Scientist escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 34
Capítulo 34 – Meu anjo


Notas iniciais do capítulo

Em novembro completou um ano que comecei essa história adorável, e por mais que eu ame escrevê-la, não dá pra ser eterna. Acho que dessa vez, realmente, está seguindo pra o final que imaginei, embora ainda tenha algumas pontas soltas nas minhas ideias. Acho que consegui escrever boas cenas pra eles na primeira gravidez de Gwen, então eu não quis prolongar muito nessa, mesmo porque anteriormente já escrevi bastante sobre esse tema em fics de outros personagens e histórias. Em breve Peter e Gwen vão se deparar com uma nova fase, envolvendo mais seus quatro filhos e na qual os poderes das aranhas serão levados mais em conta. Eu peço desculpas caso alguém que vivenciou situações similares a desse capítulo e/ou tenha mais conhecimento a respeito, note incoerências. Tudo que eu tenho como fonte de informação são as pesquisas online, e nem sempre as informações que encontro batem ou são muito detalhadas. E não custa lembrar, Spider Gwen é muito mais forte que uma mulher comum, e tem regeneração acelerada, além de outras habilidades físicas que superam uma humana normal.

Peço perdão pela demora em postar, o natal e ano novo, e outras coisas pendentes, tomaram bastante meu tempo nas últimas semanas. Mas tô correndo pra atualizar essa fic, a dos Guardiões da Galáxia, e a de Deus Salve o Rei também o quanto antes. Espero que apreciem a leitura! =)



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Capítulo 34 – Meu anjo

                - Vai ser bom relembrar os velhos tempos com você – tia May, sorridente, bagunçou o cabelo do sobrinho enquanto os dois cozinhavam.

                Eles estavam a um mês de conhecer o novo integrante da família, e os risos de Gwen e das trigêmeas no quarto, enquanto as três sentiam o irmão se mexer e se encantavam com o berço e tudo que já haviam arrumado para o bebê, traziam um ar de leveza e carinho à casa, que até fazia Peter se lembrar do último natal, embora agora estivessem em setembro. Não faltava muito para o próximo, mas as crianças já falavam no assunto, e tinham, recentemente, feito Peter e Gwen se derreterem ao ouvi-las comentar entre elas que precisavam pedir aos dois um sapato do bebê para colocar na janela no próximo 24 de dezembro, agora que o irmão estaria aqui oficialmente.

                - O que vocês dizem às meninas quando aparecem com esses machucados? – May perguntou baixinho, olhando para o corte em cicatrização que Peter tinha no pulso esquerdo, resultado de seu combate minutos atrás com um assaltante mais agressivo que o comum.

                - Geralmente conseguimos esconder e cicatriza antes que elas percebam. Quando não dá pra esconder dizemos que derrubamos algo no laboratório sem querer e nos machucamos, ou que caímos ou batemos em algo por acidente, essas coisas. Até agora tem funcionado.

                - Algum sinal de alguma delas...?

                - Nada além do que já lhe dissemos. Elas são muito inteligentes e habilidosas pra idade,
às vezes desconfiamos que são mais fortes do que deviam, essas coisas... Mas nada concreto até agora. Eu e Gwen realmente gostaríamos que isso parasse em nós. Pra vida voltar a ser normal a partir delas. Emma quer ser atriz, ela fala isso desde os dois anos, e só o futuro sabe se um dia ela vai mudar de ideia ou não, mas consegue imaginar? Ela precisando sair às pressas de um set de filmagens pra pegar algum criminoso e voltar ferida ou com o figurino destruído, ou perdê-lo? Como ela teria uma carreira assim?

                May afagou suas costas em consolo.

                - Se fosse apenas você... Mas você e Gwen. Querido, as chances são altas e ainda estão aí. Eu desejo o mesmo que vocês, já é difícil suficiente não infartar com dois de vocês lutando todo dia, imagine seis. Sua tia está ficando ainda mais velha com os anos... Temos que nos preparar pra qualquer cenário, e em como explicar isso pra elas e pra Andrew se um dia acontecer.

                - Nós dois já pensamos nisso... E ensaiamos muitas formas de dizer. Mas acho é que, caso aconteça mesmo, vamos ficar tão mudos quanto eu quando descobri os poderes de Gwen naquele dia, e vamos precisar improvisar.

                May deu de ombros.

                - Às vezes o improviso é o melhor caminho mesmo.

                Peter assentiu. May beijou o rosto do sobrinho, e voltou ao kit de primeiros socorros na mesa, fazendo-o parar de mexer a panela para aplicar antisséptico no ferimento e cobri-lo com um curativo. Às vezes seu fator de cura era mais eficaz que os remédios, mas não fazia mal, e ainda ajudavam de qualquer forma. E se isso deixava sua tia mais tranquila, por que impedir? Peter sentou-se numa das cadeiras com gratidão enquanto May cuidava dele.

                Terminado o almoço, May ficou organizando a mesa enquanto ele subiu as escadas para ver a esposa e as filhas, encontrando-as ainda abraçadas e rindo na cama. Peter sorriu e se jogou no colchão, fazendo as quatro gargalharem enquanto ele se arrastava para sentar ao lado de Hope.

                - Se machucou de novo, papai? Você é muito desastrado.

                Os demais gargalharam do comentário da lourinha.

                - Sua mãe e sua tia me ensinaram a cozinhar, mas ainda são melhores nisso do que eu. Enquanto vocês estavam se divertindo aqui sem nós, fizemos o almoço. Que tal descermos?

                - Tô com fome – Destiny reclamou.

                - Vou morrer se não comer logo.

                - Deixa de ser dramática, ainda falta muito pra você se tornar atriz oficialmente – Peter puxou a filha ruiva para o colo, beijando seu pescoço e ouvindo-a rir.

                Ele abraçou e beijou cada uma das quatro, suspirando ao ver as trigêmeas beijarem a barriga da mãe antes de correrem para fora do quarto.

                - Não corram na escada! – Gwen pediu, deixando transparecer em sua voz a mesma emoção que ele sentia agora.

                - Certo, mamãe! – Emma respondeu.

                Peter também beijou a barriga da esposa, sentindo-a acariciar seu cabelo, depois se erguendo para beijá-la nos lábios.

                - Acho que ele tá com fome – Peter brincou, sentindo o filho se mover sob sua mão – Melhor irmos almoçar. E você tá linda, como sempre.

                Gwen, usando um vestido azul claro de um tecido delicado que se moldava lindamente a sua barriga de oito meses, sorriu e acariciou o rosto do amado.

                - Se cortou na cozinha, foi? – Ela perguntou ironicamente, mas com carinho.

                - Um assaltante doidão que entreguei na polícia agora há pouco.

                - Tá tudo bem?

                - Sim, querida. Foi só isso. E tia May insistiu em me medicar. O cara tinha uma faca. Tava tentando roubar pessoas na rua pra pagar um baseado. Mas já deve ter ido pro xadrez.

                Gwen assentiu, entrelaçando seus dedos com os dele em sua barriga e beijando-o.

                - Sinto tanta falta disso depois do nascimento – ela disse quando o bebê chutou suas mãos – Mas há outras coisas melhores depois.

                - Concordo – os dois trocaram outro beijo – Me deixa te levar lá pra baixo.

                Peter a pegou no colo e desceu as escadas com ela, deixando a bagunça nos lençóis para arrumar depois.

******

                - Peter... Por favor... Venha rápido pra casa...

Peter não precisou ouvir o que Gwen tinha a dizer quando ela guinchou de dor e derrubou o celular, ele sentia o que estava acontecendo. Chegou ao telhado de casa em tempo recorde, já se adiantando para a janela e vendo-a sentada na beirada da cama dos dois, respirando pesadamente e segurando sua barriga de nove meses. Um leve cheiro de sangue e de outras substâncias que só poderiam indicar um parto muito próximo, e que provavelmente pessoas comuns não detectariam com tanta facilidade, atingiram seus sentidos, fazendo seu coração descompassar. Peter entrou e tirou a máscara, vendo a esposa se virar o quanto conseguia para olhá-lo com alívio, seus olhos verdes cheios de lágrimas.

— Tô aqui – Peter sussurrou para ela antes de segurar seu rosto com as mãos e beijá-la nos lábios – Vou me trocar e falar com tia May, estarão prontos quando chegarmos ao hospital.

— Não... Eu já tô perdendo sangue e dói muito. Eu não quero passar por tudo que vai ser necessário até estar lá. Deixe-me fazer isso aqui.

— Tem certeza? A cirurgia devia ser amanhã, Gwen. Devíamos consultar sua médica sobre isso – ele falava, já se livrando do uniforme e se limpando o melhor que podia na pia do banheiro antes de buscar uma roupa limpa no guarda-roupas.

— Peter... Eu sei, tudo aquilo sobre evitar o parto normal depois de uma cesárea, mas eu não sou uma mulher comum, e já tá acontecendo. Eu tô sentindo o bebê descer. Ainda falta bastante, mas não parece nada errado, só dói.

— As dores nas costas que você andou sentindo desde ontem...

— Sim, devia ser isso. Começou a doer em outros lugares depois que você saiu. E depois comecei a sentir contrações.

O herói a olhou pensativo enquanto tentava tomar decisões rápido, mas novamente sendo interrompido por um pequeno grito de Gwen, e correndo novamente para ela.

— Gwen...

— Tá acontecendo muito mais rápido do que eu pensei que fosse.

Algumas lágrimas deixaram seus olhos verdes, e Peter secou suas bochechas com os polegares enquanto tentava não surtar de preocupação.

— E se eu não dilatar a tempo?

— Querida, vai ficar tudo bem. Se forem suas mutações causando isso, provavelmente elas vão cuidar dessa parte também. Só respire e vamos te colocar em roupas mais adequadas.

— Bons argumentos... – ela disse um pouco sem fôlego – Me ajude a trocar de roupa, chame tia May, diga a mamãe pra vir aqui e peça a Philip e Jane pra as meninas dormirem lá mesmo hoje. Lave as mãos de novo e coloque as toalhas limpas que temos aqui. Prepare fraldas e as roupinhas que escolhemos, uma das chupetas também. E água potável pra mim.

— Certo, certo – Peter prometeu, beijando sua testa numa tentativa de deixá-la segura e menos nervosa.

Ele mandou uma mensagem rápida e direta de voz para Philip, lhe pedindo que também avisasse a Howard e Simon, e ligou para tia May no viva voz enquanto ajudava Gwen a trocar seu vestido por uma camisola, colocava lençóis limpos na cama, e toalhas, tudo o mais higiênico possível para o bebê.

— Peter, não esperava que me ligasse agora, aconteceu algo?

— Bem... Gwen entrou em trabalho de parto. Estamos providenciando o necessário. Ela disse que consegue sentir o bebê descendo e que nada parece errado, só dói. Tá avançando amis rápido do que achamos que seria. Ela quer continuar aqui.

Por um segundo, ele apenas ouviu sua tia soltar uma longa respiração enquanto organizava seus pensamentos.

— Tem certeza que não querem correr pra o hospital? Eu posso...

— Perguntei a mesma coisa, mas ela quer ficar aqui.

— Se em casa ela se sente mais segura e o trabalho está avançando sem complicações, então é o melhor por hora, mas precisam de assistência. Eu sei que vocês dois são especiais nisso de regeneração celular, mas prevenção não custa nada. Eu vou ligar pra o hospital, chamar a médica que tem acompanhado Gwen, e estarei aí antes da equipe médica com a ambulância. Já avisaram a Helen?

— Vou ligar pra ela agora.

— Certo. Mantenha Gwen calma e não entre em pânico, posso jurar que estou ouvindo seu coração pelo telefone.

— Eu vou tentar.

Depois de desligar, ajudou Gwen a se posicionar na cama e se apoiar nos travesseiros, e fez o restante das ligações que ela pediu. Com mais alguns minutos May estava na porta deles, abraçando o filho adotivo e o seguindo para o quarto. Gwen ficou claramente mais aliviada ao ver outro rosto conhecido e de alguém habilitada para socorro médico. Peter também falou rapidamente com seu pai, que lhes desejou o melhor e pediu que voltassem a ligar quando pudessem se ver.

— Como você está, querida? – May perguntou com um sorriso ao entrar no quarto.

— Com dor.

— Eu sei... A ambulância está a caminho, sua médica e uma anestesista também.

— A equipe inteira é de mulheres? – Peter perguntou.

— Nem sempre, mas dessa vez sim.

— Isso ajuda muito – Gwen comentou – Obrigada – respondeu quando novamente foram interrompidos pela campainha.

Peter saiu e voltou com uma Helen quase eufórica, que cumprimentou May e abraçou a filha, se agachando ao lado da cama para segurar sua mão.

— Por que você e seus bebês são tão cheios de surpresas?

Gwen riu.

— Não sei...

— Tem certeza que quer fazer isso aqui?

— Tenho.

Gwen fechou os olhos com força, trancou os dentes e apertou a mão da mãe com um pouco mais de força do que intencionava quando outra contração a perturbou.

— Ainda bem que não tive as meninas assim – ela murmurou – Machuquei você, mãe?

— Não, querida.

A campainha voltou a tocar.

— Vamos deixar Peter com você e orientar a equipe – May lhes disse.

— Certo – Gwen respondeu, vendo as duas mulheres mais velhas saírem do quarto.

Peter sentou ao seu lado, entrelaçando seus dedos e acariciando o cabelo louro da esposa.

— Tem certeza que escondeu bem o uniforme? – Ela sussurrou.

— Sim. Não vão encontrar. Vou lavá-lo mais tarde ou amanhã. E até isso acabar e nós estarmos bem, vou deixar a cidade nas mãos da polícia.

Gwen sorriu, feliz em fechar os olhos e receber os lábios dele nos seus até ouvirem vozes e passos se aproximando do quarto.

                - Olá, Peter – a comandante da equipe médica o cumprimentou com um sorriso.

                - Oi – ele sorriu de volta.

— Como você está, Gwen? – Sua médica perguntou, se abaixando atenciosamente para ficar numa altura mais próxima dela.

— Sem dor por enquanto.

— Então está acontecendo rápido? Quando começou?

— Ontem à tarde minhas costas começaram a doer. E há mais um menos uma hora comecei a sentir dores mais fortes.

— Sua bolsa estourou?

— Ainda não. Isso é preocupante?

— Não, nem sempre acontece assim, é perfeitamente normal.

As duas continuaram conversando enquanto as auxiliares e May organizavam tudo que era necessário no quarto. As próximas horas foram dedicadas a esperar, monitorar a condição de Gwen, ajuda-la com qualquer coisa que sentisse necessidade, aplicar a analgesia adequada, e distraí-la do que ainda sentia de dor e incomodo até o trabalho finalmente avançar.

Gwen lamentou com um choro quando mais uma contração passou por ela, e sentiu a cabeça de seu bebê sendo empurrada para fora, mas ainda não por completo.

— A cabeça está passando rápido. Isso é raro no primeiro parto natural – uma das auxiliares disse – Mesmo que a primeira vez tenha sido uma cesárea, o corpo dela tem flexibilidade, isso é bom. Sempre nos preocupamos de que alguma complicação aconteça nesses casos.

— Metade da cabeça dele já está pra fora, Gwen. Depois que a cabeça e os ombros passarem você vai ver como vai ser rápido – a médica chefe falou.

— Queira Deus – Gwen murmurou, empurrando novamente numa nova contração.

— Vamos – Peter sussurrou contra sua pele quando beijou sua têmpora.

Gwen não sabia explicar, mas a energia dele parecia passar para ela, exatamente como os dois conseguiam se recuperar mais rápido de ferimentos quando estavam juntos, e apesar da exaustão, ela conseguiu forças para empurrar mais uma vez. A pressão em seu corpo foi muito maior do que em qualquer momento antes, e ela sentia que podia desmaiar se continuasse com isso por muito mais tempo, então parou para respirar ao fim da contração.

— Ótimo, Gwen! – Sua médica parecia sorrir – O bebê está aqui. Você quer sentir?

Ela respirou fundo, trocando um olhar com Peter, nenhum dos dois esperando aquela pergunta.

— Tudo bem se não. Isso não te faz uma mãe ruim se não quiser. Dizemos isso a todas – a médica chefe falou.

Gwen sorriu, sentindo o coração apertar de emoção.

— Eu quero sim.

A mulher mais velha sorriu de volta para ela, e estendeu a mão para pegar a de Gwen e guia-la para onde a cabeça de seu filho já estava visível. Gwen fechou os olhos, querendo se concentrar na sensação e aproveitar enquanto mais uma contração não vinha. Sentiu Peter beijar seus dedos e acariciar sua mão, a outra já se moldando cuidadosamente ao formato do pequeno crânio de seu filho, sentindo a textura dos fios de cabelo e de sua pele macia. A médica a ajudou a sentir o rostinho do pequeno sem machucá-lo acidentalmente, se preocupando quando sua paciente começou a chorar e respirar fundo para manter a calma.

— Você está bem?

— Sim, só...

— Eu sei – a mulher sorriu para ela.

A loira olhou para o marido, que sorria através de suas próprias lágrimas e se inclinou para beijá-la brevemente nos lábios.

— O mais difícil já foi. Logo vai terminar – uma das auxiliares a tranquilizou.

Gwen assentiu, e apertou a mão de Peter com mais força na contração seguinte, sentindo o restante do corpo de seu filho deslizar para fora, e ouvindo um suspiro emocionado de seu marido. Ela se permitiu fechar os olhos outra vez, relaxar contra a cama, e respirar fundo tentando recuperar o ar e deixando as lágrimas correrem ao ouvir seu bebê chorar. Peter a abraçou quando ela começou a soluçar, e beijou o topo de sua cabeça.

— Tudo bem – ele sussurrou – Acabou e nós estamos bem. Andy tá bem. Tudo deu certo. E eu te amo.

Gwen assentiu de olhos fechados, permitindo-se ficar assim por alguns segundos enquanto ouvia as vozes emocionadas de May e Helen, as conversas da equipe médica, o tom aliviado de sua obstetra por tudo estar indo bem e não haver nenhum sangramento intenso.

— Gwen... – Peter sussurrou, afrouxando um pouco o abraço, e ela notou um sorriso em sua voz, mas não precisando perguntar o motivo quando um peso agradável e agitado foi colocado em seu peito, e ela fechou as mãos protetoramente em torno das costas de seu filho, que parou de chorar no mesmo instante.

— Gwen, você está bem? – A médica perguntou de novo, fazendo-a a abrir os olhos.

— Sim... – ela respondeu, imediatamente voltando sua atenção para o bebê.

Andrew parecia um pouco maior do que suas irmãs quando nasceram, sua pele ainda estava bastante avermelhada e seu cabelo ainda molhado, dificultando saber a cor. Mas o pequeno coração batendo sob suas mãos era o que mais importava. Novas lágrimas escaparam de seus olhos ao ver o filho, um choro baixo ao seu lado a deixou saber que o mesmo acontecia com Peter.

— Peter... Eu... Me ajude com a roupa, quero senti-lo melhor.

Peter secou os olhos e assentiu. Ele e seu filho eram os únicos homens presentes no quarto, então Gwen não se importava muito com isso agora. Erguendo Andrew facilmente com uma única mão, ele a ajudou a abrir a camisola e afastar um pouco o tecido, permitindo que Gwen acomodasse o pequeno diretamente sobre sua pele. Ela suspirou de felicidade e puxou o tecido da roupa sobre o bebê, instintivamente querendo mantê-lo aquecido, mas uma toalha colocada sobre ele por May cumpriu melhor o propósito, e nos próximos minutos o bebê pareceu dormir confortavelmente enquanto o corpo de Gwen e a equipe médica concluíam o parto. Enquanto isso ela e Peter registraram algumas fotos com o filho para mostrar às trigêmeas mais tarde, e as auxiliares instruíram Peter de como cortar o cordão que unia Andrew à mãe. May e Helen estavam num canto do quarto, com sorrisos enormes, e deixando-os ter seu momento, May às vezes ajudando a equipe médica. Andrew finalmente abriu os olhinhos, claramente castanhos como os de Peter, e se moveu um pouco sobre a mãe.

— Você quer tentar amamentá-lo agora, Gwen? – A obstetra perguntou.

— Sim – Gwen sorriu.

Sendo ajudada pela mais velha, posicionou Andrew na posição correta e logo o bebê estava calmamente mamando pela primeira vez. Seus fios de cabelo macio começaram a clarear enquanto Gwen os acariciava, exibindo um tom entre louro escuro e castanho claro, como os cabelos de Howard ou George. Sua pele também começou a ficar mais clara e suas feições mais suaves conforme os minutos passavam.

— Você não teve complicações, Gwen. Isso é muito bom. Há riscos em investir num parto normal após uma cesárea, mesmo tanto tempo depois. Mas seu pequeno foi muito apressado pra vir logo pra casa – a médica falou, tornando o ambiente leve quando todos eles compartilharam uma risada.

— Tá muito longe pra considerar que esse já é nosso primeiro presente de natal? – Peter falou baixinho e sorriu para a amada, vendo-a abrir um sorriso radiante de volta.

— Melhor que qualquer guizo.

Sim, eles ainda estavam em agosto, mas era um pulo até dezembro, e as meninas amavam tanto a data que já começavam a falar nisso em junho. Todo natal elas assistiam O Expresso Polar, filme que tinham descoberto e amavam desde os três anos. Os dois sempre assistiam com elas, e a história não era menos emocionante por ser infantil.

— O que acontece agora? – Gwen perguntou à medica quando ela se aproximou.

— Tudo correu muito bem, os dois estão ótimos. Podem permanecer em casa. Mas vamos deixar várias recomendações de cuidados pra ambos, e contatos de emergência caso algo aconteça. Pedirei que May fique aqui com vocês ao menos nos dois primeiros dias. Eu virei ver vocês amanhã e depois de amanhã. Lembre-se de repousar muito, nada de retomar sua rotina normal agora só porque está em casa. Lembrem-se de manter cuidados extras com a higiene, e de orientar as irmãzinhas sobre tudo isso também. É melhor que hoje fiquem só vocês. Amanhã acertem um horário pra o restante da família conhecer o pequeno, mas sem agitação demais. Vocês devem levar Andrew ao pediatra dentro dos próximos dias pra alguns testes simples que previnem problemas de saúde no futuro. Por hoje, só descansem.

— Certo. Obrigado – Peter respondeu.

Levou algum tempo para arrumarem o quarto após finalizarem os procedimentos com Gwen e o bebê, a ajudarem a trocar de roupa e arrumar a cama. May vestiu Andrew enquanto Helen ouvia mais algumas recomendações da equipe. Gwen só relaxou e começou a absorver realmente tudo que tinha acontecido quando as duas mulheres mais velhas acompanhavam a equipe até a porta de saída, e Peter tirou os chinelos e se deitou ao lado dela e do filho, dormindo sobre o peito da mãe. O Homem Aranha ergueu a mão para acariciar os cabelos dourados da esposa, e sorriu, olhando-a com a mesma emoção que ela também tinha em seus olhos. Gwen sorriu de volta antes de sentir brevemente os lábios dele nos seus, e Peter descansar a mão sobre as costas de Andrew. Ambos pensaram em coisas para dizer, mas acabaram ficando em silêncio. Sua troca de olhares, a tranquilidade do quarto, a luz do meio da tarde entrando pela janela, a felicidade e a presença do filho eram tudo que eles precisavam agora. Os olhos de Gwen começaram a se fechar, o cansaço finalmente a atingindo.

— Dorme – Peter sussurrou – Eu coloco ele no berço. E aviso todo mundo. Eu, tia May e Helen vamos monitorar vocês dois.

— Você é um anjo – ela murmurou com um sorriso.

— Não, você que é – Peter sorriu.

— Ou nossas crianças são, e não se fala mais nisso.

— Certo – o sorriso de Peter aumentou.

Gwen beijou os cabelos do filho e deu um beijo longo e calmo no marido antes de se acomodar numa posição confortável e se deixar ser levada pelo sono.


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