Willow escrita por Atlanta Claremont


Capítulo 2
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

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'"I'm only seventeen, I don't know anything

But I know I miss you''

Ela me esperava em baixo de um salgueiro, o vermelho dos cabelos misturavam-se com o alaranjado das folhas, já secas do outono, me hipnotizavam. Era quase inverno, pois seus cílios estavam mais claros que o normal.

— Me leva com você- ela quase implora

— Sabe que eu não posso- respondo triste em contrariá-la

— Por que não? Sou tão competente quantos os outros, você sabe disso.

Ela me olha nos olhos, e eu não sei onde começo ou termino, só sei que é tão lindo vê-la assim, me amando.

— Não é isso, Gina, você sabe....

— O que mais preciso fazer para que você acredite em mim?- O tom da sua voz se altera, numa mistura de raiva e desespero. Ela se descontrola facilmente, intensa demais, destemida... Eu sempre amei isso, mas hoje não. Não para levá-la comigo em um busca pelas relíquias da morte.

— Não se trata disso. Você seria uma distração- Percebo que erro ao me expressar, sempre fui péssimo com as palavras- eu nem sei o que faria caso acontecesse alguma coisa com você, Gina- tento me consertar- Você não entende, preciso que fique aqui. Preciso saber que vai estar segura....

Nesse momento cheguei a pensar que Gina avançaria em mim com o ganho de uma árvore, mas após um minuto de silêncio, que pareceu uma eternidade, ela disse em um suspiro

— Preciso que prometa que vai voltar. Promete Harry, promete que vai voltar para mim.

''But we were something, don't you think so?

Roaring twenties, tossing pennies in the pool

And if my wishes came true

It would've been you"

Me apegar a esse pedido foi o que me manteve vivo durante os dois anos mais tenebrosos da minha vida. Eu sempre me senti um estrangeiro, um viajante, mas ela me dava a sensação de casa. A ideia de vê-la, nossas peles se encontrarem em um toque, um beijo... Sentir o cheiro adocicado de cereja era tudo que eu queria, até que a saudade foi substituída pela vergonha.

Eu voltei, e encontrei o meu amor despedaçado, minha culpa é claro. Nós vencemos, ou melhor, derrotamos Voldermort, mas a que preço? Eu não me sentia vitorioso, não sem meu melhor amigo do meu lado.

Eu tinha tantos planos para quando a encontrasse novamente. Contudo, estávamos enterrando seu irmão e meu melhor amigo, sinto muito foi tudo que consegui dizer. Eu queria ir embora o mais rápido possível, não conseguia encará-la.

Mas Gina é impetuosa, não é tão fácil assim só ir embora.

— Temos que conversar

Caminhamos até o salgueiro onde nos encontramos pela última vez, o lugar já estava marcado. Provavelmente teria u H e um G desenhado em um coração no tronco da árvore, se fossemos um pouco mais novos.

— Gina, eu

— Não fala nada. Só me abraça- ela pede com os olhos chorosos.

A dor, misturada com a saudade, a paixão adormecida. Eu nem consigo descrever todos os sentimentos que me envolveram naquele momento, só que me senti novamente em casa. A noite começava a cair, e todos já haviam voltado para chorar a perda em suas casas. Nós deveríamos fazer o mesmo, mas ignoramos o bom senso ou a razão. O amor era nossa única urgência.

"Every time you call me crazy, I get more crazy

What about that?

And when you say I seem angry, I get more angry

And there's nothing like a mad woman"

Eu sempre disse que esse dia chegaria, o dia que teria que contar a todos a verdade. A verdade é que um dia, um dos piores dias da minha vida, no velório do meu irmão, isso já estava ficando comum na família, eu transei com meu suposto namorado embaixo de uma árvore. Eu pensava que Harry me amava, ele me fez acreditar que sim, e talvez até amasse, mas não depois de tudo que aconteceu. Eu não o odiava, na verdade, apesar dele ter ido embora no dia seguinte, nenhum adeus, nenhuma palavra. Quando o encontrei naquele dia, seu olhar era o mesmo, e sim de alguém perturbado e afligido. Ele segurava a mão de Hermione, todos choravam, menos ela. Ela estava feito uma pedra. E eu já sabia o que isso queria dizer, não havia sobrado nada, nem mesmo a dor. Temia que o mesmo tivesse acontecido com Harry, que o tivesse perdido também. Nossos olhos se cruzaram por um momento, andei em sua direção e o levei para longe de tudo aquilo.

Paramos em uma árvore que eu já conhecia, um salgueiro, grande e acolhedor, era o nosso lugar favorito, pois ninguém ia até aquela arvore velha. Me joguei em seus braços esquecendo tudo o que eu queria falar, seus dedos percorreram meu corpo, meu coração acelerou como se fosse sair do meu peito. Harry tirou a minha roupa e eu me senti despida por fora e por dentro. Nossos movimentos eram ritmados, foi como se dançássemos sem música. Naquela noite dormimos sob as estrelas, falamos sobre o futuro, rimos, foi como se os últimos dois anos nunca tivessem existidos. De manhazinha, quando o sol começou timidamente a queimar minha pele nua, eu acordei, e ele não estava mais lá, apenas um bilhete

''Adeus para sempre'' era só o que dizia.

Eu fiquei, mas não sozinha, Harry deixou uma parte sua em mim.

Willow

'' I'm begging for you to take my hand

Wreck my plans, that's my man ''

Voltar não era uma escolha, eu precisava fazer as pazes com o meu passado. Passaram sete anos desde que fui embora viver como um trouxa. Viajei por todo mundo, vivi como um monge, me envolvi em ajuda humanitária construindo casas para órfãs e viúvas. Aprendi sobre arte e culinária, conheci países e pessoas dos mais variados tipos. Porém, nada disso me preenchia. Eu precisava voltar para casa, eu precisava voltar para Gina.

 


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