Harry Potter não sabia dizer em que momento sentiu falta da figura materna em sua vida. 

Talvez tenha sido quando percebeu que o pai, James, chamava Euphemia de mãe enquanto ele próprio chamava de vovó. Ou quando começou a frequentar a escola e as outras crianças tinham pessoas que chamavam de mãe para buscá-los na saída ou aplaudirem nas apresentações de dia das mães e Natal enquanto Harry tinha seu pai e os avós. Ou talvez tivesse sido quando começou a frequentar a casa dos Weasley e após algumas visitas Molly disse que ele podia chamá-la de mãe, o que deixou o mais novo dos Potter confuso. 

Mesmo que não se lembrasse quando ou por que, em algum momento isso tinha acontecido. Ele começou a sentir falta de alguém que não conhecia e fantasiava histórias em sua cabeça sobre a figura materna. As outras crianças brincavam com seus amigos imaginários de seis braços e pelo colorido enquanto Harry brincava com uma pessoa sem rosto definido, mas que ele sabia ser sua mãe. 

Ele se lembrava do momento em que o pai o levou para a terapia, aos seis anos, já que não sabia lidar com as perguntas frequentes do filho sobre a progenitora. Não que isso tivesse diminuído a frequência de perguntas, mas com o tempo ajudou Harry a entender que ele não tinha feito nada de errado. A mãe não foi embora porque não o amava ou porque ele a havia decepcionado. Marlene, a terapeuta, costumava dizer que às vezes não importa o quanto amamos uma pessoa, a vida acontece e nós nem sempre podemos ficar juntos. 

Em alguns dias era mais fácil acreditar nisso do que em outros. Principalmente quando seus colegas de classe tiravam notas baixas ou arrumavam briga e ainda assim suas mães permaneciam. Harry nunca tinha feito nenhuma dessas coisas e se destacava nos esportes, mas mesmo assim sua mãe não voltava. Nos anos rebeldes de sua adolescência, ele se lembrava das brigas frequentes com James, já que o pai nunca respondia as perguntas sobre a mulher por quem tinha se apaixonado até que Harry parou de insistir. 

Pelo menos até agora.