Marry me, Tsukuyo! escrita por Kayomii


Capítulo 2
Capítulo Único - O Casamento


Notas iniciais do capítulo

Só Passando aqui para desejar uma boa leitura! :))



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Era mais um dia comum no Yorozuya. Gintoki de ressaca, Kagura com fome e Shinpachi limpando a casa. Todos entediados ao ponto de não quer fazer nada fora do comum, algo como dar uma volta por aí (na verdade era porquê eles não tinham dinheiro e nem vontade para isso). A TV estava ligada no canal de comerciais genéricos, onde grande parte dos produtos eram inúteis ou frágeis. Gintoki apenas sentou-se no sofá e começou a ler sua Jump matinal enquanto Kagura se espatifava no outro resmungando de fome. Começou a passar um comercial sobre um estabelecimento para casamento com buffet a vontade, chamando a atenção de Kagura.

"Gin-chan, me leve a um casamento!"

"Impossível."

"Por que?"

"Não tem ninguém que queira se casar."

"Então você deveria se casar."

"Nunca."

"Por que?"

"Porque eu não quero."

"Você está ficando velho, deveria se casar logo."— Ela 'tocou na ferida', que o deixou emputecido ao ponto de fechar a sua Jump com força.

"Não estou ficando velho e não vou me casar. E outra, não quero que nenhuma mulher mande em mim."

"Ei, ei Patsuan, parece que alguém vai morrer sozinho. Hihihi."— Ela cochichou com Shinpachi, caçoando de sua cara.

"Cale a boca, desgraçada."

"Agora tocando no assunto, Gin-san, você já esteve em algum relacionamento antes?"— Shinpachi questionou.

"Para falar a verdade, eu nunca liguei muito para isso... No máximo eu chegava em um 'relacionamento de uma noite' e depois desistia, nada muito sério."— Encostou no sofá com a cabeça caída para trás. - "Eu perdi muito tempo da minha vida fazendo farra junto com aqueles 3 idiotas."— Ele se referia a Katsura, Tagasuki e Sakamoto.

"Entendo."— O telefone começou a tocar, fazendo Gintoki levantar-se e ir atender. Ele estava falando de uma maneira informal, possivelmente era alguém familiar que queria algum tipo de trabalho. Kagura voltou a resmungar, porém agora o motivo era que ela queria ir a um casamento apenas para comer. Shinpachi tentava acalma-la e explicar como exatamente um casamento funcionava. Ambos pararam de falar quando Gintoki bateu o telefone.

"Certo, temos um trabalho!"

"Um trabalho? Onde?"— Shinpachi questionou.

"Em Yoshiwara."

"Oba, iremos ver a Tsuki!"— Kagura festejava ao sair pela porta correndo com seu guarda-chuva roxo. Eles foram andando até lá, o clima estava estável com os raios de sol batendo em seus rostos, realmente era um dia bonito. Eles foram jogando conversa fora até chegar lá, os assuntos que dominavam eram sobre como gastar o dinheiro do serviço ou sobre casamentos.

Ao chegar lá, havia uma mulher em uma cadeira de rodas ao lado de uma criança, eles estavam parados em frente a loja onde aguardavam a chegada deles. Era Hinowa e Seita. Kagura saiu correndo na frente para cumprimentar ambos.

"Hinowa! Seita!"

"Oh, Kagura-chan, que bom que vocês vieram!"— Hinowa dizia com um sorriso no rosto. - "Por favor entrem, acabei de preparar um chá."— Todos se sentaram na mesa, onde tomaram chá e comeram alguns dangos. O local estava movimentado com cortesãs e Hyakka carregando caixas ou materiais para construção, isso ficou chamando a atenção deles.

"Está de mudança, Hinowa?"— O garoto de óculos questionava.

"Ah isso, é que teremos um casamento por esses dias."

"CASAMENTO?!"— Kagura gritou animada. - "Eu posso participar?"

"É claro que pode!"— Ela riu

"Obaa~!"

"Mas quem casaria tão fora de época assim?"— Novamente Shinpachi a questionou.

"A Tsukuyo."— Ao citar o nome dela, Gintoki pressionou o copo com muita força, o quebrando em milhares de pedaços. Todos estavam surpresos com o casamento repentino, realmente ninguém esperava por isso. - "Algum problema, Gin-san?"

"Nenhum."

"Tá com ciúmes, não é?"— Ela sorriu maliciosamente para ele, fazendo sentir um arrepio.

"É claro que não!"

“Então por que está corado?”

“Eu não estou!” — Disse brutalmente.

“Aham”

“Tsc, como vocês são complicados para entender.” — Ele coçava a nuca enquanto caminhava para fora do estabelecimento. “Vou dar uma volta.”

“Ele é um idiota.” — Shinpachi resmungou. – “Então Hinowa-san, você disse que tinha um trabalho para gente, o que seria?”

“Ah sim, já ia me esquecendo.” — Ela riu. – “É que começou um vazamento no telhado e como as meninas estão ocupadas com outras coisas, resolvi chamar vocês. Talvez será necessário trocar as telhas...”

“Entendo, mas acho que levaremos alguns dias para terminar.” — Olhou para cima observando o telhado. Ele era ligeiramente grande e aparentava ter bastantes telhas quebradas ou danificadas.

“Não se preocupem com o prazo, qualquer coisa é só me chamar.” — Hinowa saiu junto com Seita, deixando-os sozinhos.

                Depois de vários questionamentos sobre os materiais e perseguição atrás do ‘presidente foragido’, eles finalmente começaram a trabalhar no telhado iniciando-se pela retirada das telhas que estavam quebradas e danificadas (e não eram poucas), por conta de várias pessoas, principalmente o pessoal da Hyakka, que vivam subindo ali com frequência. Montaram um plano para otimizar o tempo, na qual era: Kagura pegava algumas telhas e passava para Shinpachi que entregava ao Gintoki, que estava em outro telhado, para jogar em uma viela e levar no descarte depois. O plano era bom, porém quando Gintoki recebeu as telhas, levou-as em direção da viela onde foi possível ouvir uma conversa vindo de lá, fazendo-o interromper o trabalho.

“Esta noite Tsukuyo, minha família irá vir da América para conhecer o país e adoraria apresenta-la a eles, minha querida noiva.”— Era uma voz grossa nunca ouvida antes, possuía alguns traços de sotaque americano e era formal, claramente era possível notar que era um homem de classe alta. Ao esticar o pescoço, ele conseguiu enxergar sua elegância junto de suas roupas casuais luxuosas, também viu um lindo colar dourado no pescoço de Tsukuyo, algo que ele nunca poderia dar a ela.

“Estarei à espera deles, me diga o local que irei ir até lá.”

“Não precisa de se preocupar. Irei busca-la amanhã por volta das 8 da noite.”

“Certo.”

“Ah, evite fumar e usar o seu sotaque de cortesã perto deles, não quero passar má impressão.”

“Irei evitar.” — Suas respostas estavam sendo frias demais, o rapaz cogitou a possibilidade de ela não ter gostado do que disse, mas ignorou. Por outro lado, ela se segurava para não entrar em uma discussão por ele sentir vergonha de ela usar o seu sotaque.

“Bom, irei me retirar para voltar ao meu trabalho, até mais.”

“Até.”

“Eu a amo muito, Tsukuyo. Fico feliz em ser seu noivo.”

“Eu também.” — Ele segurou em suas mãos enquanto seus lábios tocavam os dela, não pegando só ela, como Gintoki desprevenido. Ele estava horrorizado vendo a cena, aquilo fez sentir um aperto em seu peito principalmente quando notou que ela não estava curtindo nem um pouco o beijo, ao ponto dos seus olhos demonstrar tristeza e arrependimento por estar ali. Por sorte um barulho de telha caindo interrompeu o beijo, assustando os dois.

“Que porra foi essa?!” — O rapaz resmungou desnorteado, olhando por todos os lados, incluindo para cima.

“Ah me desculpe, a telha escorregou da minha mão e caiu aqui por engano.” — Gintoki caçoou e Tsukuyo emitiu um leve sorriso.

“Desgraçado, o que você tá fazendo aqui?”

“Só estou fazendo o meu trabalho, chefe.” —Provocou.

“Rum, que seja.” — Ele saiu furioso do local.

“Chefe?” — Ela riu.

“Não tem ironia melhor do que essa.” — Ele também sorriu. – “Mas cá entre nós, que cara esquisito.”

“Nem me fale.”

“Você deveria escolher melhor seus noivos, Tsukuyo.”

“Concordo.” — Tsukuyo balançou seu braço virando o relógio na direção do seu pulso para ver as horas. – “Irei me retirar também. Até mais.” — Ela começou a se afastar, indo em direção a loja da Hinowa. – “Ah Gintoki, Obrigada.” — Deu outro sorriso e voltou a caminhar.

“De nada... Eu acho.”

Gintoki não estava entendendo mais nada. Como que um cara a tratava daquela forma, havia conquistado o seu coração? É alguma espécie de S&M? Porque um casamento por interesses financeiros não faria sentido em Yoshiwara, ainda mais considerando que ele não queria nem que ela usasse o seu sotaque de cortesã, imagina comprar um local cheio delas. Seus questionamentos falavam alto, só não mais alto ainda que os gritos da Kagura emputecida por ficar esperando ele carregar a pilha das telhas que ela e Shinpachi havia separado durante esse tempo.

Ele retornou para seu trabalho totalmente focado, apenas sentindo a necessidade de ir conversar com Tsukuyo sobre o ocorrido. Nesse primeiro dia eles conseguiram separar as telhas quebradas e danificadas, reunindo-as em sacos para no dia seguinte de manhã leva-las para descartar em entulhos.

No dia seguinte, Gintoki chegou mais cedo do que o combinado para adiantar o trabalho. O local estava movimentado, pois boatos corriam dizendo que o casamento de Tsukuyo ocorreria no dia seguinte, acelerando as cortesãs para os preparativos finais. Por volta do fim da tarde, a mesma havia confirmado com uma das cortesãs responsável pelo casamento, enquanto era observada por ele de cima do telhado durante a instalação das as novas telhas. Deixou Shinpachi e Kagura finalizando ao serviço e foi em direção a sua casa, buscando-a em seu quarto, onde a mesma estava presente. Levou um tempo até que tomasse coragem para bater na porta até que deu um suspiro e bateu.

“Entre.”

“Hinowa me disse que você iria se casar.”— Disse abrindo a porta e entrando no quarto. Ela estava colocando seus brincos dourado e outras bijuterias para conhecer a tal família do noivo. Ela estava usando lindo um quimono luxuoso violeta cheio de detalhes e de pedras que enalteciam o seu brilho, e também utilizava um pouco de maquiagem, como pô facial, uma sombra neutra e um batom vermelho. Foi a primeira vez que ele a viu ‘tão feminina’. – “Isso é verdade?”

“É.”—[...] – “Irei conhecer sua família hoje.” — Ele não disse nada, apenas fechou a porta e sentou-se próximo a uma mesa de centro com algumas bebidas prontas para serem servidas. Ela acompanhou seus passos pelo reflexo do espelho, claramente poderia ver o rosto de Gintoki desapontado. – “Algum problema?”

“Nenhum...”— Evitou contato visual. Ela levantou e sentou-se próximo dele.

“Aceita um drink?”

“Aceito.”

“Deixei separado para ele, porém descobri que não bebe nada com álcool, é uma pena.”

“Entendo.” — Segurou o copo de saquê enquanto era servido. Ele encarou a bebida por um tempo, até que bebeu tudo em um único gole. Ela continuou servindo em um completo silêncio, pois percebeu que ele estava completamente insatisfeito com o seu casamento. Ele reagiu de forma completamente oposta do que imaginou, de início pensou que ele não ligaria para ela ou para o futuro que estava moldando. O silêncio havia sido interrompido por ele. - “Você... realmente ama aquele cara?”

“An?”

“Perguntei se você ama aquele cara, ou se está mentindo para si mesma.”— Disse em um tom bruto. Aquilo não era uma pergunta que um bêbado faria, ele ainda estava são, embora estivesse um pouco corado.

“Fiz pela Hinowa... Ela estava feliz.”

“Mas não é a Hinowa que vai passar a vida do lado de um cara que mal conhece.”— Tsukuyo olhou para baixo refletindo um pouco sobre a bola de neve que estava se formando. Ela estava prestes a se casar com um cara qualquer só por agrado. Isso a fez perceber que a felicidade de Hinowa iria embora se notasse ela insatisfeita com o relacionamento ‘forçado’ que a mesma havia criado. Fechou os olhos e sacudiu sua cabeça para os lados tentando afastar seus pensamentos negativos e evitar de chorar.

“Você tem razão.”

“Cara, você é realmente uma mulher de Yoshiwara mesmo, caramba. Vende seu corpo e seu futuro só por causa dos sentimentos das pessoas? Mas que bobagem. Você é linda e merece muito mais do que isso... Pense um pouco mais em você Tsukuyo, e eu tenho certeza que a Hinowa também ficaria feliz com sua escolha.”— Ela sorriu ao ouvir suas palavras.

“Está com ciúmes por acaso?”— Apenas entregou uma olhada para o lado.

“Errado! Não é isso... É que eu percebi que você não estava bem quando ele te beijou... Por isso vim aqui falar com você, não é à toa que me senti na obrigação de interromper o beijo.”— Tsukuyo afirmou sua mão na garrafa, pressionando um pouco mais forte. Ela estava buscando forças para falar algo mais íntimo sobre ela, por mais que seja bobo ela tinha medo de alguém descobrisse. Porém ao olhar para ele, sentia um confiança vindo do mesmo, como se a lesse feito um livro, entendendo cada palavra vindo de sua boca.

“Então você percebeu Gintoki.”—  [...] – “Irei te contar algo, mas fique somente entre a gente.”

“Certo.”

“Foi a primeira vez que eu beijei alguém... Do jeito que as pessoas falavam, fazia parecer coisa de outro mundo, mas sei lá... Quando eu provei, não vi nada demais...”

“É porque você provou um beijo forçado de primeira... *Humph* Existem apenas dois tipos de beijos: O forçado e o apaixonado. O forçado é quando alguém não compartilha os mesmos sentimentos que a outra, fazendo parecer um beijo sem emoção e sem graça.”

“E o apaixonado?”

“Bom, eu diria que é quando ocorre uma sintonia entre os dois, seria como ambos se entendessem perfeitamente bem e quisessem isso.”

“Entendo...”— Ela desviou o olhar e ficou corada. – “Você pode me mostrar melhor como esse tipo de beijo funciona?”— Encarou-o novamente. – “Como se fosse a primeira vez... De uma apaixonada...”— murmurou.

“É sério?”

“Uhum.”

“Então está bem.”— Ele se aproximou dela lentamente, colocando sua mão sob seu queixo e levando até a direção de sua boca. Ela só seguia o ritmo e deixava-o comandar enquanto seu coração que palpitava cada vez mais forte conforme chegava mais perto dele. Ela podia sentir o calor tocando sua boca, provocando uma vontade insaciável de morder a carne de seus lábios e durante isso, ele a fazia abrir a boca para que sua língua penetrasse e acessasse cada canto de sua boca ao gosto de tabaco. E dessa vez ela pode sentir a diferença: uma chama acendendo dentro de seu peito junto da tal sinergia que ele havia citado antes, tornando o beijo que para ela era algo sem graça, em especial. Era algo único e momentâneo. Sentiu a língua entrando em sua boca, gerando uma tentação para chupar. Ela pressionou sua boca mais forte na dele, sentindo a umidade envolta de sua boca e as mãos dele segurando em seus braços. E enquanto a ele? Ele estava gostando. Foi uma experiência totalmente diferente das passadas, na qual nunca havia se sentindo tão bem beijando alguém quando beijou ela. Os sinais que ela demonstrava eram o oposto quando ele a viu beijando o outro rapaz, dando para notar que ele atingiu os seus objetivos. O beijo era longo e poderia ser mais duradouro, se uma figura chinesa não abrisse a porta com tudo e gritando atrás de seu líder.

“GIN-CHAN, ACABAM- “— Ambos se assustaram com a presença da Kagura, e ela assustada com o flagrante. Estava totalmente sem graça por ter quebrado completamente o clima, já que ela nunca imaginou que havia algo a mais entre os dois por ser inocente demais. Ela estava corada e envergonhada. – “A-ah, me desculpe.”— Fechou a porta e saiu correndo na direção de Shinpachi que estava junto da Hinowa e Seita. Shinpachi notou a diferença no seu comportamento do que ela estava antes para agora, já que ela estava meio quieta.

“Algum problema Kagura-chan?”

“[...] Ei Patsuan, será que dá tempo de mudar o nome dos noivos?”

“Ah? Como assim?”

“É que a Tsuki e o Gin-chan est- “— Sua Boca foi selada por uma mão masculina, impedindo que ela conseguisse falar algo. Isso a deixou muito enfurecida, fazendo ela o amaldiçoar com todas as palavras possíveis.

“Parece que uma telha caiu na cabeça dela e está fazendo até delirar, não é mesmo Tsuki? Hahaha”— Era a risada mais falsa da sua vida, porém Tsukuyo apenas ficou concordando com o que ele dizia. Gintoki segurava Kagura com pouco de força, pois ela tentava se soltar a todo custo, até que ela mordeu seu braço com força, fazendo ele a soltar. “Ei, isso doeu! [...] Ué, cadê ela?”

“Desgraçado, eu vou te matar!!”— Ela correu atrás dele com sangue nos olhos. Por reflexo, ele também apenas saiu correndo o mais rápido possível. Hinowa apenas deu uma risada vendo os dois indo para todos os lados possíveis.

“Ooh Tsukuyo, você está bem bonita. Você pretende ir em algum lugar luxuoso?”— Shinpachi a elogiou.

“Obrigada. Hoje irei conhecer a família do meu noivo.”— Ela sorriu.

“Ah é mesmo? Boa sorte!”

“Acho que irei precisar...”— Murmurou enquanto observava o samurai descabelado segurando a garota chinesa para não apanhar.

“Ah Hinowa-san, a propósito terminamos de arrumar o telhado, se caso houver algum problema é só falar.”

“Ah, sério? Fico feliz em saber! A propósito, aqui está o pagamento conforme o prometido.”

“Muito obrigado! Bom, agora iremos para casa. Vejo vocês por aí.”— Ele acenou indo em direção de Gintoki e da Kagura, que havia o nocauteado e arrastava pela gola, enquanto escorria sangue de seu nariz.

“Vejo vocês amanhã no casamento!” – Seita gritou.

“Bom, pelo menos espero que eles venham amanhã... Será muito divertido, não é mesmo Tsukuyo?”— Ela não respondeu, apenas ficou de cabeça baixa com a ponta de seus dedos em seu lábio. – “Tsukuyo?”— Hinowa percebeu que havia algo de errado com ela, e logo começou a transmitir uma expressão preocupada com ela.

“Ah, é sim.”— Claramente suas palavras entregaram que ela estava totalmente distraída com os pensamentos. “Irei terminar de me arrumar.”— Abandonou o ambiente e voltou ao seu quarto. O único barulho era das pessoas que passavam em frente da loja e de seus passos que fazia o chão ranger.

“A Tsukuyo-nee está estranha...” — Seita cochichava com sua mãe.

“Nem me fale.”

—X-

Mais tarde, naquela noite, Shinpachi já estava em casa com sua irmã, Kagura estava comendo o resto do arroz que havia sobrado no café da manhã na cozinha e Gintoki estava bebendo saquê sentado em sua mesa de presidente, balançando a cadeira para frente e para trás (como se estivesse ali jogado de escanteio) de costas para a mesa. Havia uma única luz que vinha da cozinha em conjunto do brilho do luar que o prendia naquela janela. Kagura saiu da cozinha e andou em direção de seu armário, porém ela desviou o caminho e parou em frente à mesa, onde percebeu que ele parecia estar magoado com o dia de amanhã. Ela resolveu conversar um pouco para entender sobre sua situação e também por estar preocupada.

“Gin-chan, por que você não contou a eles sobre o relacionamento entre você e a Tsuki?”— olhou para ele com uma cara triste enquanto ele virava-se para ela.

“Porque não estamos em um relacionamento.”

“Por que? Vocês até se- “

“Por que o coração da Tsukuyo pertence a outra pessoa.”— ele a interrompeu.

“Mas e você Gin-chan?”— Ele se apoiou na mesa.

“Bom... O que eu posso fazer por hora é torcer para que ela seja feliz com a pessoa que ela ama.” — Kagura abaixou sua cabeça e se segurou para não derramar as lágrimas. – “...Espero um dia ter a mesma sorte que ela teve em conhecer alguém que ame, mas isso é bobagem... É melhor deixar para lá essa história. Ah, apenas esqueça do que você viu naquele quarto e por favor não conte a ninguém.”

“Isso é injusto...”— ela começou a chorar. – “Vocês dois se amam, não é? Por que no fim é sempre o Gin-chan que termina sozinho?”

“Porque a vida é assim.”— Ele enxugou suas lágrimas, dando um leve sorriso. – “Não se preocupe com isso, está bem? Agora vá dormir porque amanhã você vai ter que levantar cedo para ir ao casamento.”

“E você não vai?”

“É melhor eu não ir.”

“Imaginei... Boa noite Gin-chan...”— Deu as costas para ele e entrou dentro do armário em que dormia. Ainda estava inconformada com o ocorrido, se negando a aceitar que seu pai adotivo ficasse sozinho enquanto a mulher que ele a amava iria se casar. Ela conseguiu perceber em seus olhos a tristeza batendo quando tocou no assunto, e não havia nada que poderia ser feito. Pensou em conversar com a Tsukuyo sobre, porém isso poderia arruinar o casamento e Gintoki ficar bravo, ou pior, levar a culpa sobre o desastre que seria se o dia desse errado. Enfim, decidiu-se a fazer como ele disse e apenas aceitar o relacionamento dos dois. Era difícil. Ela poderia ouvir o barulho da garrafa de saquê sendo colocada várias vezes na mesa, como se estivesse bebendo gole atrás de gole.

—X-

O grande dia havia chegado. O clima lá fora não era o melhor: o céu estava nublado e ventando um pouco forte, dando sinais que iria chover. O casamento era em uma pegada ocidental, pois grande parte da família do noivo vinha da América. Era tudo de altíssimo luxo desde o local até as flores que havia ao lado do acento, e obviamente o vestido e o véu que ela estava usando era exuberante com detalhes feito de ouro sob medida. Ela estava linda. Tanto as cortesãs quanto a Hyakka ajudavam a se vestir e fazer a maquiagem para o casamento. Hinowa entrou no quarto em que ela estava presente, vendo aquele imenso vestido que além de pesado, era ruim para se movimentar, porém ela focou em um único detalhe: o rosto triste de Tsukuyo.

“Se anime Tsukuyo-chan, hoje será um grande dia!”

“...”

“Aconteceu algo?”

“Não.”

“Por que está assim?”

“Não é nada”— suspirou. – “[...] Hinowa, você ficaria decepcionada se eu largasse tudo de mão e saísse correndo?”

“Por que disso?”

“Uma pessoa me disse para pensar melhor sobre... E eu percebi que ele não será a pessoa certa, mas acho que é meio tarde para desistir agora.”

“Foi o Gin-san, não é?”

“Uhum.”

“Então ele também percebeu que você estava triste... Pelo menos ele te convenceu mais rápido do que eu imaginei.”

“Espera... Você tinha notado?”

“Uhum. Eu tinha vindo aqui para fazê-la repensar sobre, porém não imaginei que você já estaria se preparando para o casamento, ou melhor, para uma fuga.”— Ela riu.

“E o que eu faço agora?”

“Vá atrás de quem você realmente ama. Eu e as meninas iremos te cobrir.”

“Obrigada Hinowa...”— Ela sorriu.

“Agora vá antes que alguém perceba.”— Sem pensar duas vezes, Tsukuyo saiu correndo pela janela com a ajuda da Hyakka que ajudavam no manuseio do vestido.

“Você tem certeza disso?”— Uma das cortesãs questionou.

“Nunca tive tanta.”— Hinowa respondeu com um sorriso no rosto.

— Enquanto isso no Yorozuya –

Gintoki havia adormecido em sua mesa depois de ter bebido sem parar. Havia uma coberta em suas costas e um remédio para a ressaca ao lado de um copo d’água, ambos deixados por Kagura. Olhou as horas no seu Justaway com uma cara de desprezo para o dia de merda que havia acabado de começar percebendo que já era hora de o casamento iniciar. Ele apenas apoiou os braços na mesa e a testa em cima deles, em um completo desânimo, enquanto sua cabeça latejava de dor em conjunto com a tontura da ressaca. Ficou um bom tempo de cabeça baixa quando até ouvir o barulho do armário se abrindo e de um bocejo familiar que fez levantar a cabeça e a observar o local.

“Bom dia Gin-chan”.

“O-O que diabos você está fazendo ainda aqui? Você já está mais do que atrasada.”

“Eu não vou.”

“Mas você queria tanto ir.”

“Mudei de ideia.”— Ele levantou e foi em direção a ela.

“Escuta Kagura...”— Colocou a mão sob sua cabeça e começou a acariciar. – “Não é porque eu não quero ir em algum lugar que você tem que ficar em casa, vai lá curtir e se divertir, tenho certeza que você vai gostar... Não quero ficar te empatando, se é que você me entende.”

“Não é isso Gin-chan... É que eu fiz uma promessa a mim mesma.”

“Uma promessa?”

“Sim, o primeiro casamento que eu quero ir é o seu!”— Ela sorriu.

“Idiota, eu lhe disse que não vou me casar.”

“Você vai.”

“E se eu não me casar?”

“Não tem problema.”

“É mesmo?”

“Sim! Mas eu tenho certeza que você vai encontrar alguém com quem vai querer casar-se.”

“Você falando assim, me sinto na obrigação de me casar também.”— Ele sorriu de volta para ela.

— De volta ao casamento –

As pessoas estavam sentadas em seu devido lugar à espera do início da cerimônia. Shinpachi procurava Kagura e Gintoki ao redor do ambiente, mas percebeu que ele estava sozinho até uma voz familiar o chama-lo.

“Ora Shinpachi, você veio!”

“Hinowa-san, é bom te ver por aqui!”

“Cadê o Gin-san e a Kagura-chan?”

“Eu não sei onde estão aqueles dois idiotas, eles estão atrasados.”

“Não se preocupe com isso.”— A música que dava início a entrada do noivo começou fazendo com que todos se levantassem dando início ao casamento. O noivo deu a entrada no altar, caminhando lentamente ao lado de sua mãe. Todos estavam ansiosos para ver a tal noiva, que ele tanto citava, entrar, porém notaram a música tocando e tocando repetidas vezes sem ninguém passar sob o tapete vermelho. Vozes de cochicho estavam altas deixando o noivo tenso, até que uma pequena garotinha, que era a florista, correu sob o tapete puxando levemente a calça do noivo para chamar sua atenção. Ele abaixou-se e ela cochichou algo em seu ouvido.

“Parece que a noiva não está presente, então iremos adiar o casamento.”— O noivo gritou.

“Cadê a Tsukuyo, Hinowa?”

“Então ela realmente fugiu...”

“Que? Ela fugiu? Você sabe ao menos onde ela está?”

“No Yorozuya.”

“No Yorozuya? Mas que diabos ela estaria fazend- “— Ele percebeu de primeira quando viu o sorriso da Hinowa. – “Ah, já entendi.”

No Yorozuya, a porta era aberta com tudo pela amanto que saiu correndo na frente com seu guarda-chuva roxo. Gintoki estava puxando Sadaharu pela coleira para levá-lo para passear, mas como sempre, Sadaharu recusava a obedece-lo.

“Sadaharu!”— resmungou com o cachorro

“Oh, tá chovendo Gin-chan.”— pequenas gotas de chuva caíram sob o telhado do apartamento.

“Tsc... Esquece, irei apenas pagar o aluguel.”— Kagura notou que ele estava mais irritado do que o normal, porém não disse nada para conforta-lo e apenas entregou seu guarda-chuvas, que foi recusado. Ele desceu as escadas chegando em frente ao bar, na qual apenas abriu a porta e entrou. Levou apenas alguns minutos para que saísse, e pelo jeito, quase não houve conversa entre ambos, somente um ‘aqui está o dinheiro’ e uma ‘obrigada’ com uma leve conferida no envelope.

Otose apenas o observou fechando a porta lentamente enquanto caminhava em direção à chuva que havia aumentado. Ele apenas parou e deu um suspiro enquanto as gotas da chuva escorriam em seu rosto. Sentia uma agonia vindo de seu peito, como se tivesse amaldiçoado esse dia para dar tudo errado para ela, o oposto que disse a Kagura, onde era para torcer pela felicidade da mulher que ele amava. No fundo ele estava rezando para que esse dia de merda acabasse logo. Ele retornou os passos em direção a sua casa, porém foi interrompido por uma voz familiar que puxava a manga do seu yukata.

“GINTOKI!”— Ele olhou para trás e viu uma noiva toda bagunçada e eufórica. Seu vestido luxuoso agora estava sujo de lama e completamente molhado, alguma das pedras de ouro haviam descolado do vestido e sua maquiagem havia escorrido por seu rosto transformando em um verdadeiro desastre. Ela estava sozinha, pois havia dispensado o grupo Hyakka antes de chegar ao Yorozuya.

“Tsukuyo? O que você está fazendo aqui?! E que porra aconteceu com sua cara?”

“Idiota *humph humph*, eu fugi do meu próprio casamento *humph* e fui pega pela chuva no caminho.”— Ela deu um suspiro mais forte e começou a encara-lo com os olhos bem abertos. – “...Embora eu deteste admitir, você estava certo. Eu conheci a família dele e estava indo tudo certo, eles foram gentis comigo, mas sei lá, não é alguém que eu tenha vontade de levar para o resto da minha vida...”

“E o que vai fazer agora?”

“Vou voltar para a minha vida normal.”

“Bom, fico feliz que tenha se decidido. Até mais!”— Ele se soltou dela e tentou retornar para sua casa. Estava se sentindo culpado pelo o que havia ocorrido, mas ao mesmo tempo um pouco aliviado por ter feito ela repensar um pouco sobre esse casamento. Ela estava triste, pois sacou que ele estava decepcionado com ela.

“Espere Gintoki.”— Ele apenas a ignorou e continuou a andar. Por reflexo, ela segurou em sua mão, puxando-o para trás. – “Da para esperar? Caramba.”

“Eu peço desculpas por ter arruinado seu casamento.”

“Arruinado? Você apenas me ajudou a perceber- “

“Você disse que o amava, não é? Então por que você está aqui e não lá?”— Disse novamente em um tom bruto.

“Porque... Eu... Não o amava, não tanto quanto imaginei.”— [...] – “...Gintoki, escuta. Eu ainda não desisti da ideia de me casar, porém dessa vez eu já escolhi o noivo que atenda meus requisitos, que me deixe ser quem eu sou, ou melhor, o que realmente sabe me fazer dar um beijo apaixonado.”— Ao ouvir essas palavras, ele apenas se virou, observando o lindo sorriso que ela estava demonstrando. Ela puxou sua mão com força, fazendo-o cambalear em sua direção e o beijou.

Diferente do beijo anterior, era possível ver o amor e a paixão que vinha de ambos os lados. Dessa vez ela estava determinada a continuar ao seu lado, aceitando os próprios sentimentos, coisa que ela sentia vergonha durante o beijo anterior, fazendo-a se sentir mais leve e curtir mais o momento, mesmo que a chuva atrapalhasse um pouco. Saciou a sua vontade de morder seus lábios, de entrar com a sua língua dentro de sua boca, de passar suas mãos em seu cabelo prateado. Era muito bom. Ele a abraçou para deixar mais próximo dela. E a Kagura? Bom, ela apenas ficou observando o casal pela sacada de sua casa, estava com o braço apoiado enquanto segurava sua cabeça e Sadaharu deu alguns latidos. Gintoki descansou sua cabeça sob a testa dela, ambos eufóricos. Passou a mão sob seus cabelos loiros e pelo véu, colocando-a para trás, permitindo que ele visse aquele rosto com mais clareza.

“Você... Gostaria de ser meu novo noivo?”— ela questionou.

“Desde que eu não seja abandonado no altar.”— Ele riu da situação.

“Idiota, é claro que eu não vou.”

“Sendo assim, eu aceito.”

O

            o

   °

“Às vezes me questiono se eu sou o homem da relação.”

“Com certeza não é.”— Ela riu.

 FIM


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Notas finais do capítulo

Oi denovo hihihi

Gostaria de um feedback sobre o tamanho do capítulo: Vocês preferem capítulos únicos e longos ou vários capítulos curtinhos? Adoraria saber.

E obrigada por ler essa fic de coração ♥ Qualquer dúvida ou sugestão eu estarei por aqui ~~



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