Logo as meninas chegaram na sala que seria a mesma até o final daquele ano. Chegaram e escolheram suas carteiras, só não puderam sentar uma ao lado da outra porque as cadeiras eram em duplas. Camila e Joana sentaram uma ao lado da outra, já Amélia ficou na fila da frente, sem companhia ao lado.

Dava para perceber que boa parte das pessoas da turma já se conheciam, talvez por já estudarem naquela escola, mas no outro ciclo. Então, acabou que as meninas ficaram meio que “de fora” e estava tudo bem para elas. Quem sabe não se enturmassem mais ao longo do ano, não é mesmo? Ainda tinham muitos dias, aquele era apenas o primeiro.

E para a surpresa delas, o trio que quase as atropelou no pátio mais cedo cruzou a porta, ou seja, elas seriam da mesma turma. E parece que aquelas garotas já haviam escolhido quem seria o alvo de suas brincadeiras daquele ano. Cumprimentaram os outros e foram direto para as três amigas:

— Ora, se não são as distraídas do pátio. Eu nunca as vi por aqui, são alunas novas?

— Claro que sim! – respondeu Joana – É um prazer!

— Igualmente, eu sou a Mariana Correa. E estas são minhas amigas: Juliana e Gabriela. – as amigas acenaram para se identificarem

— Eu sou Joana. E estas são Amélia e Camila, minhas amigas. – disse apontando cada uma das amigas

— Dá para ver que vocês são bem grudadas né? – indagou Juliana

— Somos amigas desde a infância.

— Sabiam que não tem espaço para outro trio nessa sala e nem nesse colégio. – falou Gabriela

— O que quer dizer com isso?! – Camila já exaltada

Joana segurou a mão da amiga para que ela continuasse sentada.

— Não queiram roubar o nosso lugar de “trio mais popular do colégio”. A gente percebeu o quanto vocês estavam olhando para a gente. – falou Mariana

— E para os meninos... – completou Juliana

— Eles são nossos! – Gabriela adicionou

— Não sabia que tinha o nome de vocês escritos neles. – Amélia, que até o momento só observava, soltou

— Vocês querem chegar no primeiro dia já causando. – Mariana novamente

— E o que demais a gente fez? Eu ainda não entendi. – Joana tentou acalmar os ânimos

— A gente tá vendo o que vocês estão fazendo... Se fazendo de sonsas... – Gabriela disse

— Nos poupe né? – Amélia, debochada – Vocês estão vendo coisa onde não tem nada. Por favor, a gente não quer arrumar briga no primeiro dia. – falou por fim

Tanto Amélia quanto Joana já seguravam nas mãos de Camila, que ficou calada por causa da falta das outras meninas e se a soltassem ela ia para cima, porque uma coisa que elas sabiam era que a amiga era esquentada. Por muitas vezes, durante os treinos de luta o centro de treinamento, acaba exagerando com o adversário ou até mesmo com o saco de pancadas.

— Exatamente. – Joana acrescentou – A gente não quer roubar o lugar de ninguém, acabamos de chegar.

E por sorte, nesse momento, o professor de matemática, que daria a primeira aula chegou e percebeu a confusão e o pobre sentiu saudades de suas férias naquele momento, pois no primeiro minuto de aula do ano já tinha que segurar os alunos.

— Bom dia, alunos. – falou mais alto para chamar atenção – Por favor, queiram se sentar, especialmente as meninas ai no canto, Mariana, Juliana e Gabriela. Vamos nos dedicar este ano para não ter que repetir o 6º ano de novo né?

— Está bem, professor. – disseram as três que foram chamadas atenção

Depois daquela quase briga praticamente sem noção, as aulas correram normalmente, apenas com os professores apresentando como seriam as aulas daquele ano, falando sobre o sistema de avaliação da escola e como seriam aplicadas as provas, testes e os trabalhos. Nada demais aconteceu até a hora do intervalo.

Os alunos desceram outra vez o pátio e surgiu uma enorme fila na cantina para quem comprava seu lanche ali. Quem trazia de casa apenas se sentou ou no chão, ou nos bancos espalhados ou até na arquibancada. As jovens agentes escolheram um lugar qualquer no gramado que havia com algumas árvores. E ali, por seu um pouco mais alto, elas tinham plena visão dos alvos da sua proteção. Os pontos de referência eram justamente o azul e o laranja dos cabelos de dois deles. Porém, eles foram se sentar em baixo de outra das árvores para poder comer seu lanche e bem próximo das meninas.

Os meninos, sempre simpáticos, cumprimentaram-nas com um simples sorriso. Samuel e Serafim se sentaram primeiro, enquanto Ícaro vinha atrás. As garotas tomaram um susto, pois assim que seus pés entraram no gramado, cada passo deixado por ele vinha acompanhado de pequenas flores crescendo imediatamente. Era imperceptível para quem não prestasse atenção, tanto que nem o próprio notou o que aconteceu. As meninas se olharam entre si, como se perguntassem: Vocês viram isso? Resolveram conservar em um tom mais baixo para que não percebessem.

— Será que significa alguma coisa? – Joana indagou

— Bom, se não me engano o signo dele era Virgem, do elemento terra. Pode ser possível ele seja o descendente.

— E os outros dois? Será que são eles mesmo? – Amélia, dessa vez

— Bom segundo o dossiê, ele é pisciano igual a mim, então é água. Também li que ele pratica e compete na equipe na natação da escola, temos que observar ele nesse momento, assim podemos ter uma conclusão mais concreta.

— O meu é de fogo. Não será tão fácil confirmar!

— Bom, são só pequenas manifestações de poderes. Mas, devemos reportar ao Jerry e a Marlin.

Enquanto comentavam sobre os garotos, quem surgiu? As três novas “inimigas” das novas agentes. E antes de falar com os garotos, elas cumprimentaram as meninas e destilaram seu veneno.

— Estou vendo que “não estão fazendo nada demais”. – Mariana Correa falou

— Para sua informação nos sentamos aqui primeiro, eles vieram sentar depois. – Camila esbravejou

— Ah tá. A gente acredita! – comentou Gabriela

— Vocês são muito cara de pau. – Juliana completou

E foram sentar com os meninos, que acharam estranha a situação.

— Quem são aquelas? – indagou Samuel

— São da nossa turma. Três sem noção que vieram querer briga com a gente no primeiro dia.

E claro, que pela proximidade e o tom que Mariana Correa falou era para justamente que elas ouvissem. E aquilo foi o limite para o pouco pavio de Camila, que levantou sem dar chance das amigas de segurarem e partiu para cima do grupo e provavelmente teria batido numa delas, mas Ícaro percebeu logo a situação e tratou de segurar a garota de evitar o conflito.

— Ei, calma, loirinha. – disse ele, enquanto Camila se mexia sem parar tentando se soltar

— Desde o começo do dia que ela está implicando com a gente, quero ver se ela vai fazer isso depois que eu der um bom soco nela.

— Você sabe que ela fez isso de propósito só para provocar vocês né? Olha para mim! – disse e Camila o fez – Respira fundo! – ela inflou os pulmões e soltou o ar em seguida – Agora deixa isso para lá. Sério!

Amélia e Joana já estavam em pé do lado da amiga e pediram desculpas pela confusão. A ruiva agradeceu a Ícaro por tê-la segurado. Sendo assim, as três foram para outro lugar e Joana resolveu dar um pequeno sermão na loira.

— Mariana, você não presta. – riu Juliana

— Fiz justamente para mexer com a mais esquentada. As outras duas a seguraram de manhã. Tô vendo que esse ano vai ser divertido.

— Não tem graça ficar perturbando os outros. – Ícaro repreendeu – Sorte a sua que eu a segurei e ela fez muita força para se soltar. Ela deve lutar com certeza!

— Ah, Ícaro, bobinho. – falou Gabriela – Elas fizeram por merecer. Desde mais cedo observando a gente demais pro meu gosto.

— Será mesmo? – perguntou Serafim – Elas só estavam sentadas ali.

— Pois é, cara. – falou Samuel – Vocês exageram!

— Eu nunca vi seus rostos, elas devem ser novas no colégio. – comentou Ícaro

— Olha que flores lindinhas que nasceram aqui. – comentou Juliana – De onde será que vieram?

— Talvez o vento as trouxe. – respondeu Samuel – E ai, Serafim, vai começar os treinamentos de natação mais tarde?

— Sim! Logo vai ter um campeonato importante.

— Vou ter que treinar também. Logo tem campeonato de basquete.

— Estou doida para as olímpiadas escolares. – Mariana ressaltou

— Para quê? Vocês nem jogam. – Ícaro reclamou

— Mas nós vamos torcer. – Gabriela sorriu

— A gente não precisa de fã-clube das meninas esse ano também. – Serafim resmungou

Logo o sinal tocou e a segunda parte das aulas daquele dia aconteceu, basicamente no mesmo ritmo, mais conversando e lembrando algumas coisas que aprenderam no ano anterior. Depois, mais um aviso sonoro e as aulas do dia terminaram. As meninas esperaram por Marlin, que veio busca-las de carro. E elas tinham muita coisa para contar sobre este primeiro dia, mas elas tinham que treinar na agência também e Marlin ia as ajudar nisso.