Uma Era De Ordem E Honra escrita por Landgraf Hulse


Capítulo 6
5. Talvez um toque, um olhar gentil, seja o suficiente para esquentar o coração de alguém.




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As coisas não estavam mudando muito, nem na guerra, que desde a batalha de Kunersdorf, na Saxônia, parecia ter parado em batalhas decisivas; e muito menos em sentido emocional, mas pelo menos Alfred agora falava mais palavras com Elizabeth.

Desde o baile da duquesa de Newcastle, as coisas entre eles melhoraram, um pouco, mesmo que eles ainda não tivessem longas e agradáveis conversas e nem brincadeiras divertidas. Isso poderia ser melhorado, mas infelizmente não hoje.

Pela manhã, havia chegado no Porto de Londres vários navios com bandeiras de Niedersieg, eles traziam o tesouro do príncipe, que se resumia, Alfred imaginava, a porcelanas, prataria, obras de arte e livros, tudo que foi logo em seguida levado ao Palácio de Hampton Court, fazendo a família Tudor-Habsburg ter que ir a Hampton Court.

  — Eu me pergunto o que é exatamente tesouro do príncipe?- Praticamente em fila, Henry, de braços dados com Elizabeth e atrás de Alfred e a marquesa, mas a frente de Anne e Amélia, perguntou em alto.— Não me contento com a simples explicação de porcelanas, prataria e obras de arte, é muito vago.

  — Você se esqueceu dos livros, Henry.- Anne, que vinha atrás, falou em tom de piada.— Eles são o mais importante.

 — Claro que são. Friedrich iria realmente desejar os livros velhos.- E Henry falou em um tom mais ainda debochado.

  — Se você é um sem classe bárbaro que não dá a mínima importância a história, que seja assim, mas eu imagino que até mesmo o Diabo queira essas riquezas.- Havia uma grande possibilidade de Henry responder a altura.

  — Agora não é o momento para esse tipo de discussão, Anne. Lady Elizabeth está conosco. E não será hoje que ela verá a face mais dura de nossa família.- A marquesa falou e logo foi obedecida por seus filhos. Ao olhar para trás de relance, Alfred até mesmo viu Anne olhar quase para baixo e o olhar estóico de Henry. Não seria hoje que Elizabeth iria ver uma briga

  — Hampton Court, tão grande, tão antigo, tão... infeliz. É tão instigante saber que um lugar pode trazer tantos sentimentos conflitantes.

Por Alfred estar ao lado de sua mãe, ele pôde ver bem a expressão triste, sentir a tristeza dela, a marquesa estava quase deprimida ao passar pelos corredores quase vazios do palácio, os olhos de sua mãe, quase sempre arrogantes e indiferentes, estavam com a mesma emoção de quando o pai deles estava vivo, embora fosse uma triste emoção. Alfred mesmo sentia algo ruim ao estar nesse palácio, seu pai havia morrido aqui. Deveria estar sendo muito difícil para todos eles estar nesse palácio. E não ajudava em nada as tosses e o cansaço muito comum da marquesa.

Logo eles entraram em uma sala vazia do palácio, onde ainda estavam colocando algumas das peças, fazendo com que Anne e Amélia logo se afastassem para ver as coisas. Havia realmente muitas caixas de madeira e baús, assim como muitas coisas que já estavam fora, como pinturas, livros e até estátuas.

  — Meu Deus, me disseram que Niedersieg era rico, mas eu não pensei que era tanto assim.- Alfred soltou o braço de sua mãe o olhou para Elizabeth, ela parecia impressionada e olhava para Henry sorrindo.— Mas, eu pensava que alguém de Niedersieg estaria aqui, foi até por isso que eu coloquei um vestido verde. Para representar a "joia ao longo do Inn."

E ela estava muito bonita nesse vestido. Henry apenas riu com o que ela disse. Eles pareciam se dar tão bem, Alfred percebeu, Henry e Elizabeth riam, conversavam pareciam amigos.

  — Eu acho que simplesmente ver um Tudor-Habsburg já é algo grandioso para eles.- Elizabeth correspondeu rindo. Mas Henry percebeu que Alfred os olhava fixamente.— O que foi, Alfred? Não vai me dizer que estou errado?

Alfred deu de ombros, se virando para voltar para perto de sua mãe. Era melhor Henry pensar que era aquilo, e também, já era sim uma grande coisa alguém ver um Tudor-Habsburg, para qualquer um seria uma honra. Mas no caminho, ele, assim como todos na sala, ouviram um grito, alto e estridente. Quando todos eles foram ver o que era, encontraram Anne perto de um baú, completamente extasiada.

  — Mamãe! Olhe isso, são livros de Era Medieval.

  — Você estava gritando por causa dessa velharia? Eu não posso acreditar nisso.- Henry parecia ter como missão de vida irritar Anne, enquanto ela olhava muito irritada para ele, ele sorria, quase ria.— Pensávamos que você tinha encontrado um rato.

  — Não, mas talvez você encontre um. Ou melhor, talvez um pule no seu rosto holandês.- Como Anne ainda não havia jogado um de seus pesados livros em Henry? Ela as vezes falava de forma tão ameaçadora.— Mas mamãe, olhe isso, eu...

  — Mamãe, podemos ficar com esse cravo?- Mas atrás eles viram Amélia, avaliando com muita vontade um cravo de marfim com detalhes em prata.— É lindo, e ele clama para ser tocado por mim, para sempre.

Alfred balançou a cabeça em negação, mas que coisa era essa? Todas essas coisas haviam sido enviadas a Inglaterra para não serem levadas nem por austríacos e muito menos por prussianos, mas talvez fossem ficar para os ingleses.

  — Nossa Sala de Música já tem um cravo, Amélia.

  — Mas mamãe, esse talvez não seja usado a anos. Além do mais, o outro é muito velho e não é de marfim.

 — E esses livros estão quase mofando, devem ficar conosco, para o próprio bem do tesouro. Em Niedersieg não serão usados.

As duas princesas mais novas falaram quase implorando. A marquesa por um momento não parecia estar dando ouvidos, ela andava pela sala, abriu os baús, os livros, as caixas, em uma ela até encontrou pérolas, e, por fim, olhou para suas filhas.

  — Eu sei disso, por isso mesmo estamos aqui, para escolher o que vai ficar conosco. Mas não o cravo.- As duas princesas quase gritaram de alegria. Mas Alfred, assim como Henry, não ficou nada feliz, Henry soltou Elizabeth e foi para perto da mãe.— Alguma objeção.

  — Mas é claro mamãe, e muitas.- Alfred foi logo o primeiro a dizer.

  — Isso pertence a Niedersieg, não a nós.

  — Mas é claro que pertence a nós, Henry.- Henry estava errado, e Alfred não iria deixar de o corrigir, o que fez seu irmão mais novo o olhar confuso.— É o tesouro do príncipe, não o de Niedersieg, eu sou o príncipe, pertence a mim. O seu argumento é fraco.

  — Alfred, você é... muito...- Henry deu de costas e saiu de perto irritado.

Talvez Alfred tenha ofendido Henry, mas isso poderia ser facilmente esquecido e relevado, pelo menos não seria lembrado nem por Anne e Amélia, que estavam escolhendo o que ficar e nem por Elizabeth que encontrou uma caixa que chamava muito a sua atenção.

  — Mamãe, por uma questão de honra, não podemos ficar com isso.

A marquesa deu de ombros e foi até Elizabeth, causando uma grande tensão nela e a marquesa falou algo em seu ouvido.

  — Não vamos ficar com tudo, Alfred, apenas com algumas coisas. Como sua irmã disse, vai mofar em Niedersieg, aqui vai ter quem use.- Alfred não sabia o porquê ele tentava dizer algo, sua mãe havia dito que seria assim, e realmente seria, a palavra dela era a final, sempre.— E você, Elizabeth, gosta do que vê?

 — São lindas joias, minha marquesa.- Elas viam joias? Quando Alfred chegou mais perto ele pôde ver que sim, eram diamantes, grandes diamantes.— Creio que pertencem a senhora, que é a princesa de Niedersieg.

  — Não, eles pertenciam a mim quando eu era a princesa consorte, eu sou a princesa regente, elas são do príncipe, mas um dia serão de alguém.- Sua mãe tirou um dos colares de diamantes da caixa e colocou no pescoço de Elizabeth. O que ela queria com isso?— Traga um espelho, Alfred.

Alfred não entendia o que sua mãe queria fazer. Mas ele obedeceu e encontrou um espelho de mão prateado em uma das caixas, deveria haver muita prata em Niedersieg. E quanto ele entregou o espelho a sua mãe, ela já havia colocado o colar no pescoço de Elizabeth.

  — Eu... nunca usei diamantes, não tão grandes como esses pelo menos.- Elizabeth olhou para Alfred sorrindo, ela parecia uma princesa consorte, uma marquesa de Bristol, pronta para ser maravilhosa.— O que você achou, Alfred?

  — O colar foi feito para você.- Elizabeth corou e imediatamente tentou retirar o colar, sorrindo.— Não! Você pode ficar.

  — Mas você disse que não pode...

 — Sim, Alfred, você disse que não podemos.- As vezes Alfred sentia que sua mãe tinha poder por manipular as pessoas a fazer a sua vontade, em pegar as pessoas nas suas próprias palavras.— Você parece uma princesa, Elizabeth. Seja digna para não apenas parecer, mas também para ser.

A sala ficou em silêncio logo em seguida. Todos pareciam agora olhar para Elizabeth, que não sabia como reagir. Era uma ovelha sendo cercada por feras. Ela tentava erguer a cabeça, mas até os membros dessa família tinha dificuldade para fazer isso, imagine ela. Era possível sentir sua dor, e Alfred não aguentou mais:

  — Mamãe, Elizabeth já ouve isso todos os dias, vamos a dar alguma folga.- No mesmo momento em que Elizabeth colocou o colar novamente na caixa, Alfred pegou sua mão a levando para si.— Eu irei ceder então, faça uma lista do que a senhora deseja, a prataria, as porcelanas, obras de arte, livros as joias, qualquer coisa. Agora, venha ver as estátuas, Elizabeth.

Alfred sentia até mesmo um calor tocando Elizabeth, sentindo a mão dela, seu aperto. Ele não conseguia olhar para o rosto dela, mas seu desejo era que a alegria dela vendo as estátuas fosse um resultado desse toque.

                      *****

Elizabeth chegou em casa profundamente feliz no final da tarde, tão feliz que sua família estranhou, e estranhou muito. Não era nada comum ela chegar assim em casa. Geralmente ela estava simplesmente cansada, calada, séria, as vezes triste, mas feliz? Isso era muito difícil.

Quanto Elizabeth chegou em casa, ela foi direto para a Sala de Estar, onde estava sua mãe; seu pai, com o jornal e seus irmãos. Todos eles estavam fazendo algo, desde lendo, até ansiosamente bordando, mas todos pararam para olhar ela.

  — Boa tarde, mas que dia mais maravilhoso. Eu deveria ir depois a igreja para agradar a Deus.- Elizabeth foi até seu irmão mais novo, Frederick, e pegou o filhote que ele tinha nos braços.— Tão feliz, ele me tocou, ele me tocou. Ah, como eu sou uma tonta.

Elizabeth rodava pela sala com o filhote, que apesar de ser oficialmente dela, era de seu irmão, e ela não sabia o nome. Mas de que importava? Ela estava feliz. Alegria essa que não era compartilhada pelos outros, pelo menos Frederick a olhava como se ela fosse mesmo uma tonta.

  — Poderia colocar o Morpeth no chão, Elizabeth?- Como uma ordem, Elizabeth o colocou, e sentou no sofá. Por que sua mãe a olhava assim?— Você aprontou.

  — Mamãe está furiosa.- Juliana, a mais nova de todos, imitou Frederick e também avisou. Elizabeth olhou para Anne, mas ela simplesmente voltou sua atenção para o seu livro, ela olhou para Frances, mas a terceira mais velha se voltou para o bordado.— Eu não diria algo se fosse você.

  — Estou tão feliz.— Agora Elizabeth falou sem muita alegria, e sua mãe a olhou.— Falta apenas Diana para completar a... alegria. Aconteceu algo?

  — Que bom, Elizabeth, que você está feliz.- A condessa falou de forma muito debochada, antes de se levantar e tomar o jornal do marido, que deu a condessa um olhar irritado.— O mesmo não pode ser dito de nós. Diga e ela, Henry!

O conde de Carlisle pegou seu jornal novamente, não dando atenção para a esposa.

  — Dizer o que, Isabella?

  — Não se faça de tonto. Os boatos.

  — Boatos?

Elizabeth não estava sabendo de nada, de nenhum boato, ontem mesmo ela foi ao teatro com a mãe, se era algo sobre ela, Elizabeth deveria ter ouvido. Mas também poderia acontecer de sua mãe estar apenas sendo exagerada, como sempre.

  — Isabella, não vamos irritar a menina. Esqueça.- O conde estão se levantou, visivelmente transtornado.— Esqueça!

  — Não! Eu vou dizer, nossa filha tem que saber!

  — Ahhh, malditos Byron! Maldito dia que me casei com uma Byron! Eu deveria ter ouvido os outros e me casado com outra Spencer.- Elizabeth já nem mais ficava surpresa quando isso acontecia. Surpresa era quando não acontecia brigas assim. O conde então se dirigiu para o lado de fora.— Frederick, seja um homem e diga a sua mãe que ela é louca. Eu iria me retirar, não tenho mais fôlego para isso.

Lentamente o conde foi embora. Mas antes ainda foi possível ouvir um "malditos Byron" sendo gritado por ele.

  — Então aguente, Henry. Você vai ter que me aguentar louca e Byron pelo resto da sua vida, que não vai durar muito. Mas realmente, você deveria ter escolhido os pastores de ovelhas, os Spencer!- A condessa ainda gritou para seu marido. Elizabeth então se perguntou se ela e Alfred seriam assim? O conde e a condessa de Carlisle discutiam muito, e eles haviam se casado pelo desejo mútuo. Mas ela e Alfred, era por dever.— Elizabeth, estão desconfiando do seu casamento.

A condessa então foi até a mesa onde havia um jarro com água e se serviu. Talvez tudo dependesse de com o casal reagia nesses momentos, as conversas. Desconfiando?

  — Isso não é algo novo, mamãe. Qualquer um, em toda a Inglaterra, acha estranho a orgulhosa, arrogante e imperial marquesa de Bristol, casar seu herdeiro com a filha de um conde.- Parecia até uma piada. Embora a explicação de que a marquesa desejava trazer sangue realmente inglês para a família, e trazer alguma popularidade para a família, fosse bem plausível, ainda era estranho.— Seja específica.

Talvez a alegria que Elizabeth estava sentindo não fosse sobreviver ao por do sol.

  — Mamãe está apenas sendo paranóica.- Mesmo recebendo um olhar repreendedor da mãe, Anne ainda falou.— Falaram muitas coisas, muitas de verdade. Até que tocaram no ponto da virtude e honra. Como se você não fosse pura, virginal e casta.

  — Fomos a modista e mamãe ouviu duas senhoras falando sobre o seu casamento. Foi um sacrifício persuadir mamãe a não fazer ou dizer nada.- Frances disse olhando para o bordado.

Elizabeth deu um suspiro um pouco mais aliviada, eram apenas conjecturas de duas senhoras, não era pessoas de importância. Não havia motivo para ter medo, a barriga de Elizabeth ainda nem aparecia, ela usava roupas especiais para não mostrar nada, ninguém iria perceber. Não aconteceu nenhum deslize, e não havia nada nos jornais.

O conde, ele não a alertou. Elizabeth confiava em seu pai, mais até do que em sua mãe. Se fosse perigoso, ele iria dizer algo, mas não disse. Elizabeth suspirou e sorriu, dar uma imagem calma, paciente, ser uma princesa, uma princesa Tudor-Habsburg, até mesmo em casa.

  — Realmente, ainda não vejo motivos para se preocupar.- A eterna expressão calma e fria em relação aos sentimentos e todo o que acontecia a sua volta, aos problemas. Mas, ser uma Tudor-Habsburg em casa era muito cansativo, triste até.— Vocês foram a modista. Falando sobre isso, como está o meu vestido de casamento?

Anne voltou a seu livro e Frances então olhou para Elizabeth, pronta para falar tudo, até mesmo que a princesa Amélia mandou levarem o vestido para Kensington. Que estranho, Amélia não havia lhe dito nada, mas era assim as coisas, elas que resolviam tudo, Elizabeth apenas olhava e era ordenada. Elas ficaram assim até o momento em que a condessa saiu da sala, segundo ela mesma para "ver se Henry não havia morrido".

  — Mas então, Elizabeth, como vai você e Alfred?- Juliana, a mais nova, mas também a mais curiosa, era engraçado como ela gostava de saber dessas coisas, mesmo recebendo um olhar de seus irmãos.

  — Ah, Julie, eu e Alfred...- Elizabeth pensou por um momento, e sorriu para si mesma. O toque, os sorrisos, o olhar ciumento que ele deu a Henry.— Ainda há uma esperança.

Agora bastava o casamento, daqui a simples sete dias.

 

**A verdadeira Lady Elizabeth Howard, mas entre ela e a minha Elizabeth não existem muitas diferenças.


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Notas finais do capítulo

Apenas um aviso que eu não sei se já dei antes:
O conde e a condessa de Carlisle, junto com seus filhos, foram pessoas que realmente existiram, mas que para a minha história, eu fiz algumas mudanças. Uma é a ordem dos filhos deles e o ano do nascimento. Primeiro vem Elizabeth, depois Anne, Frances, Frederick e Juliana, sendo que na realidade, seria Anne, Frances, Elizabeth, Frederick e Juliana. Mas os filhos do primeiro casamento do conde eu não fiz mudança alguma. Os atuais condes de Carlisle não precisam ter medo de eu mudar a linhagem deles.