Paternidade Surpresa (Severitus) escrita por Srta Snape


Capítulo 12
Capítulo 12 – A segunda tarefa




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Capítulo 12 – A segunda tarefa

O mês de janeiro inteiro foi uma bagunça na cabeça de Harry. Além das lições, a qual os professores deixaram bem claro que seriam mais puxadas, havia a segunda tarefa que se aproximava e Harry não fazia a menor ideia do que era a dica do ovo que só fazia gritar um som horrível ao abri-lo, o sentimento por Cedrico que o deixava cada vez mais mexido quando via o lufano perto levando-o a ter sonhos complicados e a desconfiança quanto ao que ouvira Snape e Dumbledore conversarem.

Era tanta coisa que por muitas noites nem ao menos foi aos aposentos de Snape para jantar ou ter o reforço em encantamentos, apenas comia rapidamente no grande salão e saia para o dormitório da grifinória para tentar decifrar o ovo ou fazer alguma tarefa que estava atrasada.

Snape não cobrava a ida de Harry para jantar com ele, entendia que o menino tinha sua vida, seus amigos e precisava do seu espaço para seguir com sua vida normalmente. Entendia muito bem que houvera um momento em que o garoto precisava do silencio confortável de seus aposentos para arrumar seus pensamentos e sentimentos que estavam tão massacrados pelo medo e traumas, e que com essa parte dentro do controle Harry seguiria normalmente com seu dia a dia. Tinha plena consciência disso, mas ainda assim sentia algo o incomodar por dentro quando dava a hora do jantar e ele não aparecia pela tapeçaria e ao se dirigir ao grande salão o encontrar sentado ao lado dos amigos saboreando as delícias do banquete. Era como se sentisse que o calor fora roubado de sua pele, retornando apenas quando o menino o visitava.

Janeiro parecia não passar nunca, pensavam os alunos de Snape quando voltaram a sentir as amarguras de suas palavras e o ácido de seu sarcasmo.

— Precisa controlar suas emoções Severus. – Disse Dumbledore em uma tarde em que o professor fora chamado para tomar chá em sua companhia.

— Não sei do que está falando, Alvo, nunca perdi o controle delas.

— Sabe, um dos defeitos do amor é fazer com que a pessoa que o sente não saiba medir o tamanho desse sentimento e até deixa-la cega.

— Se vai começar com as ladainhas de sempre, acho melhor terminarmos essa reunião antes mesmo de começar.

— Tão amargo como sempre, meu caro rapaz. – Riu Dumbledore. – Sempre negando o que está a sua frente. Você o ama Severus, como jamais amou outra pessoa. É compreensivo, é seu filho. Não venha negar que o ama, já é tarde para isso.

— Não vou negar, mas não acho necessário ficar falando sobre isso.

— O fato é que temos tido algumas reclamações sobre a forma que trata os alunos, principalmente os Corvinos e Lufanos, uma vez que não fazem dupla com os Grifinórios.

— Crianças fracas. – Rosnou Snape. – Não aguentam a pressão dos estudos e ficam reclamando.

— Não foram as crianças, Severus. Foi a Papoula. – Snape ergueu a sobrancelha intrigado. – Ela diz que muitos alunos estão sofrendo de estresse e que seu estoque de poção calmante está acabando alarmantemente rápido. Acredito que o fato de Harry ter parado de ir aos seus aposentos todos os dias e assim ambos estarem mais afastados o afetou ao ponto de descontar nos alunos, mas não nos grifinórios, pois assim Harry se distanciaria mais ainda e dessa vez não seria pelas tarefas que o deixam ocupado e sim pela própria vontade e esse é seu maior medo, que ele se afaste.

— Não. – Disse Snape olhando duro para Dumbledore. – Não tenho medo que ele se afaste, isso acontecerá de qualquer forma no momento que a volta do Lord das Trevas for revelada e ele descobrir que sou um comensal e que tive que voltar a ser do seu ciclo. Meu medo é que ele se afaste cedo demais. – Respirou fundo e afastou o olhar. – Cedo demais.

Cedo demais. As palavras ainda reverberavam em sua mente quando passava pelas masmorras a caminho de seus aposentos. No corredor escuro, iluminado apenas por archotes, vinha Draco Malfoy, estava sozinho e trazia em seus lábios um sorriso torto. Durante muitos anos Draco fora seu aluno preferido, sonserino da cabeça aos pés como seu pai. Conhecia-o desde muito pequeno, uma vez que Lucius Malfoy, um dos primeiros comensais da morte do Lord das Trevas e pai de Draco, o treinara quando entrou para o ciclo dele e assim trouxe para si a proteção que precisava em seus dois últimos anos de Hogwarts, não deixando que fosse importunado pelos marotos e cuidando de si nos anos seguintes. Era Malfoy que o incluía nas reuniões importantes e assim conseguiu com que o Lord das Trevas confiasse em si como confiava nos seus mais fiéis súditos. A confiança do Lord era importante para que se sentisse pertencente a algum ciclo, uma vez que sempre fora taxado como um verme que ninguém queria perto, como seu velho pai dizia. Malfoy o fez se sentir parte daquele grupo e assim quando Narcisa deu a luz a Draco, Snape estava ali para conhecer a criança e assim se seguiu durante o primeiro ano da criança. Quando foi trabalhar para Dumbledore após a queda do Lord, Lucius não ficou feliz, mas entendeu e esporadicamente o chamava para jantar em sua mansão. Por isso poderia dizer que vira Draco crescer e se tornar esse menino amargo e desprezível, adjetivos que relevava por ser igual e por respeito a Lucius que pedira para cuidar bem do seu filho, no entanto agora conseguia ver nitidamente como era o menino de verdade, principalmente ao compará-lo com Harry.

Enquanto o via se aproximar com a postura de dono do local, pensou em como Lucius e Narcisa tinham culpa em quem ele tinha se tornado, mas mais ainda em como o próprio menino também tinha culpa de ser quem era e ele era a pessoa responsável por espancar e deixar seu filho sangrando em uma sala vazia. Uma lembrança que não saíra de sua mente por meses, pois a melhor vingança não era aquela que vinha no momento do ódio e sim a que era pensada por muito tempo, cultivada na mente até estar perfeita.

— Olá professor. – Cumprimentou Malfoy enquanto andava, mas parando imediatamente quando Snape parou diante de si barrando sua passagem. Draco o olhou com a testa franzida. – O senhor quer falar comigo?

— Ah, quero, senhor Malfoy. Por favor, me acompanhe até meu escritório.

O mestre de poções girou nos calcanhares e voltou pelo corredor até a porta que levava ao seu escritório particular. Não havia ninguém no corredor para vê-los entrando ali, isso era bom. Abriu a porta e deixou o garoto entrar, quando a fechou espalmou a mão em sua madeira e recitou baixinho um encantamento selando-a e a silenciando.

— Professor?

A voz de Draco ainda era apenas confusa, via os olhos cinzas acompanhar sua caminhada até diante dele e foi somente quando parou em frente a ele que viu uma pontada de medo. Isso, era isso que queria ver, medo. Medo, como Harry deve ter sentido quando foi abandonado naquele chão frio.

— Está com medo, Draco?

— Não. – Respondeu o loiro se empertigando e levantando a cabeça. – Claro que não, não tenho medo de nada.

— Sim, você está. – Afirmou Snape sorrindo torto. – Eu posso sentir seu medo no ar. Você está com medo de mim, do que posso fazer com você.

— Bom, o senhor está agindo estranho, não pode me recriminar por desconfiar do senhor.

— Tire a mão da varinha. – Ordenou quando o viu levar a mão ao bolso da capa. – O que acha que vou fazer? Bater em você? Te espancar até sair sangue do seu rosto e quebrar suas costelas e então te largar no chão?

O mínimo sorriso que havia ainda nos lábios de Draco foi embora ao entender claramente do que o professor falava.

— Aquele maldito Potter dedo duro.

Inconscientemente Snape levou a mão ao pescoço de Draco que deu um passo para trás, mas imediatamente a deixou cair sobre o ombro do menino e seguiu falando de forma baixa e ameaçadora.

— Não Draco, não farei isso com você. Jamais bateria em uma criança.

Houve um mínimo momento de tranquilidade nos traços aristocráticos do aluno que sumiu rapidamente quando Snape apertou a mão em seu ombro e se aproximou tanto que seus narizes quase se encostaram.

— Mas há vinganças que não precisam de sangue.

O loiro não teve tempo de ver a varinha apontada para sua cabeça e o feitiço roxo que saiu de sua ponta. Tudo que via agora eram as imagens de seus piores pesadelos misturados com a imagem de Harry Potter e a voz de Snape.

— Você ficará longe de Harry Potter. Se pensar em fazer qualquer coisa com ele você sentirá o seu coração pular violentamente no peito assim como o ar saindo de seus pulmões e o seu sangue fervendo. Lembrará da morte e se afastará imediatamente, você esquecerá Harry Potter.

O feitiço que Snape usava em Draco o deixando com os olhos virados na orbita enquanto era preenchido de imagens traumatizantes em sua mente e ouvia as palavras que grudariam em seu cérebro era antigo e inventado por ele mesmo na época em que ainda apanhava de seu pai. Esperava poder usar em Thobias para que ele deixasse de tocar em sua mãe, mas não teve tempo para isso. Durante anos seguiu aperfeiçoando-o enquanto usava nos seres dispensados que de alguma forma traiam o Lord das Trevas e assim eram condenados a morte. Eram em sua maioria assassinos e por isso fazê-los sentir medo através de pesadelos não era nada comparado ao que eles fizeram com suas vítimas. Depois de muito cansá-los mentalmente com o medo, não era preciso matá-los, eles mesmos faziam o serviço, uma vez que vivenciar o terror que Snape colocara em suas cabeças todos os segundos de suas vidas era pior que a morte.

Com Draco não chegaria a esse ponto. Era, apesar de tudo, uma criança. Mas as imagens que ficariam em sua mente a partir daquele momento o faria temer Harry quando pensasse em fazer algo de ruim a seu filho. Draco nunca mais colocaria um dedo em Harry.

Ao afastar a varinha viu os olhos arregalados do menino e como respirava rápido olhando para todos os lados como se um predador estivesse a espreita apenas aguardando para atacá-lo. Poderia muito bem dizer que estava tudo bem e acalmar o menino, mas o ódio que ainda sentia pelo que Harry passara era maior e por isso apenas o fez o olhar novamente e lançou o feitiço da memória concentrando-se fortemente para apagar apenas os vestígios desses últimos minutos sem desfazer o feitiço do medo que lançara nele. Draco jamais saberá o que fizera.

— Professor? – Chamou Draco baixinho confuso quando Snape terminou o feitiço da memória.

— Pode voltar a sua sala comunal, senhor Malfoy.

— Está bem.

Draco saiu com a testa vincada tentando entender em que momento fora até a sala do professor. Snape saiu logo atrás e o assistiu virar no corredor que levaria a sala comunal da Sonserina.

Ao chegar a seus aposentos sentiu a magia que o guardava o alertando que havia uma presença ali dentro, mas devido o calor que sentia, sabia que era Harry e por isso não se incomodou ao vê-lo sentado em seu sofá.

— Pensei que jantaria no grande salão com seus amigos. – Disse Snape tirando o sobretudo e pendurando ao lado da porta ficando apenas com a camisa branca.

— Eu ia, mas precisava falar com você. – Disse Harry mexendo nervosamente com as mãos.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntou Snape ainda de pé.

— Não, quer dizer, nada que deva se preocupar. Só estou com algumas dúvidas.

Harry viu Snape pegar dois copos no bar ao canto oferecendo cerveja amanteigada a ele e sorvendo o que parecia uma bebida muito mais forte a qual Harry, naquele dia, queria muito pedir um pouco. Sua mente fervilhava com dúvidas e apesar de Rony e Hermione serem seus melhores amigos e Sirius seu padrinho, sentia que a melhor pessoa para tira-las seria Snape, pois parecia ser o único que trataria aquele assunto com naturalidade.

— Sabe que pode falar o que quiser aqui, não sabe? – Perguntou Snape sentando-se na mesma poltrona de sempre ao lado do sofá, cruzando as pernas e aguardando.

— Eu sei, só que é complicado.

— Tente me explicar.

— Eu nunca falei sobre essas coisas com ninguém.

— Tem a ver com a escola, seus estudos? – Perguntou Snape achando que ir eliminando os assuntos seria mais fácil para o menino.

— Não. – Respondeu Harry. – Não sobre os estudos.

— Seus amigos?

— Não também.

Snape bebeu o último gole do líquido âmbar em seu copo e o deixou na mesa de centro, então respirou fundo e olhou nos olhos de Harry vendo o brilho confuso e apaixonado que já vira em si mesmo em sua juventude cada vez que falava com Lillian.

— É sobre o senhor Diggory?

Demorou um pouquinho para que Harry pudesse responder, mas então ele balançou a cabeça afirmativamente, seus olhos presos em suas mãos que estavam entrelaçadas em cima de suas pernas. Um vermelhidão apareceu nas bochechas dele.

— Aconteceu alguma coisa entre os dois?

— Não.

— Ele sabe o que você sente por ele?

— Não.

— Então o que houve? – Perguntou baixinho aguardando-o. – Posso ler sua mente se quiser?

— Não! – Exasperou-se Harry. – Prefiro que não olhe. É vergonhoso.

— Então me conte.

Harry engoliu em seco e se levantou indo até diante da lareira ficando de costas para Snape, parecia ser mais fácil assim, sem olhar nos olhos negros completamente atentos a cada letra que saia de sua boca. E aquelas labaredas aqueciam sua pele e o deixava mais confortável.

— É que, foi a primeira vez que aconteceu isso e apesar de ouvir alguns meninos no quarto falando sobre, não entendo ao certo o que houve e não queria perguntar a eles.

Snape não disse nada, aguardou que Harry continuasse. Tinha a leve impressão que sabia qual era o assunto.

— Eu estava no banho hoje e pensei nele. Eu penso nele muitas vezes no dia a dia, mas hoje foi diferente. Eu senti coisas no meu corpo. Eu não sei o que era, e acabei...

— Tendo uma ereção. – Completou Snape fazendo Harry o olhar surpreso e envergonhado.

Snape se levantou e foi até o lado de Harry onde parou e ficou olhando para a lareira com as mãos juntas em frente ao corpo.

— O que você teve foi uma ereção e ela pode acontecer naturalmente como quando estimulada por imagens de alguém que você gosta e se atrai. Não precisa ter vergonha disso. É completamente normal e acontece com todos os meninos quando chega na sua idade. As vezes acontece dormindo fazendo-o acordar molhado e ereto. Outras vezes acontece a qualquer hora do dia se houver estímulo. Você não entende o que é, porque cresceu com aqueles trouxas conservadores que nem se importavam para se você estava com fome, com certeza não estavam se importando em te orientar sexualmente, mas isso não é exclusivo deles, muitos pais e mães bruxos não ensinam também por vergonha de falar sobre esse assunto delicado.

— Sua mãe te ensinou? – Perguntou Harry baixinho.

— Não. Esse ensinamento foi completamente do Thobias, mas não foi por se preocupar comigo e sim porque ele tinha medo que eu me tornasse, em suas palavras “mulherzinha”, então da forma mais escrota possível ele me ensinou o que era ter ereção, ejacular e fazer sexo com mulheres. Eu acabei aprendendo as coisas certas sozinho lendo livros sobre o assunto. Posso te emprestar se quiser.

— Obrigado. – Disse baixinho. - Como eu paro isso?

— Não tem, como simplesmente parar, seu corpo está cheio de hormônios, mas você pode contornar. Um banho frio muitas vezes resolve, mas o que mais vai te ajudar é falar com o senhor Diggory.

— Acho que não vai ajudar.

— Depende do que o senhor Diggory vai responder. Precisa dizer que gosta dele.

— Eu não sei... – Sussurrou Harry sentindo um peso dentro do peito. – E se ele me rejeitar?

— Não sou a melhor pessoa para dizer como deve lidar com rejeição, mas tenho certeza de que você superaria isso.

— Como pode ter certeza?

— Porque você é melhor do que eu.

Snape apertou de leve o ombro de Harry e se dirigiu a prateleira repleta de livros onde pegou dois exemplares pequenos e os levou até o menino.

— Nesses livros você vai encontrar tudo que precisa saber sobre a fase que está passando. Leia com atenção, sugiro que na cama com as cortinas bem fechadas.

— Por quê?

— Precisa conhecer o seu corpo e privacidade é importante para isso.

— Se ainda tiver dúvidas, posso tentar ajudá-lo.

— Obrigado. – Agradeceu pegando os livros. – Jamais imaginei que falaria sobre algo assim com você.

— Eu sou um professor, Potter. Minha vida é passar conhecimento e você não é o primeiro a vir me falar algo assim, muitos sonserinos me pedem ajuda.

— Não sabia.

— Muitos são tão negligenciados pela família como qualquer outro estudante das outras casas.

— Entendo que são, mas não sabia que você os aconselhava.

— Não sou tão duro e amargo quanto pensa, senhor Potter.

— É, parece que não. – Harry sorriu, guardou os livros na mochila e acompanhou Snape até a mesa onde jantaram sem mais tocar naquele assunto.

A leitura dos livros se mostrou muito interessante, muitas das coisas que estavam escritas ali Harry jamais nem ouvira falar. Por diversas noites se fechou atrás das cortinas de sua cama, tomando cuidado para não deixar nem uma brechinha aberta, além de silenciar o local e então se pôs a ler e a conhecer seu próprio corpo descobrindo sensações jamais imaginadas. Sua mente voava nesses momentos lembrando dos olhos claros de Cedrico, de sua pele alva e seus cabelos. Ah, como seria tocar naqueles cabelos?

Foi apenas depois de muitas noites em que seu sono era tomado por imagens difusas que misturavam o rosto do lufano com imagens que vira nos livros que Snape lhe dera, que decidiu enfim tomar uma atitude.

Era uma manhã fria de fevereiro, em um sábado de manhã. Harry sabia que mesmo não tendo quadribol naquele ano devido o Torneio, Cedrico estaria naquele exato momento saindo do campo de quadribol. Depois de muito observar entendeu que o jovem treinava para manter o seu corpo em forma e Harry estava começando a gostar dessa história.

— Cedrico. – Chamou quando o viu saindo do campo. Por sorte não havia mais ninguém por perto.

— Oi Harry, e aí, tudo bem? – Cumprimentou o lufano dando um tapinha gentil no braço de Harry.

— Sim sim, está tudo bem. – Disse Harry agora sentindo-se muito nervoso enquanto via um sorriso nos lábios do menino.

— Você precisa de alguma coisa? – Perguntou Cedrico depois de alguns minutos em que Harry não dizia nenhuma palavra.

— Não. Não, não preciso de nada, é que... – Onde estava a coragem Grifinória de seu sangue? Parecia muito mais fácil enfrentar o Rabo-Corneo-Hungaro do que falar com Cedrico. – Eu queria te perguntar uma coisa.

— Ta bom, pode perguntar.

— Você terminou mesmo com a Cho Chang?

— Ah! – Exclamou Cedrico franzindo a testa. – Era isso? Pensei que era sobre o torneio. Bom, não sei se dá para chamar de terminar algo que nem começou.

— Como assim, vocês não estavam juntos?

— Não, não. Cho é uma grande amiga, acho que ela acabou confundindo as coisas. Acontece que não temos os mesmos interesses, entende?

— Entendo. – Respondeu Harry sem na verdade entender nada.

— Está afim dela? Porque se estiver, sugiro que vá logo atrás para conquista-la, os meninos do meu quarto tão afim dela também.

— O que? Ah, não não, não estou afim dela.

— Então por que perguntou de nós?

— É que... – Agora Harry sentia-se em uma saia justa. Pensando rápido falou a primeira coisa que veio a mente e então tentou mudar de assunto. – O Rony que perguntou. Mas mudando de assunto, conseguiu decifrar o ovo?

— Ah sim, consegui, já faz algumas semanas. Foi meio sem querer se quer saber. E você já decifrou o seu?

— Ah, claro. Com certeza.

— Sei. – Disse Cedrico percebendo claramente que o menino não tinha decifrado o ovo e como Harry o ajudara com a primeira tarefa, precisava devolver o favor. – Sabe, o banheiro dos monitores no sétimo andar é muito legal, enorme e com uma banheira gigante. Não haverá ninguém lá hoje a noite. – Cedrico se aproximou de Harry e baixou a voz, o grifinório engoliu em seco e sentiu seu corpo suar. – Será a oportunidade perfeita para você ir tomar um banho levando o ovo junto e então mergulhá-lo um pouco.

Então o lufano sorriu e deu as costas indo para o vestiário. Harry demorou um pouco para perceber que estava segurando a respiração, então finalmente a soltou e então percebeu que estava em uma situação muito complicada naquele momento, por isso fechou a capa com força ao redor do corpo e correu de volta ao dormitório indo direto ao banheiro tomar um banho frio.

Ainda que Cedrico tenha dado aquela dica para Harry, o menino sentiu uma pontada de desapontamento por si mesmo por não ter conseguido decifrar o ovo e por isso tentou decifrar de todas as formas antes de finalmente engolir o orgulho e ir até o banheiro dos monitores quando faltava apenas uma semana para a segunda tarefa. Havia agora um leve desespero em seu coração ao imaginar-se chegando para a segunda tarefa e tendo que informar que não sabia o segredo. Imaginou a cara de decepção de toda a escola e a cara de deboche e risos dos sonserinos. Mas era a cara de completa decepção de Snape que mais o incomodava, pois o professor se esforçava muito para ajudá-lo a se empenhar mais em encantamentos e feitiços, além de pegar em seu pé com os estudos e assim fazê-lo melhorar em muito suas notas, ele acreditava em si e perder a prova por pura incompetência parecia muito injusto.

Foi então que com uma ajudinha da Murta, Harry ouviu a canção ao mergulhar na enorme banheira e agora sua mente trabalhava fervorosamente em uma forma de conseguir respirar debaixo d’água. Faltando dois dias para a segunda tarefa o desespero gritou muito alto, tão alto que pediu ajuda para Snape.

— Não vou te dizer a resposta. – Disse Snape olhando seriamente para ele. – Você teve meses para se dedicar ao ovo e seu conteúdo, podendo estudar claramente tudo que o ajudasse.

— O que vou fazer?

— Estude, você ainda tem 40 horas até a segunda tarefa. Não as desperdice.

Pois assim Harry fez, por horas e horas ele, junto com Hermione e Rony leram todos os possíveis livros que haviam na biblioteca, até que Harry fora chamado na sala dos professores.

— Continuaremos procurando Harry. – Disse Hermione com os olhos vermelhos de cansaço.

Ao chegar a sala dos professores Harry viu ali Dumbledore, Snape, McGonagall e um bruxinho pequeno do Ministério.

— Olá Harry. – Cumprimentou Dumbledore ao avistar o menino entrando. – Esse é James Martin, trabalha no Ministério e está aqui para coletar uma informação importante para a segunda tarefa.

— Que informação?

— Você saberá na hora certa. Por agora, durma. – Disse Dumbledore encostando a mão na testa do menino e o fazendo dormir quase imediatamente. O corpo do grifinório foi amparado por Snape que o pegou nos braços e o deitou em um sofá que estava logo ao lado.

— Precisa me ensinar como fazer isso Dumbledore, tenho alguns alunos que adoraria só fazê-los dormir assim, os gêmeos Weasley por exemplo.

— Ah, eu adoro aqueles meninos. – Comentou Dumbledore antes de se virar para o bruxo do Ministério. – Senhor Martin, fique à vontade.

O bruxo pequeno se adiantou, sacou a varinha e uma prancheta do bolso, então apontou a varinha para Harry e recitou um feitiço baixinho, quase impossível de ouvir. Como se estivesse olhando para uma penseira, algumas imagens apareceram no ar, a princípio eram difusas, mas aos poucos foram ficando mais nítidas. Snape franziu a testa quando olhou para uma imagem de si mesmo sendo substituída por Rony Weasley, Hermione Granger e Cedrico Diggory e então aparecendo novamente nessa mesma ordem, entretanto, cada imagem era um pouco mais nítida do que a outra.

— Bom, Dumbledore, esse aqui tem 3 opções, uma vez que o senhor Diggory já é um campeão. – Disse o bruxo do Ministério.

— Vai nos explicar, Alvo? – Perguntou Minerva observando as imagens que ainda pairavam no ar.

— A segunda tarefa vai precisar de um refém, uma pessoa que seja muito importante para o campeão. O feitiço que o senhor Martin usou mostra a pessoa em que o campeão tem mais apreço, claro que limitado aos terrenos da escola. No caso de aparecer mais de uma imagem, como agora, é visto pelo nível de nitidez que a imagem apresenta. No caso do Harry como podem perceber, o maior apresso dele é por você Severus. Depois, com um pouco menos de nitidez, mas com igual intensidade de ambos vem o senhor Weasley e a senhorita Granger, seus melhores amigos. E por último o senhor Diggory.

Snape olhou da sua imagem nítida para Harry, depois para o bruxo do Ministério, para Minerva que o olhou com o mesmo pensamento e então para Dumbledore que lhe sorriu.

— Não se preocupe, o senhor Martin não poderá contar nada, ele está sob um juramento de confidencialidade. Sendo assim, ele não poderá contar a ninguém que você é a pessoa que Harry mais ama dentro desse castelo.

— Não pode me usar como refém. – Disse Snape sentindo um assumo de felicidade em seu peito vendo sua imagem completamente nítida a sua frente.

— Eu sei. – Respondeu Dumbledore. – Acho que ficaremos com o senhor Weasley, pois o senhor Krum que esteve aqui mais cedo demonstrou a imagem da senhorita Granger junto com um amigo da escola. Mas como sabia que Harry teria a senhorita Granger junto, pedi ao senhor Martin para aguardar para ver o resultado dele que é o último.

— Quem apareceu quando o senhor Diggory veio aqui? – Perguntou Snape olhando para Harry.

Dumbledore não respondeu, mas deu um sorriso um tanto quanto enigmático para Snape. Minerva apenas deu de ombros informando que quem estava na sala eram Flitwick e Sprout.

— Então ficamos da seguinte forma, Dumbledore. – Começou o bruxo do Ministério. – A senhorita Delacour com a senhorita Delacour, sua irmã. O senhor Krum com a senhorita Granger. O senhor Diggory com a senhorita Chang e o senhor Potter com o senhor Weasley. Estamos certos?

— Exato.

— Ótimo, vou indo para preparar a papelada final da segunda tarefa, nos vemos depois de amanhã cedo. Adeus.

O homem saiu apressado até a lareira e sumiu rodopiando no pó de flú, Dumbledore acordou Harry com a mesma facilidade com que o fez dormir e informou que podia ir. Harry perguntou o que houve, mas Snape o cortou dizendo que saberia na hora da segunda tarefa e então avistou o menino saindo cabisbaixo. Sabia que Harry não havia ainda descoberto uma forma de passar uma hora sem respirar embaixo da água, isso era uma preocupação.

Preocupação que se transformou em desespero quando todos já estavam em seus devidos lugares nas arquibancadas ao redor do lago e Harry não aparecera ainda. Snape estava postado na entrada do castelo vendo os retardatários correrem pelos jardins, sua mão apertando a varinha e seus olhos duros e preocupados.

— Ele ainda não apareceu? – Perguntou McGonagall parando ao lado do professor.

— Não. Garoto idiota! – Exclamou Snape respirando fundo ao ver o último aluno sumindo no horizonte.

— Calma Severus. – Pediu a bruxa postando uma mão no peito do homem o fazendo a olhar. – Ele está bem, vai aparecer, tenho certeza. Podemos procurá-lo se quiser.

— Pode ir, eu vou achá-lo e levá-lo até lá. Vá e avise que ele chegará em breve.

— Está bem.

McGonagall saiu pelo jardim em direção ao lago. Faltavam pouquíssimos minutos. Onde estava Harry?

— Dobby!

— Chamou, senhor? – Respondeu o elfo aparecendo imediatamente ao seu lado, carregava um paninho e um vidrinho com produto de limpeza em suas mãos.

— Sim. – Respondeu Snape sério olhando para Dobby que o escutava com atenção. – Quero que ache Harry Potter o mais rápido possível e o faça ir até o lago para a segunda tarefa, diga que ele precisa salvar o Weasley. – Dobby levou a mão a boca com surpresa. – E entregue isso a ele. É Guelricho, fará com que respire embaixo d’água.

— Sim, meu senhor.

Snape respirou fundo e rumou para o lago. Sabia que o elfo tinha suas próprias magias e conseguia localizar facilmente um bruxo específico quando queria e Dobby era muito conhecido por venerar Harry. Aquela era a única forma de conseguir achá-lo rapidamente. Agora era esperar.

Não demorou muito para ver Harry correndo pelo jardim até chegar à beira do lado no exato momento em que o canhão deu seu tiro avisando que podiam seguir. E então Harry estava debaixo d’água.

— Agora nos basta esperar. – Disse Minerva ao lado de Snape. – Venha, Severus, vamos nos sentar em algum lugar.

A bruxa caminhou calmamente até um banco distante e vazio. No meio do caminho ralhou com alguns alunos fazendo baderna.

— Diga-me, como está se sentindo com o fato de que o Lord das Trevas está retornando? – Perguntou fazendo Snape a olhar com atenção. – Dumbledore me contou, queria que eu ficasse de olho em qualquer coisa estranha na escola e claro, está mexendo os pauzinhos para montar a Ordem da Fênix novamente e dessa vez eu farei parte como vice-presidente do grupo, sendo assim preciso ficar sabendo das principais informações.

— Eu farei o que terei que fazer, não tem muito o que dizer sobre isso, Minerva. Receberei ordens e a obedecerei.

— Como um cãozinho muito bem treinado. – Snape a fuzilou por essa comparação. – Não fique bravo comigo, foi só uma analogia do que você é, um homem com regras e que obedece ao seu mestre. Tenho plena confiança de que irá fazer muito bem o seu papel duplo, ainda mais que agora você tem um motivo muito maior para executar esse serviço. Mas não é disso que estou falando.

— Então o que está falando, Minerva. Sabe que odeio enrolações. Diga logo, mulher.

— Tão gentil. Estou falando de como está se sentindo. Harry é algo importante para você e você é para ele.

— Acha que vou ficar dividindo meus sentimentos com você como a um terapeuta?

— Não a um terapeuta, mas a uma amiga. – Disse Minerva colocando sua mão levemente na dele e dando pequenos tapinhas.

Amiga. Um termo tão estranho em sua vida, amizade era algo raro e que só tivera há muitos anos e agora se apresentava na figura de uma bruxa velha e poderosa ao seu lado. Talvez, somente talvez, pudesse enfim dizer algo do que estava entalado em sua garganta.

— Eu pretendia contar a ele, após o término do Torneio. – Começou a dizer olhando sempre para o lago a espera de Harry emergir. – Tinha esperanças que ele pudesse considerar esse tempo que passamos juntos e não me condenasse. Porém, a cada vez que vejo essa marca mais preta, sinto que o mais ideal é realmente guardar o segredo. Eu estarei em breve ao lado do meu mestre, não posso permitir que ele saiba. Venho fortalecendo as barreiras da minha mente para quando ele me interrogar, mas sinto que Harry acaba me escapando, pois tudo em minha vida agora é Harry e por isso tenho receio de falhar.

— Você não vai falhar, Severus. É o homem mais obstinado que conheço no mundo. Você dará um jeito, eu sei. Só espero que nesse meio tenha uma forma de você ser feliz com seu filho.

Snape não disse em palavras, mas ao apertar de leve a mão de McGonagall passou a ela toda sua gratidão pelo que a anciã disse. O ato foi tão surpreso e inesperado que ao se levantar quando o relógio estava próximo da uma hora de prova, jurou vê-la enxugando uma lágrima dos olhos antes de endireitar o oclinhos e caminhar a sua frente.

O Relógio bateu uma hora, estavam fora da água os três campeões, menos Harry. Cinco minutos do tempo se passou e a água não produziu uma única marola.

— Parece que Hogwarts vai ter enfim apenas três campeões. – Riu Karkaroff ao lado de Krum que o olhou reprovando o riso de seu diretor.

— Não podemos fazer nada? – Perguntou Ludo Bagman ao lado de Moody que, para surpresa e desconfiança de Snape, subiu o lábio em um estranho sorriso torto antes de beber algo em seu cantil particular.

— As regras são claras, deve-se aguardar até dar dez minutos após o término da prova para podermos intervir ou se um sereiano subir para avisar sobre perigo. No entanto, nenhum dos dois casos aconteceu ainda.

Snape quis socar Barto Crouch com suas regras infernais. Se Harry não aparecesse, ele mesmo se jogaria no lago negro para buscá-lo, mas com sorte não foi preciso.

Harry emergiu logo após Rony e a irmã de Fleur, Gabrielle, aparecerem. Rapidamente os amigos puxaram os três para a plataforma na beira do lago e Hermione tratou de colocar muitas toalhas envolta do menino.

— Precisa ir para a tenda hospitalar, Potter. – Disse Snape atravessando os grifinórios e pegando Harry pelo braço.

— Mas, eu preciso saber dos pontos. – Reclamou Harry tentando olhar para trás.

— A pontuação será dita daqui a pouco. Entre na tenda.

Ao entrar encontraram Pomfrey arrumando magicamente a cama onde antes estivera Cedrico.

— Papoula, acredito que a irmã da Delacour precise de cuidados na tenda das Bauxbatons. Pode deixar que eu cuido do senhor Potter.

— Como quiser, professor. – Disse a enfermeira saindo da tenda.

Assim que ficaram sozinhos Snape arrancou todas as toalhas que Hermione colocara no menino, ficando apenas com uma em suas mãos e então, para surpresa de Harry, jogou sobre a cabeça do menino e começou a enxugar seus cabelos.

— Por que demorou tanto para voltar? – Perguntou Snape agora puxando a camiseta encharcada de seu corpo e voltando a enxugá-lo.

— Porque Fleur não apareceu, não podia deixar a menina lá no fundo. Ela podia morrer. – Respondeu bravo com a pergunta. Agora Snape o virava e enxugava suas costas. – Eu sei me secar.

— Eu sei que sabe. – Respondeu simplesmente enquanto passava a toalha pela marca de nascença dele e então o virar para secar o restante com um feitiço o deixando quentinho antes de lhe entregar uma camiseta limpa e seca. – Você não consegue se aguentar, não é? Acha mesmo que Dumbledore deixaria alguém morrer? Se ninguém salvasse a menina, os sereianos a trariam para cima em segurança.

— Ah! – Exclamou Harry que agora murchava perto da ciência de que fora um tolo. – Que burro que eu sou. Agora fiquei em último.

— Por sorte a senhorita Delacour não conseguiu chegar até os reféns, então no mínimo você está em terceiro.

— Ainda assim.

— Não é ruim querer ajudar quem precisa, Potter. – Disse segurando em seu ombro e o fazendo o olhar. – Mas precisa controlar suas emoções e pensar no todo.

— As vezes eu queria ser como você. – Disse Harry o surpreendendo. – Talvez se eu fosse o seu filho, poderia ter puxado isso.

Harry deu uma risadinha e baixou a cabeça sendo assim não viu a expressão de Snape ao ouvir aquelas palavras. O homem quase abriu a boca para dizer que era seu pai, mas antes que pudesse deixar qualquer emoção tomar conta de seus atos, uma coceira no braço esquerdo o fez acordar para a realidade.

— Cada um é como é, senhor Potter. Você não precisa ser igual seu pai é, talvez nem seja bom ser.

— Era, como ele era. – Corrigiu Harry. – Afinal, ele está morto.

Snape não respondeu, sua expressão voltou a ser dura e seu corpo contido.

— Harry! – Chamou Rony entrando na barraca com pressa e parando quando viu Snape que o fuzilava com os olhos. – Desculpe, é que estão chamando para a pontuação.

— Eu já vou. – Disse para o ruivo que olhou mais uma vez para Snape e então saiu da barraca.

— Você vem comigo?

— Sempre.   


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