Professor escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 8
Fraqueza




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O dia em que eu ultrapassei os limites também foi o dia em que eu quebrei minha promessa com Sasuke.

 

Eu estava com uma imensa dificuldade em dar aula. A cada dia, eu ficava mais consciente da presença da Hinata. Eu tinha até medo de alguém notar o esforço que eu fazia para não olhá-la.

Estava com tanta saudade do seu entusiasmo ao falar sobre os livros, do seu sorriso, da sua companhia, que eu até sonhava com aqueles dias na biblioteca.

Quando o sinal finalmente tocou, eu quase suspirei aliviado. Alguns alunos vieram até minha mesa entregar uma atividade que eu tinha passado, e eu rapidamente recolhi as folhas...

Hinata já tinha feito a dela e me entregado há um bom tempo. E pelo que eu tinha visto, era mais uma atividade perfeita.

Organizei rapidamente as folhas e estava colocando na minha bolsa quando a ouvi muito perto:

— Professor?

A voz melodiosa me alcançou e paralisou meus movimentos por um breve momento, mas me forcei a continuar, sem levantar o rosto.

— Sim – Limpei a garganta.

— Eu... Só queria devolver esse livro – Ela colocou o livro sobre na mesa e eu o reconheci. Eu havia emprestado, há um bom tempo, nem lembrava mais.

— Ahh, claro, eu tinha me esquecido – Peguei o livro e levantei o olhar por um breve momento, fitando-a nos olhos, mas cortei rapidamente o contato, ao sentir o coração acelerar. Me concentrei no meu relógio de pulso – Obrigado, eu já vou indo...

— Tudo bem... – Ela disse baixinho e voltou para sua mesa.

Eu terminei de jogar minhas coisas na bolsa e sai da sala apressado, passando por alguns alunos no corredor. Parei diante das escadas e bufei irritado com a situação e revoltado comigo mesmo.

— Quantos anos você tem, Naruto, treze? – Murmurei e me sentei no primeiro degrau, tentando me acalmar.

O que eu ia fazer se não conseguia nem olhar para aquela garota, sem tremer? Só os poucos minutos em que nossos olhos se encontraram e meu estômago revirou.

Eu sentia uma saudade absurda de ouvi-la falar sobre o que estava lendo.

Você é o professor. Os pais dessas meninas confiam em você”, a voz do Sasuke se repetia em minha mente num loop infinito, me martirizando, a todo o momento.

— Professor? – Uma mão entrou no meu campo de visão e só então eu percebi dois alunos ao meu lado – Te chamei umas três vezes.

— Foi mal. O que precisa? – Me levantei... Não me lembrava dos nomes deles, só a turma.

— Está tudo bem?

— Está sim... Está sim, pode falar.

— Nós tivemos aula livre agora e eu terminei a sua atividade. Você aceita? – O jovem me direcionou uma folha.

— Aproveitou sua aula livre pra fazer um trabalho? – Perguntei enquanto pegava a folha.

— Quanto mais pontos eu conseguir, melhor – Falou zombeteiro.

Passei os olhos pela atividade do garoto e percebi que ele não “encheu de linguiça” em nenhuma resposta, ele realmente pensou nelas. Então levantei a mão em sua direção, com o punho fechado.

— Arrasou... Eu aceito sim – Percebi o garoto sorrir orgulhoso enquanto retribuía o toque.

— Valeu, professor Uzumaki! Falei que ele ia aceitar – O jovem empurrou o outro garoto, de leve.

— Não entregou a sua? – Perguntei, guardando a folha em minha mochila.

— Não, e eu aproveitei a aula livre pra adiantar umas atividades do conselho... Não achei que você fosse pegar.

— Sou uma pessoa tão ruim assim? – Fingi ressentimento.

— Não, que isso professor... – Tentou se justificar, mas eu o cortei rápido.

— Relaxa, estou brincando... Vamos fazer o seguinte, eu tenho bastante trabalho, então vou estar na sala dos professores até mais tarde hoje... Se conseguir entregar, eu aceito.

— Sério? Então, eu já vou começar – Ele disse, correndo e sendo seguido pelo outro.

— Ou! Devagar! E não vale fazer durante a aula de alguém – Falei alto e o ouvi responder alguma coisa que eu não entendi, então só ignorei.

Dei mais duas aulas naquele dia, mas eu não estava completamente focado.

Já na sala dos professores, realizei todo o trabalho burocrático, no automático.

— Você está bem? – Sasuke apareceu, escorando na minha mesa.

— Sim, por quê? – Fui mais ríspido do que gostaria.

— Por que não parece – Ele respondeu – E já tem um tempo...

— Só estou cansado, Sasuke.

— Hm – Ele murmurou, como se não acreditasse, mas não disse nada – Devia ir pra casa.

— Vou assim que eu terminar aqui...

— Termina amanhã... – Ele falou e alguém apareceu na porta, chamando por ele. Sasuke me olhou diretamente, antes de se afastar, e repetiu – Vai pra casa.

Ponderei por uns momentos. Eu ainda estava irritado e precisando mesmo me afastar, então comecei a fechar tudo e guardar minhas coisas.

Porém, antes de sair da sala, o pensamento de que eu precisava me distrair passou pela minha mente.

E fazia muito tempo que eu não ia à biblioteca...

Hoje era dia de organização, então ela estaria fechada para os alunos. Não tinha chances de eu me encontrar com ela... Mas resolvi conferir a escala por garantia, e vi que a responsável da vez era uma jovem chamada Karui, que eu não lembrei quem era.

Convencido, deixei minha mochila na mesa e caminhei devagar até a biblioteca, tentando inutilmente não me lembrar das vezes em que estive com ela.

E das sensações que passei a sentir por ela.

Abri a porta da sala, completamente de guarda baixa, na certeza de que não a veria, e percebi tarde demais que eu estava errado.

Era a mochila dela na mesa, na mesma mesa que dividimos tantas vezes, perto da última estante de livros. Meu coração acelerou automaticamente, com a possibilidade de encontrá-la.

Eu devia ter dado meia volta e ido embora, mas contrariando meu bom senso, caminhei em direção aquele corredor de livros.

Ela estava lá, distraída com um livro nas mãos. Tão concentrada que não me notou, assim como da primeira vez.

E eu aproveitei essa chance para observá -la um pouco mais. Percebi naquele instante que eu poderia passar o dia inteiro apenas olhando aquela menina, sem me cansar.

Como isso era possível? Como eu poderia estar tão caído por ela?

A morena fechou o livro e ficou na ponta dos pés, para recolocá - lo na estante, na parte mais alta. Pensei em me aproximar para ajudar, porém ela me percebeu e se assustou, deixando o livro cair direto em seu rosto, e soltou um gritinho alto.

— Hinata! – Corri em sua direção, preocupado. Sem pensar, minhas mãos foram ao rosto dela e eu o levantei, para poder analisar melhor. Havia uma marca perfeita, em forma de linha, avermelhada, em sua testa, deixada pelo livro de capa dura – Menina, cuidado! Parece que só conseguiu uma marca, mas podia ser pior. Não era pra você estar aqui hoje, por que está aqui?

— Eu estou... Bem – Ela pronunciou baixo, mas seus olhos marejaram e uma lágrima escorreu.

— Não está. É melhor você passar na enfermaria – Falei firme, mas minha determinação vacilou ao perceber o quão perto estávamos.

E o quanto eu não queria soltá-la.

Limpei o caminho que a lágrima solitária formou, depois subi meus dedos para a testa dela, onde deslizei um dedo por sobre a marca, com cuidado.

Hinata sorriu... Uma risada franca, a mesma que eu estava com saudade de ouvir.

— Qual a graça? – Perguntei, rindo também. Achei que ela faria uma piada sobre o livro ter sido certeiro, mas o que ela disse me desconcertou.

— Você finalmente olhou direito pra mim... – Senti meu coração falhar – Professor, eu sei q-que você deve ter os seus motivos pra me evitar... – Ela fez uma pausa, novamente mordendo a boca. Local do qual eu não consegui mais tirar os olhos – Eu não sei o que eu fiz, mas eu s-sinto... Falta... Das nossas conversas...

— Não é o que você fez – A cortei, voltando a fitar aqueles olhos que não saiam da minha cabeça – É o que eu quero fazer quando estou com você.

Deixei escapar, não tendo mais controle algum sobre meus pensamentos intensos, sobre meus dedos, que voltaram a tocar seu rosto ou sobre meus sentimentos, transbordantes.

Veio como uma avalanche e eu não pude evitar.

— Professor... – Ela sussurrou

— Não... – O pensamento acabou saindo pelos meus lábios... “Agora eu sou só Naruto.”

E antes que pudesse evitar, me aproximei e a beijei. Pressionei meus lábios contra os dela com firmeza e todo o meu corpo reagiu instantaneamente, como se eletricidade corresse pelas minhas veias. Eu, absolutamente, não tinha consciência do quanto eu queria isso.

E me deixei consumir pela vontade. Sem pensar nas consequências, sem pensar nas reações que eu estava tendo, eu só não queria parar. Inicialmente, seus lábios pareceram hesitar, talvez pela inexperiência, pois rapidamente eu fui correspondido, então aprofundei o beijo.

Minhas mãos desceram até sua cintura, e eu abracei, trazendo - a para mais perto de mim, sentindo que suas mãos hesitantes me seguraram pelo pescoço.

O mundo podia acabar naquele exato momento.

Mas a felicidade passou na mesma velocidade em que veio, quando uma voz chegou aos meus ouvidos.

— Professor Uchiha?


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