Paternidade Surpresa (Severitus) escrita por Srta Snape


Capítulo 24
Epílogo




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Epilogo

Snape se olhava no espelho sem acreditar que tinha de fato aceitado aquele convite. Seus olhos passavam de cima abaixo pela roupa que vestia e sua testa apertava-se em um vinco deixando claro seu desconforto. Estava prestes a retirar aqueles panos quando uma batida na porta o distraiu.

— Entra. – Falou virando-se e vendo McGonagall entrar. – O que faz aqui?

— Olá para você também, Severus. – Respondeu a mais velha se aproximando. – Me disseram que você está aqui dentro há algum tempo e imaginei que estivesse precisando de alguma ajuda.

— Não preciso de ajuda nenhuma a não ser que possa me fazer voltar no tempo e negar aquele pedido ridículo do Black.

— Não acho que ser padrinho de casamento de Sirius e Remus seja algo ridículo. Foi muito gentil Sirius ter pensado em você.

— É claro, gentileza, pois sempre fomos amigos, não é? Nada tira da minha cabeça que ele quer pregar uma peça em mim. – Resmungou Snape desatando o nó da gravata com raiva e jogando-a na poltrona ao lado.

— Ora essa Severus! – Ralhou McGonagall pegando a gravata. – Vocês não são mais adolescentes idiotas na escola. São dois adultos que passaram por momentos perigosos juntos para salvar Harry. Pelo amor de Merlin, você está vivendo na casa dele há semanas, convivem juntos quase todos os dias. Não é possível que não tenham se dado bem em nenhum momento.

Claro que a convivência com Black tinha seus dias de discórdia, mas em sua maioria os dias no Largo Grimmauld eram agradáveis. O anfitrião da casa fizera questão que Snape ficasse ali com Harry durante as férias do menino para que ele tivesse contato com o garoto e ainda que fosse apenas por Harry, Snape gostou do local, era taciturno e calmo como gostava, sem falar da biblioteca dos Black que era divina com diversos livros que nunca vira e que devorava a cada dia. Sirius, que fora inocentado pelo Ministério, e agora estava em um relacionamento sério com Lupin aparentava uma leveza que o deixara até mesmo com uma aparência mais jovem e gentil, o que ajudou muito no convívio dos dois naquelas semanas antes do quinto ano letivo de Harry. O menino estava amando e se divertindo muito naquele lugar e por isso Snape permaneceu na casa após a morte do Lord das Trevas e o Largo Grimmauld deixar de ser a sede da Ordem da Fênix e ser apenas a residência dos Black. Em suma, Sirius e ele estavam se tratando cordialmente e até mesmo chegaram a conversar algumas vezes sobre fatos do mundo bruxo e como poderiam ajudar o Ministério a caçar os comensais remanescentes.

Apesar do anúncio do casamento ter sido feito por Lupin em um jantar apenas com Sirius, ele e Harry, foi Sirius que pediu para que Snape fosse seu padrinho dizendo que o pedido era para que pudessem deixar qualquer desavença para trás e seguir em frente como uma grande família. Snape não soube o por quê, mas ouvir Sirius falar deles como uma família o deixou desconcertado sem saber como reagir ao formigamento em seu peito. Harry sorrira ao seu lado segurando em seu braço e pedindo que aceitasse o convite e quando, influenciado pela alegria do garoto, disse que aceitava, ver Harry pulando da cadeira e indo abraçá-lo para então abraçar Lupin e Sirius ao mesmo tempo pôde finalmente sentir uma completude que nunca sentira antes. Algo quente que o fez dar um mínimo sorriso ao apertar a mão de Black e aceitar o abraço rápido de Lupin. Um brinde foi feito e o jantar fora magnífico. Naquele dia ao se deitar para dormir Snape teve uma dúvida legítima. Era isso que era ter uma família?

— Minerva? – Chamou baixinho fazendo a anciã se aproximar e olhá-lo atentamente. – Posso te fazer uma pergunta?

— Sim.

Snape respirou fundo e fixou o olhar nos olhos claros da mulher, era difícil ter essas dúvidas e sentimentos novos. Tudo estava sendo muito novo e diferente para ele e talvez a única pessoa que poderia perguntar algo daquela magnitude fosse Minerva. Poderia perguntar para Alvo, ele era seu confidente, mas por algum motivo sentia que dessa vez precisava da opinião sincera de alguém que realmente tivesse um sentimento por ele.

— Você acha que eu posso ter uma família? – Perguntou Snape de uma única vez sentindo suas bochechas avermelharem de vergonha por ter uma dúvida como aquela. Ele era Severus Snape, não era dado a sentimentalismo, no entanto ali estava ele, cheio de dúvidas e medo.

— Ah, Severus! – Exclamou Minerva se aproximando mais e postando a mão no rosto do homem fazendo um carinho singelo na bochecha avermelhada. – Claro que pode e você já tem. Só não percebeu ainda.

— Eu sei que tenho o Harry...

— Não só o Harry. – Interrompeu dando um sorriso. – Severus, família não é sangue. O seu sangue não era sua família assim como o sangue de Harry também não era a dele. Família são as pessoas que estão conosco, que querem estar conosco, crescer juntos, que querem nosso bem. Família é onde está o nosso amor. Você já tem uma família, meu querido. Harry, Alvo, Eu, Emelina, Lupin, Molly, Arthur, até Sirius. Severus, nós somos sua família.

Minerva sorriu e puxou Snape para um abraço que o homem não negou. Agora não era ele consolando o filho, ele era o filho recebendo o carinho e abraço acolhedor materno de sua amiga. Um momento que ficaria guardado naquele quarto nas masmorras de Hogwarts e em sua memória.

A bruxa apertou o homem em seus braços, então afrouxou e deu-lhe um novo carinho na bochecha.

— Agora fica quieto para eu arrumar essa gravata, está quase na hora do casamento e Emelina já está aguardando você lá em cima. Ela está linda, vocês formam um casal muito bonito.

Snape bufou e se virou para o espelho olhando novamente para o terno que estava usando de cor vinho.

— Eu nunca vou perdoar Black por me fazer usar isso. – Resmungou.

— Ah, eu amei, está parecendo um grifinório. – Riu McGonagall vendo a cara homicida de Snape pelo espelho.

— Cuidado mulher, ou minha família ficará menor.

Ao sair dos seus aposentos Minerva ainda estava rindo ao seu lado e só parou quando se encontrou com Papoula no alto da escada que levava ao salão principal onde seria o casamento.

— O que McGonagall tanto ri? – Perguntou Emelina se aproximando e observando Minerva e Papoula irem em direção ao salão.

— Nada que valha a pena repetir. – Disse se aproximando da mulher. – Você está muito bonita.

E estava mesmo, Emelina vestia um lindo vestido preto com decote que realçava seu colo e um rasgo na coxa. O vestido não era apertado, mas deixava claro suas curvas. Algumas pedras foram encantadas na barra do vestido faziam ele brilhar quando ela se mexia. Sua maquiagem era leve realçando sua beleza que era comum e ainda assim encantadora. Seus cabelos presos em um rabo de cavalo com trança caindo em seu ombro.

— Obrigada, você também está encantador. – Disse a mulher se aproximando e dando um beijo na bochecha do Snape antes de sussurrar algo em seu ouvido que fez Snape ronronar de volta apertando a mão na cintura da mulher.

— Assim vou querer que esse casamento acabe rápido.

— Bom, quando acabar o casamento você pode me mostrar seus aposentos antes de irmos para a festa.

Snape sorriu de canto de forma maliciosa ao imaginar a fugida que dariam em pouco tempo. Se pudesse fugiria agora mesmo com ela para seus aposentos e se trancariam no quarto até que o sol do outro dia aparecesse no céu. Mas haviam um casamento para acontecer e os convidados começavam a chegar, inclusive Harry que fora se arrumar na Toca com a família Weasley.

O menino vinha muito elegante em uma veste a rigor preta com camisa branca, Rony estava praticamente idêntico, já que usava uma roupa de Harry alongada magicamente para caber em toda a sua altura ganha durante o verão. Hermione vinha em um vestido vermelho muito bonito que realçava seus cabelos volumosos e em um castanho vivo. E atrás deles vinha Cedrico também em uma veste a rigor preta com detalhes em cinza. Eles se aproximaram de Snape junto com o senhor e senhora Weasley que cumprimentaram Snape e Emelina antes de irem para o grande salão.

— Hermione você está tão linda. – Disse Emelina.

— Ah, obrigada, você também está muito linda, senhorita Vance.

— Você é muito gentil. E você é o famoso senhor Diggory?

— Apenas Cedrico, por favor. Prazer em conhece-la.

— Senhor Diggory. – Disse Snape se aproximando do menino que estava de mãos dadas com Harry, o que não passou despercebido por Snape.

— Olá, professor, Snape. É um prazer revê-lo.

— O prazer é meu, senhor Diggory, apenas meu. Emelina, vá com o senhor Weasley, a senhorita Granger e Harry para o salão. – Pediu Snape encarando os olhos azuis de Cedrico. – Eu tenho que ter uma palavrinha com o senhor Diggory.

— Pai. – Chamou Harry baixinho se aproximando de Snape. – O que está fazendo?

— Ora, nada demais, quero apenas conversar com seu namorado.

— Aqui não.

— Aqui sim. Vá para o salão, Harry. Nós iremos logo em seguida. – Ordenou se virando para uma sala de aula vazia ao lado. – Senhor Diggory por favor, me acompanhe.

— Claro, senhor. – Respondeu Cedrico quando Snape passou por ele e foi em direção a sala vazia. – Vai ficar tudo bem. – Sussurrou para Harry enquanto segurava sua mão.

Cedrico caminhou devagar até a sala indicada e ouviu a porta ser selada e silenciada quando o professor passou por ela. O jovem engoliu em seco ao ver Snape rodear as carteiras e parar diante da sala como se fosse começar uma aula. Ainda que estivesse usando uma veste vinho e não preta, era como se estivesse em seu uniforme diário totalmente negro com uma capa parecendo sua sombra as costas. Snape era mais alto que Cedrico e isso junto com seus ombros largos faziam com que Cedrico se sentisse pequeno, muito pequeno.

— Senhor Diggory, vejo que está completamente recuperado.

— Sim, senhor, estou. Recebi alta do hospital e meu medibruxo disse que estou completamente curado.

— E o senhor sabe o motivo de ter voltado a vida após receber uma maldição da morte em seu peito, não sabe

— Sim senhor, eu estou ciente do motivo. – Disse Cedrico balançando a cabeça.

— Harry ama o senhor, senhor Diggory. Um amor tão grande que foi capaz de salvar sua vida e trazê-lo de volta do coma apenas por estar próximo.

— Professor, eu também amo Harry.

— Isso é bom, senhor Diggory, mas não é o suficiente. – Disse Snape se aproximando. – Harry é um menino frágil, apesar de não fazer parecer por querer que vejam apenas sua face forte e determinada, tal qual um grifinório. Se você o magoar, o machucar de qualquer forma que for, eu vou caçá-lo nos confins do mundo se for preciso e você saberá que há coisas piores que a morte para se sentir. Coisas que só um comensal da morte sabe fazer.

A ameaça fez Cedrico dar um passo para trás e bater as pernas na carteira da sala. Snape estava perigosamente perto.

— Eu prometo senhor, não tenho nenhuma intenção de magoar Harry, eu realmente o amo.

— Ele tem quinze anos, senhor Diggory, o senhor tem dezessete e fará dezoito em breve. Já saiu da escola e Harry ainda tem que cursar três anos em Hogwarts. É uma diferença muito grande. O senhor tem certeza absoluta que manterá esse sentimento por meu filho mesmo estando distante, mesmo você sendo um adulto trabalhando no Ministério e ele um estudante em Hogwarts? Tem certeza que conseguirá esperar por ele? Porque se não tiver disposto a fazer esse sacrifício, então termine o que quer que tenham começado.

— Eu não quero terminar, professor. – Disse Cedrico encarando Snape com o máximo de força que tinha para não desviar o olhar. – Eu amo de verdade o Harry e acho que é por isso também que eu sobrevivi e acordei, por causa não só do amor dele, mas do meu também. Eu sei que temos uma diferença de idade, mas estou disposto a aguardar o tempo que for para que fiquemos juntos. Será difícil ficar distante dele enquanto estiver na escola, mas eu focarei em meu trabalho esperando os momentos de feriado e férias em que podemos nos ver. Eu sobrevivi a morte, professor Snape, por ele, posso sobreviver a três anos de espera.

Snape franziu a testa e cerrou os olhos, estava prestes a entrar na mente do garoto para ver se estava falando a verdade quando percebeu que não precisava, Cedrico Diggory era de fato um jovem honrado e falava a verdade. Ele esperaria por Harry, honraria seu compromisso com o menino e seria o namorado que Harry tanto merecia.

— Então estamos conversados, senhor Diggory. – Finalizou Snape estendendo a mão para um aperto que Cedrico fez questão de dar com força para mostrar que estava firme em sua palavra.

Ao voltar para o salão Snape avistou Cedrico se aproximando de Harry que parecia preocupado, mas rapidamente relaxou os ombros quando o lufano lhe sorriu e o puxou para um beijo dizendo que estava tudo bem.

O casamento foi muito bonito. Snape ficou no altar junto com Dumbledore que fora o padrinho de Lupin. Todos os convidados aplaudiram e gritaram quando os noivos se beijaram ao final da cerimônia. Dumbledore saiu do salão de braços dados com Sprout e Snape com Emelina. Todos foram em direção ao jardim do castelo onde seria a festa. Houve dança com direito a Snape dançar uma valsa com Emelina e outra com Minerva. Harry se divertia com os amigos rindo enquanto comiam e até arriscava alguns passos de dança com Cedrico. Snape registrou mentalmente que teria que dar mais aulas de dança para aquele menino parar de passar vergonha na frente de todo mundo.

A noite foi realmente linda e perfeita e quando estava no final da festa Snape acompanhado por uma taça de champanhe parou mais distante de todos e apenas contemplou aquele momento querendo guardar na memória. Alguns minutos depois Harry se aproximou devagar e só ficou parado ao seu lado olhando para todos os convidados.

— Eu vou comunicar ao Ministério que Black é seu padrinho. – Disse Snape e vendo a confusão nos olhos do garoto complementou. – Ele nunca deixou de ser seu padrinho para você, mas com a paternidade oficial o Ministério revogou a documentação feita por Potter. Eu vou comunicar a minha vontade, como seu pai, de que Black siga sendo seu padrinho. – Harry sorriu abertamente com aquela notícia. - E também vou comunicar a minha vontade de que seu nome continue sendo Harry Potter.

— Mas... dessa forma eu não terei seu nome.

— Você passou quatorze anos da sua vida sendo Harry Potter, carregando o nome de Thiago e Lilian. Não é justo com você pedir que agora se chame Harry Snape. Ainda que não seja do meu agrado, sei que você ama Thiago, mesmo não tendo o conhecido e que ele é e sempre será seu pai.

— Sim, é verdade. – Disse Harry baixinho. – Mas eu quero carregar seu nome também. Severus, você é e se tornou meu pai. E se ficarmos com Harry Potter Snape? Estranho, eu sei, mas é perfeito.

— Harry Potter Snape. – Repetiu Snape sentindo o gosto de ter seu sobrenome no nome de seu filho. – Acho que funcionará.

Harry sorriu e se aproximou mais do homem deixando-o abraçar seu ombro. Os minutos passaram em silêncio e Harry sentiu o peso do olhar de Snape sobre si e quando o olhou viu olhos negros marejados assim como os seus esmeraldas e molhados. Ambos não disseram nada, apenas silenciosamente sentiram como suas vidas mudaram completamente após uma detenção desastrosa e silenciosamente viraram-se para frente, respiraram fundo guardando as lágrimas que só deixariam cair na intimidade dos aposentos nas masmorras. Juntos caminharam para o meio da festa, para a alegria, dança e para a grande família que aquela Paternidade Surpresa trouxera.

Fim

06/06/2022

06/10/2023


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