Lobo e o gato selvagem escrita por HumbleLittleFox


Capítulo 7
Capítulo 7 - A fuga pelos ares


Notas iniciais do capítulo

Olá, humildes leitores!
Devo dizer que Koito é um ótimo lutador e espadachim, por isso para mim esse capítulo foi algo empolgante de escrever, apesar de um desafio porque ação não é tão simples assim de narrar.
Por isso, comentem! Isso além de me incentivar e alegrar, me ajuda a saber se há algo em que posso melhorar. É muito saber o que meus queridos leitores estão achando da história!
Tenham uma boa leitura!



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A situação ficou complicada. Sugimoto percebeu a tensão de Yuki, e pensou que aquele homem deveria ser um dos subordinados de Tsurumi. Os três soldados se encaravam como se estivessem esperando o menor dos movimentos. Yuki lembrava dele, era o filho do Almirante Koito Heiji, um dos amigos próximos de Tsurumi. Então ela pensou em quais movimentos poderia fazer apesar da desvantagem numérica e se perguntou se Ogata realmente estava lá fora observando.

— Recebi uma ligação e ordens diretas para aguardar a chegada do Primeiro Tenente Tsurumi aqui em Asahikawa. – Koito disse, sorrindo com calma, sem tirar os olhos de Yuki. – E que ninguém poderia ver Shiraishi. Logo, Lobo Solitário, você não sairá assim daqui, muito menos com o prisioneiro.

— Acontece, Koito-dono, que Shiraishi deve ser levado imediatamente de volta para a prisão. – retrucou Yuki, imitando o sorriso calmo de Koito. – Ele já fugiu diversas vezes e isso é ruim para a imagem do império em tempos como agora… recebi ordens para escoltar Shiraishi… Não vejo necessidade de esperar pelo Primeiro Tenente. 

— Inudoooou… – Sugimoto disse com certa ansiedade, olhando para as costas de Yuki, depois para Shiraishi. Estava impressionado com a pressão que o ar parecia ter por causa de Koito e Yuki, isso o fazia recordar da guerra. 

Yuki não estava com sua katana, apenas com uma baioneta. Considerou que a rapidez do saque não era a mesma da famosa espada japonesa. Entretanto, ao refletir que mesmo que estivesse com a katana, seu saque seria lento tendo em vista que colocar a mão na bainha, em prontidão, em um momento como aquele era o mesmo que mostrar hostilidade, e isso seria ruim. Então analisou novamente a situação com cuidado, usando sua visão periférica para calcular a distância para a porta, da janela, e o tempo que levaria para atrasar uma investida de Koito enquanto Sugimoto pudesse arrastar Shiraishi para fora ou mesmo tentar matá-los. Contudo, quando levava em consideração as habilidades do homem à sua frente, tudo ficava mais complicado, isso, porque se tratava de alguém à sua altura. 

Sugimoto levou sorrateiramente uma das mãos às suas costas e pegou uma pistola que tinha escondido na cintura.  Shiraishi alternava o olhar tenso entre Yuki, Koito e Sugimoto. 

Yuki apertou o olhar de repente e se moveu um pouco para o lado.

Dois disparos.

Sugimoto caiu no chão para trás com o impacto do disparo em seu ombro esquerdo, soltando no chão sua arma. Yuki deu dois passos para trás e apoiou-se em um joelho, sentindo algo queimar em seu peito, perto das costelas, e então a sensação de um líquido quente escorrendo... Ela levantou a cabeça para fitar Koito, com um sorriso mostrando os dentes, admirada com a decisão dele em fazer a investida primeiro.

— De acordo com o Primeiro Tenente Tsurumi. – disse Koito ainda tranquilo, porém o olhar agora frio, encarando Yuki de cima. – Você foi visto pelo Sargento Tsukishima agindo junto com o desertor Ogata Hyakunosuke.

— Ah, é mesmo? – Yuki riu, o olhar intensidade feroz – Engraçado, pensei que Tsukishima só tinha olhos para o Tsurumi já que não sai de perto dele… Assim como todos vocês…Aquele maldito manipulador…

Koito fez uma leve careta, que sucedeu para uma expressão de surpresa quando Yuki avançou em uma velocidade impressionante. Sempre duvidou das histórias que ouviu sobre as habilidades do Lobo Solitário, mas que agora pareciam verídicas ao testemunhar com os próprios olhos. Em menos de um segundo ela já estava a uma braçada de distância. Koito ergueu a mão para defender, por pouco, o soco de esquerda de Yuki.

Yodogawa pegou a arma do chão e apontou para Shiraishi. Isso deixou todos alarmados, tanto Yuki e Sugimoto, quanto Koito. Ao longe, Ogata via tudo com muito interesse através dos binóculos, e franziu o cenho ao perder Yuki de vista.

— Isso é uma piada? – disse Yodogawa, transtornado com toda essa situação. – Nós deveríamos ter arrancado sua pele desde o começo!

— Calma, espera aí! – Shiraishi levantou as mãos algemadas de um jeito defensivo. 

— Por favor, não o mate! – Koito apressou-se em dizer, enquanto tentava empurrar Yuki para afastá-la. – Ou vou ser repreendido pelo Primeiro Tenente!

Mesmo assim Yodogawa disparou. Sugimoto deslizou rapidamente para frente de Shiraishi como um escudo humano, segurando uma cadeira, e foi atingido em seu lugar, a bala penetrando agora seu ombro direito. Então jogou a cadeira para quebrar a vidraça da janela.

— EU SOU SUGIMOTO, O IMORTAL! – Sugimoto gritou de repente para eles, furioso.

Sugimoto que puxou Shiraishi consigo para pular a janela. Tão rápido havia se aproximado, na mesma rapidez Yuki se afastava de Koito para seguir Sugimoto. Um dos homens de Yodogawa se aproximou da janela para persegui-los, mas foi atingido no ombro por um disparo vindo de fora.

— Por aqui, Shiraishi, os outros devem estar nos esperando com cavalos. – disse Sugimoto já correndo, sendo ultrapassado por Yuki que agora ia na frente.

— Caramba, você vai ficar bem, Sugimoto? – perguntou Shiraishi, preocupado ao ver o rosto de Sugimoto ficando pálido. 

Yuki suava e ofegava. “A bala atravessou… Ainda bem… Porém…” pensou enquanto corria, a mão esquerda onde foi atingida, numa tentativa de conter o sangramento. “Esse maldito do Koito usou um revólver .26...”

— Sugimoto, Hagiwara! Por aqui não! – avisou Ogata, que vinha chegando correndo, gesticulando com a mão para a outra direção. – Temos que ir para o sul, esse caminho! Por aqui há muitos soldados que ouviram e se alarmaram com os disparos! Logo ficará cheio!

— Ele foi atingido! – gritou Shiraishi, ajudando Sugimoto a correr.

— Você não é imortal? – disse Ogata para Sugimoto. – Então corra pela sua vida!

Yuki sorriu com o canto da boca enquanto corria, tentando disfarçar que estava tudo bem. Bastava que se preocupassem com Sugimoto. Não notaram ainda, por causa da cor de seu uniforme, que fora atingida também.

— Se minhas pernas falharem em correr… – Sugimoto disse, ofegante, para Shiraishi. – Shiraishi! Você deve levar Asirpa para… Abashiri…

— Que pessimismo é esse, Sugimoto? Você não gritou lá atrás que é imortal?– Yuki perguntou, olhando para trás, o olhar provocativo. – Você quem irá levá-la. 

Os olhos de Sugimoto se suavizaram e pareceu como se tivesse adquirido mais força, mas quando baixou um pouco o olhar e notou que o uniforme de Yuki parecia molhado com algo e então reparou na trilha de pingos vermelhos no chão…

— Hagiwara, você…

— O QUE RAIOS É ISSO? – Shiraishi gritou espantado.

Era um enorme dirigível branco, preso por cordas para não sair voando sozinho. Vários soldados estavam trabalhando ali, fazendo manutenção e verificando o status desse enorme balão voador. 

— Sem tempo para ficar admirado, precisamos roubar aquilo! – disse Yuki já correndo na direção do dirigível, que nada mais era que apenas um protótipo.

Yuki estava agora com a sua baioneta na mão, mas roubou outra, e Sugimoto roubou um rifle de um dos soldados que trabalhavam no dirigível. Shiraishi tratou de dar ordens a um para colocar esse enorme balão voador para funcionar, apressado, e que depois saísse para fora.

Quando o dirigível estava começando a alçar voo, os soldados tomaram coragem para tentar avançar contra o trio. Sabiam que não poderiam atirar. O balão se enchia com hidrogênio, logo, tudo entraria em chamas se alguém efetuasse um disparo sequer. Ogata e Sugimoto deram coronhadas nos soldados que tentavam subir, para soltarem e caírem. Yuki chutava uns e espetava outros com as baionetas, quando avistou Koito correndo.

— Heh…

O dirigível já estava a uns 3 metros do chão. Os soldados fazem pirâmide humana na vã tentativa de impedir que fugissem. Segundo Tenente Koito furtou o sabre de um dos soldados e simplesmente subiu correndo, como se seus colegas fossem uma escada. Ele pisou em seus ombros e cabeças, subindo até que, ao chegar no último que estava no topo, pisou na boina de sua cabeça para saltar na direção do dirigível.

Foi uma curiosa visão de Koito “nadando” no ar em grande esforço para alcançar o dirigível. E ele conseguiu.

— Me dê sua baioneta. – pediu Sugimoto para Ogata. – Eu vou dar um jeito nesse cara..

— Ele luta no estilo Jigen-ryu, Sugimoto. – informou Yuki, e tomou a frente para o combate, encarando Koito com um sorriso empolgado. – Estou contente que você conseguiu subir, Koito-san. Estava mesmo querendo terminar de tentar quebrar a sua cara.

— Você tomou dois tiros. – complementou Ogata para Sugimoto, entregando a baioneta. – Não vai dar jeito em ninguém nessas condições.

Koito reconheceu aquela voz e fechou a expressão imediatamente. 

— Ogata Hyakunosuke, seu filho da mãe…– disse com raiva, e começou a gritar muito rápido que não dava para entender nada (tipo Eminem).

— Está olhando pra onde? – perguntou Yuki enquanto surgia diante dos olhos de Koito tentando acertá-lo com a baioneta em sua barriga. Novamente por pouco ele não esquivava dessa estocada rápida e firme. Xingou mentalmente o quão surpreende era sua velocidade.

— Segundo Tenente Koito, nunca entendo uma palavra do que diz, senhor… – zombou Ogata, sorrindo. – Principalmente quando fica todo irritado e usa o dialeto de Satsuma.

Hagiwara girou o corpo para chutá-lo, mas Koito se curvou para trás para evitar o ataque e ergueu o sabre para o alto segurando com as duas mãos. Nessa hora, Sugimoto tomou a frente de Yuki, surpreendendo-a, e ergueu o rifle defensivamente.

— Não! Não tente bloquear!! – ela gritou, mas era tarde demais.

A força de Koito nessa investida era tamanha que o rifle de Sugimoto o atingiu na cabeça. Yuki avançou outra vez e chutou Koito na altura da cabeça, que defendeu com o braço. Koito revidou com o sabre em um movimento diagonal vindo de cima. Sua investida foi bloqueada pela baioneta de Yuki Ela sorria abertamente com aquele embate, encarando Otonoshin por cima de suas lâminas, ele com os dentes cerrados. Forçou e empurrou o sabre de Koito. Isso o fez perder um pouco do equilíbrio, e tentou se segurar na estrutura metálica do balão, contra-atacando com o sabre usando só um braço. Yuki defendeu ao aparar a lâmina com ambas as baionetas em X. Koito então a chutou para trás.

Foi nesse momento que Shiraishi surgiu de repente, saltando de cima dos ferros, passando por cima de Yuki e chutando Koito para fora do dirigível. Yuki de repente sentiu a visão escurecer e se apoiou com uma mão em uma barra da estrutura do dirigível. “Merda… Agora não…”. Ogata percebeu isso.

— Hahaha! Até depois, Koito! – riu Shiraishi.

— Shiraishi! – gritou Sugimoto ao ver o amigo cair para fora também. Porém Shiraishi tinha se amarrado com uma corda antes dessa ousada manobra contra Koito.

Ainda que estivesse salvo da queda, Shiraishi deu de cara nas folhas e galhos de uma árvore. Quando surgiu do outro lado, estava de cabeça para baixo com Asirpa em pé em cima dele, séria. Ela apoiava os pés nos braços enquanto segurava as coxas dele com as mãos, quase com a cara na bunda dele.

Agora que o perigo passou, podiam relaxar um pouco. Yuki estava sentada ao lado de Ogata que estava a mexer no rifle, ambos próximos do motor do dirigível, em uma parte com piso fixo e reto de madeira. Asirpa verificava os ferimentos de bala em Sugimoto, constatando que um o trespassou, mas o outro seria necessário extrair a bala depois.  Ogata olhou com o canto de olho para Yuki, vendo que ela ainda suava muito e sua respiração pesarosa que tentava disfarçar.

— Não acredito que vocês se colocaram em perigo apenas para me resgatar. – disse Shiraishi, com uma real cara descrente sobre isso. – Eu sou o Rei das Fugas, sabem. Teria conseguido fugir em algum momento.

— Todo mundo desistiu de você, Shiraishi. – Asirpa disse sem rodeios, tranquilamente. – Sugimoto foi o único que quis resgatar você. Depois disso, Hagiwara se voluntariou a ajudar.

— Eu sei que você será útil na infiltração de Abashiri, então decidi te resgatar porque confiava em você. – começou Sugimoto, olhando para Shiraishi. – Daí, eu lembrei daquele dia, quando vimos aquele estranho velho…

Shiraishi percebeu sobre o que ele falava e ficou paralisado de tensão. Yuki tinha o rosto baixo, os cabelos que lhe caíam na testa ocultando os olhos enquanto ouvia. Ogata terminava de mexer no rifle, inexpressivo. 

— Você esteve… Secretamente trabalhando com Hijikata, não esteve… Shiraishi? – Sugimoto perguntou, seu rosto sombrio. – Você tem passado informações sobre nós esse tempo todo… Espere, não pule, Shiraishi!

O Rei das Fugas já estava preparado para saltar do dirigível quando viu que Sugimoto mostrava uma das peles tatuadas que estava guardada consigo. Yuki sorriu quando viu essa cena, achando graça da situação. Ogata, por outro lado, permanecia calado.

— É a cópia das tatuagens de Henmi que você entregou para Ushiyama em Sapporo. Hijikata me mostrou, então verifiquei só para ter certeza e… é falsa.

O alívio tomou conta do rosto de Shiraishi que abriu um largo sorriso para o amigo. Yuki e Ogata permaneceram em silêncio. 

— Yeah! Isso mesmo! – disse Shiraishi, animado. – Não disse? Disse que apostaria tudo em vocês!

— Ainda bem que Ushiyama não está aqui. – comentou Asirpa. – Ele disse que iria destruir sua bunda com um especial e enorme sutu feito em Asahikawa.

— Nããoo!!


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
Será que nossa protagonista ficará bem? Yuki certamente gosta de uma boa luta, não é mesmo? Hehe
Espero que tenham gostado. Curtam e comentem e mostrem a mais pessoas essa fanfic! Fará esta escritora feliz e está incentivando muito! Escrevo por diversão, mas sempre é uma maravilha saber se estão se divertindo também ao ler.
Até o próximo capítulo, pessoal! Até quinta!
Fiquem bem!



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