Orgulho e Preconceito - Perdida no século XVIII escrita por Aline Lupin


Capítulo 35
Capítulo 35




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A jornada do herói consiste em seguir um caminho para um objetivo, depois de aceitar o chamado do herói. Doze passos que consistem basicamente em pautar essa jornada. E nesse caminho, há empecilhos, desafios, aventuras e pode ser que tenha o autoconhecimento. E Lizzy se perguntava se ela era a heroína da sua própria história, pois, afinal, Alexander mudou sua vida, deixando-a de cabeça para baixo. De fato, ela nem teve escolha e precisou aceitar seu caminho. E tudo que ela fez, na verdade, fora para estar ao lado de Darcy. Que era seu destino e sua alma gêmea. Naquele momento, enquanto estava dentro da carruagem, que o Sr. Dawson havia conseguido para ela, se perguntava realmente se valera a pena tudo aquilo. Se valera realmente a pena se apaixonar por aquele homem e estar de volta, para descobrir que ele se casaria com outra mulher.

O Sr. Dawson, enquanto lhe servia o chá, não tocou no assunto do casamento de Darcy. E Lizzy também não perguntou nada a ele. Ela temia se magoar ao saber a verdade. Já estava preparada para isso, no entanto. Encontra-lo casado com Anne de Bourgh, sua prima, ou com a. Srta. Caroline Bingley. Não sabia como lidaria com isso, mas queria olhar uma ultima vez nos olhos de Darcy e constatar que ele não valia todo seu sofrimento e que ele nunca a amara de verdade. Talvez, só assim, seu peito com certeza iria parecer mais leve, não tão pesado e sua respiração não ficaria entrecortada. E seu coração partido, finalmente iria se remendar, pois, afinal, ele não a amava. Mas, ela precisava olhar em seus olhos e constatar isso. Contudo, ela não sabia o que fazer com seus próprios sentimentos. Apesar disso, ela nunca, jamais, iria lutar por um homem que escolhera seu caminho, para longe dela.

A carruagem trepidou e ela quase caiu no chão, devido ao impacto. Então, a movimentação parou do lado de fora. Lizzy achou estranho o fato de terem parado. Olhou pela janela. O dia estava cinzento. Não era nem quatro da tarde, segundo seu relógio de pulso. Teriam horas de viagem pela frente, até chegar a Derbyshire. Ela abriu a carruagem, sem fazer cerimonia e seus pés afundaram na...lama. Realmente, era sua jornada do herói. Ou melhor, da heroína. Os deuses com certeza estavam rindo dela.

— Senhorita Elizabeth – O Sr. Dawson se aproximou, desviando da lama. E seu olhar era de pena – Eu sinto muito, senhorita. Mas, estamos presos. Os cavalos não consegue retirar a carruagem da estrada.

A carruagem estava atolada. Uma roda para dentro de um pequeno barranco, no meio da estrada. Lizzy suspirou, desalentada. Constatou que faltava pelo menos quatro horas de viagem. O que era terrível. E ela não via nada além de arvoredos de um lado e do outro, uma campina extensa. E a frente, a estrada de terra, que estava é péssimas condições, com certeza devido à chuva.

O cocheiro desceu do seu assento, reclamando das condições das estradas, enquanto o Sr. Dawson ajudava Lizzy a tirar os pés da lama, mas também se sujou no processo. Lizzy começou a rir e o Sr. Dawson a encarou com os olhos arregalados. Ela levou à mão a boca e começou a rir de novo e tentou limpar os pés na grama, sem sucesso. Sua saia estava arruinada. Seus sapatos estavam ainda piores. Para sua sorte eram botas de couro muito confortáveis. Mas, estava enlameadas e sujas. Como ela iria aparecer diante de Darcy daquela maneira, tão pouco elegante? Seria uma piada diante dele. Por isso, estava rindo. Rindo da sua própria desgraça.

— A senhorita está bem? – o cocheiro, de nome Frank, perguntou a fitando de esguelhar.

— Estou muito bem – ela respondeu, respirando fundo e se recostando a árvore mais próxima – Acho que eu deveria rir, afinal, tudo parece estar atrapalhando o meu caminho.

— Perdão, senhorita, mas não compreendo o fato da senhorita rir de algo com isso – o Sr. Dawson disse, de cenho franzido e gesticulando para a carruagem. Voltou seu olhar para o céu, fazendo um careta – Devemos buscar ajuda Frank, antes que chova mais uma vez.

— Sim, senhor. Vou procurar alguém para me ajudar a retirar a carruagem do lugar – ele disse, fazendo uma leve reverência a Lizzy – Senhorita.

Ele desatrelou um dos cavalos, montou e seguiu em frente na estrada. A chuva havia começado, depois de pouco tempo que Frank desapareceu na estrada. Lizzy bufou e mesmo sob a copa da árvore, sentiu as gotas grossas se infiltrarem e caírem sobre sua cabeça e braços, causando arrepios de frio.

— Senhorita, entre na carruagem – o Sr. Dawson pediu, enquanto desatrelava o cavalo que sobrara, tentando puxa-lo para longe da lama e da chuva.

Lizzy não queria entrar. Se fosse ficar sentada mais um minuto naquela caixa quadrada, iria surtar. Na verdade, ela fez justamente ao contrário, saiu de baixo da copa da árvore e foi ajudar o Sr. Dawson com o cavalo e o puxou pela guia, para coloca-lo em segurança, de baixo de uma árvore. Afinal, o animal não precisava ficar de baixo do tempo inclemente.

— Senhorita, o que está fazendo? – o Sr. Dawson perguntou, indignado.

Ela não lhe deu ouvidos e puxou o cavalo consigo. Então, ficou ali, com ele, de baixo da copa da árvore. O animal relinchou e depois, começou a pastar. Lizzy sentia todo o corpo tremulo pelo frio e por estar com as roupas molhadas. O Sr. Dawson se juntou a ela e insistiu que ela entrasse na carruagem, mas Lizzy não queria. Ela queria ficar ali fora. Não desejava se sentir presa mais uma vez. E estava apática. Apática pelo fato de que, talvez, Darcy fosse se casar com outra mulher. Outra mulher que não era ela.

Então, a chuva começou a se tornar insuportável e Lizzy resolveu que já era hora de entrar na carruagem. Ela convidou o Sr. Dawson, que se recusou veemente a entrar.

— Ficarei bem aqui, debaixo das árvores, senhorita. Para sua reputação, somente a senhorita deve usar a carruagem.

— Que tolice! Entre logo, antes que o senhor pegue uma pneumonia – ela pediu, com a porta da carruagem aberta. Mas, ainda sob a chuva, sentindo as gotas grossas batem com força sobre seus cabelos e sobre seu corpo.

Ele a fitou com o cenho franzido, mas negou com a cabeça e se afastou. Com certeza, ele nunca ouviu falar da doença. E pneumonia devia ser confundida com tísica, devido a ser uma doença pulmonar. Mas, ela não iria tentar explicar isso a ele. Entrou dentro da carruagem, tirando a jaqueta jeans e sentia o frio enregelou até os ossos. Ela trincou os dentes, pelo frio, se abraçando e passando as mãos sobre os braços nus, tentando gerar calor pela fricção, mas de nada adiantou. Ela era idiota por ter ficado na chuva, mas não estava pensando direito. E se morresse ali, ninguém saberia disso. Nem seus amigos, ou sua irmã. Todos pensariam que ela estava bem. Que estava finalmente tendo seu felizes para sempre e não morrendo de hipotermia dentro de uma carruagem. Talvez, fosse esse seu destino. Morrer ali e sendo um peso a Frank, o cocheiro, e ao Sr. Dawson.

— Pobre Sr. Dawson – ela balançou a cabeça, ainda trincando os dentes.

Estava sob a chuva, sob o tempo ruim, apenas pela reputação dela. Pela sua maldita reputação. Tinha se esquecido de como aquele lugar tinha ideias estreitas em relação às mulheres. Ele ficaria ali, exposto ao tempo, e poderia contrair uma gripe, que iria se transformar em uma pneumonia, pois não seria tratada corretamente, então, por consequência, ele morreria. Tudo por causa da maldita reputação dela. Ela resolveu que não faria isso com ele. Levantou-se, decidida, abrindo a porta.

Não imaginava que um cavalheiro viria pela estrada, em plena chuva. Pela direção que estava, vinha de Londres. Sua capa esvoaçava e ele corria veloz. Até que foi diminuindo a velocidade, para um galope tranquilo. Então, parou ao lado do Sr. Dawson, que estava sob a copa da árvore. O cavalheiro misterioso conversava com ele e a chuva era forte, trazendo apenas fragmentos do que eles falavam.

— ...a carruagem atolou – ela pode ouvir.

Ela desceu da carruagem, afundando os pés na lama, mais uma vez. Então ouviu o cavalheiro dizer:

— Há uma estalagem perto daqui. Leve um dos cavalos. Eu a levarei comigo.

— Sim senhor.

Ela piscou algumas vezes, se aproximando mais. Com o que o Sr. Dawson estava concordando? Ela nem conhecia aquele estranho. Mas, seu coração começou a bater com força dentro do peito. A voz era semelhante à dele. A de Darcy.

Então, ele apeou com o cavalo. E ela pode ver claramente suas feições. O mesmo rosto quadrado. Sério. Ele não sorria ao vê-la. Nem Lizzy, tão pouco. Como ela poderia sorrir, em tais condições? Estava enlameada, encharcada, tremendo de frio e com raiva pela possibilidade de ele realmente estar se casando.

Por que ele iria se casar?, ela pensou, frustrada.

— Venha, pegue minha mão – ele estendeu a mão para ela.

Lizzy se recusava a fazer tal coisa. Preferia ir a pé. Não poderia ficar perto dele, não sabendo que ele estava noivo de outra mulher.

— Elizabeth? – ele a chamou, mais uma vez, ainda com a mão estendida para ela – Está frio. A senhorita está encharcada. Poderá ficar doente.

— E o Sr. Dawson? – ela perguntou. Afinal, ele estava também sob o tempo ruim. E ela queria tempo para distrai-lo. Iria para a hospedaria com o Sr. Dawson, ou a pé.

— Ele irá com o cavalo. Agora, suba, por favor.

Ele parecia impaciente. Suas faces estavam constritas. Com certeza, ela era um estorvo para ele. E, naquele instante, Lizzy estava se arrependendo de estar ali. Por que diabos escolheu voltar para um homem que nem sequer a amava? Por que escutou Alexander e voltou no tempo?

Ela tomou a mão dele, subindo no estribo, o qual ele liberou para que ela colocasse o pé. Ela usou a força dele para se içar para frente. Ele a ajudou a se ajeitar a sua frente, com as pernas para o lado e enlaçou pela cintura, enquanto a outra guiava o cavalo. Sentir o corpo dele colado as suas costas a deixou sem ar. E a forma como ele a puxava, com certa força, fora estranha. Talvez, ele não quisesse que ela caísse. E jurou escutar ele dizer que parecia estar sonhando. Mas, não tinha certeza. O barulho da chuva atrapalhava a comunicação entre os dois.

Lizzy mal conseguia raciocinar perto dele. Sua respiração densa tocava o ouvido dela e pinicava seu pescoço. Ela sentia suas pernas ficarem dormente. Ainda bem que estava sentada, ou teria caído, com toda certeza.

Ela não sabia quanto tempo passou sobre o lombo do cavalo. Sentia suas nádegas amortecidas e a forma como Darcy a abraçava estava a sufocando.

— Senhor, poderia afrouxar um pouco seu aperto? – ela pediu, em voz alta.

— Er...sim.

Mesmo assim ele não a soltou. Segurava-a com certo cuidado agora e ele não havia afastado seu corpo do dela, o que a deixava com os nervos a flor da pele. Seus pensamentos voaram longe, como um pássaro livre e só conseguia pensar que queria sentir seus lábios sobre os dela, seu corpo quente sobre o seu...tantos pensamentos que giravam em um torvelinho de emoções, que se viu suspirar.

— Está tudo bem? – ele perguntou, soprando a pergunta no ouvido dela.

Ela sentiu todo seu lado direito se arrepiar pelo toque aveludado da sua voz. Poderia estar chovendo, poderia estar frio, que congelava seus ossos, mas ele conseguia a manter aquecida, em chamas, apenas com seu toque e com sua voz.

— Sim – ela soprou a resposta, sentindo o coração palpitando.

— Se segure senhorita, vou forçar o cavalo a ir mais rápido.

Ela nem teve tempo de pensar sobre o que ele disse. Darcy atiçou o cavalo. Os galopes do animal pareciam engolir a estrada e a chuva açoitava seu rosto. Conforme tomavam terreno, a chuva se tornou mais fraca. Passaram pela estrada de chão, com arvoredos e campina ao lado, até que avistaram uma hospedaria. Ele parou o cavalo em frente e ajudou Lizzy a descer. Mas, não havia sinal do Sr. Dawson.

Lizzy se abraçou confusa. Não sabia o que fazer a seguir. Darcy facilitou as coisas, empurrando-a pela base da coluna, guiando ela para dentro da hospedaria.

— Por favor, preciso de um quarto para mim e minha...- ele olhou para Lizzy, com um ar desconcertado. Ela não sabia o que responder a ele, quanto a isso. Afinal, tudo terminou entre eles de forma forçada. Não fora escolha dela ir embora. Então, ele voltou seu olhar ao estalageiro – Minha esposa.

Ela sentiu o ar faltar, naquele momento. O que ele havia dito? Será que escutou direito?

— Sim, senhor – o homem a frente deles respondeu, de forma desinteressada. Era óbvio que não sabia quem Darcy era – Por quanto tempo?

— Apenas por hoje. Talvez, até amanhã cedo. Preciso de uma banheira com água quente, toalhas e se possível, roupas – ele pediu.

— Vou ver o que posso fazer quanto às roupas, senhor...?

— Darcy – ele respondeu.

— Sr. Darcy? – ele perguntou, boquiaberto – Irei providenciar tudo imediatamente, senhor.

Ele fez uma reverência a Darcy e subiu as escadas, rapidamente. Então, Darcy retirou a mão das costas dela. O que deixou ela um pouco insegura. Estava se sentindo protegida com a proximidade dele.

— O senhor é muito respeitado por aqui – Lizzy constatou.

— Sim – ele respondeu, de forma seca, sem olhar para ela.

Lizzy começou a se sentir desconfortável perto dele. Não sabia o que fazer. Como se portar. Apenas se abraçou com força, sentindo o frio ainda trincar seus dentes.

— Logo estaremos aquecidos – ele disse a fitando com algo diferente no olhar.

— Eu me preocupo com Frank e o Sr. Dawson – ela disse, desviando o olhar para a porta. A chuva se tornou uma garoa fina, mas o vento açoitava do lado de fora.

— Frank? Ele estava com vocês? – ele perguntou – Não o vi pela estrada.

— Ele estava seguindo o caminho para Derbyshire, a cavalo. Mas, ele deveria ter passado por aqui, não acha?

Ele anuiu com a cabeça. E os dois se fitaram, por longos instantes. Ela não sabia decifrar seu olhar. Ele parecia altivo. E cansado, também. Um pouco mais magro e não tão robusto como ela o conhecera. Perguntava-se se ele amava sua noiva e se seria feliz. Ela tinha inveja da mulher que havia conseguido seu coração.

Então, escutou passos. Olhou para o lado e viu o Sr. Dawson e Frank.

— Graças a Deus – ela disse a eles.

— Vamos voltar com alguns homens, para retirar a carruagem do atoleiro – O Sr. Dawson disse ao Sr. Darcy – Voltaremos em breve, Sr. Darcy.

— Mas, não é melhor esperar que a chuva pare? Vocês não vão conseguir tirar a carruagem debaixo dessa chuva. Além do mais, estão tremendo de frio – Lizzy protestou, gesticulando para as roupas ensopadas dos criados.

O Sr. Dawson olhou dela para seu amo, parecendo não saber o que fazer.

— Tudo bem, Sr. Dawson. Espere um pouco aqui dentro. O estalageiro está voltando e vocês podem se aquecer perto da lareira – o Sr. Darcy concedeu.

— Senhor, muito obrigado – o criado respondeu, com a voz incrédula.

Frank não dizia nada, também, abismado pela atitude benevolente de Darcy. Lizzy apenas sorriu para ele, que a fitou com os olhos estranhos. Ele não sorria. Ele parecia tenso, com o maxilar retesado. Então, o sorriso dela se esvaiu. O que havia de errado com ele? Será que estava bravo por ela interceder por seus criados? Se estava, ela não se importaria, mas não mesmo. Não poderia deixar que as pessoas fossem maltratadas e tratadas como escravas bem na sua frente. Ora essa!

Logo o estalageiro mostrou o quarto dela, em conjunto com o de Darcy e ele deu instruções para que seus criados pudessem usar uma saleta particular para se secar, que tivesse uma lareira. A expressão de descrença também ficou estampada no rosto do dono da hospedaria. Não era comum que um homem rico, nem a nobreza tratava seus criados com tanta deferência.

Lizzy entrou no quarto e Darcy usou a saleta separada para poder se trocar. O estalageiro, que se apresentou como Sr. Landon, emprestou roupas um pouco aquém do refinamento de Darcy, mas serviriam ao seu proposito e Darcy não parecia chateado com o fato de vestir roupas pouco elegantes. Lizzy, é claro, teve ajuda de uma camareira, que a auxiliou com o espartilho e estranhou o fato de Lizzy não estar usando um. Ela não respondeu nada sobre o assunto, apenas dando de ombros.

Depois que estava vestida e pelo menos, mais apresentável, ela estava para sair do quarto, para encontrar Darcy no salão onde serviam o almoço e jantar. Mas, antes de sair, escutou batidas na porta.

— Entre – ela convidou, trançando os cabelos úmidos.

A porta se abriu, revelando Darcy. Ele não entrou no recinto. Parecia receoso de estar ali. Fitou Lizzy de cima a baixo, com os olhos assombrados. Foi então que Lizzy notou o quanto ele parecia abatido e seu coração se condoeu. Não conseguia pensar que era por causa dela, afinal, com certeza ele tinha um casamento marcado com uma mulher que não era ela. Deveria estar triste por outro motivo. Com toda certeza.

— Sr. Darcy – ela cumprimentou, quebrando o silêncio entre eles.

— Srta. Elizabeth...eu...- Ele parecia perdido, confuso. Olhou em direção ao corredor, depois para ela – Posso entrar alguns instantes, para conversamos?

Ela anuiu com a cabeça. E sentiu suas pernas falharem. Pareciam ter a consistência de gelatina. Precisou se sentar na cama, pois mal conseguia ficar de pé. Sua pressão estava baixa, é claro. Não esperava que fosse ter alguma conversa a sós com ele e era normal que seu corpo reagisse assim.

Ele fechou a porta e depois dirigiu seu olhar a ela. Lizzy sentiu-se ruborizar, mas manteve seu olhar firme. Ela queria dizer tantas coisas a ele. Desejava tanto explicar o que aconteceu com ela. Mas, queria que ele desse o primeiro passo. Contudo, ele não disse absolutamente nada, por longos segundos.

— A senhorita...- Ele tentou falar. Parecia não encontrar as palavras que deveria dizer. Ela ficou expectante, esperando – Não sei o que houve, quatro meses atrás – E era o que ela gostaria de explicar. Gostaria de dizer a ele o motivo para ter desaparecido – Eu acreditei várias vezes que a senhorita foi um sonho meu, devido a como tudo se sucedeu. Até pensei que fosse uma fada – Ele riu, parecendo um pouco chateado. E isso a deixou em alerta. Então, ele fechou os olhos e os abriu, em seguida. Olhava para ela intensamente. Lizzy segurou os lençóis com força, tentando controlar a ansiedade que tomava seu ser. E se perguntava se não fora um erro voltar. Ele não parecia feliz com sua volta – Eu penso que estava sendo lubridiado, de alguma forma, mas não consigo explicar o motivo para a senhorita simplesmente sumir no ar. É algo tão...estranho. Passei meses procurando-a. Passei dias pensando que havia enlouquecido. E agora, a senhorita está diante de mim, como se nunca tivesse partido. Eu não compreendo isso. Não sei quem a senhorita é. E nem sei se posso confiar na senhorita.

Isso a feriu profundamente. Ouvi-lo dizer que ele duvidava dela a fez perder as esperanças quanto aos dois terem um futuro juntos. Já era de se esperar que não tivessem, caso ele já estivesse de casamento marcado.

— Acredite em mim, quando digo que nunca tentei engana-lo, ou lhe fazer algum mal. E se eu tentasse explicar o que acontece, não saberia dizer como. Mas, se o senhor não pode confiar em mim, eu irei embora – Ela se levantou da cama, tentando arranjar forças que não tinha, para passar por ele.

Mas, então, pode ver o olhar de pânico de Darcy. Ele segurou-a pelo cotovelo, olhando para ela de forma exasperada.

— Eu não pedi para você partir – ele disse de forma aguda – Eu não quero que vá.

— Como posso ficar se não confia em mim, Darcy? – ela rebateu, sentindo-se magoada. E perdida. Ele a tratou de forma tão ríspida e de repente, mudou sua atitude, confundindo-a. Afinal, o que de fato ele desejava?

— Eu sinto muito – ele pediu, sem solta-la. E seu olhar era tão triste. Ela podia ver o quanto ele parecia abatido. Até mesmo com a barba por fazer. Seus olhos vibrantes pareciam embaçados, como se ele estivesse suportando apenas estar vivo. Sobrevivendo, apenas. E isso partiu o coração de Lizzy. Ela não desejava que ele sofresse tanto – Eu apenas...não consigo entender...e preciso que me diga quem você é...e por que veio. E por que partiu, também. E ver você de volta me deixa inseguro. Desde que você partiu, Elizabeth, não sou mais o mesmo. E me pergunto se um dia eu serei novamente. Sou metade do homem que fui. E se você for embora mais uma vez, não sei se posso suportar. Eu não sei se consigo seguir adiante.

— Darcy...eu...me perdoe – ela pediu, levantando a mão para tocar seu rosto. Ele permitiu, fechando os olhos soltando um suspiro. E ela se comoveu por isso – Eu nunca quis partir. Eu juro a você. Jamais quis deixa-lo. Mas, precisei.

Ele tocou a mão dela, acariciando. Seu toque a queimava por dentro. Era uma sensação deliciosa, mas torturante, pois ela desejava muito mais dele. Muito mais que um mero toque de suas mãos.

— Então, você poderá partir mais uma vez? – A pergunta dele era em tom dolorido. Seus olhos a buscaram de forma intensa. Ele não parecia querer deixa-la partir. Até mesmo enlaçou sua cintura, puxando-a para si - Não posso deixar que você se vá, agora que está aqui comigo.

— Darcy, se acalme – ela pediu, com a voz suave, mas seu coração batia de forma rápida. Era uma miríade de sensações que ele provocava nela. Contudo, ela precisava se acalmar e explicar a ele que nunca iria embora. Que deixou seu mundo, apenas ficar ao lado dele – Vamos nos sentar e eu explico tudo a você. Mas, garanto a você que jamais vou partir novamente.

— Promete? – ele indagou inseguro, perscrutando-a com seu olhar intenso. Ela sorriu para ele, assentindo - Então, me permita fazer algo que quis fazer desde o instante que a vi na estrada.

— Eu permito qualquer coisa, desde que você fique calmo, Darcy – ela disse de bom humor. E rindo.

Ele sorriu para ela, parecendo rejuvenescer de repente. Era como se todo o peso que ele carregava saísse de seus ombros. Então, ele a fitou de forma apaixonada. E isso a deixou sem folego. Seus olhos desceram para os seus lábios. E ela já sabia o que ele faria a seguir.

— Eu farei algo que não me orgulho, Elizabeth. E peço que me perdoe, mas senti tanto sua falta.

Então, ele colocou sua boca a dela. Lizzy gemeu de prazer e escutou ele fazer o mesmo som em resposta. De repente, tudo ficou mais quente. Era como se ela tivesse sido mergulhada em brasa. As mãos dele tocavam seu corpo de forma frenética. Ela fazia o mesmo, tentando tirar sua camisa, sem nunca afastar seus lábios do dele. Finalmente ele estava lhe dando o que ela tanto desejava. Pois, o que ela mais desejava era ele. Por inteiro.

Darcy deixou que ela abrisse sua camisa e retirasse o colete que estava por cima. Então, a guiou para cama, sem nunca deixar de beija-la. Ela tombou para trás, sentando no colchão e ele empurrou para baixo, moldando seu corpo ao dela. Aquilo realmente era algo que ela não esperava esperando. Mas, pode sentir o quanto ele parecia implorar para estar perto dela. O quanto ele parecia implorar para senti-la, com o toque exigente de suas mãos.  E ela não negaria nada a ele. O amava tanto, que estava disposta a se entregar, sem ao menos ter a certeza de que ele a amava.

Então, tudo ser tornou uma confusão de roupas sendo tiradas, de tentativas mal sucedidas de retirar o espartilho de Lizzy. E a risada deles se misturava. Apenas havia um casal apaixonado naquele quarto e eles haviam se esquecido dos problemas, do lado de fora. Darcy parecia mais leve, sem sua eterna carranca. Sorria para ela, enquanto a beijava de forma carinhosa nos lábios. E de repente, não havia mais roupas para atrapalha-los.

Lizzy não pode ver como era seu corpo totalmente, devido a penumbra em que o quarto estava mergulhado. Mas, pelo tato, ela pode sentir sua pele lisa, com pelos na região do abdome e se surpreendeu por ter alguns gominhos. Ela estava adorando aquela sensação de toca-lo.

— Lizzy – ele sussurrou entre seus lábios – Me peça para parar ou eu não poderei fazer isso.

Ela riu baixinho, sentindo seu corpo sobre o dela. Estava em chamas. Ela sentira tanto frio ao retirar as roupas, mas ao sentir pele contra pele, era como se toda a temperatura do quarto tivesse aumentado.

— Eu não quer quero que você pare – ela pediu, entre beijos, descendo sua boca pelo maxilar dele, escutando seus suspiros – Não quero que você pense agora, Darcy.

— Ah, Lizzie – ele sussurrou, parecendo estar sendo torturado por ela – Eu amo você, tanto.

Ela sentiu todo seu corpo se contrair em resposta. Sua respiração acelerou e ela podia sentir seu coração bater com força dentro do peito.

— Eu também, Darcy. Eu também amo você. Nunca deixei de ama-lo – ela confessou.

Aquilo fora o suficiente para que Darcy se movesse para ela. Ele a penetrou, causando a sensação de dor e prazer ao mesmo tempo. Lizzy gemeu em resposta, prendendo a respiração. Sentiu ele se mover devagar, beijando todo seu rosto e pescoço. Ela entrelaçou suas pernas em volta dele, na intenção de puxa-lo mais contra ela, para que pudesse sentir cada parte dele sobre ela. A sensação que sentia era de estar mergulhando, sendo envolvida por ele e por seu calor. E cada vez que ele se movia sobre ela, aumentando o ritmo e buscando sua boca, enroscando sua língua na dela, Lizzy teve certeza de que estava no paraíso. Nunca em toda sua vida, sentiu-se completa com alguém. Nunca se sentiu tão amada naquele instante e tão plena. Ela tinha certeza de que poderia morrer feliz, conforme ele se movia sobre ela e sussurrava em seu ouvido o quanto a amava e o quanto sentira sua falta. Então, ela começou a atingir o clímax, sendo inunda por uma sensação de prazer intenso, que percorreu todo seu corpo, até as pontas dos seus pés. Pode escuta-lo arfar e com certeza, ele também atingiu o limite do seu prazer.

Ele desabou sobre ela, permanecendo imóvel e em silêncio. Ela respirava profusamente, assim como ele. E então, começou a rir, sentindo lágrimas inundarem seus olhos. Ela uma sensação de estar liberando cada tensão do seu corpo e de se sentir completa. Ela o amava tanto, que o abraçou com força, com as pernas e os braços. Ele a beijou no pescoço, acariciando seus cabelos.

— Nunca mais vá embora, Lizzie – ele pediu baixinho. A voz sofrida – Nunca mais me deixe.

— Nunca, Darcy. Eu nunca mais vou embora.

Então, o silêncio veio, mas nenhum dos dois separou-se um do outro. Era o reencontro que Lizzy desejava em toda sua vida e percebeu que Darcy era o homem que ela buscou, sempre que se relacionou com outros homens. E finalmente, ele estava ali com ela. E Lizzy tinha certeza que se tudo entre eles acabasse na próxima meia hora, ela estaria feliz apenas com a lembrança de que um dia ele pertencia a ela, assim como ela pertencia a ele. Seu coração, é claro, estava perdido para sempre e nunca, jamais iria amar um homem como o amava.


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