Stella escrita por Vic


Capítulo 39
Fantasmas do passado


Notas iniciais do capítulo

Bom dia! Sim, eu sei que demorei quase um mês para postar... tive um grande bloqueio criativo e quase não consegui escrever esse capítulo (é por isso que ele é bem menor do que os anteriores), mas mesmo com todos esses contratempos... espero que vocês gostem dele!
Boa leitura!



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Adoramos mergulhar no mundo dos sonhos, e ficar imaginando como seria voltar no dia de ontem, ou até mesmo como seria voltar para uma época em que éramos mais felizes. Seria tão bom voltar para uma época em que não sofríamos e nem fazíamos ninguém sofrer. Em algum momento, todo mundo já desejou poder fazer isso, alguns mudariam coisas pequenas, como um corte de cabelo idiota ou uma tatuagem esquisita que foi feita em um lugar mais esquisito ainda. A única coisa que Danny queria era ter o poder de voltar no tempo e mudar os acontecimentos daquela noite, mas por mais que desejasse... é impossível voltar no tempo.

Os fantasmas do passado haviam retornado, mas dessa vez ele não cometeria o erro de tentar bater em retirada. Há muitos anos, uma pessoa muito querida lhe disse que não adianta tentar fugir do passado, pois ele nos acompanha aonde quer que formos. Danny guardou esse conselho junto com as memórias que tinha de sua família, achou que em algum momento isso viria a calhar. Esse momento havia chegado, e ele estava preparado para enfrentar todos aqueles malditos fantasmas.

Sonhos são uma coisa curiosa, pois são basicamente uma mistura de várias coisas. Freud afirmava que os sonhos não passam de uma realização disfarçada de um desejo reprimido, Danny até que concordava com ele nesse quesito, era um sonho impossível ter o poder de mudar o passado. No entanto, os sonhos são uma terra mágica e ilusória, através deles, podemos fazer coisas inimagináveis... até mesmo voltar no tempo, e era isso que ele estava fazendo neste exato momento.

Anos atrás – Noite do incêndio (Pesadelo)

Aquela devia ser a milésima vez que sua mãe brigava com ele pelo mesmo motivo. Sair para correr na hora do jantar. A matriarca da família era uma mulher tradicional e de valores muito arcaicos, ele sempre odiou todo aquele tradicionalismo. Por mais que sua mãe quisesse, sua família não era nem um pouco parecida com aquelas famílias que eles viam nos comerciais de margarina. Apesar de estarem entre as famílias mais famosas da cidade, eles estavam longe de serem um exemplo, mas mesmo assim a mulher insistia em manter as aparências.

Patético.

Revirou os olhos, estava cansado de ser obrigado a ouvir o mesmo sermão todo santo dia, mas não tinha para onde correr. Ao ver-se sem saída, tirou um cigarro do bolso e o acendeu, recebendo um olhar de censura de sua mãe. Ela odiava o cheiro do cigarro impregnado na casa e odiava mais ainda ver o filho fumando. Sem nem pensar duas vezes, apagou o cigarro com as pontas dos dedos.

— Mãe! – Exclamou em total desagrado, ninguém ia morrer se ele fumasse um pouquinho.

— Já disse que não quero que fume essa coisa dentro desta casa. – Seu tom de voz era tão maternal que aquilo nem parecia ser uma bronca. – Isso aí só serve para acabar com os pulmões.

— Com os meus pulmões. – Retrucou, sendo o mais grosseiro possível e voltou a acender o cigarro.

— Daniel Messer. – Alertou, brandindo o dedo próximo ao rosto do filho. – Será que vou ter que contar isso para o seu pai?

Aquelas eram as palavras mágicas que o fariam desistir de fazer qualquer coisa que a mãe não aprovasse.

— Sem drama. – Disse ao entregar a carteira de cigarros nas mãos da mãe. – Não precisa disso tudo. – Deu um beijo na bochecha da mãe, que o limpou rapidamente. Odiava o cheiro do cigarro em sua pele. – Já disse que é Danny, mamãe. – Corrigiu pela milésima vez, odiava quando o chamavam de Daniel e odiava mais ainda quando era sua mãe que fazia isso.

Por mais que a matriarca quisesse que tudo fosse perfeito, a vida não é um filme e as pessoas não são atores com um roteiro na ponta da língua. Quando seu marido se levantou da cadeira e desferiu um tapa no rosto de seu filho mais novo, Carly achou que as coisas não poderiam ficar piores do que já estavam. Ela estava terrivelmente enganada.

— Você acha que a vida é um filme, seu moleque?! – David esbravejou, segurando o rosto do filho com muita força. – O que você pensa da vida, hein?

Danny nem se deu ao trabalho de responder as perguntas do pai. Ele sabia que ele não queria uma resposta, só queria alguém em quem pudesse descontar a sua raiva, como sempre...

— Isso vai manchar o nome da nossa família! – Gritou ainda mais alto, ainda apertando o rosto do rapaz. – Você não tem nem onde cair morto e quer ter filho? Quem vai te sustentar? Ou melhor, quem vai sustentar essa criança?

Os olhos de Danny faiscaram de raiva e ele tirou a mão do pai de seu rosto.

— Mais do que as suas amantes já mancharam? As drogas já não fizeram isso? – Retrucou com os dentes cerrados. – Pelo menos eu sou homem o suficiente para assumir o meu filho, e você? Tem quantos espalhados por aí?

Quando estava prestes a receber outro tapa no rosto como resposta, Daxton segurou a mão do pai, saindo em defesa do irmão.

— Chega, pai. – Suspirou ao soltar a mão dele. – Agora já era, não adianta nada bater nele.

Naquela noite Danny se trancou em seu quarto sem terminar de jantar, estava com muita raiva para continuar olhando na cara do pai. Sua mãe até tentou apaziguar a situação, mas não tinha mais jeito.

— Cuzão. – Xingou o pai antes de acender um dos cigarros que escondia dentro da gaveta de cuecas. Era o único lugar onde sua mãe não bisbilhotava. – Até parece que ele é perfeito...

Abriu a janela de seu quarto e foi para fora, gostava de observar as estrelas quando estava com raiva. Não demorou muito até que ouviu batidas em sua porta, devia ser Daxton. Ele sempre vinha conversar com o irmão quando alguma coisa desse tipo acontecia.

— Posso entrar? – Era uma pergunta infundada, mas seu irmão era educado demais para só sair entrando sem permissão.

— Você sabe que pode. – Respondeu com um sorrisinho no rosto.

O rangido da porta se abrindo foi reconfortante, Danny gostava de conversar com o irmão.

— Se a mamãe te pegar com isso... vai te fazer engolir a carteira todinha.

Ambos riram.

— É só você não contar. – Danny colocou a cabeça para dentro do quarto para convidar o irmão para se juntar a ele no telhado.

— Minha boca é um túmulo. – Passou os dedos nos lábios, como se estivesse passando um zíper.

Eles riram e se abrigaram no telhado. O céu estava mais bonito do que nunca naquela noite, talvez fosse um lembrete de que as coisas não eram tão ruins assim.

— É bom mesmo... – Danny tragou o cigarro, fazendo uma pausa dramática. – Ou eu estaria morto.

O que aconteceu em seguida, o pegou totalmente de surpresa.

— Como eu? – Sua risada saiu meio esganiçada, aquilo deu arrepios em Danny. – Como eu? – Repetiu, virando o rosto para olhar para ele.

Seu rosto estava coberto por queimaduras e algumas partes pareciam ter derretido. O susto foi tão grande que o rapaz ficou mudo, era uma visão que demoraria a sair de sua mente.

— Por que você mata tudo o que você ama? – O irmão continuou questionando. – Por que temos que pagar pelos seus pecados? Por quê? Por quê?

Ele tapou os ouvidos e tentou ignorar tudo que estava acontecendo. Quando abriu os olhos novamente, estava deitado em sua cama, coberto de suor e quase sem fôlego. Sua visão estava meio embaçada, tateou a cabeceira da cama até encontrar seu óculos. Como em um passe de mágica, se deparou com um incêndio ao seu redor. Agora tudo fazia sentido, aquilo era um sonho, ou melhor... era um pesadelo. Estava sendo punido por seus pecados.

O incêndio levou sua família e sua casa, tudo o que restou foi o primeiro andar e os móveis que ali estavam... mais nada. Os meses que se sucederam foram de puro arrependimento e dor, mas não havia mais o que fazer... só aceitar e seguir em frente. Teria uma nova família em alguns meses.

Foi difícil ter que pedir a mão de Lindsay em casamento para o pai dela, mas era o certo a se fazer. Ele não se importou com a ameaça feita pelo pai da moça, estava mais feliz com a promessa de formar uma nova família ao lado de sua futura esposa e de sua filha. Quando a menina nasceu, sua vida se encheu de luz novamente.

Fim do pesadelo

Enquanto Danny vivia um pesadelo feito de seus medos e culpa, Stella estava vivendo o que chamamos de um verdadeiro sonho. Ela e o marido esperavam por aquele momento desde o dia em que Lily nasceu. Eles mal podiam esperar para ver a filha dar os seus primeiros passos. Will já estava com a câmera em mãos, queria registrar cada segundo daquele momento único na vida de sua filhinha. Os dois se ajoelharam no carpete do chão da sala, e começaram a chamar a filha, encorajando-a a se levantar.

Lily não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas gargalhava ao ver a animação estampada nos rostos dos pais. Depois de algumas tentativas, a menina conseguiu se levantar sozinha, cambaleando um pouco, mas determinada a continuar.

— Vem, querida. – Stella a chamou com a mão, encorajando-a a ir ao seu encontro.

— Vamos, meu amor. Você consegue. – Will incentivou, colocando um enorme sorriso no rosto.

— Papa. – A menina deu um gritinho ao sorrir para ele. – Mama. – Apontou para a mãe com o dedinho.

Havia aprendido a falar aquela palavra há pouco tempo, mas aquela já era a palavra favorita de sua mãe.

— Isso mesmo, meu bem. Vem, vem. – Stella se animou, chamando-a com as duas mãos. – Vem até a mamãe, você consegue.

Ela deu um pequeno passo à frente, depois outro e outro. Antes que eles percebessem, ela estava caminhando em direção a eles com um enorme sorriso no rosto. Foi recebida com uma enxurrada de beijos e abraços. Stella a pegou no colo e se virou para Will, dizendo para a câmera o dia e a hora exata em que a menina havia dado os seus primeiros passos.

Estavam tão imersos naquele momento maravilhoso, que demorou um pouco para que Will percebesse que seu celular estava tocando. Deixou a câmera em cima da mesinha de centro, e deu um beijinho na testa de sua menina antes de pegá-lo e atender.

— Taylor... – Sua voz estava mais baixa do que o habitual, devia ser por causa do cansaço que estava sentindo.

A voz do outro lado da linha fez seu coração errar as batidas.

— Por que metade do seu esquadrão está no hospital? – Mark perguntou sem fazer rodeios. – E onde foi que o Danny se enfiou?


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Notas finais do capítulo

O coitado do Danny não teve um pingo de paz...
A Lily dando os primeiros passinhos dela ♥️.
Até o próximo!



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