Um Pequeno Favor escrita por Cássia Novaes


Capítulo 2
Capítulo 2 — Favor


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! Eu tive que trazer mais um capítulo dessa história hoje.


Boa Leitura!



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— O-o que… como? — balbuciou Bella — De onde você tirou essa ideia? 

— É genial, não é? — perguntou Alice.

— Não é não — garantiu Bella.

Ignorando completamente o que sua amiga disse, Alice continuou:

— Será muito fácil. Você só precisa ficar ao meu lado, segurar a minha mão e me abraçar ocasionalmente.

Eram onze e cinquenta da manhã e Alice precisava convencer sua melhor amiga a fingir ser sua namorada. Tudo não passaria de encenação, uma peça de teatro — como havia idealizado — visto precisar disso para sustentar a mentira que havia contado na sua entrevista de emprego naquele dia mais cedo.

Estavam na Coffee Shop Urb. — uma das melhores cafeterias de Seattle — habitualmente frequentada pelas duas. O espaço seguia um estilo rústico florestal. Todos os móveis eram de madeira restaurada e havia milhares de plantas que transmitiam uma sensação aconchegante, quase como se estivesse dentro de um jardim. Além disso, eles servem o melhor café orgânico da cidade — plantado e torrado numa pequena fazenda no Alabama. Isto era algo que Bella adorava, visto ser vegetariana. 

— Eu não acho…

— Qual é? — interrompeu Alice — O que estou te pedindo não é nada de mais.

— É sim — retrucou Bella — Você quer que eu finja ser a sua namorada quando alguém do seu novo trabalho estiver perto, só porque foi com essa mentira que você conseguiu o trabalho?

— Está vendo! Não é fácil?

— Para você é fácil. O seu plano agora pode parecer perfeito, mas depois as coisas podem se complicar. Se você conhecer alguém? Como irá justificar isso? 

— Penso nisso depois — Alice desdenhou — O que estou te pedindo é algo simples. Caso tenha alguma festa ou evento, preciso de alguém para me acompanhar. 

 — É só dizer que a sua "namorada" fictícia — Bella fez aspas com as mãos — Está ocupada trabalhando ou algo parecido. Estamos na cidade grande. Todo mundo está sempre ocupado.

— Uma professora do ensino primário tem folgas muito flexíveis. 

Dizer aquilo foi um erro.

— Por que você disse para ele que sou professora? 

— Foi sem querer — disse Alice em sua defesa — Carlisle começou a fazer milhares de perguntas e não tive tempo de pensar em outra profissão. 

Bella cruzou os braços enfiados no cardigã sobre o peito e resmungou: 

— Não sei se posso fazer isso.

Alice também não gostava de mentir e se detestaria pelo resto da vida se alguém da Carlisle Nylon soubesse que ela havia mentido. Como sua mãe sempre dizia: "Uma mentira leva a outra” — só percebeu haver contado um milhão delas, quando era tarde demais.

Por mais que Bella detestasse aquela ideia, precisava lhe ajudar. Em algum momento teria que apresentá-la aos seus amigos do trabalho. A Carlisle Nylon realizava muitos eventos beneficentes e ações sociais, por conta disso, apelaria pela forma mais infalível de convencer a sua amiga. 

— Por favor — disse Alice. Os seus lábios formavam um bico, ao mesmo tempo que esticou os braços sobre a mesa na direção dela, gesticulando para segurar as suas mãos estendidas. 

Bella recuou.

— Pense nisso como um pequeno favor — implorou Alice.

Apesar de se manter reclusa, ela sabia que havia convencido a sua amiga. 

 

[…]

 

Mais tarde, naquele mesmo dia, Alice tocou a campainha de uma residência geminada no sul da cidade. 

— Olha quem chegou! — disse Rose animada, apesar de estar visivelmente cansada. Ela alinhava em seus braços a pequena Maeve que abriu um sorriso, mostrando uma pequena fileira de dentinhos.

— Oi, meu amor — disse Alice em um tom de voz ainda mais afinado.

Alice não esperou o convite para entrar, pegando no colo sua sobrinha. A pequena fez três anos na semana passada, tinha cabelos loiros e cachos.

— Ainda bem que você chegou — disse Rose, fechando a porta — Estou tentando terminar o jantar faz meia hora, mas essa mocinha só quer saber de ficar no colo. 

A criança parecia ter entendido o que sua mãe acabara de falar e escondeu o rosto na curva do pescoço de Alice.

— Pode deixar que cuido dessa menininha fofa — disse Alice aconchegando a criança ainda mais em seus braços — Onde o Em está?

— Lá em cima dando banho no Anthony. Uma bomba explodiu na hora que ele chegou em casa do trabalho.

Rosalie sorriu, como se aquela informação lhe trouxesse um pouco de satisfação. Talvez realmente trouxesse. Após engravidar duas seguidas — engravidando durante o resguardo — sabia que havia motivo mais que suficiente para ela estar exausta.

Emmett e Rose estão casados faz cinco anos e, apesar da rotina agitada e do tempo, são muito próximos e compartilhando jantares, festas e as labutas da vida adulta. 

— Pode ir cuidar do jantar — disse Alice, fazendo cócegas na barriga gordinha de Maeve — Eu cuido dela para você. Vamos nos divertir bastante. 

 

[…]

 

— A pior parte desses três anos é não poder ficar bêbada — Rose lamentou após o jantar. Ela sorveu o seu suco de uva como quem bebe uma taça de vinho. 

As crianças haviam dormido no meio do jantar e os adultos puderam saborear a comida sem serem interrompidos por murmúrios ou resmungos devido ao sono. Emmett — que havia ficado encarregado de levar as crianças para a cana — ainda não havia retornado. Talvez tivesse dormido junto com as crianças. 

— Já disse que estou disponível para te levar para beber — disse Alice, sorrindo.

Ela estava bebendo naquela noite e aproveitou o último gole do seu dry martíni. Não queria tomar mais uma taça, pois na manhã seguinte, teria que providenciar os documentos da contração. 

— Você e a Bella são as únicas amigas que me restaram — disse Rose. Na frase seguinte o seu tom de voz soou revoltante — O restante das pessoas parecem ter esquecido que existo ou só me mandam mensagens do tipo: “Nossa, fiquei sabendo que você tem filhos” ou “Os seus filhos são lindos".

— Se eles se afastaram é porque não eram amigos verdadeiros — reverberou Alice — Às vezes as pessoas só estão ocupadas mesmo.   

— Falando nisso… — iniciou Rose — O que aconteceu com a Bella? Quando a convidei para o jantar ela aceitou, mas hoje a tarde enviou uma mensagem dizendo que estava muito ocupada. 

Alice suspirou.

— Suponho que ela só não queria me encontrar. 

— Por quê? Vocês brigaram?

Houve uma pequena pausa para reflexão. Alice não sabia se deveria contar ou não para sua cunhada sobre o pequeno favor que havia pedido para Bella, apesar de nunca ter escondido nenhum segredo dela.

Por fim disse:

— Eu consegui o trabalho.

— Mentira? Meus parabéns, Alice — Rose se esticou e a puxou para um abraço desajeitado — Porque só me contou isso agora, garota? 

— É porque isso só aconteceu devido a uma mentira. 

Rose franziu o cenho.

— Como assim? 

— Quando estava sendo entrevistada ouvi Carlisle falar ao telefone que só contratava pessoas LGBTQ e na hora fiquei com medo de ser brecada por ser uma mulher hétero. Eu sei, eu sei… Sou uma pessoa privilegiada.

Alice se adiantou para a frase militante que a sua amiga diria. É óbvio que saiba que as pessoas LGBTQI+ sofrem durante toda uma vida e jamais minimizará aquilo. Só não queria perder a sua maior oportunidade da vida. 

— O que estou tentando dizer é que depois de ouvir isso acabei perdendo a cabeça e disse para Carlisle que namorava a Bella.

— O quê? 

— Olha… Eu não estou me colocando em um papel que não é meu, ok? Talvez só um pouco — confessou Alice — Você mais do que ninguém sabe que sempre sonhei com esse emprego e disse isso para consegui-lo.   

Rosalie não conseguiu esconder a risada ao fitar o rosto da sua amiga.

— Eu super entendo que é legal inventar umas mentiras, mas é isso… O que a Bella disse?

— Ela achou um absurdo, é claro. Disse que não conseguiria fazer isso. Mas, acredito que consegui convencê-la.

— Aposto que conseguiu. 

Alice observou sua amiga desviar os olhos. 

— O que você quis dizer com isso? 

Rose voltou a encará-la.

— Você diz que consegue ler as pessoas, mas tem uma certa coisa que você nunca conseguiu ver.

 


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Notas finais do capítulo

Estou amando escrevê-la e espero que vocês estejam gostando :)



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