Sexta-feira, depois da escola…

— O Sasuke endoidou de vez — disse Naruto assim que se sentou ao lado de Hinata no agora ponto de encontro deles: a lanchonete do Jiraya.

— Por que você tá dizendo isso? — Sakura perguntou sem entender nada, ela estava lendo um livro do Stephen King, enquanto Hinata lia um livro sobre fadas na cadeira de frente para ela.

— Ele quer quebrar o recorde do pai dele! — Naruto as informou.

— Ele disse isso? — Ino perguntou surpresa ao se aproximar da mesa.

Ino tinha começado a trabalhar na lanchonete do Jiraya recentemente. Agora que não treinava mais para a natação queria manter a cabeça ocupada com alguma coisa e achou uma boa ideia começar a trabalhar. Sakura a chamou de louca, quem iria querer trabalhar quando não precisava?

— Ele me ofereceu dinheiro para acompanhar ele! Quer que eu grave e tudo o mais — Naruto as informou. 

— Mas tem um problema nisso tudo — Hinata apontou. – Você não gosta do Sasuke.

 - Eu posso até não gostar, mas ele me ofereceu uma boa grana, além da câmera de filmagem dele – Naruto deu de ombros.

— Aquela cara? – Hinata perguntou surpresa. 

— Sim – Naruto afirmou incrédulo.

— Ele endoidou mesmo — concordou Hinata colocando um marcador na página em que parou.

— Por que ele decidiu fazer isso agora? — Ino questionou.

— Parece que ele brigou com o irmão dele ou algo assim, Suigetsu disse que o Itachi desafiou Sasuke a quebrar o recorde do pai deles — Naruto explicou.

— Que recorde é esse? — Sakura perguntou confusa.

Ino apontou para a prancha de surf em destaque atrás do balcão da lanchonete:

— De wind surf, aquela prancha pertence ao senhor Uchiha, o pai do Sasuke é conhecido como um herói por ter contornado a Ilha Mako e retornado em tempo recorde — explicou.

— E daí? — Sakura a instigou a continuar.

— O recorde permaneceu por vinte anos. Tá no Guiness Book — disse Ino.

Aquilo deixou Sakura surpresa. Record no Guiness Book? Aquilo não era pouca coisa.

— É, o meu pai é herói, blá blá blá, grande coisa — disse Sasuke ao se aproximar da mesa em que eles estavam e ouvindo a última parte.

— Não sabia que o seu pai era um herói — disse Sakura chamando a atenção de Sasuke. — Você deve ser uma grande decepção para ele — sorriu em provocação.

Sasuke fechou a expressão com uma profunda frieza.

— Não mais do que você deve ser para os seus — retrucou ele. — Você está pronto ou não? — perguntou para Naruto, ignorando as meninas.

— Eu vou num minuto — Naruto respondeu. — Você não devia ter falado isso para ele — avisou para Sakura assim que Sasuke saiu da lanchonete.

— Por que não? — ela questionou ainda sentindo o peso das palavras de Sasuke. Percebeu que havia ido longe demais na provocação.

— Eu sei que todos nós achamos o Sasuke um babaca, mas, vai por mim, o irmão dele é bem pior — disse Naruto se levantando.

— Isso é verdade — acrescentou Ino. – Meu pai e o senhor Uchiha são amigos, então eu meio que cresci com eles, o Itachi saber ser terrível quando quer – fez uma careta.

— Eu tenho que ir, vejo vocês depois — Naruto se despediu delas.

— Toma cuidado — Hinata pediu.

— Quem vai tentar quebrar um recorde não sou eu — Naruto brincou.

. . .

Naruto entendeu porque Sasuke o estava pagando para o ajudar, Suigetsu ia junto e Naruto sabia que o garoto não era lá de muita confiança.

O tempo não estava dos melhores, parecia que uma tempestade estava chegando.

— Você tem certeza disso, Sasuke? — Naruto tentou o dissuadir. — Ainda dá tempo de desistir.

— Desistir não tá no meu vocabulário — Sasuke respondeu sem se incomodar, estava se preparando.

— A câmera tá pronta — avisou Suigetsu.

Eles tinham colocado uma câmera bluetooth presa à prancha que Sasuke usaria para que gravasse todo o percurso.

— Bom, nesse caso leva isso — Naruto estendeu um fone para Sasuke.

— O que é isso? — Sasuke estranhou.

— Um comunicador — Naruto explicou –, pro caso de acontecer alguma coisa — deu de ombros.

— Não vai acontecer nada — Sasuke revirou os olhos, mas pegou o fone o colocando no ouvido. — Eu tô preparado.

. . .

Segunda-feira, escola…

— Socorro! Tubarão!

A filmagem foi colocada em plena sala de aula para que todos pudessem ver.

E todos estavam vendo... e rindo.

Naruto até tentou, mas não conseguiu controlar o riso. Com um amigo como Suigetsu, quem é que precisava de inimigos?

— Você acha isso engraçado? — Sakura sussurrou incomodada para Naruto.

— O público é quem decide — Naruto deu de ombros. — Sasuke se assustou à toa, não tinha tubarão nenhum lá quando Suigetsu e eu chegamos para buscá-lo.

— Eu tava lá Naruto — disse Sakura. – Quem você acha que espantou os tubarões que iam comer ele vivo? — perguntou retoricamente. — O Sasuke não tava fingindo.

Naruto empalideceu com a informação.

Se Sakura o salvou, então Sasuke teve mesmo muita sorte.

. . .

Intervalo entre as aulas…

— Foi mal Sasuke, eu não devia ter deixado o Suigetsu mexer na câmera — Naruto tentou se desculpar. – Não vi que ele tirou a memória. 

— Ah, agora você acredita que eu vi tubarões? – Sasuke se virou para o garoto, de modo autoritário.

Naruto sentiu a garganta coçar, não podia contar para ele que uma sereia tinha o salvado. 

— É claro que você viu um tubarão, a Ilha Mako é rodeada deles, você deu sorte de não ter sido pego por nenhum – o loiro deu de ombros.

— Eles estavam perto de mim, como eu estou perto de você agora, eu senti eles encostarem em mim – Naruto engoliu em seco com a intensidade do olhar do garoto. – Então uma coisa estranha aconteceu, um monte de bolhas de ar quente me rodearam e… – Sasuke divagou.

— Você deu sorte – Naruto afirmou mais uma vez ao reconhecer o poder de Sakura.

— Quer saber? Esquece isso – disse Sasuke antes de se afastar e ir em direção ao terraço da escola.

Sasuke ficou surpreso ao encontrar Sakura lá, encostada nas grades de proteção, o cabelo rosa preso em duas tranças, ela tinha um sanduíche nas mãos.

— Então é aqui que você se esconde? – ele perguntou ao se aproximar dela. – Cadê suas amigas? 

Sakura nem se incomodou em responder.

— Eu já tô indo – ele a informou, entendendo que ela não queria papo com ele, como sempre. 

— Pode ficar – ela disse. – Eu não me importo – e deu mais uma mordida no sanduíche que estava quase no fim.

Sasuke se colocou ao lado dela e seguiu a direção do olhar dela para o horizonte, para a Ilha Mako.

Ficaram em silêncio por um tempo.

— Foi corajoso — Sakura o elogiou depois que terminou de comer o sanduíche, o papel que embalava indo parar em um dos bolsos na parte de trás do short jeans. Aquele dia estava quente, como na maioria dos dias que acometiam a cidade litorânea.

— Qual é? Tá tirando onda com a minha cara? — Sasuke não acreditou nela.

— Não, tô falando sério — Sakura apoiou os dois cotovelos nas grades. — Não é preciso morar aqui há muito tempo para saber que a Ilha Mako é cercada de tubarões — ela comentou. — Foi corajoso — ela o elogiou novamente.

Sasuke se virou para ela, observando o semblante dela voltado para o mar.

— Você é a única a achar isso — ele comentou, secretamente aliviado ao ver que ela estava falando a verdade.

Sakura deu de ombros.

— Foi mal ter falado sobre você ser uma decepção pro seu pai antes, foi escroto da minha parte — ela se desculpou.

Sasuke voltou o corpo completamente para ela e se aproximou, ficando a um passo dela. 

— Eu também falei merda, então estamos quites — ele deu de ombros.

Sakura se virou surpresa para ele, percebendo que estavam mais pertos do que parecia um do outro.

— Vamos continuar a fingir que aquele dia não aconteceu? — ele murmurou encarando os olhos verdes dela. — Que aquele beijo não aconteceu?

— Que dia? — ela sorriu se fazendo de sonsa e se afastou dele, indo em direção às escadas. 

Sasuke bagunçou os cabelos, um pouco frustrado, aquela garota o deixava louco.