Stella escrita por Vic


Capítulo 6
Me deixe ser seu soldado


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, mais um capítulo... esse tá muito fofo :3. Espero que gostem!
OBS: Juntei o capítulo 6 com 7, por isso diminuiu o número de capítulos.
Boa leitura!

CAPÍTULO REVISADO



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O sentimento era indescritível, era impossível descrever como Will se sentiu ao ver Stella acordada. Estava surpreso, mas mais que surpreso, estava feliz. Era véspera de natal, e ele queria muito passar o seu primeiro natal com a filha, mas os médicos disseram-lhe que Stella e Lily ainda não estavam fortes o bastante para voltar para casa. A decepção o atingiu como gotas de chuva em um temporal, sua alegria foi parcialmente dissipada.

Os dias de férias foram deixados de lado, com a justificativa de que não tinha motivos para ficar em casa, as pessoas que ele mais amava no mundo ainda estavam no hospital. Ninguém o julgou, todos entediam o sentimento de estar sozinho em uma casa que deveria dividir com as pessoas que amava. Era melhor que trabalhasse, assim não pensaria tanto nas duas.

— Alguma notícia boa da Stella e da Lily? – Ele estava nervoso, suas mãos estavam enfiadas nos bolsos de sua calça social preta, para que assim evitasse roer as unhas.

O hospital não estava tão cheio quanto nos outros dias. Lindsay se sentiu aliviada, odiava estar cercada por muitas pessoas. Pensar em uma multidão de pessoas feridas em um mesmo local causava-lhe um certo desconforto.

— Tenho boas notícias sobre a Lily... ela está dormindo no berçário, e pelos exames que fez, parece estar ótima. – A mulher tinha um semblante cansado, as olheiras denunciavam suas noites mal dormidas. Apesar do cansaço, se esforçou para abrir um sorriso.

— E a Stella? – Perguntou quase de supetão, encarando-a com uma certa ansiedade.

O conhecendo como conhecia, podia dizer que ele esperava ouvir as melhores notícias possíveis, ou quem sabe esperasse até que Stella recebesse alta naquela semana mesmo. Ao contrário dele, Lindsay não estava tão esperançosa, o estado de mulher ainda inspirava alguns cuidados, apesar da melhora que apresentava.

— Alguma mudança no quadro? – Ela perguntou ao médico que estava responsável por Stella, que tinha acabado de chegar para falar com eles.

— Os sinais vitais ainda estão muito fracos... mas estamos estudando. – Suspirou, também não conseguia dormir como gostaria, eram muitos plantões e milhares de pacientes para cuidar. Apesar do cansaço, o médico tinha esperança em seus olhos, acreditava na recuperação dela.

— Tudo bem, obrigada. – Exibiu um singelo sorriso.

Virou para encarar a porta do quarto onde sua amiga se encontrava, era difícil acreditar que há alguns meses ela estava acordada, sendo a mesma mandona de sempre... e agora estava presa àquela cama de hospital, passando a maior parte do tempo inconsciente.

— Estamos rezando por ela... – Murmurou, sentia pena deles.

Will colocou as mãos na cabeça, estava desesperado.

— Acha que ela vai sobreviver? – Indagou em um sussurro.

A mulher fechou a cara, não estava acreditando que ele tinha perdido as esperanças.

— É claro que ela vai sobreviver! Ela é a Stella, não morreria deixando a filha dela sozinha... – Ele abaixou a cabeça. – Quer dizer... sei que ela não estaria sozinha, ela tem você para cuidar dela. Mas a Stella não deixaria a filha sem a mãe, porque ela sabe como é crescer sem o amor e o carinho de uma mãe... – Ele a encarou por alguns segundos, sua mente estava longe dali, então voltou a abaixar a cabeça. – Mesmo que ela tenha que lutar contra a própria morte, ela não vai deixar a Lily sem mãe.

— Mas e se...

— Se ela morrer? – Indagou em alto e bom som, fazendo-o arregalar os olhos. – Ela não vai morrer... eu espero. – Abaixou a cabeça, tentando encontrar as palavras certas. – Mas se ela morrer, você vai ser um ótimo pai para aquela garotinha e nunca vai deixar que ela se esqueça de o quão maravilhosa, forte e corajosa a mãe dela foi. – Ele virou na mesma direção da porta do quarto. – Me escute bem, não se atreva a entrar neste quarto achando que ela vai morrer, porque ela não vai... e como pai da filha dela é seu dever acreditar nisso! – Ele a deixou falando sozinha e foi em direção ao quarto. – Will! – Chamou. O homem abriu a porta do quarto e entrou, Lindsay foi atrás.

Will deixou todos os pensamentos ruins que tinha do outro lado da porta, ficou muito surpreso ao constatar que a mulher estava acordada. Parecia estar tão fraca, mas mesmo assim não desistia da luta nem por um segundo. Sentou-se na cadeira próximo à cama dela e respirou fundo, encarando a pálida e serena Stella.

— Ei... – Stella sussurrou, se esforçando para abrir um sorriso.

— Estou bem. – Tentou sorrir de volta.

— E a Lily... como ela está? – Sorriu ao pronunciar o nome da filha.

— Está bem... apesar das minhas habilidades como pai serem horríveis. – Lindsay deu um tapinha na perna dele. – Ela está sobrevivendo.

— Ela está ótima, ótima! – Lindsay disse, sentando-se na ponta da cama, aproveitando para passar levemente sua destra nas costas de Will.

— Estou tentando ser um bom pai.

— Eu sei que você consegue.

— Ela tem razão.

— Acho que você sabe que pode pedir a ajuda das pessoas que nos amam... está indo muito bem agora, mas eles vão te ajudar... se precisar. – Olhou para a amiga, como se estivesse indiretamente pedindo para que o ajudasse.

— Logo vou levá-la para casa... só preciso saber se bebês gostam de futebol.

Lindsay gargalhou e Stella mexeu os lábios como se quisesse rir também.

— Bem, acho que ela não vai entender muita coisa.

— É verdade. – Concordou enquanto tentava parar de rir.

— Vocês têm razão. — Lindsay o encarava com um brilho misterioso em seus olhos, ele entendeu o que ela queria na mesma hora. — Agora preciso ir vê-la. – Levantou-se da cadeira, inclinando-se sobre Stella para dar um beijo em sua testa, deixou o quarto logo em seguida.

— Vocês precisam ajudar... ele está muito cansado. – Sussurrou muito baixo, o pedido estava implícito em seus olhos.

— Ele parou de sair nos finais de semana. Voltou a trabalhar, já que não pode ter a companhia de nenhuma de vocês... esse estresse tá o esgotando. O Will está exausto.

Ela a encarou incrédula, dava para ver que no fundo sentia vontade de sair dali para cuidar de sua filha. Mas por enquanto ainda não podia, por mais que quisesse.

O desconforto em falar daquele assunto pairava sobre o quarto, como se sugasse o oxigênio dos pulmões das duas mulheres. Percebendo isso, Lindsay resolveu mudar de assunto, queria falar de uma coisa mais importante.

— Sou sua melhor amiga, não posso assistir você desistir sem fazer nada. – Stella revirou os olhos, também não gostava de falar daquele assunto. – Não sei o que está pensando, mas quero te dizer que você tem sido muito forte e que tem superado todas as expectativas, e desistir agora não é uma opção. – Respirou fundo, fechando os olhos por alguns segundos.

— Estou tão cansada... – Respirou fundo e tentou engolir o choro.

— Segura a minha mão. – Esticou a mão em sua direção, mas ela não a segurou. – Vamos, segure a minha mão. – Insistiu, vendo-a finalmente ceder. – Tire forças de mim, não vou deixar que desista! Me deixe ser seu soldado, eu luto por você. – Sacudiu a mão com uma certa força, a mulher a olhou espantada. – Você quer ser mãe e criar a sua filha? – Stella começou a chorar. – Você não está fazendo isso pelo Will... e acredite, ele precisa muito de você... entendeu?

— Sim. – A olhou com cansaço, mas agora já parecia mais determinada a seguir em frente.

— Me escute, você vai superar isso... – Sorriu. – E vai ser a melhor mãe do mundo, e eu tenho que assistir isso. – Disse a última parte em um sussurro, para que só ela a ouvisse.

— Você é uma ótima mãe. Espero ser metade da mãe que você é. – Sorriu, a outra mulher limpou as lágrimas que escorriam por seu rosto e sorriu de volta.

— Me promete que não vai entregar os pontos. – Apertou a mão dela com mais força.

— Prometo.

Stella abaixou a cabeça com uma certa tristeza, o silêncio tomou conta do quarto. Em questão de segundo o silêncio se desfez, a porta se abriu e Will entrou empurrando Lily em seu berço. Os olhos dela brilharam de felicidade assim que viu a menina.

— Cedinho e ela já está acordada. – Levou a criança para mais perto da mãe e da madrinha.

— Oi, querida como você está? – Lindsay brincou com a menina, se inclinando sobre o berço onde ela estava. Mesmo de perfil, podia ver o enorme sorriso que iluminava o rosto da amiga. – Estão passando um tempo em família. – Sorriu para os amigos, antes de se levantar e sair do quarto.

A visita da menina fez muito bem para Stella, que não a via com muita frequência.

— Senti saudades, princesinha!

— Você quer segurá-la? – Perguntou e ela assentiu. – Vamos para o colo da mamãe. – Se inclinou sobre o pequeno berço e pegou a menina no colo com o máximo de cuidado possível, como Lindsay havia o ensinado.

— Uau, você é mesmo muito bom nisso.

— Ei, o que aconteceu? – Notou que seu comportamento havia mudado desde sua conversa com Lindsay.

— A Lindsay não quer que eu desista, ela disse que desistir não é uma opção.

— E ela tem toda a razão.

— Ela vai ter que continuar lutando... – Respirou fundo. – Estou com medo... sei que posso ter problemas sérios. – Começou a chorar, Will comovido com o sofrimento dela, fez o mesmo. – Sempre fui tão boa em saber a causa da morte das outras pessoas... e agora a única coisa que eu queria era não saber a causa da minha. – Chorava silenciosamente. – Mas não vamos mais pensar nisso, vou sobreviver e vou continuar sendo a mesma teimosa e mandona de sempre.

— Sei que vai. – Sorriu, passando a menina para os braços da mãe. Lily fez alguns barulhos, mas se calou assim que sentiu o calor de sua mãe.

— Ei, só estou um pouquinho mais pálida que você. – Brincou, acariciando o rostinho da filha. – O seu pai é o melhor... sei que ficará bem com ele. – Sorriu para a menina e Will sorriu para ela, e em seguida deu-lhe um abraço. A menina entre eles deixava claro que o laço que os unia era eterno.

O turno de Will estava para começar, trabalhar o fazia pensar menos em tudo o que estava acontecendo e nos sentimentos que ainda nutria pela mãe de sua filha. O duplo homicídio do Morris Park ainda era um dos motivos de suas noites mal dormidas, por mais que investigasse, não conseguia chegar a um culpado, mas isso estava prestes a mudar.

— Tem certeza disso? – Perguntou pela terceira vez e a loira revirou os olhos.

— Tenho, bate com o que as testemunhas disseram. – Lindsay entregou o tablet para ele, mostrando as evidências que possuía.

— Mas você verificou? – Arqueou as sobrancelhas, estava boquiaberto com a descoberta.

— Sim, umas quatro vezes.  Se não acredita, posso chamar as testemunhas de novo e você conversa com elas, mas é o que estou dizendo. É inacreditável, mas é a verdade. – Fez uma careta, pensar naquilo embrulhava seu estômago.

— Mas isso é loucura! – Will não conseguia acreditar no que seus olhos estavam vendo.

— Todo mundo é um pouco louco em Nova York, por isso moramos aqui. – Pegou o tablet de volta e foi em direção ao laboratório de microbiologia.

— O que é loucura? – Jas perguntou, pegando a conversa pela metade.

— Loucura é você e eu termos um encontro na funerária. – Piscou, dando um tapinha na bunda da amiga. Jas e Will se entreolharam, nenhum dos dois entendeu o que realmente estava acontecendo.

Jas e Lindsay foram até a funerária da família Duell e levaram o suspeito para ser interrogado no laboratório. Will estava ansioso, andando de um lado para o outro em sua sala, nem conseguia acreditar que finalmente solucionaria aquele caso.

— Então você matava pessoas para vender caixões para as famílias delas? – O homem fez uma careta e sentou-se do outro lado da mesa, de frente para o acusado.

— Falando assim... parece errado. – O acusado olhou de um para o outro.

— E você acha que é certo? Você matava pessoas e depois ia até as casas das famílias delas e oferecia seus serviços funerários. – Lindsay o encarou.

O suspeito arrumou-se na cadeira, estava se sentindo acuado.

— O meu negócio estava falindo...

— Então resolveu aumentar a demanda matando pessoas? – Nenhum dos dois conseguia acreditar no que estavam ouvindo. As coisas em Nova York estavam ficando cada vez mais loucas.

— Bom, acho que vamos ter que encomendar o seu caixão, porque a próxima parada é a sua sentença de morte. – Will disse, sua parceira deu uma risadinha com o trocadilho.

George Duell foi condenado à pena de morte e seus filhos foram julgados e sentenciados à prisão perpétua pelo duplo homicídio do Morris Park e mais outros quatro homicídios em casos não solucionados. Todos que ouviam sobre o caso tinham a mesma reação que Will, era quase impossível pensar que uma pessoa pudesse se tornar um assassino para manter os negócios da família.

Algumas semanas mais tarde Stella saiu do hospital e voltou a trabalhar em turnos reduzidos, queria passar o máximo de tempo com Lily, para recuperar o tempo que perdeu estando internada, mas as contas começavam a chegar aos poucos. Ela e Will tinham concordado em deixar a menina na creche mais próxima do laboratório, assim poderiam vê-la em seus intervalos e ela não sentiria tanto a ausência dos pais. A novidade no laboratório era que Will e Stella tinham reatado o seu relacionamento, ela confessou que sentia o mesmo que ele, e já que tinham uma filha juntos, não faria mal nenhum tentar fazer com que seu relacionamento desse certo.

— Discordo de você, acho que vai ser perfeito. – Will disse e Lindsay o olhou como se ele não soubesse o que estava dizendo.

— Você está sendo ridículo. – Revirou os olhos. – Já disse para não fazer isso, mas se você quer ser humilhado...

— Não, estou inspirado. – Se virou apontando a arma para o alvo, o teste de balística estava quase terminando.

— Às vezes a inspiração nos leva ao desastre. Sugiro que você repense isso. – Disse mais alto, o som dos tiros atrapalhava a conversa.

— Acho que você perdeu o seu senso de aventura. – Guardou a arma e retirou os fones.

— É melhor do que ser humilhada na frente de todo mundo. – Ambos saíram da sala, dando de cara com Stella no final do corredor.

— Oi. – Will disse.

— Oi. – Ela respondeu, estava desconfiada do comportamento estranho do namorado. – Quer me dizer o que está acontecendo? – Sorriu irônica. Will olhou para Lindsay, que fez uma careta para ele. – Eu não gosto de surpresas, surpresas são como segredos, o que significa que eu não sei algo que as outras pessoas já sabem.

— Então escolheu o trabalho errado. – Jas disse ao passar pelos três.

— Escute, em breve você saberá, prometo. – Ela o encarou com desânimo. – Eu... eu... eu vou te contar antes do anoitecer. – Stella sacudiu a cabeça em negação, odiava ser a última a saber das coisas.

— Lindsay, o que está acontecendo?

Lindsay deu de ombros, balançando a cabeça.

— Assim como você... não faço ideia.

— Bem, acho que sei o que está tentando fazer e vou te dizer que é uma péssima ideia. – Cruzou os braços.

— Eu avisei...

O elevador se abriu e para a surpresa de todos era Millie, a mãe de Will.

— Oi, mãe.

— Oi. – Millie sorriu animada.

— Oi. – Lindsay e Stella disseram.

— O que está fazendo aqui? – Stella perguntou.

— Oh! – Mordeu o lábio inferior. – O Will me pediu para vir aqui.

— Sim, pedi. Mas você chegou muito cedo.

Stella ficou ainda mais desconfiada.

— Oh, tudo bem, talvez eu possa ir dar uma olhadinha na minha neta. – Se virou para voltar para o elevador.

— Você pediu para a sua mãe vir até aqui... agora sei que estou certa. – Colocou as mãos na cintura.

— Sobre o que está falando? – Millie se virou para os encarar.

— Sobre tudo isso... o Will quer que eu pare de trabalhar e tire licença maternidade.

— O quê?! 

— Sim, você quer que eu vá para casa com a nossa filha. – Lindsay respirou aliviada, o segredo estava a salvo. — Will, você sabe que neste país a licença maternidade não é remunerada... e tenho que pagar as despesas do hospital e o parto da nossa filha. — Fechou a cara.

— Oh, é por isso que estou aqui? – Olhou para o filho e depois para Stella.

— Não. 

Stella o encarou.

— Então está dizendo que não está tentando decidir o meu futuro por mim?

— Bom... não do jeito que você está pensando. Você vai saber quando eu estiver pronto para falar.

— Ei, Stella... respira fundo, respira fundo. – Lindsay disse ao perceber que a amiga estava de punho fechado. – Respira fundo. – Passou as mãos nas costas da amiga para a acalmar.

— Millie, obrigada pela preocupação... eu te amo, mas você não tem o direito de decidir isso. – Sorriu para a mãe de Will. – E eu te amo também, mas já conversamos sobre isso. Não vou mudar de ideia e não vou parar de trabalhar para ficar em casa, tenho contas para pagar e um bebê para criar, essa conversa acabou.

— Ótimo, sabe que tem tempo para repensar isso. – Millie sorriu e Stella a encarou.

A tensão se dissipou e todos voltaram a trabalhar. Millie continuou por lá, queria saber o que era tão importante para Will tê-la chamado.

— Ei, ainda está aqui? – Deu um beijo na testa da mãe.

— Sim, vou te dar um conselho... sei que você a ama, mas tente não a sufocar, tudo bem?

Will fez exatamente o contrário do conselho que recebeu de sua mãe, Stella estava no meio de um interrogatório, quando ouviu a voz dele no alto-falante.

— Atirou três vezes nele e diz que foi sem...

— Quero dizer algumas palavras sobre Stella Katsaros...

— É você. – O suspeito arqueou a sobrancelha, confuso.

O semblante dela se fechou.

— Sim, o que está acontecendo?

— Como sabem, a Stella teve um bebê e todos sabem que eu sou o pai, mas o que vocês não sabem é que estou apaixonado por ela, e que também estou apaixonado pelo nosso bebê. – O suspeito sorriu para ela, que mantinha a expressão confusa no rosto. – Estou apaixonado pela vida que podemos ter... nunca disse que nenhum de nós era perfeito, na verdade, eu erro muito, só precisam entrar em algum blog e verão que é verdade. Vocês podem me perguntar o que eu amo na Stella... a verdade é que é muito difícil escolher... – Ela já tinha saído da sala de interrogatório e estava indo até ele, as pessoas tinham parado de trabalhar e estavam todas em volta dele. – Mas vou tentar...  A Stella... – Ele estava olhando diretamente para ela agora. – A Stella é incrível, ela é linda. – Todos a olharam também. – Ela é inteligente. Ela é tão inteligente que às vezes me assusta, porque quando você está com alguém tão inteligente você tem que ser muito inteligente também. Ela é carinhosa, compreensiva e ela também é teimosa... às vezes é tão teimosa que beira a compulsão. – Stella cruzou os braços. – E ela vai me matar por dizer isso, mas...

— Ela vai matá-lo por tudo isso. – Lindsay sussurrou para Jas, ambas abafaram uma risadinha.

— Ela é incrivelmente carinhosa e ela chora em todas as datas comemorativas. – Ela desviou o olhar da multidão. – Ela é adorável, especialmente quando estava grávida, porque era muito hormonal... mas o que eu mais amo na Stella é a força que ela tem, ela enfrenta os seus medos e os vence. – Ela abriu um sorrisinho. Ele largou o microfone e deu alguns passos em direção a ela. – Ela está com medo, é verdade... e há algum tempo você venceu mais um de seus medos enquanto eu pensava na última vez em que ficou com medo. – Ela fechou a distância entre eles. – Então estou aqui para perguntar... nós dois estamos com medo. – Stella sorriu. – Mas podemos enfrentar os nossos medos juntos, obrigado. Podemos enfrentar isso como uma família, como marido e mulher. – Agora ela estava realmente boquiaberta. – Então... Stella... ei.

— O que...

— Você quer se casar comigo? – Os olhos dela estavam marejados, não sabia o que responder, casar não estava em seus planos. – Quero passar o resto da minha vida com você. – Will disse olhando no fundo dos olhos verdes dela. – Compartilhando tudo o que ela tem para nos oferecer de bom e de ruim. Criando nossa filha, nossa linda garotinha... como uma família, amando uns aos outros. – Ela estava confusa, sentia-se encurralada naquela situação, todos a sua volta a olhavam com tanta ansiedade quanto Will.

— Tudo bem, tenho que conversar com você... a sós, por favor. – Apertou mais forte as mãos dele, o olhando como se suplicasse para sair logo do meio de tanta gente.

— Tenho certeza de que dirá sim. – Will sussurrou meio desanimado com a reação da namorada. – Antes de te conhecer, eu achava que a minha vida era ótima, mas você me fez perceber tudo o que eu estava perdendo, você acredita em mim, você me faz ser melhor do que jamais imaginei que seria. Você tornou a minha vida melhor e mesmo que às vezes não concordemos... – Stella sorriu. – Mesmo que não concordemos, ainda há respeito e confiança mútua... e essa é a conexão mais profunda que já tive com alguém, porque você me mostra todos os dias o que significa se comprometer com algo... você me mostrou isso com seu amor, com sua coragem e com sua decisão de ter um bebê, o nosso bebê. – Jas e uma colega sussurravam coisas uma para a outra e davam risadinhas empolgadas com a declaração. – Sei que nossas vidas nem sempre serão perfeitas e isso pode ser um pouquinho assustador, mas não há mais ninguém nesse mundo com quem eu queira fazer todas essas coisas... – Ela sorriu, vendo-o se ajoelhar na sua frente e pegar uma caixinha no bolso de seu jaleco, arrancando alguns suspiros de Jas. – Stella, você me dá a honra... de se casar comigo?

— A humilhação pública pode ser um bom aprendizado, talvez ela precise de um pouco mais de tempo. – Danny sussurrou para Millie.

— Calado, quero ouvir isso. – Millie o repreendeu.

— Posso ficar ajoelhado aqui o dia todo e eu vou, mas eles têm que voltar a trabalhar, então... pelo bem dos empregos deles e do povo de Nova York, diga...

— É que eu não sei... pensei em me casar, mas não pensei que isso fosse acontecer e...

— Mas está acontecendo agora, Stella e pode continuar acontecendo pelo resto de nossas vidas se você disser sim. – Will estava ainda mais ansioso, as borboletas em seu estômago começavam a gerar um incômodo.

— É muito bonito... só que é um pouco inesperado. – Saiu, indo até o elevador, deixando todos esperando por uma resposta, incluindo Will, que apenas fechou a caixinha com o anel e abaixou a cabeça. A humilhação pública o atingiu em cheio.

Stella saiu do laboratório para tentar recuperar seu fôlego com um pouco de ar fresco, mas se sentia como se estivesse entubada em uma cama de hospital, seus pulmões doíam até para puxar o oxigênio, e lembrar da expressão no rosto de Will fazia com que sentisse ainda mais falta de ar.

— Oi. – Disse muito timidamente quando Will se sentou ao seu lado no banco.

— Oi, espero que esteja respirando fundo porque te peguei de surpresa, não porque te deixei muito ansiosa.

Ela respirou fundo mais uma vez, respirar doía menos agora.

— Um pouco dos dois, eu acho. – Passou as mãos no rosto, tentando se livrar das imagens dos rostos ansiosos de seus colegas. – Foi uma declaração linda...

— Sim, eu te pedi em casamento. Caso não se lembre disso.

Ela respirou fundo, o peso de dar uma resposta doía em seu interior.

— Não esqueci... como alguém poderia esquecer? Você me pediu em casamento na frente do laboratório inteiro... acho que finalmente entendi como as garotas que são pedidas em casamento no Super Bowl se sentem. O rosto delas aparece naquele telão e todo mundo fica esperando para saber o que elas vão dizer... como elas podem dizer não?

Will a encarou, finalmente tinha entendido o motivo de sua fuga, ela não queria se casar.

— Então estava tentando dizer não?

Os olhos dela lacrimejaram, ela o amava, mas achava que estavam indo rápido demais com as coisas. Os comentários no laboratório estavam a todo vapor, todos falavam sobre como Will tinha sido corajoso em falar todas aquelas coisas para Stella e também sobre a reação nervosa que a amiga teve.

— É um pouco assustadora a forma como eles dois se amam... acho que é só uma questão de tempo até a Stella perceber o que ela realmente quer. – Jas sorriu, ainda estava suspirando.

— Você realmente está falando sério? – Lindsay fez uma careta, desde o início tinha pressentido que a resposta seria não.

— Acha que ele ficaria com outra mulher? – Danny se meteu na conversa das duas.

— Talvez ela só quisesse dizer sim em um momento mais privado...

— Ela ficou com medo e fugiu...

— Acho que ela estava um pouco tímida...

— Ela aceitou tão bem a ideia de criar a bebê com o Will, talvez o casamento seja um exagero. – Lindsay estava ficando impaciente com tantas opiniões sobre um assunto que desrespeitava apenas aos dois.

— Talvez ela o ache imaturo, quer dizer, imaginem estar em uma festa com seu marido e ficar se perguntando com quais mulheres ele já dormiu. – Jas mordeu o lábio inferior abafando uma risada, a velha fama de Will ainda o prejudicava bastante, mesmo que ele fosse praticamente outra pessoa nesses últimos três anos. – Mas ainda acho que essa foi uma das declarações mais lindas que eu já vi. – Suspirou, colocando as mãos no lado esquerdo do peito.

— Uma das mais lindas? Quantos caras você já viu fazendo isso na frente de todo mundo? – Arqueou a sobrancelha enquanto Jas suspirava novamente. – O ponto é que todos aqui sabem como a Stella é, eles acabaram de reatar o namoro, ou melhor dizendo, começaram a namorar agora. Ela no mínimo vai achar um monte de razões pelas quais não deve se casar agora, ao invés de apenas seguir o coração dela... não é que ela não queira se casar com ele, ou que o ache imaturo... ela só está com medo de aceitar e não dar certo...

— Ela podia confiar um pouco mais! – Jas disse.

— Como amigos dela, acho que devemos deixar que ela mesma avalie a situação... ela vai escutar o coração dela uma hora ou outra. – Concluiu muito calmamente, conhecia muito bem a amiga.

Stella e Will ainda conversavam do lado de fora do laboratório. Ela já conseguia respirar normalmente e ele não estava mais tão ansioso.

— Antes de te dar uma resposta... quero que saiba o quanto eu realmente te amo. Você sabe que estou muito empenhada em criar a nossa garotinha juntos. – Disse, observando todas as reações do namorado.

Will respirou fundo, incomodado com as recusas da namorada e disse:

— Você realmente está começando a me assustar, isso está começando a soar como um não. – Olhou para ela, ambos ficaram muito quietos, esperando que o outro falasse primeiro.

— Bem... preciso que você seja honesto comigo e consigo mesmo... sobre o porquê que de repente você quer tanto se casar comigo...

— Pensei que quisesse um pouco de estabilidade, não sou mais o mesmo cara que eu era antes...

Stella sorriu, sabia da fama que Will tinha antes dela chegar em Nova York.

— As coisas mudaram quando você descobriu que ia ser pai, não foi?

Ele suspirou de desânimo, não conseguia acreditar que nem mesmo se declarando na frente de todos os seus colegas foi capaz de fazê-la enxergar que ele realmente a amava, que não queria se casar apenas por causa da filha deles.

— Sim.

— Talvez seja por isso que você quer se casar, ou talvez sinta que tem que fazer isso por causa da bebê, mas honestamente eu acho que isso é uma receita para o desastre... – Ele abaixou a cabeça, encarando o chão por alguns segundos. – Casar porque temos uma filha juntos é um erro...

— Certo. – Interrompeu.

— Porque significa que o...

— Certo.

Ela franziu a testa.

— O quê?

— Você está certa. – Ela ainda estava confusa. – Também acho que se casar só porque temos uma filha é um erro, estou concordando com você. – Ela fez uma expressão de tristeza, seus sentimentos eram confusos até para si mesma. – Eu quero muito criar a nossa filha com você... – A mulher respirou fundo. – Mas não é por isso que quero me casar com você... quero ter um compromisso com você... porque eu te amo e quero passar o resto da minha vida com você. – Sorriu.

— Nós podemos fazer isso, não temos que nos casar... nenhum de nós precisa passar pelo estresse da formalidade...

— Eu quero o estresse, quero a formalidade, quero tudo isso. – Ela fez uma careta. – Quero dizer os nossos votos toda vez que tivermos uma discussão estúpida, para mostrar que temos uma razão para ficar. – Ela suspirou, contrariada. – Sei que são duas grandes mudanças, mas sei que nós podemos fazer isso juntos... eu te amo... na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença... para sempre. – Os dois já estavam chorando, cada um por suas próprias razões. – Quero ficar com você pelo resto da minha vida.

Stella deu um sorrisinho para ele, colocando a destra em seu rosto.

— Eu amo muito, muito você. – Levou seus lábios aos dele, dando-lhe um beijo terno, ambos ainda choravam quando ela acariciou seu rosto com as duas mãos. – Me desculpe... mas não posso me casar com você. – Sussurrou, segurando as mãos dele uma última vez antes de fugir novamente. – Me desculpe.

Lágrimas escorriam por seu rosto enquanto ele olhava para o céu e se perguntava porque amar doía tanto.


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Notas finais do capítulo

É... não é fácil...
Até o próximo!



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