As Super Agentes e o Livro das Magias escrita por ZodiacAne


Capítulo 2
Capítulo 1 – Separadas da família?




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As três meninas nasceram dentro das instalações e foram levadas a um orfanato próximo, onde foram cuidadas até terem idade suficiente para começar seu treinamento.

Ao completarem a idade de seis anos, com alguns meses de diferença, Camila e Joana foram separadas da única família que conheciam, já que nunca tiveram pai ou mãe, apenas as outras crianças do abrigo. Foram levadas a um dos centros de treinamento e formação de agentes da Inteligência brasileira: a Dourados.

Nessa época, as três meninas já eram amigas e companheiras de brincadeiras, então foi difícil para a mais nova ter que ficar sem as outras duas. Mas, a separação durou pouco tempo, pois uns meses depois, a garota atingiu o sexto aniversário e pode reencontrar as amigas ao ser levada ao mesmo local.

Alguns anos da década de 90 – era o ano de 1998 - já haviam se passado, então estimava-se que os garotos estavam com 7 ou 8 anos.

E sendo assim, as jovens começaram o seu treinamento, acompanhadas de mais outros dezessete agentes em potencial, meninas e meninos, sendo treinadas pelo ex-agente Rose, cujo sobrenome dava nome ao centro.

Seus dias se resumiam a frequentar a escola normalmente durante as manhãs, da mesma forma quando estavam no orfanato; a tarde fazer algumas atividades físicas, tendo em vista conquistarem agilidade e destreza, tanto com corridas na pista, quanto com obstáculos; já a noite era o horário livre, onde elas podiam descansar e fazer o que quisessem.

Apesar de Rose ser uma ex-agente e já ter salvo o mundo diversas vezes e conhecer bem o rigor e a seriedade do trabalho como uma agente, ela entendia que se tratavam de crianças, então, em alguns dos momentos não exigia tanto delas.

Pela pouca idade, nenhum dos infantes entendia o que eles faziam ali, pois conheciam pouco do mundo. Crianças órfãs e concebidas com algo em vista, não faziam ideia do que era família, não da forma que alguns dos colegas da escola conheciam. A única família que tinham eram a si mesmos e aos poucos amigos que conheceram, fossem em seus orfanatos ou no centro. Elas não tinham compreensão do que era certo ou errado. Não sabiam que errado era o que estavam fazendo com elas, explorando e colocando crianças como agentes de campo, as fazendo treinar duramente enquanto o que deveriam fazer é aproveitar as brincadeiras da idade.

***

Alguns meses juntas de Amélia, Camila e Joana no treinamento e se aproximava o sétimo aniversário da Joana e logo ela completaria um ano dentro do centro de treinamento. Como sempre no orfanato tinha uma comemoração bem singela pelos aniversários, as amigas resolveram preparar uma pequena festa surpresa.

Durante a noite, pouco após o jantar, Amélia e Camila chamaram Rose em um canto sem que a outra amiga percebesse para falar sobre a vontade de fazer a surpresa pelo aniversário de Joana.

— Tia Rose, - falou Amélia – tá chegando o aniversário da Jô. Pode fazer uma festa para ela?

— Mas é claro que sim. Nunca deixo passar nenhum aniversário. O dela vai ser o primeiro do grupo de vocês.

— Pode ser surpresa? A gente te ajuda a arrumar. – falou Camila

— Tudo bem! Precisamos de mais mãos para tal. Vamos fazer a noite, no horário livre, após o jantar.

E assim ficou combinado. No próximo dia 19 de Março, durante a noite, aconteceria a primeira festa do grupo das novas agentes. Amélia e Camila guardaram segredo da amiga e dos outros colegas, mas ansiosas para cantar Parabéns para Joana.

***

Passados alguns dias, finalmente era a data esperada. O dia de aula fora cansativo, pois era época de provas. Os treinos da tarde também o foram, pois Rose resolveu pegar pesado na pista de obstáculos. Depois foram todos tomar banho no vestiário. Joana parecia triste, pois ninguém se lembrara de seu aniversário, com exceção das melhores amigas, que a parabenizaram assim que acordou. Nem a Tia Rose deu um abraço nela, só a cobrou mais pois era a mais velha de todos os presentes. A água gelada molhava seus longos cabelos, enquanto ela permanecia com a cabeça baixa.

Amélia e Camila tomaram banho rápido, se trocaram e saíram antes da amiga, que de tão distraída que estava nem percebeu a ausência delas. Foram correndo para o refeitório e lá já encontraram com Rose e os outros funcionários começando a arrumação.

Não foi nada muito complicado e nem espalhafatoso, pois não havia tanto tempo hábil e era só uma simples comemoração. Em meia hora, estava tudo pronto e também era hora do jantar.

Os outros futuros agentes se deslocavam para o refeitório. Joana só deu falta das amigas ali e achou que era mais uma coisa para deixar aquele o pior aniversário de sua vida.

Rose, Amélia e Camila, junto dos funcionários estavam escondidos e com as luzes apagadas, só esperando a aniversariante chegar.

Pelas portas de vidro translúcido dava para ver que as luzes não estavam acesas, o que foi no mínimo estranho. Todos os potenciais futuros agentes pararam diante da porta, com medo de abrir, talvez por medo do escuro, talvez por outro motivo. Joana estava ao fundo e viu a situação. Decidiu se pôr a frente, pois era a mais velha, a que estava a mais tempo ali e que era só acender a luz do refeitório. Pediu licença e puxou as portas duplas, imediatamente mexendo no interruptor ao lado da porta.

O local se iluminou junto com o sorriso da menina, que viu a decoração de balões e uma faixa escrita: “Feliz Aniversário, Joana!”. Os gritos de surpresa vieram segundos depois, vindo de Rose, os funcionários e as suas melhores amigas. A menina correu para abraçar todos eles e agradecer pela lembrança. As outras crianças ficaram sem entender o porquê daquilo, então a Rose tratou de informar:

— Hoje, para quem não sabe, é aniversário da aluna Joana. Completando setes anos, a mais velha do grupo de vocês. Preparamos uma pequena festa em comemoração a este dia.

— Anda, gente, venham comer conosco. – disse Camila

— É! Tem bolo, salgadinhos, cachorro quente e... Refrigerante!

Refrigerante era algo extremamente raro por ali, pois acreditavam atrapalhar a nutrição e o condicionamento físico dos futuros agentes. A inteligência brasileira era bem incisiva com a nutrição de todos os seus agentes. Porém, a Rose, de vez em quando mexia um pauzinhos e dava essas pequenas alegrias que só comer uma besteira proporciona.

E o resto daquela noite seguiu com festa, brincadeiras, comidas e felicidade. Um momento raro para aquelas crianças, que era estar vivendo como crianças normais, apenas se divertindo. O coração de Rose se ascendia ao ver aquelas crianças tão saltitantes.

Foram longas horas e que se deixasse poderiam durar para sempre. Mas, era a hora de dormir, pois a rotina pesada do dia seguinte já estava clamando. Havia mais escola, mas treinamento e muito mais avaliações.

Cantaram parabéns para a aniversariante. Joana estava no seu lugar à mesa com as duas amigas ao lado. Rose tirou uma foto desse momento, pois gostava de guarda-los para lembrar sempre dos pequenos que passaram por ali. E ela percebia o quanto as três eram próximas, se comportavam como irmãs. Ela via o valor daquela relação entre as meninas!

Logo depois, todos voltaram aos dormitórios. E antes de dormir, Amélia, Camila e Joana conversavam:

— Gostou do seu dia, Jô? – Nise indagou

— Sim! – sorriu – Obrigada pela surpresa.

— A Tia Rose nos ajudou. – completou Cácá

— Só vamos ficar te devendo um presente. – a mais nova comentou

— Não tem problema. Só a festa e o carinho de vocês já me deixam feliz.

— Ah, mas vai dizer que não ia gostar de um presente? – Camila perguntou

— Claro que sim! Estaria mentindo se dissesse que não.

Elas riram em uníssono e Jô desabafou:

— Ainda lembro como foi chegar aqui no ano passado. O quanto me senti sozinha, especialmente sem vocês.

— E foi horrível ficar no orfanato sem vocês. – Amélia falou

— Sabe, eu de vez em quando fico pensando como seria se tivéssemos pais. – confidenciou Cácá – Como seria tudo diferente.

— Mas não temos. – Nise respondeu

— Eu gostaria de saber quem são meus pais e minha família. Tenho essa curiosidade! – Joana disse

— Acho que só vamos saber disso quando formos grandes. – Camila, dessa vez

— O que importa é que temos umas as outras. – Nise comentou – Ainda lembro da professora na escola falando sobre família. E sobre os diferentes tipos. Fico imaginando se nós três não podemos ser uma.

— Está certa! Acho que nós três somos uma família. – falou Jô

— Somos? Mesmo? – Camila, meio na dúvida.

— Somos se quisermos que assim seja. – Joana respondeu

— Ah, eu quero. Nunca tive uma família, seria bom ter uma. – Nise se animou

— Então, somos uma família. – Joana sorriu

— Somos uma família. – Nise e Cácá completaram juntas


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