O caminho até o bar havia sido tranquilo, levando em consideração as horas que Draco havia passado arrumando a si mesmo em frente ao espelho de seu quarto, ou as diversas trocas de roupa que Luna, Pansy e Blaise insistiram que ele vestisse.

Optou por uma jaqueta jeans azul clara, alguns patchs costurados no tecido, com frases bonitinhas e desenhos. Além de claro, uma margarida. Aquele havia sido cortesia de Luna, que achou super fofa a forma como Harry chamava seu amigo.

Todos ficaram animados quando Malfoy revelou que havia sido chamado para sair e que os levaria junto, para conhecer pessoalmente o tão falado príncipe punk. 

— Ele já sabe que chegamos, Dray — disse uma Luna risonha, com o braço entrelaçado ao do marido, que sorria — Não adianta querer fugir agora, se acalme. 

Blaise observava o melhor amigo como se ele fosse cuspir lesmas a qualquer momento. Ou fosse um ET. Pansy o empurrou levemente pelas costas para que passassem pelas portas de vidro do local, impedindo que o garoto saísse correndo. 

Era um bar rústico mas muito bonito, eles conseguiam ver. A música que tocava agora era Hard Times, da banda Paramore, e a atmosfera era bastante convidativa. Draco esquadrinhou o local com seus olhos claros e não demorou até avistar uma garota parecendo eufórica ao acenar, tentando lhe chamar a atenção. A amiga de Harry, ele lembrava.

E então seus olhos foram desviados a outro ponto naquela mesma mesa e quase todo o ar de seus pulmões pareceu escapar, deixando suas pernas bambas e seu coração saltitando no peito. Harry o mirava com aquelas orbes verdes cintilantes diante da luz baixa do bar, o queixo com a barba por fazer apoiado na mão e um sorriso bonito espalhado pelos lábios rosados.

— Terra para Draco, olá? — Blaise soou divertido, notando o constrangimento do outro por ser pego tanto tempo observando — Pelo visto eles já nos viram, o que acha de irmos? Ou prefere olhar de longe? 

Draco estreitou os olhos após bater os cílios em um piscar, rindo baixinho para o comentário de Zabini. Enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e liderou o caminho até a mesa próxima da parede, onde Harry Potter estava com seus dois amigos.

Rony, que estava com o braço sobre os ombros da namorada, sorriu largo quando o novo grupo se aproximou, puxando a garota mais para o lado ao deixar espaço para os novos membros. Harry levantou quando Draco parou em sua frente, o abraçando apertado.

— Olá, Margarida — disse com a voz rouca e aveludada. O cheiro doce e fresco de Malfoy pareceu provocar-lhe as narinas. Estalou um beijo na bochecha do loiro, arrastando os dedos gentilmente pela bochecha rosada — Está lindo essa noite, mas não é novidade.

Pansy riu baixo, escondendo o rosto no ombro do noivo.  

— Boa noite, Haz — cantarolou o florista, piscando de forma doce — Obrigado, você está de tirar o fôlego.

— E você sabe bem disso, não é Dray? — Luna disse descontraída, notando os olhares dos amigos de Harry em si, piscando para ambos.

Após as apresentações e momentos de constrangimento tidos por ambos os lados, estavam todos comendo uma porção de batatas fritas com uma rodada de cerveja, como se de fato, se conhecessem há muitos anos.

[...]

— Eles se deram muito bem, não é? — Harry falou próximo ao ouvido de Draco, que estava sentado ao seu lado — Isso é bem legal, sabe? Levando em consideração que você não sai da minha mente e dos meus sonhos desde o dia que te conheci.

— Oh — foi o que Malfoy conseguiu dizer, abaixando o olhar com um sorriso sincero nos lábios. 

O garoto de cabelos escuros e tatuagens riu, deixando um beijo na bochecha de seu garoto. Deixou o olhar vagar pela pista de dança, mesmo que fosse difícil obrigá-los a deixar o rosto do doce florista, e então encontrou seus amigos e os de Draco dançando juntos. Eles haviam saído para dar mais privacidade ao casal, como Hermione fez questão de gritar ao praticamente correr no encalço dos outros. 

— Hum, Harry? 

— Sim, Margarida? 

— Eu também acho isso legal — soou divertido, esperando que Harry entendesse as entrelinhas daquela frase.

Já que, querendo ou não, ele não era o único a povoar os sonhos de alguém.

O tatuado esboçou um dos sorrisos mais lindos que o loiro havia visto em toda sua vida, competindo até mesmo com os de sua mãe, que para Draco eram os mais sinceros.

Ele então entrelaçou suas mãos nos fios claros que estavam soltos aquela noite, sentindo a maciez, a textura, o contraste contra seus dedos cobertos de tinta escura. Naquele momento existiam apenas os dois, em uma pequena bolha de carinho crescente. Draco roçou os dedos calejados pela barba por fazer nas bochechas e queixo de Potter, degustando de cada segundo de contato.

— Posso beijar você, Haz? — a voz melódica de Draco pareceu despertar Harry, que umedeceu os lábios com a ponta da lingua, rindo baixinho — O que foi?

— Achei que não fosse perguntar, amor — foi a resposta que ele deu, sem demora unindo seus lábios aos incrivelmente macios do florista.

[...]

Após o primeiro beijo, os amigos voltaram e uma nova onda de conversa se iniciou, mais descontraída, com mais sorrisos cúmplices e pequenos selinhos roubados. Mas apesar de estarem imersos em um ótimo tempo juntos, no dia seguinte alguns precisariam trabalhar e por isso se dispersaram, o que fez Harry se propor a levar Draco para casa e antes mesmo que o loiro pensasse em recusar — o que ele não faria — seus amigos e Rony disseram que seria uma ideia maravilhosa, e não restou nada que ele pudesse fazer a não ser rir, concordando.

E agora o vento batia em seu rosto, bagunçava seus cabelos e o fazia se sentir vivo. Apertou os braços na cintura de Harry conforme o garoto acelerava mais a motocicleta, dirigindo pelas ruas de Londres como se as tivesse gravadas em sua alma. Sentiu a mão quente de Potter sobre as suas, na barriga do tatuado e afundou seu nariz nas costas do outro, pensando que aquele era seu conto de fadas moderno. 

Onde o mocinho e o príncipe punk poderiam viver seu felizes para sempre. E se dependesse dele, o sempre duraria muito, muito tempo.