POV. Edward

 

No meio da noite acordei com gritos, fiquei ouvindo e era de uma menina, parecia assustada. Levantei-me e abri a porta, sai no corredor e todos estavam ali olhando de um para o outro querendo saber o que estava acontecendo.

 

Edward: O que está acontecendo? – perguntei a Alice que estava próxima de mim.

 

Alice: Não sei, papai e mamãe foram ver!

 

Ficamos ali sem entender nada, ouvindo os gritos que pareciam não acabar, mas com o passar do tempo eles foram cessando e depois parou.

 

Rose: Parou?

 

Emmett: Acho que sim! – respondeu meio em dúvida.

 

Ficamos ali parados, até que minha mãe saiu de um quarto e veio em nossa direção.

 

Alice: O que esta acontecendo mãe?

 

Esme: Nada querida, amanhã conversamos, agora vão para os seus quartos e voltem a dormi. – disse calma, mas ela estava escondendo alguma coisa.

 

Voltamos cada um para seu quarto e voltei a dormir.

 

(...)

 

Acordei, fui para o banheiro e fiz minha higiene pessoal, mas os gritos de ontem não me saiam da cabeça, voltei para o quarto e me vesti. Desci para o primeiro anda e tudo estava silencioso, me direcionei a sala de jantar, lá encontrei Emmett e Jasper.

 

Emmett: Caiu da cama Eddie? – disse em tom zombeteiro.

 

Edward: Não  me  chame de Eddie! – disse bem devagar para mostrar o quanto odiava esse apelido.

 

Edward: E não consegui dormir direito, ainda mais depois daqueles gritos.

 

Emmett: Nem me fale!! Essa casa esta silenciosa mais aqueles gritos parecem até filme de terror! – disse ele se encolhendo.

 

Jasper: Não fala merda Emmett, ainda nem tomamos café da manha!

 

Emmett: Ah vai falar que você não ficou nem um pouquinho com medo?

 

Jasper: Por favor, um homem do seu tamanho com medo de fantasma, faz me rir!

 

Edward: Mudando de assunto e não querendo atrapalhar a discussão do casal, ainda estou curioso...

 

Não pude terminar de falar, pois um mini-furacão me cortou.

 

Alice: Curioso? Do que??? O que eu perdi???

 

“Essa era minha irmãzinha”

 

Edward: Se você tivesse me deixado terminar de falar saberia Alice! – disse bem sério.

 

Alice: Oras então termina!

 

Revirei os olhos.

 

Edward: Estou curioso pelo fato de alguém gritar daquele jeito!

 

Alice: Idem!

 

Jasper: Esme falou que conversaríamos hoje.

 

Alice: E onde ela está?

 

Demos de ombros e sentamos para tomar o comer. Estávamos todos distraídos quando alguém entrou no local. Paramos de comer e olhamos em direção a menina que estava parada na porta. Ela usava um moletom preto, um Nike preto e branco e seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo mal feito. Mais não foi isso que me chamou a atenção, mas sim quando ela levantou a cabeça e olhei em seus olhos. Eles pareciam distantes e sem vida, estavam sem o brilho de costume e pelo que eu me lembrava eram castanhos num tom de chocolate com um brilho e emoções, agora eram opacos.

 

Ela mal nos olhou e continuou andando em direção a cozinha, quando ela passou por mim percebi que sua respiração estava entrecortada como se tivesse corrido uma maratona e suas bochechas meio rosadas.

 

Eu e minha família nos entreolhamos em dúvida, mas preferimos ficar quietos e terminar de comer. Alguns minutos depois Carlisle e Esme se juntaram a nos.

 

Carlisle e Esme: Bom dia!

 

  - Bom dia! – respondemos em uníssono.

 

O silencio continuava e deixava o ambiente mais triste.

 

Esme: Bom dia Bella, não gostaria de se juntar a nós? – perguntou carinhosamente.

 

Foi ai que virei para trás e vi a menina parada, olhando-nos, mas foi por pouco tempo, pois ela nem respondeu, apenas saiu andando e sumiu.

 

“Estranha!”

 

Alice: Que bicho deu nela!

 

Edward: Pelo menos poderia ter dito não, antes de sair!

 

Esme: Edward, Alice deixem ela! Ela esta sofrendo! – disse minha mãe sempre compreensiva.

 

Carlisle: Pelo menos ela saiu do quarto isso já é um grande avanço!

 

Apenas revirei os olhos e Alice bufou, ficamos quietos.

 

Rose: Então aquela é a Bella?

 

Esme: É sim.

 

Rose: Ela é bonita.

 

Emmett: E ela cresceu bastante ursinha!

 

Jasper: Quantos anos ela tem? – perguntou sério.

 

Carlisle: Completou 13.

 

Jasper: Sério?

 

Carlisle: Uhum!

 

Emmett: Não parece, neh? Mais ainda é uma piralha!

 

Esme: Emmett! – chamou a atenção dele.

 

Emmett: O que eu fiz? – perguntou inocentemente.

 

Esme: Você a chamou de piralha!

 

Emmett: Foi mals, mas ela é!

 

Alice: Chega dessa conversa chata! – disse se levantando.

 

Encaramo-la.

 

Alice: Dona Esme Cullen será que você poderia nos contar agora o que foram aqueles gritos? - disse colocando as mãos na cintura.

 

Esme: Esta mesmo curiosa! – disse rindo.

 

Alice nem respondeu, continuou na mesma postura e Esme entendeu que era melhor falar ou a baixinha ia ter um ataque.

 

Esme: Bom os gritos eram da Bella. – disse triste.

 

Edward: Da Bella? – perguntei arqueando uma sobrancelha.

 

Esme: Sim! Desde que Renée e Charlie morreram Bella durante a noite tem pesadelos e fica agitada chegando até a gritar!

 

“Ouh realmente a piralha estava surtando!”

 

Depois que nossa curiosidade foi morta, conversamos sobre bobagens e antes que saíssemos Esme e Carlisle nos avisaram que o enterro seria hoje às quatro da tarde.

 

Como não tínhamos nada para fazer, passamos o tempo revezando entre a TV e o quarto.

 

(...)

 

Uma hora da tarde...

 

À uma hora da tarde todos já estavam prontos e seguimos para o velório. Era um lugar muito bonito e que passava paz. Havia uma pequena capela de cores claras e em volta um jardim que rodeava. Dentro estavam dois caixões fechados na frente com várias flores e mensagens. Aproximamos-nos dos caixões e entre eles havia uma foto de Charlie e Renée abraçados e felizes.

 

Olhei ao redor haviam várias pessoas sentadas, reconheci Victória, Diana, Billy e alguns amigos em comum que meus pais tinham com os tios, o resto eram desconhecidos. Fomos até onde estava Diana.

 

Alice: Não está faltando alguém?

 

Olhamos ao redor a procura de alguém.

 

Rose: É verdade, esta faltando a Bella! – disse surpresa.

 

Procuramos por ela, mas nada.

 

Alice: Mãe!

 

Esme: Sim filha!

 

Alice: Onde está a Bella?

 

Esme: Não sei também! – respondeu olhando ao redor.

 

Diana: Ela não está aqui!

 

Voltamo-nos para ela.

 

Diana: Ela veio aqui bem cedinho, pediu que a deixassem sozinha e ficou um bom tempo entre os caixões abraçada com a foto chorando, depois deu adeus aos dois e saiu correndo pela porta.

 

Alice: Por que tão cedo?

 

Diana: Não sei! – disse sincera e deu de ombros.

 

Carlisle: Como ela veio até aqui? – perguntou intrigado.

 

Diana: Acho que ela veio correndo e voltou correndo.

 

Carlisle: Nossa mais é um pouco longe para ela fazer isso.

 

Diana: Bella tem esse costume quando está mal ou apenas quer ficar sozinha, ela sai para correr sem rumo!

 

Esme: Você acha que ela vira para o enterro?

 

Diana: Não sei! – suspirou pesadamente.

 

Quando deram quatro horas o padre deu a extrema-unção e depois os dois caixões foram colocados em carrinhos. Saímos de dentro da capelinha e fomos acompanhando o translado pelo cemitério que mais parecia um lindo campo. Andamos até um lugar onde se dava para ver o mar e paramos enfrente a dois túmulos abertos.

 

Um pouco distante e do lado contrario estava Bella com a mesma roupa de manhã com um óculo escuros, parada olhando. Ela não se mexeu e nem falou nada, apenas fitava os caixões.

 

Algumas pessoas choravam e outras prestavam suas últimas homenagens enquanto os caixões eram posicionados para serem enterrados. Eu apenas estava prestando atenção na menina solitária que estava do outro lado acompanhando tudo.

 

Realmente não sei o que me deu apenas senti que precisava protegê-la e quando dei por mim já estava andando em sua direção. Nem me preocupei com sua reação, apenas a abracei, ela continuou imóvel.

 

Mas quando os caixões começaram a ser enterrados, ela perdeu as barreiras que a mantinham e se agarrou a mim, afundando sua cabeça em meu peito e deixou as lágrimas saírem sem vergonha. A abracei mais forte e a segure, pois parecia que ela estava a ponto de ir ao chão.

 

Em poucos minutos já não havia mais nada, a terra já havia coberto tudo e as pessoas começaram a ir embora, ficando apenas minha família, Billy, Victoria e Diana. Mesmo não querendo lágrimas silenciosas eram derramadas por eles.

 

Carlisle: Vamos! – disse com a voz fraca.

 

Carlisle puxou Esme e Diana que estavam abraçadas a ele, Jasper levou Alice, Rose abraçava Emmett e Billy estava consolando Victoria. Todos começaram a andar de volta, até que meu pai parou e se virou para mim. Nessa hora tentei levar Bella dali, mas fui impedido por um puxão, parei e olhei para ela que segurava com as mãos a minha camisa.

 

Bella: Por favor, fique! – ela disse entre o choro sem me olhar.

 

Olhei para meu pai e fiz sinal que eles podiam ir, ele apenas concordou e voltou a andar.

 

Depois de um tempo tudo voltou ao silêncio e nos continuávamos abraçados. O sol começou a se por e Bella se soltou um pouco de mim se virando para o mar e a acompanhei. Andamos um pouco e nos sentamos na grama, ficamos abraçados admirando o crepúsculo em silêncio, porque aquele momento não precisava de palavras.

 

Quando já estava quase escuro, ela se levantou e começou a andar sem olhar para trás. Levantei-me e fui atrás dela, fomos lado a lado até a saída do cemitério. Ela já ia sair andando pelas ruas, mas a segurei pelo braço, fazendo a me encarar pela primeira vez.

 

Edward: Não vou deixá-la ir sozinha! – disse firme.

 

Ela não falou nada, então tomei isso como um sim. Puxei-a pela mão ate um táxi e nos acomodamos. Durante o trajeto ela se encostou a mim e acabou adormecendo.

 

“Ela realmente esta esgotada!”

 

Chegamos à mansão paguei o táxi e a peguei no colo, aninhando a mim. Entrei, subi as escadas, fui até seu quarto. Puxei as cobertas colocando-a ali, tirei seu tênis, a cobri e lhe dei um beijo na testa. Fiquei ali olhando a dormindo, sua expressão era dura.

 

“Ela ainda é uma menina e já tem que passar por tudo isso!”

 

Fiquei de pé, dei uma última olhada e sai, fechando a porta atrás de mim.