Stella escrita por Vic
Notas iniciais do capítulo
Bom diaaaa, esse capítulo é especial para uma das minhas pessoas favoritas nesse mundo inteirinho! Feliz aniversário, minha gatinha comunista mais conhecida como Lydia. Te amo!!!
Boa leitura!
CAPÍTULO REVISADO
— Estou aqui. – Stella empurrou a porta, entrando com tanta pressa que até parecia que estava mesmo de plantão. – Me conta exatamente o que aconteceu.
Axton estava a esperando na entrada do laboratório, a expressão em seu rosto deixava claro que ele estava mesmo sem saída. A verdade era que ele esperava que a mulher fosse a solução de todos os seus problemas.
— Ainda bem que você veio. – Apertou a mão da amiga com firmeza, estava mesmo precisando muito da ajuda dela. – Precisamos de toda a ajuda do mundo aqui...
— Tudo bem, vamos dar um jeito nisso... – Garantiu. – Mas primeiro você precisa me contar tudo que aconteceu.
— Houve um tiroteio na Escola Maryel, uma criança morreu e seis ficaram feridas... – Explicou, vendo uma expressão de completo choque tomar conta do rosto da amiga, que levou as mãos ao rosto. – Mas o pior de tudo é que algumas crianças se assustaram e saíram correndo da escola, estamos tentando encontrá-las, mas a verdade é que precisamos de toda a ajuda possível.
Ela abaixou a cabeça na tentativa de se recompor.
— E o que eu posso fazer para ajudar? – Olhou em volta, percebendo que todos trabalhavam em perfeita harmonia, normalmente aquele lugar era uma bagunça, mas naquele dia tudo e todos pareciam estar em sintonia.
— Você pode falar com os pais da nossa vítima fatal. – Comprimiu os lábios, sabia que essa era uma tarefa muito difícil para uma mãe. – Eles estarão aqui em breve.
O homem saiu, precisava voltar ao trabalho. Stella se sentou em uma das cadeiras que ficava na entrada do laboratório e respirou fundo, sua tarefa não era das mais fáceis, mas alguém tinha que fazer isso.
— Ei. – Sage colocou as mãos nas costas dela. – O que está fazendo aqui? – Ela se levantou para abraçá-lo. – Você está bem?
— Sim. – Assentiu. – Senta. – Os dois se sentaram lado a lado. – O que tem feito?
— Acabei de sair de uma reunião do conselho a respeito da reconstrução da área que foi afetada pelo incêndio. – Passou as mãos no rosto, estava exausto. – O Will me pediu para ir no lugar dele, ele estava muito ocupado com o tiroteio da Maryel. Foi meio estranho, sabe? O Mark estava querendo implantar umas coisas que na minha opinião são caras e desnecessárias. É óbvio que eu quero o melhor para a nossa equipe, mas acho que os fundos devem ser investidos na compra de equipamentos e de tecnologia de ponta, não na encomenda de um busto do Mark para a entrada principal.
Stella franziu as sobrancelhas e prendeu o riso, ela sabia que o homem era egocêntrico, mas não imaginava que fosse tanto.
— Um busto do Mark? – Colocou a mão na frente da boca. – É sério isso?
— Acredite ou não... isso foi mencionado durante a reunião...
Dessa vez ela não conseguiu segurar a risada.
— Olha... – Ainda não tinha conseguido parar de rir. – Considerando o tanto de dinheiro que ele colocou nesse projeto... – Engasgou ao imaginar como seria se isso chegasse mesmo a acontecer, seria muito engraçado se deparar com uma cena dessas todos os dias. – Ele poderia ter até um nu frontal dele na entrada...
Ele se juntou a ela na risada.
— Tomara que isso nunca aconteça...
Stella pigarreou ao parar de rir.
— Mas acho que não é só isso que está te incomodando, não é?
Sage desviou o olhar, abaixando a cabeça.
— Eles falaram da Rebecca...
— A sua namorada... – Colocou sua mão esquerda sobre a dele, ela não a conhecia tão bem a ponto de serem amigas, mas sabia que a moça era muito importante para ele, e agora ela estava morta.
— É... – Ainda doía muito tocar naquele assunto. – Obrigado por me ouvir.
— Você sabe que sempre estarei aqui.
Os dois se levantaram e deram um abraço de despedida.
— Ah, não esquece de dar um abraço na Lily por mim. – Virou para ela e sorriu, sem nem perceber que tinha acabado de lembrá-la de seu maior erro.
O coração da mulher disparou ao ouvir o nome da criança, ficou tão atordoada que suas pernas perderam a força quando ela se levantou.
— Lily. – Colocou as mãos na cabeça. – Oh meu Deus! Meu Deus, a Lily! – Correu para a saída, esquecendo-se completamente do compromisso que havia firmado com Axton.
Quando abriu a porta do restaurante e olhou na direção da mesa onde suas coisas ainda estavam, uma grande sensação de alívio tomou conta de seu peito. O mais importante de tudo era que a sua menina ainda dormia pacificamente em seu carrinho, nem sabia que tinha sido esquecida pela mãe.
— Oh meu Deus. – Murmurou enquanto se agachava na frente do carrinho. – Meu Deus, você está bem. – O som de sua voz foi abafado por suas mãos.
— Tudo bem com você? – O homem que ela havia visto na entrada do restaurante assim que chegou perguntou. – Moça?
— Esqueceu alguma coisa? – A mulher que o acompanhava perguntou enquanto olhava para o bebê no carrinho.
Stella respirou fundo e tentou pensar numa desculpa convincente.
— Fui só buscar o meu celular no carro... – Levantou para olhar para eles. – Mas pedi para o James dar uma olhadinha nela para mim.
A mulher olhou para o balcão.
— E onde ele está?
— Não sei. – Engoliu em seco. – Ele deve ter ido fazer alguma coisa. – Franziu as sobrancelhas ao notar o machucado na testa do rapaz, achando a desculpa perfeita para mudar de assunto. – O que foi que aconteceu com o seu rosto?
Ele colocou a mão no machucado.
— Não é nada de mais.
— Ele entrou em uma briga com outro cara e levou a melhor. – A mulher explicou por ele, havia um certo orgulho em sua voz.
— Ele deve gostar muito de você para brigar assim. – Sorriu ao se lembrar que seu marido costumava fazer exatamente o mesmo alguns anos atrás. – Não sou médica, mas acho que vai precisar de alguns pontos.
— Não. – Negou com a cabeça. – Não se preocupe. – Disse para a moça.
— Acho que precisa sim... – Insistiu. – Ou pode acabar infeccionando.
— Eu posso cuidar disso.
— Vou com você. – A moça segurou a mão dele.
— Tenho mais o que fazer...
— É melhor você ir... – Stella aconselhou. – Não vai conseguir fazer nada com isso aí desse jeito.
— Vou levá-lo ao hospital, tá bom? – Apertou um pouco a mão dele. – Você pode me agradecer depois.
— Eu os ajudaria, mas como podem ver... – Olhou para a filha e sorriu. – Estou com as mãos meio ocupadas.
— Tudo bem... – Sorriram ao se despedir dela.
A mulher se agachou ao lado do carrinho da filha e disse:
— Sinto muito... estou tão feliz por você estar bem. – Levou as mãos à cabeça, a vergonha a consumia por completo. – Lily, eu sou uma idiota. – Encarou o chão, nem conseguia mais olhar para a criança. – A mamãe é uma detetive e... esse é um trabalho muito importante. Algumas crianças se perderam hoje... e se alguma coisa acontecesse com você, eu gostaria que uma detetive dedicada cuidasse de você. – Aquela com certeza era a pior desculpa do mundo. – Essa é uma péssima desculpa e eu sou uma péssima mãe. – Seu celular tocou. – Não se preocupe, querida, a mamãe está bem aqui.
— Taylor.
— Oi, sou eu. – Seu marido disse do outro lado da linha, fazendo-a sentir um frio na barriga. – Estou indo ver vocês antes de voltar para o trabalho. – Will estava sendo o mais gentil possível, não queria que a briga que tiveram causasse um mal-estar entre eles.
— Certo, estamos te esperando aqui no restaurante do James. – Ao dizer isso, encerrou a ligação.
Stella levou a menina para o lado de fora do restaurante e se sentou em um banco para esperar o marido. Lily estava bem ao seu lado, sendo vigiada atentamente pela mãe, que não estava disposta a cometer o mesmo erro outra vez.
— Tudo bem, querida. – Tranquilizou a criança, que havia acabado de acordar e encarava a mãe. – O papai está vindo para cá encontrar a gente. – O bebê sorriu para a ela e começou a chutar o ar como se tivesse entendido o que a sua mãe disse. – Ainda bem que está tudo bem com você. Eu sei que cometi um grande erro... se tivesse acontecido alguma coisa com você, ou se alguém tivesse te levado embora... o papai nunca me perdoaria... e eu também não. – Lily estava mais interessada em colocar os dedos na boca. – Sou uma péssima mãe... qualquer coisa poderia ter te acontecido. – A criança observava a mãe enquanto resmungava como se estivesse mesmo conversando com a genitora. – Não posso mais ser tão irresponsável assim e nem posso mais ficar me esquecendo do meu bebê. O importante é que você está segura... ainda bem que você ainda é muito pequena para se lembrar disso. – Balançou as chaves do carro na frente dela, que as agarrou, puxando-as para si. – Está com saudades do papai?
Ficou tão distraída brincando com a filha, que nem percebeu quando o pai dela chegou e ficou admirando-as por alguns instantes antes de finalmente cumprimentá-las.
— Oi. – O susto que ela levou foi tão grande que chegou a dar um pulinho no banco. – Tudo bem, não se preocupe, não estou aqui para brigar. – Stella fechou os olhos e respirou aliviada, era exatamente aquilo que ela queria ouvir. – Você está com frio?
Ela negou com a cabeça.
— Não. – Ensaiou um sorriso desajeitado.
— Oi, meu amorzinho. – Segurou a mãozinha da filha, que deu um gritinho e sorriu. – Sei que está muito zangada comigo, não te culpo por isso.
— Não?
— Não, sei que não devia ter falado sobre os nossos problemas pessoais com outras pessoas. – Ele estava sendo sincero, ela conseguia ver isso por seu tom de voz.
— Fiquei muito brava com isso... – Encarou o marido enquanto a filha deles gritava e batia as chaves no carrinho, tentando chamar a atenção dos pais para si.
— Mas juro que nunca mencionei as palavras depressão pós-parto. – Sentou ao lado da mulher, fazendo-a ficar entre ele e a menina. – Stella... é que eu nunca tive um bebê, e é óbvio que nunca me senti assim antes. – Começou a se justificar. – Até pareço estar calmo por fora, mas por dentro estou em pânico, mas te prometo que irei tentar me acostumar com tudo isso... vou tentar ser um marido melhor.
— Eu admiro muito isso...
— Eu sei disso, vou tentar ficar mais calmo. – Sorriu. – Você é uma mãe maravilhosa e também é uma detetive maravilhosa. – Ela tapou o rosto com a destra. – Quero que saiba que estou muito orgulhoso de você, tá bom? Prometo que irei tentar te ajudar mais com a nossa menininha.
— Você já está me ajudando. – Ela o abraçou e ele aproveitou a oportunidade para dar um beijo no topo de sua cabeça.
— Será que nós podemos parar de falar sobre isso? – Pediu, ainda passando as mãos nas costas da esposa. – Já me sinto culpado o bastante por ter tentado obrigá-la a tratar uma doença que você não tem.
Aquelas palavras pesaram no peito e na consciência de Stella.
— Fiquei muito chateada quando o Dante apareceu na minha casa e começou a me acusar de ter depressão pós-parto, mas acho que exagerei um pouco. – Saiu do abraço do marido, aproveitando para encostar a cabeça em seu peito, assim evitaria olhá-lo nos olhos. – Você tem todo o direito de desabafar com um amigo.
— É, mas eu não queria que tivesse sido assim... – Passou a mão nos cabelos dela. – Só queria desabafar com alguém. Achei que podia confiar no Dante, mas a primeira coisa que ele fez foi ir até você e tirar conclusões precipitadas. Juro que não queria que nada disso tivesse acontecido, não queria que você ficasse chateada. – Segurou a mulher pelos ombros, a afastando para poder olhá-la nos olhos. – Fiquei pensando em tudo que aconteceu e acho que você está bem.
— Você cometeu um erro. – Encarou o vazio atrás dele. – Mas tinha razão sobre o fato de eu precisar passar mais tempo com a nossa princesinha. – Voltou a brincar com a filha.
Will sorriu.
— E como foi o dia de vocês duas?
— Foi maravilhoso. – Levantou e se agachou na frente do carrinho. – Fomos ao parque, observamos as pessoas, as crianças no parquinho. – Estendeu um paninho sobre as perninhas da menina, estava começando a esfriar. – Foi ótimo enxergar o mundo através dos olhos da Lily. – Ambos sorriram para o bebê.
Stella engoliu em seco, estava se sentindo péssima por mentir tão descaradamente para o pai da sua filha.
— Fico muito feliz em imaginar vocês duas se divertindo no parque. – Também se aproximou mais da criança, apoiando o braço esquerdo no carrinho.
— Sabia que iria gostar. – Exibiu um sorriso nervoso.
— Ficaram quanto tempo lá?
— Algumas horas.
— Almoçaram lá?
— Não, almoçamos aqui mesmo. – Continuou mentindo. – Depois fomos dar algumas voltas ao redor da lagoa e eu a coloquei no balanço.
Will fez uma expressão de falso choque.
— O quê? O papai perdeu a sua primeira vez no balanço?
— Sim. – Arrumou a posição, seus calcanhares estavam começando a doer. – Não a balancei, só queria que ela soubesse como é a sensação.
Lily resmungou, olhando da mãe para o pai.
— E ela gostou?
— Ela adorou!
— Lamento por ter perdido a sua primeira vez no balanço. – Segurou as mãozinhas da filha, dando um beijinho em cada uma. – Mas teremos muitas outras vezes, podemos fazer um passeio em família no meu dia de folga.
Jas e Dante estavam quase entrando no restaurante, mas a mulher decidiu parar para cumprimentar os amigos.
— Oi, família. – Exibiu um caloroso sorriso amistoso para os dois.
— Oi. – Os dois responderam.
— Lily, espero que tenha se divertido muito com a mamãe. – Brincou com a menina, que sorriu para ela.
— Sim, ela...
— Ela teve um longo dia. – Interrompeu, fazendo questão de responder em seu lugar, nem sabia que a garotinha tinha mesmo tido um longo dia, mas não da forma que ele imaginava.
— Que legal! – Comemorou de brincadeira. – Ah, muito obrigada pela a ajuda com aquela caixa hoje mais cedo...
— Não foi nada. – Tratou de responder o mais depressa que pôde, não queria que sua mentira fosse descoberta.
— O pessoal do laboratório agradece, todo mundo comeu feito louco.
Will franziu as sobrancelhas, alguma coisa naquela história não estava batendo, ele só não sabia dizer exatamente o quê.
— Vem cá. – Devolveu as chaves para a mulher, retirou a filha do carrinho e a colocou sentada em suas pernas. – Conta para a tia Jas sobre a sua grande aventura de hoje. – Os três estavam sorrindo para a menina, que esfregou os olhinhos com as mãos. – Acho que ela vai dormir daqui a pouco.
— Queria poder fazer o mesmo. – Jas comentou em um sussurro abafado.
— Está com problemas para dormir? – Stella indagou, agradecendo mentalmente por ter um motivo para mudar de assunto.
— Não, eu estou bem... só que estou pegando muitas horas extras depois do lance do incêndio.
— Tente não tomar nenhum remédio para dormir, você é uma das nossas melhores mentes e não queremos perder isso. – O homem aconselhou sua subordinada, que riu baixinho.
A mulher bateu continência para o chefe enquanto um sorriso brincalhão enfeitava seus lábios.
— Entendido, chefe. – As duas mulheres riram. – Agora tenho que voltar para o meu marido. Vejo vocês mais tarde. – Se despediu com um sorriso e foi ao encontro do homem que a esperava na porta do restaurante.
— Quase me esqueci do nosso encontro com a tia Jas. – Stella tentou contornar a situação enquanto segurava a mãozinha da filha. – Acho que ir ao parque foi tão bom que até me esqueci das outras coisas.
— Entendi. – Sorriu para a esposa. – Acho que tive uma ideia.
— Certo... – Sentou ao lado dele. – E do que se trata?
— Ainda estou te devendo um jantar. – Respondeu com um sorriso singelo. – Mas essa pequena aqui ainda é muito nova para sair à noite. – A mulher riu e o bebê choramingou. – Acho que posso pagar o seu jantar.
Ela ainda estava rindo.
— Tudo bem, mas e a Lily?
— A Maggie está disponível, podemos ligar para ela. – Sorriu. – E então, aceita o meu convite? Sim ou não?
— Claro que sim. – Sorriu. – Adoro um jantar de graça.
— Um jantar romântico. – Deu um selinho nela. – Acho que é o mínimo que te devo depois de toda essa confusão.
Os dois continuaram conversando durante os minutos que ainda lhes restavam, foi muito difícil externalizar tudo o que vinham sentindo durante aqueles últimos meses, mas ao final da conversa, eles se encontravam mais calmos e com um peso a menos nas costas.
— Sinto muito, meus amores, mas o dever me chama. – Levantou, colocou a filha de volta no carrinho e deu-lhe um beijinho na testa antes de ir.
O combinado entre eles era que não tocariam mais no assunto depressão pós-parto, um grave erro que cobraria um preço muito alto. Naquela noite, Stella deixou a filha com Maggie com a intenção de ir jantar com o marido, mas ficou indecisa ao deparar-se com uma encruzilhada em sua frente. Mordeu o lábio inferior com tanta força que chegou a sentir um leve gosto de ferro em sua boca, acabou decidindo mudar a rota e ir rumo à Redfield. Ainda tinha algumas dúvidas acerca dessa decisão, mas já estava feito. Os rostos de seu marido e de sua filha permeavam sua mente, a última coisa que ela queria na vida era abandoná-los, mas não conseguia ficar ao lado deles naquelas circunstâncias. É claro que ela voltaria, aquela era só mais uma saída estratégica.
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Essa saída estratégica ainda vai custar caro...
Até o próximo!