Déjà-rêvé escrita por LyraCassie Star


Capítulo 3
Cap 3




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Estava escuro. Ele não conseguia enxergar nada a seu redor. Havia água no chão. Seu reflexo era visível na pouca luz do ambiente. Ele estava com frio. Seus olhos castanhos examinaram seu arredor procurando um caminho ou mesmo uma saída. Não havia nada ao redor. Nem sequer uma luz.

“Olá.” Sua voz ecoou profundamente, voltando para si mesmo, como uma zombaria em toda a escuridão.

Ele começou a caminhar em frente, esperando encontrar alguma coisa, uma luz, uma saída. Os minutos pareciam se tornarem horas e então os passos se tornaram uma corrida. Seu folego tomado por medo. Sua respiração ofegante aparecendo em rajadas e nuvens brancas.

Ele caiu de joelhos no chão, apoiando as mãos na água, respirando pesadamente de cansaço e medo. Seus braços e pernas tremiam pelo esforço. Olhando para seu reflexo na água, viu seus olhos, um castanho e outro cinza, olhando de volta para si mesmo. A cicatriz em seu rosto desfigurado, uma lembrança constante do que foi tirado dele. Seu medo se tornou raiva, e em um surto ele socou seu próprio reflexo no chão, agitando a água ao seu redor gritando em plenos pulmões sua raiva.

Logo sua respiração se acalmou e ele abriu os olhos, sem ter notado quando ele os fechou. Ele olhou novamente para seu reflexo, mas assim que focou sua visão novamente notou uma sombra no canto de seus olhos. Mesmo antes de se mover ele foi pego por trás. Uma mão segurando sua garganta enquanto a outra o levantava pela cintura. Seja o que for que o segurava estava frio, muito frio. Como farpas de gelo queimando sua pele.

Ele começou a se debater e a gritar, tentando se soltar. Sua magia se agitou dentro de seu corpo, tentando sair inutilmente. Ele sentiu uma respiração em seu pescoço, subindo para sua orelha. A coisa o estava cheirando.

“Relaxe meu pequeno.” Disse com uma voz suave. Havia uma cadencia sedutora, como chocolate amargo derretendo em sua língua e por um momento ele congelou.

“Isso mesmo, meu pequeno, relaxe. Eu não vou te machucar” aquilo disse em seu ouvido, como um pai tentando acalmar seu filho.

De repente ele sentiu seus dedos passarem por sua cintura e subirem por baixo de sua camisa, tocando sua barriga e então a queimadura de frio triplicou. Era extremamente doloroso e ele não conseguiu segurar o grito que cresceu em sua garganta.

Sua luta dobrou de força, se debatendo tentando se soltar, implorando por ajuda, pedindo para ser solto e em algum momento implorando por misericórdia. A dor estava subindo por seu peito, se alastrando. O frio cortante, como água deslizando por seu corpo, subindo por seu pescoço em direção ao seu rosto.

“Vamos, você é forte, você pode lidar com isso.” disse a voz em seu ouvido. “Vamos Harrisson, me deixe entrar, você sabe que é meu, me deixe entrar.” Aquilo disse novamente, com uma emoção na voz que ele não conseguia identificar. Naquele momento o frio alcançou seu rosto em direção a sua boca. Ele fechou por instinto, mas a dor o fez abrir novamente, sentindo todo o frio de seu corpo descer por sua garganta.

Ele foi solto de forma brusca, batendo no chão coberto de água. A vontade de vomitar assaltou seu corpo, fazendo seu estomago revoltar completamente.

“Shhhh.... Vai passar. Você fez bem Liten Helt.” Uma mão quente passava por suas costas em um fantasma de conforto. “Agora acorde Harrisson. Vamos. Acorde. Acorde. Acorde. ACORDE.”

Ele acordou em um sobressalto, respirando com força, sentindo como se estivesse se afogando, seus pulmões lutando por ar, como se não tivessem o suficiente disso.

Ele estava em seu quarto, em sua cama. A manhã já estava clareando lá fora e ele podia ver perfeitamente seu quarto. Sua mesa, com seus livros no canto, as cortinas azuis claras balançando com uma brisa. O guarda roupas de madeira escura na parede ao lado de sua cama. O espelho no canto, coberto por um lençol branco. Sua lâmpada magica ao lado da cama, presente de seu padrinho Sirius. A pequena estante no canto perto da porta, com seus livros favoritos e alguns objetos que ele havia recebido de presente em seus aniversários.

Harrisson Potter fechou os olhos e respirou fundo tentando se acalmar. Foi apenas um pesadelo. Um aterrorizante, mas apenas um sonho.

“Você está bem pequena Raposa?” uma voz em sua janela perguntou. Ele abriu os olhos apressadamente com o som inesperado no ambiente. Harrisson olhou para a janela e viu a figura envolta em mantos cinza, com a parte da frente aberta e uma camisa branca com a gola e dois botões abertos, exibindo seu pescoço e parte de seu peito, com algumas tatuagens delineadas lindamente subindo até seu pescoço. Mas o que mais chamava atenção era a máscara prateada com uma lua e estrela desenhadas em dourado brilhante. Era como olhar para uma figura de um de seus livros.

“Eu estou bem Rio.” Ele disse com um suspiro. “Sabe, sempre me disseram que amigos imaginários desapareciam com o tempo. Só posso aplaudir sua persistência.” Harrisson disse com um sorriso dolorido em seu rosto.

“Sabe pequena raposa, devo dizer, você me nomeou Rionnag, o que por sinal devo reclamar, já que um nome deveria ser simples e fácil de pronunciar, mas mesmo sendo tão complicado, você ainda insiste em mutilar horrivelmente o nome que você mesmo me deu.” Disse o recém nomeado Rio, descendo da janela e caminhando em direção a cama de Harrisson.

Rio estava com ele desde os cinco anos. Harrisson sempre se sentiu sozinho. Seus pais estavam em constante raiva ou tristeza desde que seu irmão foi levado.

Thiago havia entrado em um frenesi depois do ataque. Ele estava constantemente liderando equipes de busca entre os aurores em busca de seu filho perdido, realizando buscas em casas de comensais da morte conhecidos, algumas dessas ‘buscas’ resultando na morte dos referidos comensais. Sua procura infrutífera se tornou motivo de raiva constante, sentindo todos os dias o próprio fracasso pesando.

Lilian por outro lado se isolou, seu corpo foi curado de seus ferimentos mais graves naquela semana do ataque, mas sua magia estava instável. Seu corpo sofreu com a exposição prolongada a varias maldições escuras e ainda haviam tremores em seu corpo.

Ela mal saia de casa e cuidava de Harrisson o quanto podia, até seu corpo se exaustar. Na idade de seis Harrisson passou a cuidar de sua mãe, sabendo que ela precisava de ajuda. Seu pai quase não estava em casa e quando estava ele e sua mãe quase não conversavam, principalmente quando Thiago voltava de uma ‘busca’ que não tinha resultados. Faziam doze anos. Doze anos e nenhum sinal de Adrian, nada. Nem mesmo um resgate ou alguém enviando o corpo da criança de volta para seus pais para se regozijar de ter eliminado uma das ameaças a você-Sabe-quem. Era enfurecedor e ao mesmo tempo desesperador como uma criança havia desaparecido completamente sem deixar rastros para trás. Harrison sabia de histórias que seu padrinho Sirius e o amigo dele Remus haviam tentado uma ultima alternativa com magia de sangue, tentando localizar Adrian através de seu sangue. Nada havia sido encontrado. A alternativa era que Adrian estava morto. Eles disseram isso a Thiago, mas ele não aceitou, ele gritou por vários minutos, se recusando a acreditar. Lilian desistiu naquele momento. Ela desistiu de ter seu filho de volta. Nem mesmo seu tio Severus podia mudar a situação. Ela havia desistido, se mantendo com pura dor e pesar.

Rio estava agora do lado da cama do adolescente de treze anos, seu rosto coberto pela mascara estava voltado em sua direção, mas era impossível saber o que ele estava pensando naquele momento.

“Feliz aniversário Harrisson” Rio disse depois de alguns minutos de silencio. Sua voz suave, como uma brisa acalmando os nervos do adolescente. Ele havia se esquecido que dia era, não era seu dia favorito. Na verdade, ele normalmente fingia que era um dia como outro qualquer. Seus pais lhe desejavam feliz aniversario e ele normalmente ganhava alguns bons presentes de sua família, de sua melhor amiga Hermione e de algumas pessoas estranhas que o veneravam por algum motivo fodido.

Desde aquela noite, as pessoas foram informadas do que havia acontecido e de alguma forma a ‘teoria’ de Dumbledore sobre os acontecimentos entre ele e você-sabe-quem saíram para a imprensa, fazendo o publico em geral o considerar um herói. Um titulo de merda que ele odiava com a paixão de cinco sois. Ele perdeu sua família naquele dia. Seu irmão gêmeo, sua outra metade da alma foi levada e seus pais foram tirados dele de certa forma, eles nunca foram os mesmos. Eles eram uma família disfuncional, sem amor real. E ele odiava Voldemort por isso. Ele odiava seus comensais, mas ele principalmente odiava a população britânica, que se regozijava e se deleitava com a derrota do lorde das trevas naquela noite enquanto todos eles sofriam.

Ele odiava que todos o considerassem seu herói, seu escolhido para proteger a todos, um maldito garoto de quatorze anos tem que proteger toda uma população. Malditas ovelhas.

Um toque de dedos enluvados erguendo seu queixo tirou sua atenção de seus pensamentos raivosos. Ele olhou para cima e viu Rio sentado em sua cama, seu corpo bem próximo dele. Ele podia sentir o ar entre eles parado por alguns segundos ate que Harrisson se lembrou como respirar devidamente. Ele olhou para Rio, reparando em seus cachos negros presos longe de seu rosto por duas tranças na lateral de sua cabeça, feitas com fitas prateadas e pequenas contas brilhantes parecendo pequenas estrelas em um céu escuro. Outras pequenas fitas estavam enroladas entre seus fios, mas eram tão finas que quase desapareciam.

Harrisson piscou os olhos após alguns segundos e então afastou o rosto de Rio. Ele estava cansado. Seu sono tinha sido interrompido, seus olhos estavam doendo e seu estomago estava levemente incomodado com tudo o que estava acontecendo nesse momento.

Ele apertou as palmas das mãos em seus olhos tentando aliviar um pouco a dor que estava se formando. Seu olho esquerdo nunca foi bom. Ele enxergava precariamente com aquele. Foram varias tentativas de concertar sua vista, sejam por medi bruxos, poções que Severus fez para ele, mas nada curou completamente, assim como a cicatriz que descia de sua testa ate parte de sua bochecha nunca havia desaparecido. Ele odiava aquela parte de seu rosto. Seu olho apesar de ainda funcionar, fazia com que ele enxergasse sombras por toda parte. Ele decididamente evitava sair sozinho em horários mais escuros, já que sua visão estava parcialmente comprometida.

Um par de mãos puxou as suas de seu rosto e segurou suas mãos firmes. Rio o estava segurando. Ele sabia não perguntar o que estava aborrecendo Harrisson. Ele sabia, ele fazia parte de sua mente, mas isso não quer dizer que ele não ofereça o conforto que o menino tanto precisava. Rio sempre foi uma constante. Mesmo não sendo real, ele sempre era o conforto de Harrisson. Seu peito firme sempre foi o local de descanso de Harrisson, seu ponto de conforto, pra onde ele sempre ia quando sentia que era tudo demais. E Rio nunca pedia explicações, ele apenas estendia os braços e o segurava. Seu corpo quente sendo um aterramento para a mente. A que ponto um adolescente tem que ir pra ter que buscar conforto em um amigo imaginário ao invés do mundo real.

“Deite pequena raposa. Ainda é muito cedo” Rio disse puxando Harrisson para de baixo das cobertas novamente. “Eu vou ficar com você até que você diga o contrário.” Ele sussurrou no ouvido de Harrisson enquanto o envolvia em seus braços, lhe dando o conforto que ele precisava desesperadamente.

“Eu estou com você Liten Helt. Agora e para sempre. Você é meu.” Foi a ultima coisa que ele ouviu distante como um sussurro antes de dormir novamente.

“Jovem mestre Potter deve acordar, Tappy deve chamar jovem mestre para o café da manhã.” Foi com o que acordou Harrisson dessa vez.

Ele abriu os olhos e viu Tappy, a Elfa domestica de sua mãe pulando em sua cama para acorda-lo. Ela era uma pequena enérgica que sempre cuidou dele quando ele precisava.

“Mhhhhh, Tappy, não quero levantar, ainda estou com sono.” Harrisson resmungou cobrindo seu rosto com o travesseiro.

Tappy estalou os dedos e toda a roupa de cama desapareceu, até mesmo seus travesseiros. Harrisson soltou um pequeno gritinho com o frio repentino em seu corpo.

“Jovem mestre deve se levantar e se arrumar para o café da manhã especial com o senhor e a senhora. Tappy tem permissão para molhar jovem mestre se não se levantar.” Tappy disse com um olhar que envergonharia qualquer mãe severa.

Harrisson sabia não desafiar a pequena criatura. Ele já tomou banhos gelados na cama antes. Não obrigado.

Ele se levantou e foi em direção ao banheiro se arrumar, não adiantava ficar protelando.

Depois de usar o banheiro ele voltou para o quarto para encontrar algumas roupas em sua cama. Uma camisa de botão azul suave e uma calça preta estavam em ordem. Ele se vestiu rapidamente, arrumando seus cachos castanhos bagunçados o melhor que podia. Ele havia deixado crescer um pouco para ser melhor administrável do que o ninho de pássaros que costumava ser quando seu pai o levava para cortar curto como ele costumava fazer. Depois de pronto ele pegou um pequeno frasco que estava em sua mesa e apertou o conta gotas para pegar o liquido esbranquiçado e pingar em seus olhos. Seu tio Severus havia desenvolvido uma poção que ele chamava de “lux” que ajudava a manter a claridade em sua vista, ajudando a enxergar.  Ele pingou exatas três gotas em cada olho e sentiu alivio ao começar a fazer efeito. Era um mega colírio na opinião dele.

 Seu telefone estava na mesa de cabeceira, a tela acesa por um instante, mostrando uma notificação. Isso era algo que havia mudado no mundo bruxo. A alguns anos atras, um bruxo intitulado Lorde Gray reivindicou o titulo no mundo bruxo, assim como alguns títulos importantes como Emyris, vindo do próprio Merlin. Foi um alvoroço completo, principalmente por que o referido bruxo nunca apareceu em público, ele simplesmente reivindicou seus títulos e começou a comprar parte do Beco Diagonal, assim como a Travessa do tranco. Foi um escândalo quando o próprio beco escuro foi quase totalmente comprado e então estava sendo seriamente reformado. O Ministério queria intervir, querendo saber o que exatamente um bruxo desconhecido queria com um lugar que era abrigo de tantas coisas indevidas, mas pelo que se sabe, os advogados, assim como representantes do dito Lorde caíram em peso sobre o Ministério, afirmando que como o próprio beco era formado por propriedades privadas que foram legalmente vendidas e documentadas, assim como várias outras no próprio beco diagonal, o Ministério não poderia intervir na reforma e realocação de suas lojas.

Foram muitos dias de debate, até que eles tiveram que ceder, sabendo que tudo estava de acordo com a lei. O próprio ministro não ficou muito satisfeito com tal ação, já que ele não tinha controle sobre o que estava acontecendo no local.

De alguma forma, um beco que foi mantido o mesmo desde o século quinze foi de repente modernizado, e caramba que choque foi. Os puros-sangues estavam protestando em peso sobre isso, mas como se protesta contra alguém com poder e dinheiro suficientes pra comprar um beco inteiro, reformar e logo após trazer novas lojas para dentro?

Mas depois disso tudo feito, muitas coisas aconteceram, entre elas, foi a apresentação da tecnologia para bruxos e bruxas que ainda usam vestes. Quer dizer, como se apresenta um celular, computador e a internet a homens e mulheres que pensam que os trouxas ainda vivem na era das trevas. Foi um choque cultural enorme. A graça salvadora foram os poucos meio sangues que trabalhavam no ministério que puderam não apenas explicar a funcionalidade de tal tecnologia, como a necessidade de adaptação, já que os trouxas estavam evoluindo muito rapidamente sua tecnologia e o risco de descobrirem sobre o mundo bruxo era avassalador. Os nascidos trouxas como Hermione caíram como patos na água, com a novidade, afinal tecnologia normalmente não se misturava com magia. Mas algum segredo comercial fez com que eles não apenas tivessem sucesso, mas adaptassem quase toda tecnologia para funcionar com magia.

Harrisson pegou seu celular, pensando em responder assim que possível e desceu as escadas da mansão para a sala de jantar. Isso era outra mudança que eles haviam feito.

Godrics Hollow estava abandonada após aquela noite. Eles haviam se mudado para o Potter Cottage na Escócia a alguns anos. As alas eram muito mais fortes e pouquíssimas pessoas sabiam onde ficava para poder chegar perto. Seu pai era paranoico assim. Sua madrinha Alice Longbottom era uma das que visitava frequentemente. Após o ataque a sua casa, a casa de sua madrinha foi alvejada da mesma forma. Eles foram torturados, mas graças a precaução que Frank havia tomado após os Potter os aurores, Thiago e Sirius entre eles, foram avisados da invasão na mansão, podendo agir rapidamente, evitando o pior cenário. Nenhuma criança iria sofrer novamente se dependesse deles.

Harrisson saiu de seus pensamentos ao chegar à sala de jantar informal. Era uma sala pequena com uma mesa de tamanho suficiente para no máximo seis pessoas. Sua mãe estava sentada comendo lentamente, parecendo cansada e seu pai estava com uma xicara de chá na mão e o jornal na outra parecendo distraído no momento. Quando ele se aproximou da mesa os dois olharam para cima e sorriram para o garoto. Ele estava crescendo rapidamente, se tornando um jovem muito bonito, apesar de sua total insegurança.

“Bom dia aniversariante, hoje vamos ter um dia especial não é mesmo?” Thiago estava dizendo enquanto sorria para o rapaz.

“Bom dia meu amor, feliz aniversário. “Lilian disse, sua voz suave e um pequeno sorriso no rosto em saudação a seu filho, seu pequeno bebe estava crescendo.

“Obrigado mãe, pai. “Harrisson disse calmamente. “Mas acho que hoje é um dia como qualquer outro.” Ele disse enquanto se sentava e começava a se servir de um pouco de ovos e torrada. Seu chá já na xicara que ele usaria.

O sorriso de seus pais diminuiu levemente com o comentário, mas não desapareceu completamente.

“Hoje é um dia especial sim Harrisson, não é todo dia que um rapaz e seu irmão fazem quatorze anos.” Thiago disse tomando um gole de seu chá. “Você recebeu alguns presentes e algumas cartas também e Almofadinhas disse que viria mais tarde com Remy para darem o seu presente e trazer um bolo para você.” Ele disse animadamente.

Harrisson congelou e olhos brevemente para sua mãe. O comentário sobre seu irmão pode ter sido espontâneo e inocente, mas ele sabe como sua mãe iria reagir e ele estava tendo esperando.

“Thiago, hoje é aniversario de Harrisson, apenas de Harrison.” Ela disse em um sussurro dolorido.

“Lilian, eu sei de quem é aniversario hoje, eu me lembro de meus próprios filhos.” Thiago disse limpando a boca com um guardanapo quando terminava de comer.

“Filho, temos apenas um filho.” Ela disse tensa.

“EU SEI!” Thiago gritou batendo o punho na mesa. “Você acha que eu não sei disso. Eu venho para casa todos os dias e contemplo meu fracasso todos os dias.” Ele disse raivosamente.

“Todos os dias eu olho para o rosto de Harrisson e me lembro do meu próprio fracasso. Todos os dias eu tenho que ver a imagem do meu filho perdido olhando nos meus olhos e eu não posso fazer nada sobre isso, por que eu o perdi e a culpa é minha.” Ele disse se levantando da mesa e saindo da sala.

Lilian e Harrisson ficaram por um momento olhando para a cadeira vazia até que ela se levantasse também e saísse da sala, deixando um adolescente sozinho e angustiado sentado na cadeira com lagrimas escorrendo pelo rosto pela dor da perda.

Harrisson se levantou e foi para seu quarto trancando magicamente a porta e se jogando na cama. Só então ele permitiu os soluços saírem de sua garganta. Ele se sentia miserável, ele estava cansado de tudo.

“Shhhhhhh pequena raposa.” Ele sentiu um par de braços quentes se enrolarem em volta de seu corpo e o apertarem contra um peito firme. Suas costas recebendo todo o calor e carinho que o homem imaginário podia dar a ele. Harrison se virou e enfiou o rosto no pescoço de Rio, se encolhendo totalmente no corpo do homem. Rio por sua vez o puxou completamente para si mesmo. Seus corpos estavam tão entrelaçados que era difícil dizer onde um começava e o outro terminava.

“Vai ficar tudo bem pequena raposa, vai melhorar, eu prometo” Rio sussurrou em seu ouvido enquanto passava os dedos pelos cabelos castanhos avermelhados do menino.

Harrisson continuou chorando até cansar, se perguntando quando ele finalmente estaria livre dessa dor.

Rio continuou ali passando os dedos pelos cachos, até que Harrisson pegou no sono por puro cansaço. Sua mascara foi brevemente removida e olhos Turquesa olharam para o menino em seus braços. Rio desceu seu rosto ate que seus narizes se tocassem e respirou fundo sentindo o cheiro do menino adormecido. Sua dor o fazia querer queimar a casa com seus habitantes dentro e levar o menino enquanto ouvia os gritos dos outros habitantes em agonia.

Não era a hora certa ainda. O menino já era seu, ele já era parte dele, agora ele só precisava vir ate ele de bom grado e então ele seria inteiro de novo.

“Eu estou com você Liten Helt. Agora e para sempre. Você é meu.” Rio disse enquanto tocava o rosto de Harrisson enquanto sorria para o rosto doce do menino adormecido.

Logo.....

Ele sorriu enquanto colocava a mascara novamente e saia andando, seu corpo desaparecendo em um conjunto de sombras como se nunca tivesse estado la.


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Notas finais do capítulo

Uau, 3000 palavras.....
Digam o que acham do capitulo.
Obrigada pela leitura e se voce se interessou por isso é poruqe estou fazendo algo certo.

Liten Helt - pequeno heroi
é uma piada interna........ voces entenderam.
qualquer erro de tradução, culpem o google.



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