  -Não precisam não.
  -Como assim moço isquisito a – Lara indaga
  -Bom, às provas são feitas para testar a pessoa que quer chegar ao cristal, muitos passaram por todos os testes e morreram no último porque não pra passar por eles, os testes são chances de você fazer o certo.
  -Sofia, Sofia passou por todos os testes e chegou ao cristal, como explica isso?
  -Sofia? Hummm... ah sim, Sofia, aquela mulher. Nossa faz tanto tempo, sim ela e um tal de Sword vieram fazer o teste, Sword perdeu no primeiro e seria executado no último porque nem de longe aquele homem tinha capacidades de passar nos testes, mas ela o salvou. Ela se ofereceu no lugar dele para passar em todos os testes... bom Sofia passou no primeiro, esse mesmo que vocês presenciaram, mas ela havia feito um acordo né, e como acordado, ela passou por todos os testes e teve sucesso em cada um deles. Uma mulher realmente incrível. Sword, nunca viu o cristal de perto, mas Sofia o viu. Um tanto quanto curioso, já que anos depois seu filho viria aqui passar pelo mesmo teste e passaria nele.
  -Então é verdade, Sword realmente é filho de Sofia Stemma-aurea?
  -Sim, e daquele brucutu do pai dele, Sword Knight
  -Você não está mentindo, não é?
  -Claro que não, sou Axioma, sou a própria verdade encarnada. Quer dizer, esse não sou eu, é apenas um arauto para minha voz
  -Mas, isso foi a 400 anos atrás, como é possível?
  -A quanto tempo vocês estão nessa ilha?
  -Nó máximo 1 dia e meio
  -Errado, bom, esse diário está incompleto, existe uma outra parte dele nesta ilha, mas lá relata que Sword e seu filho saíram da ilha, lá fora as pessoas relataram que “depois de uma expedição de dois anos, um dos herdeiros da casa Knight voltou com um sucessor”.
  -Impossível, isso sugere que o Sword tenha 415 anos de idade, mas ele não tem isso
  -A Data de quando isso aconteceu, é dia 33 do mês Geloeterno do ano 20 A.Q.C.
  -Uai sô, agora fiquei cafusa das ideia. Então, os pai do Sword tem 400 anos, mas o Sword não –Lara pergunta tentando somar com os dedos
  -E qual é a data da notícia? Melhor, qual o ano?
  -2409 A.Q.C.
  -Isso quer dizer que a ilha Júbilo é no passado.
  -Parece que entendeu Luise
  -Sword disse que não se lembra de nada de sua família, talvez porque a mente dele foi afetada pelo fluxo de tempo da ilha. Mas espera, se estamos no passado, quer dizer que a mãe do Sword ainda está viva?
  -Não sei lhe dizer essa informação
  -Aliás, por que nós não precisamos fazer os outros testes? Como foi que tivemos sucesso?
  -Simples, vocês foram verdadeiros o tempo todo, não adianta ir contra a justiça, ela sempre vence! No fim, o resultado do julgamento não importa, só importa vocês serem verdadeiros.
  -Mas a verdade que importa não era a nossa, era?
  -Não, era somente a de quem pediu julgamento, nesse caso, o réu. Muitos após serem inocentados, ignoraram o fato de que ainda estavam perante a verdade.
  -Claro, o julgamento havia terminado, mas a verdade ainda estava no tribunal – diz Luise embainhando a espada
  -Exatamente, Sword foi verdadeiro e disse que era culpado mesmo sendo inocentado. E por isso, passaram no teste, afinal... a verdade liberta!
  -Entendo, bom, vamos Lara, criança. Vamos voltar para a cidade.
  -Tentem entender o lado do Sword quando vocês voltarem, ele vai estar diferente.
  -Diferente como?
  -Vocês vão ver...

  A criança, Luise e Lara saem do templo, voltando em direção a cidade, demora algum tempo, mas quando voltam se surpreendem. Às pessoas estão todas na rua, confusas com algo, com certeza o fato de terem sofrido nas mãos das assombrações por tanto tempo. Entre as pessoas está Sword, sentado encostado numa casa que mais se assemelhava a um bar. Todas correm para ver o estado dele, diferente do que Axioma disse, Sword parecia igual a antes, mas não foi sua aparência que mudou e sim sua personalidade.

  -Sword, o que aconteceu depois daquilo? – pergunta Luise se abaixando para conversar com ele
  -Bom, fui levado até o cristal...
  -E aí? O que você fez?
  -Bom, dentro do cristal tinha uma pessoa presa, toda positividade da ilha só existia por causa dessa pessoa, as assombrações começaram a surgir porque a pessoa dentro do cristal já estava ficando sem energia vital pra manter a positividade. A ilha Júbilo era chamada de ilha Severá, por causa da quantidade de monstro e demônios que havia aqui. Mas é uma história muito antiga pra que as pessoas possam se lembrar
  -E como é que você sabe?
  -Minha mãe me contou.
  -Você encontrou sua mãe?
  -Sim
  -E ela era a Sofia?
  -Sim. Ela também era a pessoa que estava no cristal. Eu sei que vai me perguntar mesmo, então vou te contar a história toda...

  Sofia ficou presa no cristal depois que o mesmo começou a rachar devido a última pessoa que estava no cristal estar morrendo. Meu pai, Sword Knight, foi quem prendeu ela lá a quase 400 anos atrás, foi uma forma que ele achou de não pagar o preço do tempo que havia passado aqui. Com o tempo, a energia vital de Sofia estava se esgotando também, e naquele momento eu tinha uma escolha pra fazer, assumir o lugar dela no cristal ou colocar outra pessoa lá. Ou apenas abandonar isso e deixar o cristal se quebrar. Como eu estou aqui, imagino que vocês já sabem o que foi que escolhi. Com isso, todos que estão presos aqui a tanto tempo, vão morrer, as assombrações vão deixar de ser controladas pelo cristal e vão voltar a ser hostis ao invés de simplesmente converter as memorias e emoções das pessoas. Minha escolha condenou a ilha Júbilo a voltar a ser a ilha Severá.

  -Como assim, o que você está dizendo? Às pessoas estão bem – Luise olha para confirmar, mas o que ela vê são pessoas se desfazendo em poeira – O que é isso?
  -O tempo finalmente as alcançou. O cristal, desde que foi ativado, fez a ilha parar no tempo, apesar do tempo está passando normalmente lá fora, aqui ele não passava. E como era o cristal que praticamente controlava as mentes das pessoas, era como implantar uma lembrança de data falsa na cabeça delas. Agora, isso está sumindo. Apesar de terem se passados 400 anos, lá foram não passou quase nada de tempo, eu não sei ao certo, mas é tempo suficiente pra matar a maioria das pessoas aqui.
  -E quanto a nós?
  -Estamos atrasados para a missão. É isso que tem pra nós, não ficamos aqui tempo suficiente para sermos engajados na dobra do tempo.      
  -Eu não estou entendo Sword
  -Eu te explico melhor outra hora. De qualquer forma, a história está toda anotada aqui – Sword mostra um livro
  -Isso é o que eu estou pensando?
  -Sim, o diário da Sofia  completo, esse que ela deixou para ser encontrado é só algo que ela escreveu a parte nessa ilha. Acho que é uma forma de eu conhecer um pouco mais sobre...
  -Sobre sua mãe, você não conviveu muito com ela, por isso é meio estranho chamar ela de mãe, mas ela é Sword. Você é Sword Knight-Stemma!
  -Sword Knight
  -Oi?
  -Esse é meu nome, Sword Knight, último na linha de sucessão do clã Knight e possivelmente último vivo do clã. Agora eu me lembro dos meus objetivos, vamos terminar essa missão e voltar para Aúdases, pois eu tenho assuntos pendentes.


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