dilúculo escrita por aang


Capítulo 2
Conhecendo meu colega de quarto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/805444/chapter/2

É claro que eu demorei a dormir — mas isso é normal, né? Estou em uma situação totalmente nova agora. O quarto novo é completamente estranho para mim; o colchão faz um barulho estranho quando me movo; o barulho das ondas quebrando nas pedras logo abaixo é um pouco assustador e o garoto que sorriu no dia anterior para mim, não sai da minha cabeça. Ele era tão bonito. E me olhou de um jeito tão profundo...

Nem pense nisso, Aang..., me repreendo mentalmente. Eu não tenho um histórico muito bom com caras muito bonitos. Faço um barulho de irritação com a cara no travesseiro.

Estou deitado de bruços e com muita preguiça de me levantar, pois é sábado e as aulas só começam na segunda-feira, posso ficar na cama até cansar e o corpo começar a doer. Estou criando uma lista mental do que pretendo fazer pela tarde quando ouço uma voz aguda gritando muito animada, acompanhada do som de passos se movendo com pressa pelo quarto.

Me viro apressado e me sento sobre a cama, então vejo um garoto caminhando pelo quarto. É um garoto magro e com um corte de cabelo um tanto inusitado. As laterais totalmente raspadas enquanto um pouco de cabelo, longo, está preso em um coque no alto da cabeça. Ele tem um sorriso grande e engraçado.

Quando o garoto vê que eu acordei vem dando uns pulinhos, batendo algumas palmas sem ritmo e solta um outro gritinho, dessa vez mais animado. Honestamente, é um pouco assustador.

— Ai, meu Deus, você finalmente acordou! Achei que iria dormir para todo o sempre — diz o garoto, avançando pelo quarto, se jogando na minha cama e agarrando minha mão, tento puxar, mas ele segura a e balança num cumprimento. — É um prazer conhecer você, cara. Estava pensando quando você iria acordar para finalmente poder me apresentar para você. E quando foi que você chegou? Foi ontem, né? É que a diretora me disse isso algo assim, sobre um garoto que chegou ontem e já estava no quarto. Ela falou para eu ser gentil, pois era cedo e você provavelmente estaria dormindo. E aí, qual é o seu nome? E cara, eu adorei o seu corte de cabelo, repicado e despojado, parece que cortou com uma tesoura cega. Você pinta? Eu amei a cor também, é um castanho tão castanho...

Engulo a saliva com dificuldade. O cara com aquele cabelo acabou de me perguntar se cortei meu cabelo com uma tesoura cega, chega a ser um pouco cômico, mas estou tão assustado que nem consigo rir, ou dizer algo debochado. Apenas engulo a saliva mais uma vez.

O garoto volta a sorrir para mim.

— Qual seu nome? — pergunta, parecendo que tomou algumas xícaras de café e não dorme há algumas horas.

— É, hum, é Aang... e o seu? — Quem é esse garoto? É o meu colega de quarto? Não consigo acreditar que sou tão azarado que peguei o colega de quarto mais maluco da escola inteira. É muito azar. Muito azar mesmo...

— Eu me chamo Sokka, mas você pode me chamar de Sokka mesmo, Aang — diz, sorrindo e balançando a mãos no ar — é uma piada para caso você não tenha entendido. E aí, você é de onde?

— Montanhas Patola — respondo, coçando os olhos, e tentando assimilar se não estou sonhando tudo aquilo.

— Garoto, você veio de longe hein? Mas eu também sou do Sul, então... garotos sulistas, espero que ninguém nos chame de caipiras sem jeito. — Sokka sorri. — É mais uma piada, bobinho, não fique sem jeito. Há muitos estudantes do sul aqui, inclusive minha irmã mais velha.

Assinto sem jeito, o sorriso frouxo.

— Você tem namorado?

— Não. — Levo as mãos ao rosto. É tão óbvio assim que gosto de garotos? Ele me conhece a poucos minutos.

— Ai, que bom. É que tem um carinha, o melhor amigo do namorado da minha irmã, que acho que você vai curtir. O nome dele é Zuko. Ele está aqui nesse prédio também, no andar abaixo do lado. E eu falo isso porque Katara, minha irmã, e eu, vamos sair de casal, sabe, agora que estou aqui. Vamos ser: ela e Mako, Toph e eu e... Zuko, que vai estar de vela. Ele sempre ficava de vela no ano passado, sei disso porque minha irmã me conta tudo. Então, vai ser ótimo achar alguém pra ele, e pra você também...

— Espera, você, hum, é hétero? — pergunto. Me arrependo no mesmo momento que vejo a cara de Sokka.

— Não é a primeira vez que me perguntam isso. E não sou hétero — fala.

— É pan!

— Uau, você é esperto, garoto. Gostei de você. É sério, vai ser ótimo ter você na turma.

— É mesmo... por quê? — pergunto confuso. Eu achei que seria um pouco mais difícil fazer amigos.

— Porque você também é novato, como eu — diz, sorrindo. — E a Katara tá no terceiro ano com o namorado e já deixou claro que não vai me mostrar a escola, nem vai ter tempo para mim. Ela é monitora da turma e blá blá blá... coisa de gente chata.

Sokka pula da cama, vai até a porta da sacada do nosso quarto e puxa uma banda da cortina.

— Eu amo essa vista, nossa, sempre quis estudar aqui — diz ele, apontando pelo vidro. — E... — Sokka cola a testa ao vidro da janela. — Ai, meu Deus, vem cá, eles estão ali.

Me levanto da cama, e com os pés ainda descalços, caminho pelo chão frio e me aproximo e olho pela vidraça. Não é o pôr do sol, mas a vista ainda assim é linda. Assim como um colega de quarto eu também amo essa vista, e sempre quis estudar aqui.

— Ali, aquela é Katara e seu namorado Mako. E do lado dos dois está Zuko.

Vejo uma garota entre as pernas de um garoto bonito, magro e alto com cara de chato e metido. Ele tem os braços em volta da cintura dela e o dois estão de mãos dadas. É um casal bonito, tipo casal de catálogo de revista. É um pouco demais.

Foco o olhar para o garoto que está ao lado deles dois e solto um arquejo silencioso.

O tal do Zuko é o cara que vi ontem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "dilúculo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.