O Homem que Perdeu a Alma escrita por Willow Oak Acanthus


Capítulo 11
Capítulo IX - George White.


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei fazer com que a "chuva de informações" que vai acontecer no capítulo ficasse interessante.
Tomara que eu tenha conseguido.
Boa leitura ♥



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Ponto de vista de Hazel Laverne.

—Você não é aquela garota das notícias? – Um policial mascando um chiclete de maneira relaxada me pergunta, enquanto Dean e eu preenchemos um formulário – Filha daqueles lunáticos de uma banda ou coisa assim?

—Não. – Digo friamente, enquanto assino os papéis com meu nome falso e apresento os documentos falsificados que Dean fez para nós dois – Sou uma jornalista devidamente acompanhada por um membro do FBI, e essa nossa visita a George White é assunto governamental. Seria prudente o senhor não fazer alarde.

—Sei...- Ele diz, recolhendo os papéis. Dean rola os olhos impaciente e mostra o distintivo do FBI novamente.

—Se quiser ligar na minha sede, vai conseguir falar com o meu superior. – O policial assente, e pega o telefone na nossa frente.

—Eu vou ligar sim. – Ele comenta, enquanto vê o número de telefone da “sede” no distintivo de Dean. Esperamos de maneira inquieta enquanto o homem fala ao telefone com Bobby Singer, que se passa perfeitamente como um figurão do FBI.

Mesmo estando uma pilha de nervos, seguro um riso quando o policial fica branco como papel, provavelmente aterrorizado pelo modo como Bobby deve ter falado com ele. Enquanto aguardamos, me olho no reflexo de uma porta de vidro: Tentei me vestir o mais profissional possível, com um sobretudo marrom escuro e botas da mesma cor, uma calça de alfaiataria e o cabelo preso em um coque.

Quase dou um sorriso de canto, pensando na pessoa que eu poderia ser se eu fosse...normal.

Jornalista bem-sucedida, independente, feliz...

—Muito bem. – O homem diz, me despertando dos meus devaneios – Por aqui, por favor...

Leio seu crachá: Oficial Peterson. Dean e eu nos entreolhamos e seguimos o policial por um elevador, onde esperamos em silêncio. Dean ajeita sua gravata, e parece levemente nervoso. Vamos para o que parece ser um andar no subsolo, e passamos por um corredor onde luzes âmbar piscam e refletem nas paredes de concreto exposto. Toda a arquitetura do local grita um brutalismo industrial. Passamos por celas com homens mau encarados vestindo macacões azuis, e vários policiais ficam fazendo ronda.

—Oi, docinho! – Um detento grita, fazendo o meu coração se apertar de desconforto. Sei que estão presos nessas celas...

Mas sei como mulher, que nunca estou segura.

Dean nota meu pavor enquanto andamos seguindo o oficial Peterson, e depois de me avaliar com o olhar, segura a minha mão.

Aperto sua mão com força. Estou gelada por dentro.

O agradeço com o olhar pelo gesto de carinho, e ele assente.

—Um oficial vai ficar do lado de fora da cela, e o detento estará algemado na mesa. – O policial diz, nos olhando nos olhos – Sei que conhece o procedimento, agente. – O olhar dele recai sobre Dean – Não façam besteira. Esse cara é perigoso. Ele...mexe com a cabeça das pessoas.

—Obrigado, oficial Peterson. – Dean diz, apertando a mão dele, que retribui o cumprimento – Os formulários de confidencialidade precisam estar preenchidos até a hora da nossa saída... – Ele lembra o policial, que assente.

—Certo, Agente Daltrey. Estarão preenchidos. – Dean aquiesce, e tudo o que eu consigo pensar é “Daltrey? Sério mesmo? Esse cara não conhece o The Who não?” Às vezes me surpreende a burrice das pessoas com relação a essas coisas. A maioria das identidades falsas de Dean tem como sobrenome alguma lenda do rock.

Oficial Peterson dá um passo para o lado, abrindo espaço para nós. A cela de George White é a última do corredor, e é mais afastada das dos demais. Um policial muito alto está do lado de fora da cela. Ele tem a pele negra e o cabelo raspado, e não sorri para nós quando chegamos.

—Sou o oficial Willer. – Ele aperta primeiro a mão de Dean, depois a minha. Como sempre, estou protegida por minhas luvas – Vocês têm uma hora.

Assentimos, enquanto ele tira um molho de chaves pesado do coldre. Até o presente momento, não havia olhado diretamente para a cela.

Meu corpo inteiro treme quando a grade se abre, fazendo um barulho que reverbera por todo o ambiente, me deixando sufocada. Uma gota de suor me desce pelas costas graças ao medo, e meu coração parece querer fugir do peito.

Dean entra primeiro, e para ao meu lado quando a grade se fecha atrás de nós.

—Eu não vou deixar nada acontecer com você. – Ele sussurra. Disfiro a ele um olhar de gratidão, ainda evitando olhar para o que está diante de mim.

Respiro fundo. Preciso ser firme. Não tem mais volta.

Finalmente olho para frente.

Ele está muito diferente do que me lembro, mesmo que eu não me lembre de quase nada.

É um velhote de uns sessenta anos com barba e cabelos enormes. Sua pele é amarelada, parece estar doente ou desnutrido, e está com os olhos fechados, como se estivesse rezando ou coisa assim. Um de seus braços está preso à mesa de aço, por uma algema. Está sentado e sereno. Puxamos as duas cadeiras diante dele e nos sentamos.

Tento controlar a tremedeira das minhas mãos ao mesmo passo que tento controlar a minha respiração.

Dean pigarreia.

—Sr. White? – Ele diz em uma voz firme e profissional, o tom ameaçador – Sou o Agente Daltrey.  Viemos lhe fazer algumas perguntas sobre o caso da família universal.

George White ergue a mão que está livre no ar, o indicador em destaque como se pedisse um segundo. Ainda de olhos fechados ele murmura alguma coisa inaudível, e então finalmente abre os olhos.

Um calafrio percorre todo o meu corpo. Primeiro, ele encara Dean com sua íris negra, e depois a mim.

Ele sorri quando me vê.

—Os espíritos dizem que vocês não vieram em paz...- Sua voz metálica parece quicar na parede – Mas ninguém quer paz nos dias de hoje.

—Pois é. – Dean soa impaciente – Pode começar nos dizendo...

A frase de Dean é interrompida por White.

—Você cresceu, Hazel. – Ele diz para mim, casualmente – De qualquer forma, está muito bonita. É um prazer imenso poder colocar os olhos em você de novo.

Fico encarando seus olhos vazios com raiva, e então Dean bate na mesa, impaciente.

—Se faltar com respeito com ela, eu vou te meter a porrada, você me ouviu?! – Seu tom é alto, e ele se levanta e coloca o dedo na cara de White, que não parece nada abalado com a ameaça – Ninguém se importa com você nesse buraco. Na verdade, me agradeceriam se eu apagasse você! Então eu sugiro que você responda as perguntas direitinho.

—Você é um homem tomado pela raiva. – Ele inclina o rosto na direção de Dean, sereno, após um longo suspiro – Eu poderia te ajudar, se os tempos fossem outros...

—Você se lembra de mim. – Digo, de maneira fria, antes que Dean o responda. Os dois olham para mim – Eu me lembro vagamente de você. Se lembra dos meus pais?

White sorri, e os dois dentes da frente lhe faltam, deixando-o com um aspecto macabro.

—Como poderia esquecer duas almas tão perturbadas? Me lembro de cada uma das minhas ovelhas...- Seu tom é nostálgico por um momento – O que está achando de New Orleans? – Ele muda de assunto de repente, como se estivesse com bons amigos em um bar – Eu acho muito abafado e pantanoso. É mais frio nessa época do ano, graças a deus.

—Corta a enrolação. – Dean diz, irritado – Lembra dos pais dela. Ótimo. Quando os conheceu?

—Em Efésios 4:26-27 Paulo diz: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira; nem deis lugar ao Diabo.” – White recita o trecho bíblico para Dean, bem devagar – Você está tomado pela ira, Agente.

Vejo uma veia se sobressaltando na testa de Dean, e percebo que White não irá facilitar as coisas. Na verdade, parece estar se divertindo com isso. Intervenho antes que a coisa saia de controle.

—Harvey Talbot e Amélie Laverne. Você os conheceu em Los Angeles, quando eles lhe procuraram. Eu tinha...quatro? Cinco anos? – Tento me lembrar, sem sucesso – Não sei. Mas você sabe, não sabe?

White não me responde. Ao invés disso, ele olha de cima a baixo para o Dean.

—Você gosta dela, não gosta? Para defendê-la como fez agora a pouco...- Ele para de fitar o Dean, e transfere seu olhar analítico para mim – Mas ela não gosta de você, não do mesmo jeito.

Encaro Dean por um momento, e ele parece irado da vida.

—Cala a boca, seu idiota! – É a resposta passional de Dean – Responda à pergunta dela, não estamos aqui para bater um papo com você. Se continuar nos fazendo perder tempo, nós vamos embora. E algo me diz que você não tem muitas coisas interessantes para fazer, não é?

George White se reclina para trás, estufando o peito. Parece irritado pelas palavras de Dean, ficando em silêncio.

Começo a avaliar a situação e percebo que, se não conseguirmos fazer com que ele colabore, perderemos nossa única chance de descobrir alguma coisa que seja útil sobre o meu passado. Percebo que, se quiser extrair algo dele, talvez precise jogar o jogo dele.

—Vamos fazer o seguinte, White. Você responde as nossas perguntas, e eu prometo responder as suas. Uma informação pela outra, o que acha? – O homem ergue as sobrancelhas como se debochasse de mim.

—O que te faz pensar que eu quero saber qualquer coisa que seja sobre você? – Ele se reclina para trás, e eu tento buscar algo em minha memória que possa me ajudar em um argumento. Fecho os olhos brevemente, e me lembro de algo.

George White foi quem foi por um motivo.

—Porque sei que você sabe que conhecimento é poder. Gosta de machucar as pessoas, não gosta? – Questiono, o olhar afiado – Vou permitir que me machuque com suas perguntas, White. E tudo o que você precisa fazer é responder as minhas.

Dean me olha como se eu fosse louca, e talvez eu seja mesmo. White pondera por um momento, com o olhar longínquo, e um brilho lhe surge nos olhos quando torna a me encarar:

—“É preciso destruir as pessoas para construí-las novamente”. Você se lembra disso? – Ele especula, interessado – Esse era o lema da família. Muito bem...o que quer saber?

Endireito a minha postura, tentando parecer firme.

—Quero saber sobre os meus pais. Como foi que se conheceram em Los Angeles? – White balança a cabeça de um lado para o outro lentamente, como se houvesse um equívoco em minha frase.

—Harvey foi a minha ovelha mais tomada pela ira. Mas foi meu servo mais fiel, também. – Sua voz muda, como se...como se o seu verdadeiro “eu” estivesse finalmente dando as caras – Mas, Los Angeles...foi um reencontro.

—Como é? – Digo, confusa. Dean não tira os olhos de White, como se estivesse pronto para pular em cima dele a qualquer momento.

Reencontro. Seus pais não me conheceram em Los Angeles. Eles voltaram para mim. – George se inclina um pouco para frente, apoiando a mão livre na mesa gélida e metálica – Todos retornam para mim. Veja você, por exemplo. Você demorou, mas você veio. – Ele sorri – O bom filho a casa torna.

—Quando e onde conheceu meus pais, então? – Me limito a dizer com um nó na garganta. Minha perna não para de tremer.

White faz que não com a cabeça.

—É a minha vez, não era esse o acordo? – Seus olhos me examinam, e eu assinto, contrariada – Foi o que pensei, boa garota, cumprindo com sua palavra. – White sorri provocativo, especialmente para Dean. Ele sabe que o pavio dele é bem mais curto do que o meu e com certeza vai tirar vantagem disso – As vezes a gente assiste televisão, nas áreas comuns. Eu quero ver.

Franzo o cenho, confusa.

—O que quer ver? – Ele sorri e desce os olhos para o meu braço esquerdo.

—Não se falava em outra coisa, em outubro de 2000. Sabia? – Seu sorriso é macabro - Quero ver como ficou depois do incêndio.

Dean respira fundo com raiva.

Não. Isso não é uma pergunta, ela não vai...- Mas eu interrompo Dean, colocando a mão em seu ombro.

—Está tudo bem. – Digo a ele, que me olha como se implorasse para que eu não fizesse isso comigo mesma – Vai responder minha pergunta depois, não vai, White?

O homem faz que sim com a cabeça.

Respiro fundo, e vejo Dean relutando contra isso. Sem tirar os olhos dos de White, de maneira desafiadora, retiro o meu sobretudo e o coloco sobre meu colo, deixando meus braços totalmente amostra.

Me sinto nua, e humilhada. Não mostro as cicatrizes para ninguém.

White percorre as queimaduras com fascínio, e eu fico parada, sem tirar os olhos dos dele.

Quero mostrar que não tenho medo dele. Que não pode me atingir.

Mesmo que isso seja um blefe.

—Você sempre foi assim, sabia? – Ele diz, finalmente tirando o olhar das minhas cicatrizes e me olhando nos olhos – Essa atitude de “Não está doendo, você não está me machucando tanto quanto pensa!”. Sempre admirei isso em você, Hazel. Principalmente porque sempre soube o quanto estava, de fato, te machucando. Deixava as coisas mais interessantes.

—Chega. Eu não me importo com o que você pensa ou deixa de pensar. – Respondo, com raiva, cruzando os braços em cima da mesa e o olhando como se pudesse o ferir dessa forma – E não ligo para o que você fez ou deixou de fazer comigo. Eu não me lembro, e nunca vou me lembrar. Isso não me machuca, White.

George sorri, olhando de mim para Dean.

—Agora, responda. Desembucha. – Insisto. Ele assente, dando de ombros como se não fosse nada demais.

—Muito antes de você nascer, conheci o seu pai em Nova York, no final dos anos setenta. Ele não passava de um jovem pretencioso, e a sua mãe não passava de uma jovem ingênua buscando alívio para o vazio da própria alma! – George coça a própria barba, pensativo – Propus a ele algo especial para uma ovelha, e ele aceitou de bom grado. O que ele não entendia é que o acordo precisava ser reafirmado, ou o fracasso cairia sobre ele. E não foi o que aconteceu? Eu avisei...

Ele dá de ombros.

—Agora quero fazer uma pergunta para...ele. – White aponta lentamente para Dean.

—O acordo não era esse. – Eu argumento.

—Não, não era. Mas as regras mudaram. Ou ele me responde, ou nossa conversa acaba aqui. – Ele cruza os braços, e começa a assobiar, totalmente entediado.

—Tudo bem. – Dean responde, com os dentes cerrados. O olho, como se dissesse “Você não precisa fazer isso”. E não sei como explicar, mas é como se seus olhos respondessem “Estamos juntos nessa”. White para de assobiar e se reclina para frente.

—Ótimo. – George encara os olhos de Dean com interesse – Você pretende contar a ela que...

Dean sequer pestaneja.

—Não tenho nada para contar a ela. – Ele afirma, friamente. George White coloca a mão livre sutilmente em cima da mesa, e pondera por um momento.

—Eu não terminei de falar. – Seu olhar transmuta de frieza para crueldade - Sabia que eu sinto seu sangue bombeando? – Ele sorri, acariciando o aço da mesa com o indicador – Pela vibração do aço da mesa. Seu pulso está rápido, então não tente mentir para mim... não vai funcionar. Então, terminando minha pergunta, você pretende contar a ela que não a vê como uma irmãzinha ou coisa assim? Dizer a ela como realmente se sente?

Franzo o cenho, confusa. Olho para Dean, que está com as narinas infladas de ódio, e não tira os olhos do homem em sua frente.

—Não sei do que você está falando, então já tem sua resposta. – Dean diz isso, mas White faz que não com o indicador.

—Eu quebrei centenas de homens assim, iguaizinhos a você. Sei quando mentem para mim. Ou você me diz a verdade, ou não aceito sua resposta.

Dean bufa impaciente, e vejo os nós dos seus dedos esbranquiçados pela forma como ele fecha o punho, praticamente cravando as unhas na pele.

—Não estou mentindo, seu lunático. – A voz de Dean começa a vacilar. George sorri.

—Bom, acho que vamos encerrar por aqui...- White ameaça, mas então Dean bate na mesa com força e de maneira impaciente.

—Não. Não pretendo dizer a ela como me sinto. Feliz? – Ele diz isso de forma rápida, e quando tento encará-lo nos olhos, percebo que ele desvia o olhar.

George White está claramente brincando com as nossas cabeças, então sei que tudo o que sai da boca dele é um monte de bobagens.

—Imaginei. – White diz, apoiando a cabeça em seu braço livre – Que bom, afinal...ela não sente o mesmo por você.

—Cala a boca, White. – Intervenho e limpo a garganta – Vamos. Agora me diga, o que você ofereceu a ele? – Questiono, um gosto amargo na língua.

—Um lugar na família. Toda ovelha perdida e sem um pastor cai em desgraça, mas comigo? Com a família? Todos alcançariam a glória e a prosperidade...Bom, não todos... – Ele se corrige – Algumas ovelhas são...especiais. Seu pai era especial. Queria o sucesso verdadeiramente, e faria de tudo para alcançá-lo! E era isso o que o movia. Fizemos o acordo, e ele pagou o preço.

—Do que está falando? – Dean questiona.

George White olha para ele brevemente.

—Minha vez, certo? – Sua voz velha e amarga entoa, enquanto ele umedece os lábios finos e descamantes – Os demônios sussurravam coisas sobre você, Hazel. Até mesmo aqui na cadeia. Me diga...é verdade que o homem com sangue de demônio quebrou o seu coraçãozinho?

Me encolho por reflexo, mas dou um longo suspiro.

—Sim. É verdade. – Quero acabar logo com isso, tirar o band-aid de maneira rápida. – Vamos recapitulando, você conheceu meus pais em NY, ofereceu ao meu pai um acordo, e ele aceitou. Que acordo era esse? – Minhas veias pulsam de raiva.

Me agarro a ela para que não sinta mais nada.  

—Muito bem...Seu pai me procurou em Nova York, disse que queria o sucesso. Eu disse a ele o preço, e anos depois...ele pagou. Sua mãe nunca soube...- Ele ri, de maneira macabra e sussurrada. E então fica sério de repente – Mas eu avisei a ele que teria de retornar a mim. E ele o fez, em Los Angeles, quando você tinha cinco anos de idade. E eu fiquei com vocês até os seus oito anos, e foi quando sua família desertou, achando que tudo ficaria bem. Sabe, o preço do céu é pago pelo inferno. – Ele fala – Só há um meio de comprar um paraíso na terra, é o que eu sempre digo. O problema das ovelhas é que elas compram esse lote de maravilhas, mas não aguentam quando o preço vem cobrá-las.

—Preciso que você traduza toda essa baboseira...- Digo, entredentes, impaciente com tantos rodeios incertos – Vamos, White. Não aja como se não quisesse falar sobre isso.

—Eu sempre soube que você tinha algo especial. – Ele aponta para mim – Como uma fera indomada. Vamos lá, minha filha. Presumo que a essa altura do campeonato você deva estar familiarizada com demônios e seus pactos, não é? Seu pai fez um pacto, em troca de sucesso e dinheiro.

—Da próxima vez, ao invés de um monólogo cheio de charadas, vá direto ao ponto, me entendeu? – Sinto um gosto metálico na língua por morder o interior das minhas bochechas de tanta tensão.

—Como quiser. Voltando ao rapaz...- White se vira para Dean – O homem com sangue de demônio, que despedaçou a garota que você deseja, por acaso é o seu irmão?

Rolo os olhos, irritada com tanta baboseira criada pela cabeça do velho. Viro para Dean para me certificar de que ele também está impaciente com isso, mas o que eu vejo faz meu coração doer.

Dean encara White com um ódio jamais visto antes. E de um de seus olhos, uma lágrima despenca. George realmente entrou na cabeça de Dean, mas se nada disso é verdade, então por que...

A menos que...Ah, não.

Fecho os olhos e recapitulo os últimos dias na minha mente. Ele dormindo no chão do lado de fora da minha porta, todas as vezes que ficou estranho...

—Sim. O homem com sangue de demônio é o meu irmão. – Olho para Dean preocupada, finalmente percebendo a verdade. Ele não me olha de volta.

—Viu? Não é tão difícil falar a verdade. Qual é a próxima pergunta? – White nos olha divertidamente, e eu respiro fundo, sentindo meu peito pesado.

—Qual era o preço? – Me limito a dizer, exausta com todas essas emoções.

—Ah...vou começar lhe contando sobre o meu verdadeiro senhor. Aquele que me fez fazer maravilhas. Não digo o nome dele em vão. Mas hoje me parece uma ocasião especial. – George White se vira para mim novamente – Você é especial. Quando eu era uma criança, meu senhor apareceu para mim. Me deu visões, me deu a palavra. O poder de pastorar. Aos vinte, eu já tinha minha família universal. Aos trinta, atingi muitas ovelhas. Aos quarenta e tantos, fiz algo muito, muito especial. Meu senhor me disse “Me faça crianças especiais, e terá recompensas inimagináveis”. – Um sorriso torto brota em seus lábios – Por anos tudo o que consegui foram almas. As pessoas vendem suas almas por preços baixíssimos, devo dizer. Passei anos procurando alguém que conseguisse fazer outro tipo de acordo. Até que encontrei seu pai. Eu disse a ele “Quer o sucesso? O dinheiro? A fama? Me dê a sua alma. Entregue-a ao senhor”. Ele não aceitou, tinha medo. Mas eu vi uma fagulha especial nele e pensei...será ele? Será ele o responsável por me fazer cumprir a minha missão? Então eu disse... “E se o preço for outro?”. Nunca vi os olhos de um homem brilharem tanto...

Ele pausa por um momento, para tossir. Sequer me mexo, e Dean parece estar com o mundo caindo em sua cabeça. Eu sequer sei o que sentir.

Quanto mais o que pensar. Estou vazia nesse momento, apenas ouvindo. Apenas como uma espectadora.

—Eu disse a ele “Me traga uma criança. Mas você precisa entender, que só vai conseguir se for o escolhido. E quando estiver pronto para fazer isso, antes de concebê-la, diga “eu o aceito”. E ele virá!” A princípio, seu pai me chamou de louco. Até que, cinco anos depois, você nasceu. E mais anos se passaram até que ele me procurasse novamente.

Fico tonta e tenho vontade de vomitar, e tudo o que consigo fazer é segurar a mão de Dean.

—Você deve estar se perguntando muitas coisas, então eu vou esclarecer. Seu pai não vendeu a própria alma...

—É impossível vender a alma de outra pessoa. – Dean o interrompe – Impossível.

—Ah, sim. Não pensem que Harvey vendeu a alma da filha. Isso nem é possível, como você disse. – Por um momento, suspiro com um falso alívio. – Ele fez algo muito melhor e muito mais difícil. Ele concebeu você só para ele, Hazel. Você foi uma criança promessa. Uma das crianças promessas, é claro.

—Jesse Turner é a outra, não é? Criança promessa? – Dean questiona, enquanto fico estática, ouvindo um zumbido.

É como se eu nem estivesse aqui mais. Apenas o meu corpo está. Minha cabeça está rodopiando.

—Ainda não irei responder. – George White se vira para mim – Acho que finalmente estou conseguindo ver sua dor, Hazel Laverne. E isso é bom, muito bom. Vamos lá...você ainda ama? O homem com o sangue de demônio?

—Não. – Digo entredentes. Ele gargalha.

—Não gosto de mentiras. Vamos, garota. Seu amigo conseguiu admitir os sentimentos dele para nós, você não consegue fazer o mesmo? – Mordo as bochechas por dentro, coberta por ira.

—Tudo bem. Sim, eu ainda o amo. – Dizer isso machuca profundamente, mas uso minha voz como se não estivesse doendo. Eu gostaria de poder explicar, mas nem eu mesma entendo. Não é que eu tenha parado no tempo, é só que... a garota que um dia eu fui, ainda ama o garoto que ele um dia foi. Antes do fim. Não sei o que sentiria por ele hoje em dia, afinal... quem é ele hoje em dia? Eu não sei. Como posso amar aquilo que não conheço? Mas ele nunca me disse adeus, e a nossa história não teve um ponto final concreto. Tudo o que é vago reverbera, as pessoas deviam saber disso como eu sei, dessa forma eu me sentiria menos sozinha. Afasto todas essas nuvens pesadas do céu da minha mente e me recomponho. Estamos aqui por um motivo, não posso me esquecer – Responda, Jesse Turner...?

—Sim. – White respira fundo, seu peito chiando pela falta evidente de saúde – Você e Jesse são as duas crianças promessas do meu senhor.

Absorvo essa informação por um momento, e então respiro fundo.

—Vamos, pergunte logo. – Apresso White, devastada por tudo. Ele sorri.

—Caso o encontre de novo, esse seu irmão...- White se vira para Dean, que está visivelmente abalado – Vai contar a ele? Que deseja a garota ao seu lado?

Dean olha para baixo. Meu peito dói ao perceber que White conseguiu quebrá-lo.

—Vou. Ele merece saber. – Ele se limita a dizer.

Quero segurar a mão dele. Quero dizer a ele que eu sinto muito. Quero dizer que, nada vai mudar entre nós. Mas não faço nada disso. Apenas o olho com dor.

—Quem é o seu senhor? – Pergunto, louca para sair daqui o mais rápido possível.

—Ah. O nosso senhor, você quer dizer. Você é dele, Hazel. Você e Jesse. Vocês são de Astaroth.

Um arrepio me percorre ao ouvir o nome.

Astaroth? É um demônio? – Dean quer saber, os olhos transtornados.

—Já respondo. Hazel, querida, me diga...- Quero socar seu rosto. Cerro meus punhos com tanta força que sinto minha circulação parar – Correu pela boca pequena que o inferno tremeu quando você ficou grávida daquela aberração, sabia? Eu particularmente fiquei decepcionado com a morte do seu filho, ainda no ventre. Todos os demônios ficaram, na verdade. Me diga, como foi? Quero que me conte com detalhes. Me conte como foi ver o sangue saindo de você, palavra por palavra.

Lágrimas me brotam nos olhos. Eu não consigo. Eu não vou conseguir...

Eu posso suportar tanta coisa, mas não isso. Não a perda do meu bebê.

Instintivamente apoio a mão na barriga, os dedos apertando a minha pele com desespero, como se pudesse trazê-lo de volta para mim. O vazio é tão intenso que me deixa tonta.

—Não faça isso com ela. – Dean diz em tom de súplica – Por favor. Quer me machucar mais? Vamos fazer um acordo, seu miserável...- Dean trinca os dentes, o peito subindo e descendo pela respiração acelerada – Vou me abrir para ela agora, na sua frente. Isso vai me machucar além do reparável. E depois disso, sem mais perguntas. Você ganha, ouviu? Só nos dê as próximas respostas depois disso.

White sorri mais do que nunca.

—Feito. – Ele diz, observando a nós dois em expectativa. Ver o mundo queimar com as pessoas dentro dele é o maior deleite desse homem pequeno diante de nós dois.

Olho para Dean, que pela primeira vez desde que respondeu as perguntas de White me olha nos olhos. Estão repletos de dor e lágrimas. Mas sua expressão é séria e firme.

—Ele tem razão, Hazel. Eu estou apaixonado por você. – Me retraio de dor ao ouvir suas palavras. Ele é o meu melhor amigo, eu jamais quis vê-lo sofrer. Sua dor se torna a minha também – Eu sou um idiota. Aconteceu sem que eu pudesse prever. Você é uma pessoa maravilhosa, a mais forte que eu já tive o prazer de conhecer. E você é... - Sua voz morre por um momento, engolindo o choro – Linda. O que eu podia fazer? – Ele tem uma súplica no olhar – Eu espero que me perdoe por isso. Eu imagino que não sente o mesmo por mim... – Abaixo os olhos, porque é verdade. E machucá-lo desse jeito é horrível – Está tudo bem. Você é dele, sempre foi dele. E eu prometo, no que depender de mim, eu vou lutar até o final para que fiquem juntos, porque vocês merecem. E eu vou pedir perdão a ele até o fim dos meus dias por ter te desejado tanto assim. Porque eu desejo, Hazel. E vai doer muito, por muito tempo, mas eu vou superar isso. Eu sempre supero as coisas.

—Dean...- Minha voz sai fraca, e as lágrimas nos meus olhos que eu seguro com firmeza parecem queimar. Ele faz que não com a cabeça.

—Você não precisa me dizer nada. Está tudo bem. – Dean se vira, completamente despedaçado e irado da vida para White – Agora, seu cretino, cumpra com a sua parte do acordo.

Dean se recosta na cadeira, em silêncio, os braços cruzados e o olhar no chão.

Encho o peito de ar, e me viro para White:

—Como assim Jesse e eu “somos” de Astaroth? – O brilho negro no olhar de White faz com que eu me arrepie. São como se obsidianas se acendessem no abismo, os seus olhos.

—Você e Jesse foram concebidos com o único intuito de servir a Astaroth na grande guerra profana...pelo trono do inferno. – Ele se reclina para frente, me encarando com fascínio – Muitos demônios tentaram feitos como os dele, ah sim...Azazel, por exemplo. Pingou seu sangue na boca de bebezinhos a procura de uma arma especial para conquistar o trono, e falhou miseravelmente. Mas, o meu senhor, foi muito mais ambicioso. – Ele suspira com tom de admiração – Tanto você como Jesse foram concebidos por Astaroth, por meio de um ritual. Ambos foram gerados pelos corpos de humanos, mas com Astaroth dentro deles. Sabe o que isso quer dizer, monstrinha? – Ele inclina a cabeça levemente para o lado, os olhos levemente arregalados – Vocês dois são meio humanos, meio demônios. E Astaroth virá em breve, tenho certeza de que ele já está com Jesse a essa altura. E você, monstrinha, será recolhida em breve. Colhida como uma rosa em um jardim profano, garanto isso a você.

Não sinto nada sobre tudo isso. É como ser consumida de dentro para fora por um buraco negro e oco.

Um grande nada que se expande sem rumo ou intensão.

Ficamos em silêncio, os três, pelo que parece um bom tempo. Dean respira fundo e sacode a cabeça levemente em negativa, como se não quisesse acreditar em nada disso. Como se quisesse rejeitar a verdade.

—Por isso tenho poderes. – Concluo, como se não tivesse acabado de descobrir a coisa mais horrível do mundo inteiro.

—Precisamente. Mas sabe...a lei divina é interessante. Sua parte humana sufoca sua parte demônio. Isso inibe a maioria dos seus poderes, monstrinha. Você sempre foi mais bloqueada que Jesse...Eu treinei vocês dois durante os anos que passamos juntos. E ele sempre se destacou. – Ele dá de ombros – Mas logo você irá descobrir gatilhos para os seus poderes. Posso sentir os tempos mudando...ele está vindo por você. E por você, conheceremos o fim.

O observo quieta, e respiro fundo. Está feito. Temos o que precisamos.

—Certo, White. Pode voltar a apodrecer na sua cela pela eternidade, enquanto o seu senhor claramente se esqueceu de você. – Digo, quase como um sibilo, tamanho o veneno em minhas palavras – Já temos o que precisávamos.

Me levanto, completamente transtornada, mas tento transparecer calma. Coloco meu casaco novamente, e Dean se coloca ao meu lado.

—Adeus, Hazel Laverne. Foi um prazer imenso passar um tempo com você. – George White diz, quando estamos indo em direção a porta – Espero te ver no inferno um dia.

XXX

Meus olhos estão embaçados, e quem me conduz é Dean. Me agarro ao seu braço como um bote salva vidas, e caminho por onde ele me guia sem saber o que estou fazendo. Não sinto o meu corpo direito.

Está tudo dormente. Como se eu tivesse sido anestesiada.

Coloco um pé na frente do outro com dificuldade, tentando me manter firme. Os cantos da minha boca tremem com um choro que quer irromper de mim, mas, eu me recuso. Não vou chorar na frente dessa gente.

Não derramei uma lágrima na frente de George White.

Não vou quebrar.

—É ela sim...- Um agente penitenciário comenta com outro enquanto estamos passando - Lembra do envolvimento dos pais dela com o White? Caramba...

Dean não tira os olhos de mim, preocupado. Minhas mãos estão tremendo, estamos indo rumo ao elevador.

O guarda que está nos guiando entra primeiro, e descemos todos em silêncio. Quando chegamos a secretaria novamente, para assinarmos nossa saída, mal consigo segurar a caneta.

Tento fazer a letra M, para a minha identidade falsa de Madson Clearwater, mas a tremedeira em minhas mãos torna isso impossível.

—Pode me dar um copo de água, por favor? - Digo com a voz baixa e falha para o funcionário que está me encarando. Ele assente, e se retira.

—Hazel...- Dean pronuncia o meu nome, baixinho. Olho para ele, suas sobrancelhas erguidas em preocupação.

—Está tudo bem. Vamos sair daqui e vai ficar tudo bem. - Digo a ele de maneira robótica.

Tudo dentro de mim é frio. O estômago, as entranhas, os ossos. Há um abismo irrompendo do meu peito.

O homem retorna com a água.

— Obrigada. - Falo de maneira quase inaudível, bebendo tudo em um só gole.

Minha letra sai tremida, mas finalmente consigo escrever a assinatura falsa.

Falsa como tudo em minha vida, que aparentemente...nunca pertenceu verdadeiramente a mim.

XXX

Fecham os portões atrás de nós, e caminhamos pela rua em silêncio, em direção ao carro estacionado não muito longe daqui. As lágrimas rolam pelas minhas bochechas, mas não tenho expressão nenhuma no rosto a não ser o vazio. Estou respirando com dificuldade, enquanto ainda me apoio em Dean.

—Hazel...- Ele diz meu nome de maneira pesarosa - Eu...eu sinto muito.

Paro de andar, e limpo as lágrimas quentes das minhas bochechas. Minha garganta está ardendo com a dor que seguro dentro dela.

—Eu sei. Está tudo bem. – Tenho a voz de um robô. Dean me encara com uma expressão devastada. – Agora sabemos com o que estamos lidando. – Digo de maneira firme, me desvencilhando dele e tentando parecer forte – Vamos avisar o Bobby, vamos voltar ao Kansas. Talvez eu possa treinar esses meus...poderes de que George White falou. Posso ficar mais forte...talvez, possa derrotar Crowley, Astaroth e quem mais for. Ou pelo menos, posso morrer tentando.

Dean absorve minhas palavras, atento.

Sei que ele sabe que é loucura. Mas também sei que sabe que não temos alternativas.

—Você está certa. Tudo bem...- Dean diz, os olhos transtornados com tudo o que ouvimos – Vamos dormir mais uma noite aqui, descansar para a viagem. E aí nós partimos...

Assinto para ele, sentindo um oco por dentro quando coloco a mão na porta do carro.

—E...Hazel? – A voz dele muda agora, para algo como um pedido. Olho para ele, para seus olhos verde esmeralda, e vejo sua sinceridade transparecer no olhar – Eu disse a verdade, lá dentro. Eu vou superar você, eu vou parar de te querer tanto assim. E quando tiver a oportunidade, vou pedir perdão ao Sammy.

Sacudo a cabeça em negativa.

—Você não deve pedir perdão para ninguém, Dean. – Digo com honestidade.

—Preciso sim, pelo que estou prestes a fazer. Só me responda uma coisa, Hazel, por favor. E eu preciso que seja sincera comigo...- Ele chega mais perto de mim, o seu olhar recaindo na minha boca lentamente, sua mão segurando o meu queixo suavemente. Todo o meu corpo se torna gelado. O que ele vai fazer?— Antes de desistir de você completamente e seguir em frente, preciso desesperadamente saber. Você realmente não sente nada por mim? – Sua voz sai em tom de súplica, e sinto meus lábios queimarem com o seu olhar.

Olho para baixo, respirando fundo. Me parece cruel responder com palavras, e não quero feri-lo. De todas as pessoas, ele é a última que eu gostaria de ver sofrendo agora.

Dean absorve o meu silêncio, e dá um passo para trás.

—É, eu imaginei. – Ele conclui, com a voz dolorida – Como eu havia dito...vou pedir perdão a ele por te perguntar o que perguntei, e por ter tentado te beijar.

—Isso foi você tentando me... beijar? – Pergunto, confusa. Ele ri, olhando para o chão.

—Foi. Que bom que você não quis, isso torna tudo mais fácil. Mas, ei... – Ele abre os braços no ar, rendido – Eu tinha que tentar. Se vou me torturar por isso e tomar um soco no rosto, que seja por uma boa causa.

—Quem é que vai te dar um soco? – Sinto que já sei a resposta para essa pergunta.

—O Sammy, assim que recuperarmos ele e pudermos ter problemas triviais, sabe? Sem ser o fim do mundo e coisas do tipo. Vai ser incrível quando o nosso drama não for sobre demônios, e sim porque eu tentei te beijar. O soco dele vai ficar até divertido. – Ele ri, e eu acabo rindo também. É uma risada triste, em vista tudo o que estamos vivendo, mas assim é o Dean.

Ele tenta aliviar as coisas. Fazer com que as pessoas sorriam.

—E, Hazel? Vi como foi forte lá dentro...- Ele diz, apontando para a prisão, a mão na porta do carro – Preciso saber de uma coisa. Vai ser forte assim se encontrarmos o Sammy?

Olho para baixo.

Serei. – Minha palavra sai vacilada, mas se ele percebe minha hesitação, não demonstra. Ele assente.

—Não se esqueça...enquanto não recuperarmos a alma dele, ele não é exatamente ele. E ele vai tentar te matar. Lembre-se disso, ok?

Assinto, sabendo que a última coisa que faria ao rever o Sam é ficar forte.

—Ok. – Me limito a responder.

Entramos, Dean Winchester e eu no carro, em silêncio.

Como se tivéssemos tido um dia normal.

Como se eu não tivesse acabado de descobrir o pior sobre mim.

Mas hoje, percebo uma coisa, e não posso deixar de sorrir.

Eu sou muito mais forte do que pensava. E não vou quebrar fácil.


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Notas finais do capítulo

Existem MAIS coisas que a Hazel precisa descobrir, mas vou fazer com que as informações venham...de outra pessoa.
Alguém consegue imaginar de quem estou falando?

De qualquer forma, precisava também desenvolver os sentimentos do Dean para ele começar a se curar. Porque ele vai, prometo. Mais pra frente na fic, ele vai ter felicidade com alguém também, eu prometo.

PS: No próximo capítulo, teremos o tão temido encontro entre Sam, Hazel e Dean.
Quer dizer...a criatura.

Comentem, hunters. Cada comentário é como um presente para mim.
XOXO



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