Roderick e seus doze irmãos escrita por Wi Fi


Capítulo 5
O rato


Notas iniciais do capítulo

Hello! Estou mudando o dia de postagem de terça-feira para quinta, porque é o dia que eu vou ter mais tempo a tarde....eu acho. Enfim, fiquem aqui com esse capítulo mais curtinho!



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Roderick, Fionna e Marion, a espiã, estavam no escritório da condessa. O sol da manhã entrava pelas janelas, dando à toda a sala e seus móveis de madeira escura um aspecto dourado e gasto, como uma pintura antiga.

Marion era uma mulher jovem, tinha por volta da idade dos irmãos bastardos Donne, de longos cabelos negros, de rosto inocente e comum, o que era muito útil para seu ofício. Em Saye, vestia-se com roupas comuns, mas em Breator ela exalava a extravagância, infiltrada na alta nobreza.

— Acredito que tudo esteja a correr bem em relação ao vosso casamento, lorde Roderick – disse Marion – Estive pessoalmente com o rei Michael na semana passada, e eles todos pareceram acreditar na história que criamos acerca do vosso relacionamento, especialmente com a… hm, fama da princesa Francisca.

Marion desviou o olhar, temendo ter dito algo que não devia, mas Roderick a assegurou com um aceno de que estava tudo bem. A desculpa que iriam usar para o casamento de Roderick e Francisca não era totalmente mentira.

Iriam dizer que os dois haviam se envolvido romanticamente, e fisicamente enquanto Roderick estava em Daire – até aí, tudo verdade - e que o rei José, revoltado com tal relação, havia exigido o casamento para salvar o que restava da honra da irmã – uma completa mentira, mas evitaria suspeitas acerca da verdadeira natureza subversiva daquela união.

Durante suas viagens, Roderick havia merecidamente ganhado fama de conquistador de corações de donzelas em várias cortes do Norte. Embora tivesse perdido seu charmoso cabelo cacheado e já não fosse mais tão forte como naqueles tempos, continuava ainda bastante bonito, mesmo aos trinta e sete anos. Francisca, por outro lado, era jovem e com certo histórico de se apaixonar facilmente e tomar más decisões. Eram um casal perfeito para aquela farsa.

— Minha mãe também financiou os grupos rebeldes no Sul de Breator – continuou Marion, um pouco orgulhosa – Eles devem deixar a corte e o exército ocupados o bastante durante as festas das colheitas.

— Muito bem, Marion – elogiou Roderick – Foi uma excelente ideia. Agradeça a senhora sua mãe por nós.

A mãe de Marion tinha sido uma amiga de infância de Conde Ewan, e prima da mãe de Fionna.

— Bem, eu tenho que tocar no assunto desagradável que todos queremos ignorar – a condessa interrompeu – Finley.

Eles três coletivamente respiraram fundo e se prepararam para adentrar naquele território hostil que era Finley.

— Na corte, não mencionam o nome dele há tempos. Quando perguntei por onde ele andava, rapidamente desviavam de assunto. Um lorde menor disse-me que ele teve alguma desavença com o rei Michael…, mas me pareceu estranho – Marion contou, nervosa – O rei Michael não é de aceitar rebeldias, e se este fosse o caso, saberíamos logo, pois ele gosta de ostracizar seus inimigos. Nenhuma cortesã ou dona de bordel ouviu falar de Finley recentemente também… embora eu acredite que estejam a ser pagas para encobrir a história. Em suma, é como se ele fosse um fantasma. Não tenho pistas, senhores, eu sinto muito.

Fionna e Roderick bufaram em simultâneo. Havia tempos que Finley não lhes causava dores de cabeça, e eles tinham ficado mal-acostumados.

— Ele não teria motivos para aparecer aqui – Fionna tentou ser otimista – O que ele iria ganhar, além de nos irritar? Iria arriscar ser reconhecido nas ruas e levar uma surra.

— Ele não seria reconhecido por camponeses – Roderick retrucou – E não sabemos com quem ele anda aliado. Pode ter um plano para nos atacar. Finley é um rato, não dá para esperar o melhor dele.

A condessa massageou as têmporas, a enxaqueca já tomando conta de si.

— Vamos ter de reforçar a guarda. Vou falar com Abigail sobre isso. Obrigada mais uma vez pelos seus serviços, Marion – concluiu – A sua recompensa já se encontra em seus aposentos, e também compensaremos a senhora sua mãe pelos esforços dela. Está dispensada.

A espiã levantou-se e fez uma pequena vênia. Roderick e Fionna se entreolharam.

— Achas que ele realmente aparece aqui? – perguntou Roderick.

— Breator anda demasiado quieta, desde que o pai morreu. Isto não me cheira nada bem. Chame de intuição, de bruxaria, ou do que quiser, mas eu sinto que eles estão a tramar algo.

— Achas que eles desconfiam de nós?

— Não sei. Daire lhes deve parecer demasiado insignificante para ser uma ameaça – Fionna expôs – Mas ao mesmo tempo, uma princesa se casar com alguém tão irrelevante… pode jogar tanto ao nosso favor, quando contra nós.

Obrigado.

— Estou a ser honesta. Tu és o segundo na linha de sucessão de um lugar que nem é um país de verdade. Vendo as coisas de fora, Daire teria de ser muito otimista para apostar suas cartas em nós. Michael não conhece o rei José o suficiente para suspeitar de suas intenções. A irracionalidade da união pode tanto erguer suspeitas quanto reforçar a história do vosso relacionamento ilícito, além de dar ao rei José uma reputação de ser moralista… coisa que certamente Michael iria gostar.

— Então achas que nossa história é plausível?

Fionna suspirou.

— Tem que ser. O que fazemos se o Finley aparecer aqui sozinho?

— Podemos jogá-lo nas masmorras e lhe cortar os culhões. Talvez assim deixe de ser um filho da puta – Roderick resmungou.

— Não insultes a tua mãe. Estou a falar a sério. Eu não sei o que faria se o visse de novo.

— Podemos só desmaiá-lo e jogá-lo de volta para o lado de lá da fronteira – Roderick disse – Ou metê-lo num barco de volta para Breator, ele sempre odiou navegar.

Ele sentia a raiva por Finley lentamente queimar em seu peito enquanto cuspia aquelas palavras, uma brasa que ele tentava apagar havia muitos anos, mas que persistia. Não fazia ideia de como estaria o irmão agora. Será que o reconheceria numa multidão, apenas pelo nariz quebrado e os olhos escuros da família Donne? Ou ele teria conseguido mudar até isto, apagando todo e qualquer laço que tinha com o homem que fora em Saye, filho de Ewan e Elinor?

Sem perceber, Roderick apertava o apoio da sua cadeira, machucando suas mãos. Fionna o dispensou logo depois, dizendo que ele atrapalhava sua concentração. Roderick voltou silenciosamente para seu quarto, mente tomada por uma tempestade de sentimentos, mas em particular, ódio.


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Notas finais do capítulo

Hehe, o Finley está aqui para causar O CAOS!