Nine Lives escrita por Shalashaska


Capítulo 5
Ratos fazem a festa




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Observar Harry Osborn era aguardar uma bomba-relógio sem timer.

E todo mundo sabia disso.

A doença degenerativa dos Osborn sempre foi alvo de fofocas, mas existiam pontos consistentes naquela rede de teorias: a tremedeira nas mãos que começava com um leve espasmo; o esverdeamento da pele; as alterações de voz. O humor também tornava-se volátil, mas era difícil atribuir isso a doença ou a reação ao castigo: Harry Osborn iria definhar e morrer como o pai.

Felicia tentava não prestar atenção no tremor das mãos dele ao segurar o terceiro copo de bebida na festa. Era uma noite linda na cobertura de um prédio em Nova York e não havia nada que denunciasse os sinais de um destino terrível: Hugo Hoffman finalizava seu brilhante discurso sobre a história da Big Pharma, desde sua fundação, a explosão seguida da compra pela Oscorp e os posteriores baixos investimentos, até a sua independência e inovação. Em poucos minutos, Hoffman ilustrou com um sorriso como a própria empresa se livrava de um parasita e entregava ao mundo uma benção: a cura para a hemofilia.

Enquanto discretamente levava Harry para uma área reservada, Felicia absorvia o significado daquele evento. A Oscorp já teria reduções por não vender mais insumos a Big Pharma e ninguém do ramo de fato dava credibilidade para o herdeiro problemático da empresa, ao menos não depois dos episódios catastróficos envolvendo o nome dela — desde o episódio dos lagartos ao sujeito feito de eletricidade. A Oscorp tinha o rosto jovem, errático e em provável degeneração de Osborn; a Big Pharma trazia a tradição de volta. Não era uma decisão difícil para investidores.

“A fórmula, Felicia. É uma fórmula familiar, eu tenho certeza…”

Uma figura alta, desprezível e que odiou ter acordado sozinho na festa anterior, interrompeu a resposta de Felicia.

“O que foi, Osborn? Preocupado com as ações da Oscorp?”, Lennox deu uma tragada no cigarro, “Ou por alguém ter encontrado a cura pra doença do seu pai? Ele era hemofílico. E você também deve ser.”

Ela viu o olhar de Harry pender para o lado errado de sua sanidade.

“Vamos embora. Não há nada aqui e nem Hoffman vai nos dar atenção”, Tocou o ombro dele com cuidado. Depois, aproximou-se de Lennox com a voz baixa que usava ao fim de negociações difíceis. “Cuidado com o elevador quando for embora, Lennox. Não vá cair no andar errado.”

E deixou-o reclamando sozinho. Já esperando o manobrista voltar com o carro, Harry parecia mais controlado, mas não com menos ódio. Queimou todo o álcool por pura raiva no corpo.

“Não quero sua pena. E não preciso de ajuda para voltar para casa.”

“Casa? Por favor, nenhum de nós dois é cachorro pra voltar com os rabos entre as pernas.”

“E o que você sugere?”

“Um furto. Vamos pegar seu planador de volta.”


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