Divórcio de Mentirinha escrita por Saori


Capítulo 1
Ato I.




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Ato I.

Entre surtos e mentiras.

 

Rose Weasley não sabia que estava se metendo em uma enrascada quando aceitou cruzar o oceano, em uma aventura, com o seu primo Albus. Na verdade, o Potter fez questão de deixar alguns detalhes de lado. Detalhes muito importantes na concepção da ruiva. Era por isso que, naquele instante, ela estava paralisada, no meio do aeroporto, diante de um milhão de pessoas que passavam ao seu redor, as quais nunca havia visto em toda a sua vida — e felizmente tinha grandes chances de nunca mais ver de novo.

— Nós vamos o que? — perguntou a ruiva, desacreditada. Suas mãos seguravam a mala azul bebê com uma força quase inacreditável, repleta de raiva.

— Vamos nos hospedar na casa do Scorpius — repetiu Albus e engoliu seco.

Ele sabia que Rose estava bem perto de querer matá-lo e não a julgava por isso, afinal, havia escondido aquela informação de propósito.

            A verdade era que Rose e Scorpius não se davam muito bem, enquanto ele e Albus eram melhores amigos. Sendo assim, era uma situação fácil para o Potter, porém simplesmente inviável para a Weasley, que se via diante do seu pior pesadelo.

            Rose não odiava Scorpius, mas eles descordavam em tantas coisas que isso tornava a sua convivência deles quase impossível. Eram diferentes e imiscíveis, como água e óleo.

            — Vamos, ele deve estar lá fora esperando a gente — falou Albus, com o pouco de coragem que lhe restava.

            Rose o fuzilou com os olhos.

— Qual é, Rose?! — Ele suspirou. — Como imaginou que eu ia conseguir uma viagem tão barata para cá? Não vamos gastar com hospedagem e vai ser por pouco tempo, vai passar rápido e vamos aproveitar a viagem juntos. Vai ser divertido.

Ela não respondeu, simplesmente começou a se guiar pelas placas do aeroporto que indicavam a saída. Albus, silenciosamente, seguiu os seus passos, ciente de que não deveria dizer mais nada, caso quisesse manter-se vivo.

Não foi muito difícil sair do local, principalmente porque não carregavam muitas malas consigo, o que facilitava bastante o trabalho. Do lado de fora, do outro lado da estreita via interna, pertencente ao estacionamento do aeroporto, estava o carro de Scorpius estacionado, com as janelas abertas para que eles pudessem vê-lo. Albus abriu um sorriso gigantesco, que ia de orelha a orelha. Fazia tempos que não via seu melhor amigo, que se mudara para o Brasil há pouco mais de um ano, para participar de um programa de Biologia Marinha que conseguira logo após sua graduação.

— Quanto tempo, Scorp! Eu senti saudades! — foi o que disse Albus, assim que chegou próximo o suficiente do vidro para que o loiro o ouvisse.

— Jura? Eu nem imaginei pelas milhares de mensagens que você me manda todos os dias. — Ele sacudiu o próprio celular e, em seguida, saiu do carro. — Olá, Rose — cumprimentou, assim que se deparou com a ruiva do lado de fora do veículo. — Posso te ajudar com a mala? — perguntou, apontando para o objeto.

Rose respirou fundo e tinha inúmeros motivos para isso: estava cansada da longa viagem, não havia conseguido dormir no avião, graças à uma criança extremamente barulhenta, e precisaria passar os próximos dias sob o mesmo teto de Scorpius. Tudo o que esperava era que nesse período de pouco mais de um ano, ele tivesse amadurecido. Tentando manter as desavenças de lado, a ruiva deixou um pequeno sorriso aparecer em seus lábios, decidindo prezar por uma convivência pacífica pelos próximos dias.

— Olá, Scorpius — respondeu. — Bom, se você conseguir me dar uma mãozinha, será ótimo.

Ele estendeu a mão na direção da menina, que ficou alguns segundos paralisada, tentando compreender.

— O que? Estou te dando uma mãozinha — disse, tentando segurar o riso devido à própria brincadeira nada engraçada.

Definitivamente, ele não havia amadurecido.

Rose bufou, segurou a mala com força, passou diretamente por ele e colocou a bagagem no porta-malas. Não estava irritada, nem nada, mas não tinha paciência para imaturidade e também não estava mesmo com um humor bom o suficiente para lidar com aquele tipo de comportamento. Estava exausta e dormiria por uma semana, se pudesse. Talvez até mesmo fosse a melhor opção, dadas as circunstâncias na qual se encontrava.

Ainda em silêncio, ela deu meia-volta, caminhou ao redor do carro e finalmente sentou-se no banco do carona. Do lado de fora, Scorpius e Albus entreolharam-se e engoliram seco, amedrontados. Rose Granger-Weasley de mau humor era a pior coisa a ser enfrentada, e nenhum deles queria ter que lidar com isso, especialmente porque morariam juntos pelos próximos dias.

Cauteloso como nunca, Scorpius entrou no carro em total silêncio e segurou firmemente o volante, iniciando o trajeto para a sua casa, que tinha de tudo para ser silencioso e pacífico, até Albus decidir abrir a boca.

— Scorpius, por que raios tem um sutiã aqui atrás? — perguntou Albus, quase espantado. Não que ele nunca tivesse visto um, mas não esperava encontrar aquilo no carro do amigo tão repentinamente.

O Malfoy engasgou e deu uma freada brusca ao avistar um sinal vermelho que quase passou despercebido. Rose, que se perguntava o que diabos estava fazendo ali com dois idiotas, levou uma das mãos até o rosto e começou a massagear as têmporas. Então assim seria o decorrer da semana, extremamente estressante. Ela só queria sair da geladeira que era a Inglaterra e conhecer um país tropical, não pagar por todos os seus pecados.

— Por que você está vasculhando o meu carro? — ele praticamente berrou nos ouvidos da ruiva.

— Eu não estou vasculhando o seu carro — respondeu. — Eu literalmente só sentei.

— E não podia ter ficado quieto? — resmungou o loiro, mal humorado.

— Como eu poderia? Eu fui pego de surpresa! — gritou Albus.

— Será que vocês podem parar? — bradou Rose, extremamente irritada. — Isso aqui está parecendo uma briga de casal, vocês são casados por acaso?!

— Por que você está tão irritada? — indagou Scorpius, que se arrependeu de não ter ficado com a boca calada no minuto seguinte.

— Porque eu não tenho o menor interesse em saber quem deixou sutiãs no seu carro, eu só quero chegar na sua casa e dormir!

Depois daquele ultimato, nenhuma outra palavra foi dita até o fim do percurso.


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